No dia seguinte...

P.O.V Do Freddie

Não consegui dormir, passei a noite pensando nela, cheguei em casa pegando uma carona e a Sam ficou sozinha naquele chalé. Minha mãe logo percebeu que eu não estava nada bem, me fez perguntas e eu apenas falei que Sam e eu nos desentendemos e eu voltei antes do previsto para casa.

Eu não falei o motivo para ela, minha mãe ficaria arrasada assim como eu. E arrasado ainda era pouco, eu estava muito devastado, nunca imaginei que a Sam estava apenas brincando com os meus sentimentos.

Doía muito saber que não signifiquei nada, ela não gostava de mim. Pouco se importava. Me usou. Me enganou e ainda falou aquilo tudo na minha cara... E o pior de tudo, ainda achou que eu fosse entender e continuar ficando com ela para ela me usar como bem entendesse.

Sua relevação me magoou muito, nunca imaginei que ela seria capaz de me usar daquele jeito, fui um tolo e caí na lábia dela. Como eu pude ser tão idiota assim? Eu deveria ter ouvido os meus amigos, eles me alertaram e eu não dei a mínima.

Eu só podia estar cego, cego de paixão. Me encantei por ela à primeira vista, ela me cativou sem fazer esforços, com seu jeito de ser, com sua beleza e toda vez que estávamos juntos, ela aparentava ser outra garota. Uma garota maravilhosa.

Tudo não passou de fingimento? Nada foi real? Não passou de um joguinho pra ela? Seu único objetivo era se divertir comigo e depois me descartar como se eu fosse algo sem valor? Mas por quê? Eu não merecia aquilo...

Ninguém merece ser usado. 

Os últimos dias que tivemos juntos não saiam da minha cabeça. Se eu pudesse esquecer, os nossos últimos momentos, eu queria apenas não pensar mais nela. Mas era difícil, por mais magoado que eu tivesse, eu não conseguia parar de pensar em Samantha Puckett.

Vê-la chorando daquele jeito, dizendo estar arrependida, implorando para eu ficar. Não posso negar, aquilo mexeu muito comigo. E quando ela se ajoelhou suplicando, por Deus, eu quase fracassei, tive vontade de perdoá-la naquele momento e abraçá-la, pois vê-la daquele jeito de certa forma me machucou... 

Mas eu me mantive firme, eu não podia acreditar. Sam era uma manipuladora, mentirosa... Eu não podia mais confiar nela, deixei minha raiva e mágoa me dominar, fui embora sem olhar para trás, deixando-a ali sozinha.

Eu estava completamente arrasado, aquilo doía tanto. Foi um tremendo baque para mim, uma grande decepção.

Sam apenas me usou sem remorsos. Ela realmente não valia à pena, e não merecia nenhuma lágrima, e o pior de tudo... Eu estava apaixonado por aquela garota. Completamente apaixonado.

[...]

P.O.V Da Sam

— Ele nunca vai me perdoar, Carls, nunca... - Chorei me sentindo muito mal.

O Freddie não merecia e o magoei, e eu estava me odiando por aquilo. A única culpada por tudo fui eu, eu havia decepcionado o único cara que já amei na vida, nunca pensei que as coisas terminariam assim, com nós dois sofrendo.

— Eu te avisei, Sam, te avisei. Mas teimosa do jeito que você é, não quis me ouvir, nunca ouve os meus conselhos e olha no que deu agora... Eu sabia que isso ia acontecer, só lamento, amiga. Mas se o ama, não desista, uma hora a mágoa dele vai passar e ele vai te perdoar. - Disse me abraçando.

— Ele me deixou sozinha, eu até me ajoelhei e implorei... O Freddie não quer mais me ver e com razão, eu sou uma grande idiota, só faço merda, e estraguei tudo, nem sei se fiz certo em ter contado... - Se arrependimento matasse.

— Você foi honesta e corajosa, e você fez bem em ter contado, ter revelado tudo. Era o certo a se fazer, foi sincera e mostrou-se estar arrependida. Uma pena ele não ter te perdoado, mas é compreensivel, no lugar dele você sentiria o mesmo, ficaria magoada e com raiva, e com razão. O que você fez foi muito errado, Sam. - Ela afagou minhas costas.

