P.O.V Geral

Freddie abriu os olhos, sua visão estava um pouco turva. Havia uma rodinha de adolescentes ao seu redor, todos olhando para ele. Tentou levantar, sentiu a cabeça girar e fechou os olhos, estava zonzo. Passou as mãos pelo rosto, percebeu que estava sem óculos. Aonde foram parar? Ele sequer lembrava direito da bolada que havia levado, o garoto estava atordoado.

— Abram espaço, abram espaço. Se não vão ajudar, é melhor se madarem daqui! - Ouviu uma voz masculina, abriu os olhos novamente e viu um rapaz se abaixando ao lado dele.

Freddie era míope, seu grau de Miopia não era tão alto, e mesmo assim ele precisava dos óculos para poder enxergar à longa distância sem dificuldades, sua mãe insistia para que ele sempre usasse.

Também notou uma garota abaixada ao seu lado esquerdo, ela também usava óculos e tinha um laço laranja-berrante como acessório para enfeitar os cabelos.

— Tenha calma, vamos te ajudar a levantar. - O rapaz que estava abaixado levantou e estendeu a mão para ele.

O moreno segurou a mão estendida com firmeza, a garota que usava laço levantou e foi para o lado do garoto robusto, eles pareciam bem simpáticos.

— Obrigado. - Agradeceu acanhado, a tontura estava passando.

— Disponha. Aqui estão seus óculos. Os tirei para verificar se estavam com algum dano, mas você teve sorte. Estão inteiros! - A moça que era baixinha lhe entregou seus óculos.

— Obrigado. - Agradeceu novamente, ajeitando a mochila nos ombros.

Bateu nos jeans para tirar qualquer sujeira, estava vermelho de vergonha pelo "incidente". A rodinha em volta dele foi se desfazendo, mas os burburinhos continuavam, estavam falando sobre ele, mas o rapaz que era novato ali resolveu ignorar.

— Qual é seu nome? - Os jovens que foram prestativos ainda estavam ali, o garoto alto e robusto foi quem perguntou o nome dele.

— Fredward Benson, mas podem me chamar de Freddie. - Respondeu ainda sem jeito.

— Meu nome é estranho, não ria, ok? Me chamo Orenthal Cornelius Hayes Gibson. - O rapaz se apresentou, ele tinha cabelos castanhos e olhos esverdeados num tom escuro. - Me chame apenas de Gibby, beleza? - Sorriu lhe estendendo a mão para um cumprimento.

— E eu sou Amanda Valdez, mas pode me chamar de Mandy, acho até melhor, pois eu amo meu apelido. - A baixinha de óculos era magra e tinha cabelos loiros escuros mesclados com tons de mel.

— Prazer em conhecê-los. - Freddie sorriu sincero. - E mais uma vez, obrigado! - Ele já estava se sentindo melhor e mais à vontade.

— O Luke e seu amigos são uns bacacas. - Ela indicou o grupinho de rapazes bagunceiros, o ruivo segurava a bola e fazia uma péssima imitação de alguém desmaiando.

Claro que ainda estava rindo e zombando dele. Sentiu seu rosto esquentar por conta do constrangimento e da raiva que o atingiu no momento.

Olhou ao seu redor, procurando o trio de garotas. Avistou elas um pouco afastadas do carro, a loira gargalhava. Será que ela estava rindo dele? Merda. Ela com certeza estava achando ele tão patético e fracote por te sido derrubado por uma simples bola, não é mesmo? Sentiu vontade de cavar um buraco e enfiar a cabeça ali. Estava envergonhado demais, por quê aquilo tinha que acontecer com ele logo no seu primeiro dia de aula? Com certeza era tão azarado.

Que mico. Pagar mico era com ele mesmo. Aquilo só podia ser uma maldição.

[...]

Gibby e Mandy o acompanharam até a secretaria, Freddie foi direto para lá para pegar seu horário. Ele recebeu uma folha de papel amarelada, já estava plastificada com a lista de matérias, o número de sua sala e nomes dos professores. Ele havia ficado na sala 8 que ficava no terceiro andar, o prédio do colégio possuía 3 andares.

