Dia seguinte...

P.O.V Do Freddie

Estávamos na terceira aula, e Sam não parava de mexer no celular discretamente, não tão discreta assim, mas pelo menos a professora não tinha notado ou não parecia se importar. Era aula de Geografia, e naquele dia eu não conseguia me concentrar muito bem no assunto. Sam havia chegado no colégio com um cara loiro, que fiquei sabendo pelo Gibby que era um garoto popular no CHS, e que se chamava Patrick Smith.

Eu não sabia se ficava aliviado ou intrigado com aquilo.

A loira não parava de sorrir, pela forma que digitava, com certeza estava trocando mensagens com o tal de Smith. Vez ou outra enrolava uma mexa do cabelo no dedo e mordiscava a tampinha da caneta roxa enquanto esperava outra mensagem chegar.

Será que estavam marcando um encontro fora do colégio? Não que fosse da minha conta, embora...

— Terra chamando Freddie! Olá, Terra chamando Freddie! - Gibby estalou os dedos diante do meu rosto, chamando minha atenção.

— Hãn? Oi! O quê? - Me virei para ele que tinha um sorrisinho zombateiro estampado no rosto.

— Ah, qual é? Está parecendo que estamos no primeiro dia de aula, você não tira os olhos da Puckett. - Cochichou.

Implicar comigo sobre a Puckett era com ele mesmo. 

— Quê? Claro que não, eu só estava... Hum... Eu...

Que mancada. Que mancada. Que baita mancada.

—  Nem adianta negar, estou vendo.  Você por acaso está bolado por quê ela está saindo com o Smith? - Me cutucou provocativo.

— Não! Por quê eu estaria? - Tentei soar o mais indiferente possível.

Ela podia sair com quem quisesse. Eu não dava a mínima.

— Não minta para si mesmo. Isso é pior. Está na fase de negação, meu amigo e isso é péssimo. Eu sei que você se amarra nessa garota, e parece que a fila andou para ela. E...

— Eu não quero saber, Gibby. Eu não me importo! E além do mais, estou ficando com a Mandy! - Falei meio irritado.

— Eu sei disso, mas até quando, hein? Não é dela que você realmente gosta. Uma hora você vai terminar tudo e a Mandy vai sair magoada nessa história! - Disse com seriedade.

— Eu não vou magoá-la. Já conversamos sobre isso. E o que nós temos não tem rótulo, só estamos curtindo um ao outro! - Expliquei.

— Curtindo, é? Sei... Só quero ver no que essa "curtição" vai dar. - Falou irônico.

— Gibby, é melhor cuidar da sua vida. Não enche, ok? Você têm suas próprias responsabilidades para arcar, e eu não estou me metendo nisso! - Me irritei para valer.

Meu amigo me olhou chocado e surpreso com o meu tom que apesar de ter saído baixo, soou raivoso.

— Mas acontece que a Mandy é como uma irmã para mim. E se você fazê-la sofrer, vai se ver comigo, Freddie. E estou falando sério! - Se irritou também e afastou a cadeira, indo para a ponta da bancada que dividíamos.

Fiquei calado, tentei me concentrar no restante da aula, evitando olhar para uma certa loira...

Era a primeira vez que Gibby e eu nos desentendíamos. E eu não tirava a razão dele, sabia o quanto ele se importava com a Valdez. 

Mas eu não ia magoá-la, não é mesmo? Eu também me importava muito com ela.

[...]

P.O.V Da Sam

— Qual é a de vocês? - Wendy perguntou quando Patrick se juntou à nós, na hora do intervalo.

O loiro estava sentado ao meu lado, com o corpo encostado ao meu, e olhou para mim sorrindo, retribuí o sorriso e olhei para a ruiva que tinha os olhos estreitos, desconfiada.

— Estamos nos conhecendo melhor. - Falei para que Carly ouvisse também, resolvi ocultar que aquilo não passava de um plano para deixar o Freddie com ciúmes.

E o nosso plano já estava em ação.

Wendy era línguaruda e poderia muito bem não se segurar e dar com a língua nos dentes, e aquilo não seria nada bom.

— Isso menos, estamos nos conhecendo melhor. - Patrick disse usando seu tom de voz grave e levemente rouco, fingindo que era muito macho.

E claro, elas nem sonhavam que ele era gay e de fato, aquele detalhe era mais que perfeito.

Notei que o meu Nerd não parava de lançar olhares para a mesa que ocupávamos, estávamos à três mesas longe da dele, onde seus amigos patéticos se encontravam reunidos na hora do intervalo.

O loiro ao meu lado começou a beijar meu pescoço, sorri fingindo gostar de suas investidas. Roçou a boca na minha orelha e sussurrou:

— Ele está olhando. Finja que estou sussurrando alguma sacanagem. - Me instruiu.

Fechei os olhos e mordi o lábio inferior, fingindo me deleitar com as coisas que Patrick dizia, até Carly e Wendy acreditaram, ouvi elas cochichando e dando risadinhas.

Abri os olhos, as duas sorriram maliciosas para a gente, o loiro mordiscou meu lóbulo e eu me virei para ele, o roubei um selinho sabendo que o Benson estava atento à nós.

