Na residência dos Felton, às 19:25 da noite...

— Suspensão de 3 dias e 3 detenções? - Pamella perguntou incrédula.

— É... - Sam deu de ombros, não dando a mínima.

— O Will vai ficar muito decepcionado com você! - A mulher falou fuzilando a filha. - Brigando no colégio como se fosse uma garota sem Classe? Samantha, o que você tem na cabeça, garota? Seu padrasto e eu somos importantes, somos gente fina e educada. Você recebeu aulas de Etiqueta durante um ano com uma professora inglesa! Você deve ser fina e educada, uma verdadeira dama! Não deve se envolver em brigas como se fosse uma estudante de escola pública, pois você não é uma qualquer! Garotas pobres e sem educação é que adoram se rebaixar, esse tipo de gentinha, sabe? Gente mal educada e grosseira, e você não é ignorante como essas pessoas da Classe baixa, Samantha! Olhe para mim, estou falando com você! - Pamella repreendeu a garota que mexia no celular, ignorando sua bronca.

— Já acabou com seu "discurso", mãe? - A loira mais nova perguntou levantando o rosto, sorrindo irônica.

— Você está de castigo, mocinha! - Sua mãe lhe tomou o celular com um puxão, e também levou consigo seu iBook, iPad, iPod e outros aparelhos da marca Apple dentro de uma caixa média, deixando a garota sem internet e sem nenhum aparelho comunicativo.

— BRUXA! - A garota num ato de fúria jogou um objeto de decoração contra a porta, cacos do objeto que um dia foi um bonito e fofo ursinho de porcelana se espalhou pelo chão do quarto. - Mulher escrota... - A loira resmungou rasgando um dos travesseiros macios e importados com enchimento de plumas.

Sua mãe havia recebido uma ligação do diretor de CHS, o homem estava nervoso, explicou a situação falando sobre a briga que ocorreu durante o refeitório. Sua filha havia se metido em mais uma briga com a filha dos Parker, Sandra e Emerson Parker, donos das lojas de imóveis mais importantes de LA.

Sam chegou em casa como se nada tivesse acontecido, Pamella logo chamou sua atenção e a garota não negou nada, até admitiu que Valerie Parker havia levado a pior... A loirinha se gabou por ter quebrado o nariz da colega pela terceira vez, elas tinham aquela rixa desde o Ensino Fundamental. Ela sequer saíra com um arranhão feio, a única "lesão" foram as unhas bem feitas que quebraram, duas ou três unhas apenas...

Sam apenas revirava os olhos ouvindo a bronca de sua mãe, completamente entediada. Era sempre o mesmo sermão... " Você é fina e educada!" "Não deve brigar no colégio!" "Você vai ficar de castigo e blá, blá, blá..."

Pamella lhe dava o sermão, confiscava seus aparelhos comunicativos ou seja, lhe tirava toda a internet que ela pudesse usar em casa... E ela ficava furiosa, quebrava algum objeto, não descia para jantar e seu padrasto subia para conversar, levando comida, e até sobremesa escondida pois durante o castigo, ela era proibida de comer sobremesa. William Felton passava a mão na cabeça dela, sempre a mimando, pois para ele, Sam seria sempre sua princesinha, a criança doce e sapeca que ele criou considerando-a como sua filha.

— Pai, foi a Valerie quem começou... - Disse com a cabeça repousada nas pernas do homem que ela tanto respeitava, admirava e amava.

— Mas você devia ignorar, filha! - Will fez carinho nos cabelos macios da garota.

— Ela estava me insultando na frente de todo mundo, pai. E eu não fiz nada para merecer aquilo... - Sam disse se fingindo de coitadinha.

