Molecagenos escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Resolvi fazer o enredo na minha Fortaleza. Apesar dos problemas da cidade, eu adoro morar nela. Só odeio a praia mesmo.



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Fortaleza, a cidade do sol, das facções, das jangadas, da criminalidade, da Praia do Futuro, dos arrastões, de Iracema, da arma na tua cabeça, do Rio Cocó, do corpo jogado no rio Cocó, do Fortal, da viatura capotada, do mela-mela no carnaval, das chacinas... um verdadeiro espetáculo de cidade.

E olhem só quem mora nesta maravilhosa cidade: careca, 25 anos, era VASP ou vagabundo anônimo sustentado pelos pais, trabalha numa empresa de telemarketing. Sim, é ele, o nosso protagonista da vez, aquele que dá um soco e ferra com a porra toda... Saitama! Agora ele é brasileiríssimo! Na verdade o seu nome é Saitama Silva da Silva e mora no bairro Benfica, perto do estádio Presidente Vargas.

Saitama Silva da Silva vivia sozinho numa kitinete alugada por causa do seu emprego como call center. Trabalha na Oi Telefonia, mas na verdade é a Contax que assinou a sua carteira. Seus pais vivem no interior, mas decidiram levar o filho para estudar na capital. Resultado? O cara simplesmente não foi pra faculdade todos os dias, trancou e agora vive como um hippie da careca brilhante.

6:00 AM. O despertador tocou enlouquecidamente. Uma mão segurou o objeto e esmagou na mesma hora... o vigésimo nono despertador que ele comprou em um ano! Levantou-se da cama, fez lá os auê pra se preparar para mais uma jornada de trabalho. Já era sexta-feira, ou seja, dia anterior da sua folga. Com olheiras nos olhos — fruto de intensas pesquisas kamasutrais nos xvídeos —, o careca tomou um nescafé bem forte e foi para a empresa.

Esperou o ônibus por mais de vinte minutos. Na placa eletrônica dizia que o busão passaria às 7:15, mas acabou por passar depois das 7:30. O dia só estava começando, a tortura também. O ônibus, chique e de ar-condicionado, parava de cinco em cinco minutos. Um vendedor de balas subiu e distribuiu para todos os passageiros, além de falar na Palavra do Senhor; sabe aqueles ex-drogados... pois é.

Dentro do trampo as coisas ficaram feias. A supervisora, uma moça com vitiligo e gorda, deu uma repreensão por chegar tarde. Os pingos de salivas que saíam da sua boca eram involuntários e lembravam rociadores de incêndio. Enfim, depois da treta, o cara pegou o headset e se sentou na cadeira.

— Atendimento oi fixo, com quem eu falo?

— Moço, eu quero saber o porquê dessa conta vir para o meu endereço. Não existe ninguém que comprou perfume da Jequiti aqui em casa. E tá no nome de Vivian Figueiredo, mas não existe ninguém com esse nome.

— Senhora, responda a esse questionário. Isso veio atrelado com a conta do telefone?

— Veio.

— Seu marido é o titular da linha?

— É.

— Tem algo a mais escrito na conta? Alguma frase de efeito? Podemos resolver esse caso só com isso.

— Espera, espera. Achei algo aqui. Vixe Maria. A letra tão miuda que nem de óculos dá pra ver direito. "Nã-Não existe mulher feia. Existe mulher que desconhece os produtos da Jequiti". O que isso quer dizer?

— Que seu marido te chifrou.

— Jesus!

Depois disso, Saitama atendeu a mais ligações de clientes chatos e inconformados, almoçou por vinte minutos, atendeu mais um pouco, até finalmente largar o último cliente. Estava cansado depois daquele dia estressante, por isso queria tanto um bom banho e dormir.

Mais outra vez o ônibus atrasou. Teve que esperar cerca de trinta minutos. Os trinta minutos que mudaram a sua noite de folga.

E do lado dele, na parada, uma criança. Um rapazinho, sim, um jovenzinho loiro e com seus 12 anos de idade. Um meta-humano que estava sozinho ao lado do careca trabalhador da Oi Fixo. O rapazinho não parava de chorar. Saitama viu que a criança era metade humana e metade máquina se interessou nele.

— Ei, garoto. Tá chorando por quê?

— É que eu me perdi do meu pai no terminal. Peguei um ônibus e vim parar aqui. Agora não sei o que fazer para voltar pra casa.

Saitama passou a mão na testa e na consciência. Tremeu na base pois aquilo ia ser o seu maior arrependimento do ano.