Solucei, eu só conseguia chorar e lamentar por tudo, passei a noite em claro pensando nele, quando cheguei em casa, minha cabeça latejava, meu rosto estava inchado e meus olhos estavam vermelhos. Eu estava péssima, tudo que eu queria era estar com o meu moreno...

Meu moreno... Como eu ia imaginar que iria me apaixonar? Nem sequer passou pela minha cabeça, e sinceramente, eu não acreditava no amor. Pensei que era algo que não passava de uma baboseira, que era sentido por apenas pessoas sonhadoras.

Como eu pude ser tão ignorante enquanto à isso?

Com o Freddie, descubri o sentimento mais puro, doce e lindo que existe. Ele sempre me deu tanto carinho, atenção e me tratou como se eu fosse algo precioso, com ele eu me sentia especial e única.

Me sentia amada. 

Foi com ele que eu aprendi a amar. 

Estávamos apenas algumas horas longe um do outro e eu já sentia a sua falta intensamente... Algo estava faltando dentro de mim, como se um pedaço do meu coração estivesse com ele.

Eu o amava, daquilo eu não tinha nenhuma dúvida. Infelizmente, eu teria que lutar, lutar para tê-lo de volta. Pois eu era dele, e tudo que eu mais queria era estar nos braços dele o mais rápido possível.

Reconquistar sua confiança. Fazê-lo acreditar em mim. E o mais importante, poder ganhar o seu perdão.

[...]

P.O.V Da Mandy

— Eu vou ficar bem sozinha, podem ir. Eu sei me cuidar! - Garanti aos meus pais.

— Já liguei para o James, daqui à pouco ele está chegando, filha. Viajaremos mais tranquilos sabendo que seu irmão estará tomando conta de você. - Papai falou pegando a mala da minha mãe.

— Não! - Exclamei alto, e eles me olharam sem entender. - Não deviam incomodá-lo,  não preciso de babá. Eu me viro sozinha, liga para ele e avisa pra ele não se incomodar. - Pedi.

Eu não queria ficar sozinha com o meu meio-irmão, eu jamais iria confiar nele de novo, bastou aquele dia para eu ficar com receio de ficar sozinha com ele no mesmo ambiente.

— Filha, pensei que gostasse do seu irmão, está parecendo que você não quer a companhia dele. Aconteceu alguma coisa que a gente não saiba? - Minha mãe se aproximou de mim, preocupada.

Eu me sentia super mal toda vez que me lembrava daquele ocorrido... Eu não tinha culpa, mas era inevitável, eu me sentia um pouco culpada às vezes, eu poderia ter evitado... 

Não tinha coragem de dizer aos meus pais. No fundo eu não queria contar, eu tinha receio. O James iria negar, e eu nem tinha como provar. Seria a minha palavra contra a dele. E se nosso pai não acreditasse em mim?

O James poderia muito bem inventar algo ou me culpar. Aquilo já tinha sido ruim e vergonhoso demais para mim. As consequências não seriam nada boas. 

Só tive coragem de desabafar com o Freddie, pois ele me passava segurança e eu confiava nele. Se o Gibby soubesse, com certeza tomaria providências e eu queria ao máximo evitar o pior... Pois ainda poderia acontecer alguma desgraça.

— Não aconteceu nada, mãe. - Menti, eu odiava ter que fazer aquilo. - Está tudo bem, eu só não queria incomodar o James. Mas podem viajar tranquilos, eu vou esperar ele chegar... - Forcei um sorriso.

— Não será incômodo algum, querida. O seu irmão te ama e ele adora passar um tempinho com você! - Meu pai afirmou.

Que tipo de amor é esse? Se ele me amasse, não teria me beijado à força. Quem ama não magoa e nem força a pessoa amada fazer o que não quer... Aquilo só podia ser um sentimento doentio.

Me despedi dos meus pais e os vi entrar no táxi, eles iriam para o aeroporto, minha avó materna estava doente e meus pais estavam indo visitá-la, iam passar dois dias fora de casa, pois minha avó morava em San Diego.

Fiquei um tempinho ali na sala, tentando me distrair assistindo TV, mas eu estava nervosa, eu não queria que o James viesse ficar comigo... Eu não precisava dele.