O homem de cabelos grisalhos e belos olhos verdes suspirou, ele deu alguns conselhos. Bons conselhos, a garota fingiu ouvir... William se despediu da filha de criação dando-lhe um beijo na cabeça, e foi conversar com Pamella que ainda estava furiosa com a filha. Ele estava decepcionado... Sua esposa o culpou como sempre, dizendo que ele era o culpado por Sam ser tão mimada e rebelde daquele jeito. E de certa forma, os dois eram os culpados na verdade. O que poderiam fazer para mudar aquilo? Bater na garota não seria a solução.

Até aos 13 anos, Sam era um pouco peralta sim, aprontava de vez em quando. Não era violenta e nem tirava notas baixas, mas sempre foi mimada. Pamella e William reconheciam aquilo, a filha mudou o comportamento após arrumar o primeiro namoradinho, o garoto se chamava Douglas Thompson, ou apenas 'Doug' como a garota o chamava, ele era dois anos mais velho na época. Eles terminaram após 1 mês de namoro, se é que poderiam chamar aquilo de namoro. Douglas levava ela para lanchar e ir ao cinema todas as sextas-feiras, e na volta de um desses "encontros", a garota retornou para casa sozinha, aparentando estar estranha, naquela noite subiu para o quarto e se trancou ali. Will subiu para conversar com ela, Sam não abriu a porta... No dia seguinte, Pamella botou a filha contra a parede e a obrigou a falar sobre o que havia acontecido para ela chegar em casa sozinha às 23:00 da noite naquele estado. Sam apenas disse chorando que Doug havia terminado com aquela, dizendo que queria uma mulher de verdade e não uma garotinha de 13 anos inexperiente... Pamella não conseguiu engulir aquela história direito, ela sabia que a filha tinha ocultado algo, decidiu por fim não insistir no assunto. Mas no fundo sabia, já imaginava que sua garotinha já não era mais tão inocente... Douglas tinha 15 anos, é claro que garotos naquela idade já ficavam com os hormônios à flor da pele. Eles tinham feito "algo", Pamella não era boba, sua filha não confessou, mas ela sabia... Uma mãe sempre sabe dessas coisas.

[...]

Alguns  dias depois...

Era uma quinta-feira, Freddie e Gibby estavam em sala de aula, Samantha Puckett já estava livre das detenções e da suspensão de três dias que ela ganhou na semana passada. Ela havia sido suspensa na quinta-feira, portanto, já deveria ter voltado às aulas na quarta-feira, mas ela não voltou... Apareceu apenas naquela quinta-feira durante o terceiro horário. Freddie havia ficado seis dias sem ver a loira contando com sábado e domingo. Seis dias sem perturbações, provocações e sem sua presença que o deixava nervoso, desconcertado e desconcentrado. Foram exatamente seis dias sem aquela Tentação em forma de gente mexendo com ele...

Ela chegou na sala quieta e sentou-se lá nos fundos. Ficou na dela, ele estranhou aquilo, a loira sequer falou com as amigas assim que entrou na sala.

Eles estavam na aula de Física, a professora passou um exercício com 10 questões. Ela havia passado o assunto na terça-feira durante as duas primeiras aulas, e Sam ainda estava suspensa e acabou perdendo o conteúdo do assunto.

A professora entregou as folhas com o exercício, Gibby choramingou e Freddie olhou para trás, viu a garota que mantinha a cabeça baixa, com o corpo curvado sobre a carteira, ela estava sentada sozinha, parecia estar tirando um cochilo.

Logo a professora chamou sua atenção, a loira levantou a cabeça e o moreno desviou rapidamente o olhar, voltando a olhar para a frente.

— Perdi o livro. Como vou resolver isso, Sra. Lawrence? Se eu nem tenho o assunto... - A garota reclamou emburrada.

— Sente-se ao lado de um colega que não tenha faltado na terça-feira! - A mulher de cabelos cacheados, baixa e de roupas cafonas coloridas respondeu antes de lhe dar as costas, indo distribuir os exercícios.

Sam bufou, levantou-se resmungando e praticamente se arrastou com passos lentos até a carteira do moreno. Freddie estava abrindo o livro, seu caderno estava aberto com algumas anotações.