— Garoto, qual o seu nome?

— Genos Cídio.

— Tá de brincadeira. Com esse nome um judeu te mete a porrada, criança. Enfim, Genos, você tem sorte. Eu me responsabilizo pra te levar para a sua casa. Só me dizer aonde temos que ir e eu pagarei a sua passagem.

Genos sorriu e deu um abraço em seu mais novo amigo. O garoto informou que primeiro teriam que passar num terminal para ver se se lembrava do nome do ônibus anterior.

— Pronto, chegamos. Agora qual é o ônibus? Genos? Cadê esse moleque?

Genos apareceu com um algodão doce e um pacote de biscoito. Saitama perguntou como ele havia pagado, até os vendedores cobrarem do careca. Este ficou um tanto puto com a atitude de um menino que ele mal conhecia e que já abusava da sorte.

— Acho que é aquele lá.

— Ótimo. Aí vamos nós.

Pegaram o ônibus e passaram quarenta minutos no apertado. Tinha uma senhora buzanfa bem ao seu lado que não dava para passar, um suvacu vencido no outro, um velho feio que era cego de um olho, estudantes emos, e muita gente feia. Porque ônibus só é ônibus por causa das pessoas feias.

— Que lugar é esse?

— Eu não sei.

— Você disse que era aquele ônibus e já paramos no fim da linha. Genos, passou das sete da noite. Estou com fome e cansado. Quero voltar pra casa!

— Eu moro numa casa que serve como laboratório. O meu pai é um cientista muito renomado da cidade.

— Porra, e por que não disse logo. Qual o endereço do laboratório?

— Acho que fica numa outra cidade chamada Caucaia, eu acho?

— QUÊ?!!!!! QUERO A MINHA CAMA!!!!

Minutos depois os dois estavam dentro de um ônibus intermunicipal. Passava das nove da noite e Saitama da Silva já estava no seu limite. A coisa piorou quando Genos Cídio resolveu encher o saco.

— Chegamos?

— Não.

— Chegamos?

— Não.

— Chegamos?

— Não.

— Chegamos?

— Não.

— Chegamos?

— Não.

— Chegamos?

— Não.

— Chegamos?

— Não!

— Chegamos?

— Não!!

— Chegamos?

— EU JÁ DISSE QUE NÃO, PORRA!!!

Saitama mordeu o próprio punho pois a vontade de socar a criança era tanta... segurou o próprio punho e contou até dez.

— O senhor parece estranho, senhor Saitama. Ficou mordendo a mão.

— Nada, garoto. Fica xiu aí que não tem nada a ver.

Os dois desceram na rodoviária. Genos ficou frustrado quando viu que o lugar era totalmente diferente. Explicou para Saitama que havia lembrado que aquela cidade era dos pais do seu pai e que na verdade não moravam lá.

— Lembrei. Aquele é o ônibus!

Saitama bateu a cabeça no poste ao ver o nome do busão: Fortaleza-Bairro Central. A sacanagem já começava quando o destino era no mesmo bairro de onde os dois se conheceram.

Passava das onze da noite e finalmente chegaram ao terminal do Centro. Genos reconheceu o prédio histórico.

— Peraí. Você mora na sede do governo municipal?

— Não. Aqui é onde o meu tio trabalha. Ele é o prefeito.

Saitama rogou todas as pragas do Egito. Tudo isso seria resolvido se levasse o garoto para a casa do prefeito, que era vizinho ao seu kitinete. Genos agradeceu o apoio do proletariado e entrou na sede do governo. Depois disso só Deus sabe o destino daquele traste de criança.

E o nosso Saitama Silva da Silva?

Casa do Prefeito de Fortaleza, Benfica

— O jantar estava ótimo, mas vou ter que sair.

— Fazer o quê? — perguntou a esposa.

— Cagar.

O prefeito liberava toda a sua frustração em cada bosta que soltava no vaso sanitário. Estava literalmente cagando para os seus inimigos. Escutou um estrondo e saiu depressa. A sua casa estava toda destruída. Sua esposa e filhos ficaram bem.

— Que chibata foi essa?

— Uma carta — disse a mulher dele. — É melhor você ler.

Caro prefeito, esse foi o meu presente para o senhor. Meus sinceros pêsames pela casa, mas o senhor merece, oh vossa excelência da filhadaputagem. Assinado um idiota que paga imposto.

 

Ps: o atraso de ônibus é um cu.


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Notas finais do capítulo

:)



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