P.O.V Geral

Em Chadwick High School, às 12h:40min...

O ônibus escolar parou em frente ao colégio, Freddie desceu sem pressa. Ele caminhou com passos meio arrastados, logo ouviu seus colegas gritarem seu nome. Gibby e Mandy acenaram o chamando, eles estavam ao lado de uma bela BMW preta. O rapaz caminhou até aonde seus colegas estavam, cobriu a boca abafando um grande bocejo, ele estava sonolento e com olheiras, desde que acordou excitado por causa do sonho que teve com uma certa loira, não conseguiu mais pregar os olhos... Passou o resto da noite pensando e se culpando por ter feito o que sua mãe dizia ser pecado.

— E aí, cara, beleza? - Gibby sorriu animado para ele.

— Oi, Freddie! - Mandy sorriu e enrolou uma mecha do cabelo no dedo, parecia agitada e suas bochechas estavam com um leve tom rosado.

— Oi, gente! - Cobriu a boca novamente, abafando mais um bocejo.

— Você está com cara de quem passou a noite toda em frente ao computador jogando. - O rapaz robusto encostado na BMW comentou risonho.

— Você acertou... - Freddie mentiu. Ele não costumava mentir e nem gostava de mentir. Contar mentiras era coisa feia, sua mãe sempre dizia que mentira tinha pernas curtas.

— Qual é o seu jogo preferido? - A garota perguntou curiosa.

Freddie notou as bochechas rosadas da garota, e os lábios pareciam com cor e tinham uma certa camada brilhosa cobrindo-os. Mandy havia se maquiado? Quando eles se conheceram, ela não usava nenhuma maquiagem. Seus cabelos não estavam presos e nem com aquele laço laranja chamativo, estavam soltos e com as pontas onduladas. Ele também percebeu detalhes diferentes no uniforme dela, as meias brancas que estavam encurtadas, e o blazer que ela estava usando aberto, mostrando os dois primeiros botões desabotoados da blusa. O rapaz sempre foi bastante observador, não sabia se aquilo era um defeito ou uma qualidade. Sua tia Jennifer dizia que era um defeito, e que ele devia parar de ficar reparando em tudo nas pessoas...

— Gosto de vários jogos de corrida e luta, mas o meu preferido é Metal Slug 4, também curto muito Mortal Kombat e Resident Evil. - Ele respondeu.

— Sério? Amo Resident Evil. RE4 é o meu favorito. Já zerei umas 20 vezes! - Mandy disse toda animada ajeitando os óculos de armação rosa.

— Que legal. Você também curte Call Of Duty e The Last Of Us? - Freddie perguntou para a garota.

— Sim. Eu amo TLOU e COD. Mas sou mais viciada em TLOU! - Ela admitiu quase dando pulinhos.

Então, Freddie e Mandy começaram a tagarelar, falando sobre jogos, deixando o amigo Gibby de lado.

— Vocês gostam de Bob Esponja? Lançaram um jogo bem legalzinho. O Bob tem que salvar o Patrick de um grupo de alienígenas aquáticos... - Gibby tentou se incluir no assunto dos amigos.

Nem Mandy e nem Freddie deram bola para ele. Estavam espolgados demais conversando sobre fases dos seus jogos favoritos.

Freddie parou de falar quando avistou o carro cor de rosa chegando. Sam e suas amigas desceram do automóvel, como sempre atraindo olhares de inveja e cobiça. A loira parecia ainda mais linda, o uniforme personalizado e encurtado a deixava sexy pra caramba. Seus cachos estavam volumosos e definidos, ela se encostou no carro da amiga morena. Começou a mexer no celular enquanto a ruiva e a morena davam risadinhas, apontando para um grupinho de garotas que pareciam góticas.

— Freddie? - Ele sentiu um cutucão e desviou o olhar.

— Hãn? Oi? - Ajeitou os óculos de armação preta quadrada.

— Seus pais trabalham em quê? - Mandy perguntou.

— Só tenho mãe, não conheço o meu pai... - Foi sincero. - E ela trabalha numa Clínica de Pediatria como enfermeira. - Respondeu a pergunta da garota. - E os seus pais fazem o quê? - Foi a vez dele perguntar a ela.

— Meu pai é dentista e minha trabalha na clínica com ele como recepcionista. - Mandy respondeu.

— E os seus, Gibby? - Ele se virou para o amigo que estava ali calado, só ouvindo eles enquanto mascava chiclete.

— Meus pais são donos das Fraldas Gibson. Meu pai é presidente e minha mãe é a vice. Conhece as fraldas Gibson? O bebê fofinho do comercial sou eu. Eles nunca mudaram o comercial, portanto sou o único garoto/bebê propaganda! - Gibby sorriu orgulhoso.