Sobressaltei quando a campainha tocou, meu coração disparou. Me levantei, sentindo minhas pernas ficarem bambas, olhei para a porta temerosa.

Se eu não fosse abrir, ele ligaria para o nosso pai e seria pior. 

Fui até a porta e a abri, e lá estava ele com uma mochila pendurada num ombro só, e com seu típico sorriso de garoto americano...

Ele já não era tão garoto assim... Era um universitário de 18 anos.

— E aí, maninha? Quanto tempo não? Eu senti a sua falta e você? - Abriu os braços esperando que eu fosse abraçá-lo.

— Entra! - Fui seca e lhe dei as costas.

Decidi ignorá-lo, eu pretendia ficar a maior parte do tempo trancada em meu quarto, o mais longe dele.

[...]

P.O.V Da Carly

— Mozão, por quê não respondeu minhas mensagens? - Perguntei assim que encontrei meu namorado perto do armário dele.

Sam e Freddie haviam faltado, também não vi a Valdez por perto, ela sempre estava grudada no Gibby. 

— Eu estava, hum, ocupado... - Disse coçando a nuca, parecia estar mentindo.

— Ah, entendo... - Talvez fosse apenas impressão minha. - Eu senti a sua falta, Gibbs. - O chamei pelo apelido, fiz biquinho pedindo selinho e ele passou por mim, me deixando no vácuo.

— Ei, por quê o Freddie não veio hoje? - Eu já sabia o motivo, mas perguntei querendo saber se ele já estava sabendo.

— Não sei, com certeza deve ter marcado algo com a Sam, já que ela também não deu as caras hoje. - É, pelo visto ele não sabia.

— Te garanto que não, o Freddie terminou com ela... - Decidi contar à ele, eu não queria ter que esconder o que eu já sabia dele e também não queria que ele escondesse as coisas de mim.

— O quê? Como assim o Freddie terminou com a Sam? Ele é louco por aquela garota! - Se espantou.

— Foi isso mesmo que aconteceu, ela está arrasada e eu estou tão triste por vê-la nesse estado, minha amiga já chorou tanto hoje. - Lamentei.

— Por quê eles terminaram? Sabe o motivo? - Indagou ainda intrigado.

— É muito delicado, é melhor o Freddie te contar, a Sam me contou tudo porque somos melhores amigas e o que aconteceu não é da nossa conta. - Falei.

— O que aquela... - Se controlou para não xingar a Sam, ele cerrou os punhos. - O que a sua amiga fez? - Me encarou, sério.

— Ela magoou o Freddie. - Foi tudo que eu pude falar.

— Eu sabia! Sabia que aquela cretina ia magoar o meu amigo. Coitado do Freddie, ele deve estar sem chão... - Também lamentou.

— Eu sinto muito... - Eu me sentia mal e estava muito triste com tudo aquilo.

Nossos amigos estavam sofrendo.

— A Puckett não presta, ela não passa de uma vadia mal amada, mimadinha e egoísta! - Disse com desprezo.

— Eu não admito que fale assim dela. Você nem a conhece como eu, não pode julgá-la. A Sam errou, todo mundo erra, e ela está arrependida. E pra sua informação, ela também está sofrendo porque ama o Freddie e está se sentindo péssima por tê-lo magoado. - A defendi.

— É claro que você defende a sua amiguinha, vocês duas devem ser da mesma laia! - Aquilo me abalou, nunca tinha visto o Gibby tão bravo.

Abri a boca, mas não formulei nenhuma palavra. Recuei chateada. Ele logo arregalou os olhos e me fitou arrependido. Mas ele já tinha me ofendido e não podia voltar atrás.

— Desculpa, eu não tive a...

— É bom saber o que você pensa de mim, entendo que esteja com raiva da Sam, mas não precisa me ofender. - Meus olhos arderam e minha voz saiu embargada.

— Carly, eu sinto muito, me desculpa, eu não...

— Se é o que pensa de mim, tudo bem... - O sinal tocou, a próxima aula já ia começar. 

Passei por ele, apertando o livro de Geografia contra o peito, segurando as lágrimas.

Era aquilo que ele achava de mim? Que era uma vadia mal amada? Se fosse mesmo aquilo, seria melhor a gente terminar logo de uma vez...