Quando olhei para o moreno, ele estava conversando com a Mandy, ela dava risadinhas, parecia estar ouvindo alguma piada. Aquilo não me agradou nadinha.

— Não vai comer? - A ruiva perguntou para a Carls e eu desviei o olhar, fitei a bandeja intocada da Shay.

— Estou sem fome. - Fez careta empurrando a bandeja.

Wendy e eu nos entreolhamos, a Carls estava com náuseas.

— Não quer provar um pouco da minha salada de frango com molho agridoce? - Patrick ofereceu sendo gentil sem perder a pose de garoto hétero.

Ele deveria ter pegado um hambúrguer e não uma salada, se bem que... Ah, talvez não desse tanta pinta assim.

Estendeu o prato com a salada para a morena que enjoou ainda mais com o cheiro agridoce do molho, colocou as mãos na boca, segurando o vômito e levantou às pressas, correndo para longe de nós, com certeza indo vomitar...

A ruiva e eu trocamos olhares preocupados.

— Fiz algo de errado? - O loiro perguntou para nós duas.

— Não, não fez não. A Carls apenas está de TPM, acordou um pouco nauseada. - Menti.

Não sei se ele acreditou ou não, mas pelo menos não tocou mais no assunto e eu agradeci mentalmente por aquilo. Mas se Carly continuasse enjoando na hora do intervalo daquele jeito, o povo de CHS iria acabar desconfiando e comentando.

E aquilo não seria nada bom para a imagem que a Shay tinha à zelar.

[...]

P.O.V Do Freddie

— O que os seus pais disseram, cara? - Ricardo perguntou, ele e Nora estavam curiosos.

Conversávamos num tom baixo sobre o fato de que o Gibby seria pai.

— Minha mãe ficou pasma, mas acabou aceitando depois de me dar uma bronca. E meu pai só faltou me bater na frente da Carly, nunca tinha o visto tão nervoso. Me chamou de irresponsável e tudo mais, e agora terei que arrumar um emprego, ele alega que isso me fará ter um pouco mais de responsabilidade. E minha mãe concorda, e bem, fiquei aliviado de não apanhar na frente da minha namorada. - Gibby disse num tom bem baixo nos fazendo rir.

— Vai trabalhar depois das aulas, né? - Mandy quis saber.

— Aham, é o jeito. Talvez eu consiga um emprego de atendente em algum estabelecimento, entregador de Pizza ou Delivery em geral. Ou sei lá, mas eu tenho que conseguir algum trampo, ou o meu pai vai ficar pegando no meu pé. - Bufou.

— Eu conheço alguém que pode te ajudar. O meu tio Carlos abriu um restaurante de comida mexicana e ele precisa de dois entregadores. - A baixinha disse para ele.

— Fala sério, você pode me indicar? - O Gibson sorriu esperançoso.

— Claro, claro. - Ela assentiu.

— Estou interessado na segunda vaga. Me indica também? - Ricardo pediu à ela.

— Podem deixar, vou falar com o meu tio e qualquer coisa, mando uma mensagem para vocês. - Disse fazendo eles sorrirem animados.

— Valeu mesmo, Mandy. Você é uma amiga nota 10. - Nosso amigo latino disse fazendo a baixinha corar.

Nora concordou e eu também.

— Torçam por mim, eu realmente preciso desse emprego. - Gibby disse com certo pesar.

Eu sabia que ele estava preocupado. Ser pai na adolescência não devia ser nada fácil. Mas eu acreditava que ele e a Carly iriam se sair bem. Eles se amavam e tinha o meu apoio, o de nossos amigos e o apoio das amigas da Shay também.

Minutos depois...

— Na sua casa e no mesmo horário? - Fui abordado pela Puckett, no corredor.

— O quê? - Franzi o cenho.

Do que ela estava falando?

— Amanhã é quarta, já esqueceu? - Sorriu cínica.

— E daí? - Continuei confuso sem entender. O que tinha na quarta?

— Reforço de Espanhol, bobinho. Ou quer que eu refresque a sua memória? - Se aproximou e eu recuei lembrando.

"Droga! Como pude esquecer?"

— Você não precisa de reforço algum. Vou dizer para o professor que...

— E vou negar. Posso até chorar afirmando que você não quer me ajudar na matéria... - Fungou. - Ou você prefere perder todos os seus pontos extras? - Ergueu uma das sobrancelhas. - E adeus pontos preciosos no seu currículo escolar. Isso conta na sua folha de atividades extras, né? É você quem sabe, Benson. - Fingiu analisar as unhas.

Revirei os olhos e bufei, frustrado.

— Amanhã no mesmo horário e nada de gracinhas, ok? - Avisei.

— Vou ser uma aluna bem comportadinha. E pode deixar que vou te levar um agradinho de agradecimento, professor! - Disse sorrindo antes de me dar as costas e sair rebolando.

"Agradinho? Que agradinho?"

Fiquei ali parado no corredor perto do meu armário perdido em pensamentos. Não havia saída, se eu não quisesse perder meus pontos extras, eu realmente tinha que continuar dando aulas de reforço para aquela Diaba loira.

"É melhor eu me preparar, sei que a loirinha vai fazer de tudo para me fazer perder o controle e eu não posso cair na dela... Não posso me deixar seduzir novamente."