— Legal! - Freddie sorriu e a Mandy abafou algumas risadinhas.

— Qual é a graça, Valdez? - O rapaz robusto se virou para a amiga que já estava ficando vermelha.

— O seu comercial. Você era um bebê muito alegre, seu bumbum rosado era mesmo uma gracinha. Freddie, o bumbum dele aparece colocado para cima, e depois aparece cheio de talco e na cena final ele já está de fralda, e a carinha dele é tipo "Me aperta, sou tão fofinho!" E rola uma musiquinha, é assim: Fraldas Gibson. Mamãe só quero fraldas Gibson para ficar confortável e sequinho, o dia todooooo." - A garota cantou a musiquinha do comercial, Freddie riu e o Gibby corou.

[...]

Os garotos chegaram na sala de aula, sentaram juntos no mesmo lugar do dia anterior. Sam e Carly sentaram no mesmo lugar também, ele reparou que a garota ruiva sentava lá na frente, na segunda carteira do lado esquerdo na terceira fileira.

Sam começou a mexer no iPhone, a garota morena retocava o batom e falava do encontro com um tal de Griffin.

— Odeio Matemática... - Gibby choramingou abrindo o caderno.

— Me diz uma matéria que não odeia? - O moreno voltou a atenção ao amigo.

O rapaz fez uma careta pensativa, fechou os olhos e continuou pensando...

— Línguas Estrangeiras, já aprendi a falar "Boa noite" em Espanhol e "Desculpa" em Francês. - O garoto Gibson respondeu todo orgulhoso e Freddie riu.

— Boa tarde, turma! - O professor chegou na sala e o rapaz ouviu seus colegas responderem "Boa tarde, Sr. Davidson!" em um tom desanimado.

— Hoje teremos um pré-teste, são apenas 15 questões. Só quero a caneta, lápis e a bocharra em cima da mesa. Nada de consulta em livros ou cadernos. Guardem os celulares, só vou permitir uma folha em branco destacada para borrões para cada dupla. Sim, vou sortear as duplas... Silêncio! - O professor pediu quando os resmungos começaram.

Minutos depois...

— Sr. Benson e Srtª. Puckett, façam o favor de irem se sentar na última fila, naquela última carteira do lado direito. - Sr. Davidson sorteava os sobrenomes dos alunos e mandavam eles trocarem de lugar.

Se eram dois bagunceiros, ele mandavam sentar na frente. Se era um aluno exemplar com um bagunceiro ele mandava sentar lá atrás, mas ficava de olho em cada aluno. A classe já estava quase toda organizada à sua maneira. Duplas desfeitas e trocadas. As novas duplas já estavam ocupando os lugares que ele escolhia para elas. Gibby acabou ganhando a Carlotta Shay como parceira.

Desde o momento que Freddie foi sentar ao lado da loira, ele sequer havia movido um músculo. Sentou-se ali e ficou todo tenso, nervoso, sentindo suas entranhas revirarem. Sua boca estava seca, ele mantinha o olhar para frente, aguardando o professor distribuir os testes...

— Odeio testes surpresas... - A garota bufou ao seu lado.

O rapaz continuou calado, tentando ignorá-la.

— Você é bom em Matemática? - Ela se aproximou dele, repousando sua pequena e delicada mão sobre o braço esquerdo dele.

— S-sou! - Ele gaguejou.

— Ótimo. Os testes do Sr. Davidson sempre valem a metade da nota da prova... - A loira deslizou as unhas pelo braço do moreno.

Freddie sentiu arrepios na nuca, seus pêlinhos do braço ficaram arrepiados também. Sua mãe ainda não havia comprado seu uniforme. Ele estava usando sua camisa Pólo preferida, uma calça mais novinha e seus tênis mais bonitos.

— Olha só, você é um típico nerd engomadinho, não é? Cabelo perfeitamente arrumadinho, usa roupas que a mamãe escolhe, tem cheiro de amaciante para roupinhas de bebê... - Sam descaradamente cheirou a camisa dele. Ele ficou todo arrepiado quando ela encostou o nariz no pescoço dele, inalando a fragrância de sua colônia. - Hum... Usa colônia cheirosinha, tem um suave e doce cheirinho de bebê...- Ela deu uma risadinha.

— Sente-se direito, Srtª. Puckett! - O professou colocou o teste em cima do tampão da mini-bancada.

— Ele é tão chato... - Sam resmungou quando o Sr. Davidson se afastou, indo distribuir os testes em outra fileira.

Alguns minutos se passaram, e Freddie estava fazendo os cálculos na folha de borrão. As questões eram de marcar, havia apenas 3 alternativas. Sam não fazia a sua parte, apenas olhava para o seu parceiro, cantarolava bem baixinho e soltava algumas bufadas entediada.