Os alunos do primeiro ano ficavam no primeiro andar, os do segundo ano ficavam no 2° andar, e os do terceiro ano obviamente ficavam no último andar. Mandy tinha 16 anos, ela era do segundo ano, se despediu deles e correu para sua sala. Por sorte, o novato acabou ficando na mesma sala que o jovem Gibson. Eles tinham a mesma idade, e Freddie ficou feliz por fazer novas amizades. Gibby e Mandy eram legais, haviam o ajudado e se mostraram tão amigáveis e gentis.

Checou o horário, a primeira aula era de História. Ele gostava da matéria, achava interessante, mas Matemática era sua matéria favorita. O garoto amava cálculos, fórmulas e se dava bem com os números que eram odiados por muita gente. Nem todo mundo gostava de Matemática. Ele também gostava muito de Química e Biologia. Só tinha dificuldades nas aulas de Ed. Física, não gostava de correr e nem era bom em esportes como Basquete e Futebol, sempre fora desengonçado e se machucava fácil.

Também recebeu um papelzinho verde com o número do armário e a combinação do cadeado.

Achou um saco ter que subir alguns lances de escada para chegar até a sua sala. Acabaram chegando alguns minutinhos atrasados, e o pior de tudo foi ter que se apresentar à turma.

Ficara nervoso e meio travado pois ela estava ali. A garota loira era da Sala 8, ela ocupava a terceira carteira da terceira fileira do lado esquerdo. Era uma bancada para cada dupla, e a parceira dela era a amiga morena.

Após se apresentar à turma, sentou ao lado do novo amigo, Gibby. O garoto robusto e simpático ocupava a quarta carteira da quarta fileira do lado direito. Freddie estava perto da loira, o nervosimo dele havia aumentado.

O que estava acontecendo com ele afinal de contas? Por quê se sentia assim por causa de uma garota? Ele não conseguia entender direito. Nunca havia ficado daquele jeito, apesar de já ter tido algumas quedinhas por algumas garotas da Ridgeway. O máximo que ele sentia era o rosto corar e um pequeno friozinho na barriga quando estava a fim de alguma garota.

O nome da professora de História era Marianne Lance, ela não era velha. Devia ter uns trinta e poucos anos. Era bonita, tinha postura séria e ele gostou dela por não ser chata, irritante e arrogante como a sua antiga professora que era uma velha gordinha e baixinha, que só vivia gritando. Era muito mal-humorada. Antes da velha insuportável ser sua professora, ele havia tido outra professora mais nova que foi presa por fazer coisas ilegais que envolviam pirataria.

Freddie recebeu o livro, a Srtª. Lance iniciou a aula e ele não conseguia prestar atenção no assunto. Não conseguia desviar os olhos da loira que estava mexendo num iPad, ela sorria e conversava com a amiga, as duas falavam baixinho.

Gibby percebeu, balançou a cabeça desaprovando. Ele não gostava da garota loira, nem um pouco. Ela era muito implicante com ele, vivia lhe dando apelidos maldosos e fazendo piadinhas bestas a respeito dele.

— Ei, cara? - Cutucou o novo amigo.

— Hãn? Oi? - Se virou para ele.

— Gostou da loira ali? - Indicou a garota apontando discretamente.

— Ah, eu... Eu... Não! Eu só... Bem, ela é muito bonita. - Se atrapalhou todo e ficou muito corado.

— Vou te dar um conselho, de amigo para amigo. Se eu fosse você, ficaria bem longe dela. - Gibby avisou sério.

Freddie franziu o cenho.

— Por quê? - Perguntou baixinho, confuso.

— Ela não presta, é muito maldosa. É o tipo de garota problema, só sabe infernizar os outros e se acha a maioral. - Respondeu o rapaz.

— Ah... - O jovem Benson não sabia o que falar.

