Megan está encostada na parede sentindo dor em praticamente seu corpo inteiro. Ela ergue o olhar com dificuldade para Isac, que está sentado a observando, brincando com o revolver como se fosse uma bola de golfe. Jogando para o alto e pegando no ar.

Os olhos dela estão pesados, o que a faz temer. Megan sabe que não aguentará se manter acordada por muito tempo. Isac não se aproximou mais depois de ter mandado a foto para Bela. Ele apenas a encarava com seu pior sorriso.   

Ela sabe que a qualquer momento Isac irá matá-la. Ele não arriscaria a deixar viva. Ele não era ingênuo. Se a deixasse viver, correria o risco de ser preso, já que sua mente estava ciente de que ela iria denunciá-lo.

Iria acabar ali. Sua vida estava chegando ao fim. Megan nunca imaginara que morreria dessa forma. Sentada no chão imundo de uma casa abandonada, com uma corda amarrada firme a impedindo de se mover. Seu corpo tão machucado quanto seu coração. E o pior, longe da pessoa em que ela amava. Lágrimas voltam a rolar em seu rosto quando ela se lembra de Justin.

Não teve tempo nem para se despedir. Ela não conseguiu dizer a ele o quanto o amava. Não teve a possibilidade de dar um ultimo abraço. Um último beijo. Um último toque.

—Você deve estar se perguntando por que Josh colaborou com isso. – Isac se aproximou e tirou a fita da boca dela. – sabia que ele era apaixonado por você?

Ela grunhiu de dor quando sentiu a fita libertando sua boca e o arranhão que Isac havia causado voltando a sangrar.

Megan apenas o olhou, não tinha força e nem vontade de respondê-lo.

—Ele tentou ir falar com você varias e varias vezes. Mas nunca conseguiu. E você sempre estava com Justin, seu mundo era o babaca do Justin.

Ele agachou próximo a ela e acariciou sua bochecha.

—Pobrezinha. – ele percorreu sua mão ao pescoço dela e o envolveu. – deve estar se sentindo sufocada com tantos pensamentos confusos.

Megan sentiu a mão dele apertando cada vez mais seu pescoço, dificultando sua respiração – que já estava enfraquecida. – de fazer seu caminho e a manter viva.

—Então eu disse ao Josh que a única forma de te manter longe do Justin era te trazer pra mim. Eu expliquei a ele que eu faria você aprender uma lição por não percebido que havia outras pessoas ao seu redor além de Justin. – ele deu um meio sorriso. – e cá entre nós, não é nada difícil influenciar o Josh.

Estava cada vez mais impossível de respirar. Megan entreabriu os lábios sentindo que a qualquer momento ficaria inconsciente.

Ainda segurando seu pescoço, Isac lhe beijou. Megan não correspondeu, mas também não fechou a boca.

Ela já não tinha nenhuma esperança e força para lutar contra ele.

—Você está péssima. – ele disse finalmente soltando seu pescoço, a permitindo respirar.

Isac arrastou a mão que a sufocou por baixo do vestido novamente. Dessa vez tocando suas partes intimas e mais sensíveis. Ele gemia a cada toque, fazendo com que Megan se sentisse mais angustiada.

—Você me deixa louco, boneca! – ele quase sussurrou. – não me canso de você.

Megan fechou os olhos com força quando ele subiu encima dela. Ainda com sua mão a pressionando. Ele começou a beijar seu pescoço.

Nojo. Era a única coisa que vinha na cabeça de Megan.

De repente ondas de emoções a invadiram quando alguém puxou Isac de cima dela.

—Eu vou matar você! – Era Justin.

Megan arregalou os olhos quando o viu parado de frente a Isac. Os olhos de Justin demonstravam o quanto ele estava furioso.

Megan sorriu. Talvez ela estivesse apenas sonhando. Mas ela sorriu. Por conseguir vê-lo novamente.

Justin deu o primeiro soco em Isac, o fazendo dar passos para trás e tombar na parede.

—As coisas estão ficando divertidas. – Isac murmurou. – acha que vou perder meu tempo batendo em você?

—Você é doente! – Justin urrou com seus punhos cerrados.

Justin chutou Isac o acertando na barriga. Ele resmungou um palavrão e voltou a chutá-lo. Isac, como sempre, estava rindo, a cada golpe ele parecia se divertir mais. Como se sentisse prazer em sentir dor.