— Ei? - Ela parou ao lado dele, o chamou com a voz baixa, repousando uma das mãos no ombro do rapaz.

O moreno olhou para ela e a garota abriu um pequeno sorriso.

— Poderia me ajudar? Eu não tenho o assunto, todos sabem que fui suspensa, e estou com preguiça de ir até ao meu armário para pegar o livro... - Ela forçou uma voz meiga, aveludada e amigável.

Ele assentiu um pouco relutante, pegou o estojo, livro, caderno e foi sentar com a loira lá nos fundos. Gibby balançou a cabeça discordando, mas o moreno não conseguiu negar ajuda a garota que tinha aqueles belos olhos azuis brilhantes e hipnotizadores.

Ela parecia tão inofensíva, fofa e angelical. Ele não conseguiu dizer 'Peça ajuda a outra pessoa.'

— Você é um fofo, sabia disso? - Ela apertou as bochechas dele assim que se acomodaram.

Freddie corou, ajeitou os óculos e não disse nada. Ele já estava ficando nervoso, sentia o suor se formando nas palmas das mãos e também pinicando a sua nuca. Sam abriu o estojo, pegou uma caneta azul e pediu para ele explicar um pouco sobre o que ele havia entendido sobre o assunto.

O rapaz começou a falar, ele era tímido e gaguejava um pouco por conta do nervosismo. A garota parecia estar prestando atenção, ouvia calada enquanto mordia a tampinha da caneta, assentindo vez ou outra...

Freddie começou a fitar os lábios bem desenhados e meio carnudos, pintados de vermelho. Ela ainda mordia a tampinha da caneta, num ato que parecia inocente. Mas ele era homem e só se deu conta que aquilo não era tão inocente assim como parecia ou era impressão dele vendo malícia aonde não devia? Ela tirou a caneta da boca e lambeu o lábio inferior lentamente, aquilo parecia uma bela de uma provocação. E foi então, que ela sacou um pirulito sabe Deus lá de onde. Tirou a embalagem com tanta rapidez, enfiou o pirulito vermelho na boca e ele enguliu um seco, ele até tentou desviar o olhar, mas foi em vão...

E lá estava a Diaba loira o provocando com um doce, com um simples pirulito... Ela retirava da boca, lambia, chupava e lambia, chupava novamente e assim por diante.

— O que foi? - Retirou o pirulito da boca, perguntando num tom inocente.

— Nada... - Freddie rapidamente balançou a cabeça, voltando a atenção ao exercício.

— Você quer? - Ela se aproximou, encostando-se nele.

Seu "perfume" com aroma de frutas, uma mistura de pêssego e maçã, e outra fruta doce não identificada entrou nas narinas do rapaz. Ela cheirava à frutas doces e suculentas, talvez aquilo fosse a essência de sua loção corporal, shampoo, creme ou até mesmo seu perfume com essência frutal, ele não sabia dizer o que era afinal, só sabia que o cheiro dela era embriagante e muito delicioso.

A loira roçou o pirulito nos lábios dele, e forçou o doce boca adentro do rapaz, fazendo ele sentir o sabor de morango daquele pirulito.

— Tenho outro aqui... - Ele viu ela tirar um pirulito de dentro do sutiã. - É de cereja... - Sorriu para ele.

Freddie tirou o pirulito que ela havia enfiado na boca dele, anotou o nome e o sobrenome apressado na folha de exercício. E voltou a pôr o pirulito na boca de novo, depois daquilo ela ficou quietinha observando ele começar a responder as questões.

Eles ficaram em silêncio, chupando pirulito, cada um na sua. Freddie respondeu todas as questões e deixou que ela copiasse.

— Obrigada, Nerd! - Ela depositou um rápido beijo na bochecha dele e foi a primeira da turma à se levantar para entregar o exercício pronto deixando-o ali sentado, estático com o rosto vermelho e a bochecha beijada formigando.

[...]