Ela parecia um anjo, era linda demais. Não parecia ser aquele tipo de garota. Não deu muita bola para aquilo. Talvez o Gibby estivesse exagerando...

[...]

Depois das duas aulas de História, eles tiveram uma de Geografia e uma de Física Avançada. Os professores dali eram legais, rígidos e sérios na medida certa. Logo percebeu que seria daquela turma até o final do ano, não era preciso ir para outras salas para cada matéria diferente. O horário era o mesmo para os alunos da sala 8, o professor de Biologia era responsável por aquela classe.

— Odeio Química! - Gibby reclamou quando apanharam as mochilas para irem pro laboratório de Química.

O moreno riu, os dois saíram da sala. O grupinho bagunceiro era da turma deles, e o rapaz não gostou nem um pouco ao saber que teria que aturar aqueles garotos mesquinhos e idiotas em todas as aulas.

Só havia uma coisa boa, a garota loira era da turma dele. Ele poderia admirar a beleza dela todos os dias, aquilo seria ótimo.

O laboratório de Química era muito maneiro, o da Ridgeway não chegava nem aos pés daquele. Os alunos tiraram os Blazers, vestiram os "jalecos" brancos, colocaram as luvas e os protetores para os olhos. Aqueles "óculos" eram bacanas demais. Ficou empolgado para aquela aula.

— O quê? - Ouviu a voz da garota loira em alto e bom som pela primeira vez.

Já sabia que o nome dela era Samantha Joy Puckett, descubriu na hora da chamada durante a primeira aula. Samantha era um nome lindo que combinava com a dona.

— Exatamente isso mesmo Srtª. Puckett, o Sr. Lewis foi transferido para outro colégio e o Sr. Benson será o seu novo parceiro de Química! - O professor informou.

O coração de Freddie disparou ao ouvir aquilo. Samantha Puckett faria dupla com ele durante as aulas de Química.

— Mano, agora estou com muita pena de você. - Gibby lamentou.

A garota olhou para Freddie, ele já estava começando a suar de tão nervoso. Ela não parecia satisfeita naquele momento, a garota bufou e com passos duros se encaminhou para a bancada de granito acizentado.

Freddie recebeu o jaleco, os protetores para os olhos e as luvas. Um pouco hesitante foi ocupar o lugar ao lado da loira.

Sam Puckett fez um coque no cabelo, algumas mechas ficaram soltas. Ela estava ainda mais linda usando o jaleco, o moreno parou de frente para a bancada.

Ela sequer lhe disse um simples "Oi.", ou "Que legal! Seremos uma dupla!"

— Peguem os materiais em baixo da bancada, pessoal! - O professor estava animado para começar a dar sua aula.

Sam se abaixou para abrir a portinha-dupla. Freddie continuou parado olhando-a, ela ficou de cócoras, sua saia havia subido. Ele enguliu um seco, as coxas dela eram bonitas, torneadas e pareciam muito macias.

Um filete de suor escorreu pela nuca dele. Ele massageoou as mãos, era um ato de puro nervosismo. Sam se levantou com uma caixa de plástico branca contendo tubos de ensaio, frascos de vidro, saquinhos com conteúdos que pareciam grãos de areia colorida.

— O que foi? Por quê está me encarando com essa cara de idiota? Você é assim mesmo ou sofre de algum transtorno que nem o retardado do seu amiguinho Gibson? - Questionou ríspida.

O moreno ficou bastante ofendido, não a respondeu. Ela havia sido grosseira, ainda por cima ofendeu o Gibby. O rapaz robusto não era retardado, era apenas extrovertido demais, bobinho e parecia muito sonhador. Freddie havia gostado dele, pelo visto seriam ótimos amigos.

— Ah, deve ser um retardado mesmo! Um nerd retardado, essa é nova... E que caralhos de nome é Fredward?  - Ela riu do próprio comentário.

Gibby tinha razão. Sam Puckett era maldosa. Ele deveria manter distância.