— A sexta questão é a letra B. - Ela disse de repente.

— C-como? - Freddie gaguejou e praguejou mentalmente. - Quero dizer, como você sabe? - Indagou.

— Sabendo... - Ela sorriu confiante. - Se inclinou sobre ele, tomou a caneta dele e marcou a letra "B".

Um dos seios roçou no ombro do rapaz que estremeceu, ela estava sem o blazer. A blusa com os três botões desabotoados, mostrando o decote em V, e também a parte rendada de um sutiã vermelho-escuro.

— Depois não venha dizer que eu não fiz nada... - A loira voltou a sentar ereta.

E só para confirmar, o rapaz fez o cálculo da sexta questão e ela estava certa, a alternativa "B" estava correta.

Sam passou a mão no cabelo dele, sorriu vendo ele ficar nervoso. Ela não estava mais tão entediada, sabia do efeito que causava nos homens. E com Freddie não era diferente, afinal, ele era homem e nenhum homem era imune ao seu charme e poder de sedução.

— Por quê usa tanto gel? - Perguntou. - Seu cabelo é lisinho, e gel só o deixa duro e resseca os fios, sabia? Você devia usar um modelador apropriado para o seu cabelo, para poder fazer o topete. - Ela o aconselhou.

Freddie não falou nada, checou a hora no relógio de pulso e voltou a responder as questões. Manter o foco estava sendo a tarefa tão difícil naquele momento... Com ela ali ao seu lado, falando com ele e tocando nele... Por Deus, por quê aquela garota conseguia deixá-lo desconcentrado e tão nervoso?

— Você é canhoto. Que gracinha! - Ah, então, ela havia reparado aquele detalhe?

— Sim. - Ele murmurou, tentando se concentrar. A nona questão estava um pouco complicada.

— Sou destra, mas também consigo escrever com a mão esquerda, quer ver? - Ela puxou a folha de borrão, tirou uma caneta roxa do estojo preto com estampa de caveirinhas coloridas e começou a escrever como se também fosse canhota.

— Olha... - Empurrou a folha para ele.

" E aí, gostou do meu "agradinho", Nerd?"

A letra dela era grande, não saiu bonita, mas estava legível.

Freddie olhou para a loira um pouco chocado com a pergunta, Sam sorriu sapeca, esperando uma resposta.

Ele decidiu responder. Escreveu: "Por quê me deu sua calcinha?" numa letra pequena em forma maiúscula.

A loira se aproximou quase encostando a boca no ouvido dele e sussurrou:

— Porque você salvou minha pele, eu podia ter te dado uns trocados ou um beijinho como agradecimento, mas eu preferi ter dar algo que faria você lembrar de mim, algo que você pudesse guardar e apreciar quando bem quisesse...

O rapaz enguliu um seco, ela se afastou sorrindo satisfeita. Ele havia corado violentamente... Ela logo desconfiou que ele tinha feito o que sua amiga Wendy disse que ele certamente faria.

— Gostou do meu cheiro? - Perguntou na lata.

Freddie desejou profundamente poder abrir um buraco e enfiar a cabeça. Sim, ele havia gostado e muito...  Mas não podia admitir. O que ela iria pensar dele?

— Vocês só tem mais 10 minutos para concluir os testes. Quando o tempo esgotar vou recolher, não esqueçam de colocar o nome da dupla! - Avisou o professor.

[...]

Durante o intervalo, Gibby e Freddie se reuniram com Mandy, Nora e Ricardo na mesa do dia anterior.

— E aí, Baleia? Você não usa mais fraldinha? Ah, acho que não, né? Pois não existe tamanho gigante! - Um rapaz parou perto da mesa aonde eles estavam, fazendo piadinhas maldosas com Gibby.

— Sai fora, Boots! - Gibby falou raivoso.

— É, se manda. Ninguém te suporta, garoto! - Mandy disse irritada.

— Fica na sua, Patinha! - O rapaz moreno, o tal de Boots lhe lançou um olhar feio, ele estava com três amigos que riam. - Essa garota retardada era hilária, ela imitava patos e usava um chapéu em formato de cabeça de pato. Era tão patética... - Ele disse arrancando mais risadas dos amigos.

— Pelo menos eu nunca fui parar num reformatório! - Mandy retrucou.

— Escuta, aqui, Patinha. Fica na sua, oh, garota, perturbada, ou vai se dar mal, eu vou...

— Por quê não implica com alguém do seu tamanho? Sabe, é uma tremenda covardia ameaçar uma garota, ou qualquer pessoa menor que você! - Foi Freddie quem defendeu a garota.

Até ele se surpreendeu por não ter gaguejado e pela súbita coragem que criou ao se levantar, e dizer aquilo para aquele metido à valentão...