No horário de intervalo, Freddie e Gibby se juntaram na mesma mesa dos dias anteriores com Mandy, Ricardo e Nora. Três alunos já haviam ido cantar no Karaokê...

Logo a atenção do refeitório inteiro se voltou a loira que já estava no palco se preparando para cantar, ela iria cantar sozinha desta vez.

— Vou dedicar essa música a você, querido Big Billy! - A loira soprou um beijo para o garoto moreno, Billy Boots que sorriu para a loira todo feliz.

Ela começou a cantar 'Not Big' de Lily Allen.

"Agora ouça-me, eu acho que nós dois chegamos ao fim de nossos tempos
Que você deseja algum tipo de reação?
Então tudo bem, muito bem, como você se sentiria se eu dissesse que você nunca me fez chegar lá?
Em um ano e meio que passamos juntos, eu nunca me diverti..."

A loira sorriu maldosa e o rapaz imediatamente fechou o sorriso, os amigos de Billy prenderam o riso...

"Todas às vezes que eu disse que estava sóbria, bem, eu acho que menti
Eu estava deitada perto de você, e você perto de mim enquanto isso, eu estava alta como uma pipa
Eu posso ver em seu rosto enquanto você me divide gentilmente, que você realmente acha bom..."

Sam continuava cantando bem afinada, Billy Boots abriu a boca indignado e logo fechou, ele estava ficando vermelho. Eles estavam ficando desde o começo do ano, não era nada sério, era apenas um lance...

"Vamos ver em duas semanas quando eu disser tudo isso aos seus amigos
Eu nunca quis que terminássemos isso desta maneira, você só pode culpar a sí mesmo
Eu vou dizer ao mundo que você é ruim na cama e que é pequeno no jogo..."

Risadinhas começaram a ecoar pelo refeitório, Boots fechou os punhos se sentindo irado, humilhado em público. Samantha Puckett estava esculachando ele...

"Então, você acha que isso tudo ia ser fácil, bem, você está sem sorte sim
Vamos voltar
Vamos voltar ao tempo para quando você..."

A garota estava se divertindo, balançava o corpo no rítmo da música.

"Nem conseguia levantá-lo
Você sabe que eu deveria ter terminado ali, é aí que eu deveria ter te mostrado a porta
E como se não fosse o bastante você ficou precoce..."

Naquele momento seus colegas davam altas gargalhadas. Billy bufava de raiva, aquilo era humilhação demais.

A loira cantava em alto e bom som, encarando o rapaz.

"Me desculpe se você se sente mal, mas você me deixou em tal estado
Agora eu vou fazer com você o que você fez comigo, vou ser recíproca..."

Aquilo só podia ser sacanagem. Boots estava em choque misturado com raiva, ele fitava a loira sentindo o sangue ferver, seu rosto estava vermelho, os punhos cerrados...

"Eu nunca quis que terminássemos isso desta maneira
Você só pode culpar a sí mesmo,
Eu vou dizer ao mundo que você é ruim na cama e que é pequeno no jogo
Me desculpe se você se sente mal, mas você me deixou em tal estado
Agora eu vou fazer com você o que você fez comigo, vou ser recíproca..."

Sam cantou o refrão e finalizou a música, foi aplaudida. Seus colegas riam, zombavam e vaiavam Billy Boots.

— É  isso aí, Boots, não quero mais nada com você. Você tem pau pequeno, nunca me satisfaz e eu cansei de fingir que tenho orgasmos com você! - Sam falou no microfone, o dispensando.

O rapaz saiu do refeitório irado, ainda ouvindo gargalhadas e piadinhas sobre o seu "Big Billy" que na verdade nem era tão grande, segundo a loira...

— Nossa, ela mexeu com o cara errado! - Gibby comentou.

— Ele com certeza não vai deixar barato... - Mandy falou.

Freddie continuou na dele, ouvindo os amigos comentando sobre a loira e a música que deixaria qualquer homem ofendido e revoltado.