— Quêm é você, Quatro olhos? Namorado dela? - O garoto implicante começou a rir. - Estão vendo isso? A Patinha tem namorado, até combinam. São o casal Patinhos feios... - Gargalhou com os amigos.

— Vaza daqui, Billy, ou eu não respondo por mim! - Ricardo, o namorado de Nora levantou enrolando as mangas.

Billy Boots parou de rir, e quando ia retrucar, se calou quando todo mundo no refeitório pareceu entrar em silêncio, o alunos começaram a prestar atenção na discussão que vinha da mesa das líderes de torcida.

Sam e Valerie estavam discutindo.

— Não sou eu que tenho um caso com o treinador. Se toca, garota, você é muito puta mesmo. Ele é casado e tem idade para ser seu pai! - A loira disse raivosa.

Freddie ouviu exclamações de surpresa e espanto ecoando pelo refeitório.

— Falou a Santinha... - Valerie debochou. - Você se envolveu com aquele professor substituto e por sua causa, ele foi expulso do colégio! - Ela rebateu.

— Mas ele era novinho e solteiro! - A loira disse com firmeza.

— Você também é puta, já deu para quase todo o time de basquete! - Acusou Valerie.

— E você deu para todo o time de futebol. Pelo menos eu não sou conhecida como "Boca de veludo"! - A loira soltou uma risada maldosa.

Valerie abriu a boca chocada e retrucou.

— Até parece que você não faz boquete, Eric e Luke só vivem falando o quanto você tem uma boquinha gulosa!

— Só faço às vezes, é quase raro. Mas eu nunca liberei por "trás", diferente de você que também é conhecida como a Rainha do anal! - A loira raivosa rebateu.

Valeria ficou vermelha de raiva e vergonha, gruniu e gritou:

— ADMITA QUE TEM INVEJA DE MIM, VADIA!

— Inveja de quê? Dos seus seios caídos ou da sua bunda sem carne? Você é maluca garota! - Sam retrucou.

— E você é gorda! - Valerie apontou pra loira.

— Gorda? Eu? Sou gostosa, meu bem! Tenho seios fartos, bunda empinada e meu corpo é cheio de curvas. Você é que tem inveja de mim! Tenho até pena de você que come e corre para o banheiro para vomitar, eu não tenho Bulimia que nem você! Você também sofre de Anorexia, não é mesmo? - A loira acabou pegando pesado.

O refeitório ficou inteiramente num silêncio mortal.

— EU TE ODEIO, SUA PUTA! VOCÊ É UMA VADIA SEM ESCRÚPULOS! SAI COM CARAS COMPROMETIDOS! JOGA CHARMINHO PRA CIMA DOS PROFESSORES PARA ELES AUMENTAREM A SUA NOTA! TRANSA NO COLÉGIO! FUMA ESCONDIDA! FALA MAL DE TODO MUNDO! PEGA OS EX DAS PRÓPRIAS AMIGAS! É FALSA, MANIPULADORA E MENTIROSA! É TÃO VADIA QUE ATÉ TEVE UM CASO COM O NAMORADO DA PRÓPRIA IRMÃ! - Valerie gritou para todos ali ouvirem, soltando os "podres" de Samantha Puckett.

— É, isso tudo pode até ser verdade, MAS EU NUNCA ABORTEI! VOCÊ ABORTOU UMAS TRÊS VEZES, NÃO É MESMO? ALÉM DE VADIA AINDA POR CIMA É ASSASSINA! - Foi a vez da loira explodir com a rival.

— Ah, sua desgraçada, vou acabar com você! - Valerie se jogou em cima da mesa tentando alcançar a outra garota que deu um passo para trás.

Freddie estava muito chocado com as coisas que ouviu. Sam deu a volta pela mesa, parou atrás de Valerie e a agarrou pelos cabelos. Derrubou a garota e foi pra cima dela...

As duas se atracaram, rolando pelo chão.

— Tomara que uma arranque os olhos da outra! - Mandy comentou.

— Aposto na Puckett! - Nora botou uma nota de 5 na mesa.

— E eu na Parker! - Ricardo colocou uma nota de 10 por cima da nota da namorada.

— E que vença a melhor Little Bitch de CHS! Aposto na Puckett! - Gibby apostou 30 dólares.

— Ninguém merece, elas não passam de cadelinhas sem cérebro! Estou torcendo para que as duas se ferrem! - Mandy cruzou os braços.

E Freddie ainda estava chocado, olhava assustado para as pequenas cadelas/vadias briguentas rolando pelo chão... Ele sabia que aquilo não ia acabar bem, uma hora algum professor ou inspetor, ou até mesmo o diretor ia aparecer ali.