Mas ele rebateu. Isac cerrou os punhos e socou Justin.

Justin se recompôs rapidamente.

Aos olhos de Megan, tudo parecia confuso. Eles se batiam cada vez mais. Sangue escorria da boca de Justin e em volta do olho esquerdo de Isac estava esverdeado. Ela já havia visto aquela cena. Na festa, quando estava bêbada.

Mas parecia estar pior. Seus golpes eram mais fortes. Eles queriam matar um ao outro. Megan sabia que Isac possuía uma arma, a qualquer momento ele atiraria em Justin. Ela não podia permitir isso. Tinha que o proteger.

—Justin... – ela sussurrou sem forças. – para...

Ele não a ouviu. Continuava rebatendo os golpes de Isac. O medo tomou conta de Megan.

—Para! – ela gritou entre lagrimas.

Ambos os olharam com a respiração controlada. Isac abriu seu sarcástico sorriso.

—Você já sabe o que vou fazer, não é boneca? – Isac disse. – é por isso que quer fazer Justin parar. Que gracinha.

—Por favor... – ela implorou.

—Megan... – Justin sussurrou, pela primeira vez, com lagrimas nos olhos.

Isac se aproximou de Justin novamente pronto para socá-lo.

Mas Justin foi mais rápido. Ele bloqueou o chute e o lançou a parede. Justin pegou Isac pela gola de sua camisa e o socou varias vezes. Em seguida o jogou no chão.

Isac estava com o rosto ensanguentado. Ele parecia ter perdido a consciência. Mas Megan sabia que ele estava planejando algo. Não seria tão fácil. Ele não permitiria que fosse tão fácil.

—Sai daqui. – Megan sussurrou quando Justin se agachou desamarrando as cordas de seu pulso. – por favor...

—Eu não vou te deixar. – ele respondeu firmemente, mas ela sentiu uma pontada de medo em sua voz. – nunca mais vou deixá-la.

—Justin... – Megan fungou. – Eu não quero te perder... Por favor, vá.

—Por que não a escuta? – a voz de Isac invadiu os ouvidos de ambos.

Justin virou-se para ele.

Isac estava apontando o revólver para a cabeça de Megan. Ele se aproximou com um meio sorriso.

—Sai de perto dela. – Isac ordenou. – se não sair eu a mato.

Justin cerrou os dentes, se afastando aos poucos.

—Não seja covarde. – ele disse. – eu não estou armado.

—Eu não me importo. – Isac sorriu. – tudo isso não passa de uma distração para mim.

—Acha que vai sair impune dessa?

—O que fez com Josh?

—Por que não vai conferir se ele está vivo?

—Você espancou o garoto? – Isac riu. – Seus pais não te ensinaram a ter bons modos?

Justin não o respondeu. Concentrou-se em encontrar uma solução para tirar a arma de Isac.  Não seria fácil. Qualquer deslize o faria atirar em Megan.

A impaciência e a fúria aumentavam cada vez mais dentro de si. Como se uma escuridão tivesse invadido seu interior e sufocado a única luz que poderia fornecer uma solução.

—Larga a arma, Isac. – Uma voz conhecida disse calmamente.

Justin olhou em direção a voz. O professor Stefan caminhava lentamente em direção a Isac com as mãos erguidas demonstrando não estar armado.

—Quem mais vai vir ver o show? – Isac perguntou. – se eu soubesse que viriam mais pessoas teria feito melhor.

—Vamos resolver isso com uma conversa. – Stefan disse. – ninguém precisa se machucar.

—Eu poderia ter tirado a roupa dela e... – Isac dizia. – acho que vocês já sabem o resto.

—Eu vou matar você. – Justin murmurou.

—Não dê mais um passo. – Isac disse quando sentiu Stefan se aproximando.

O professor parou instantaneamente.

Justin mantinha-se um pouco a frente de Megan. A única coisa que ele desejava naquele momento era a tomar em seus braços e correr para longe, onde ninguém os perturbaria. Onde ninguém os afastaria.

Ele sentiu seu coração se partindo em pedaços quando ouviu Megan tentando controlar seu choro, como uma taça quando cai ao chão e espalha-se em cacos de vidros.

—Eu não consegui! – Josh apareceu cambaleando. – não consegui os parar!

—Você é um inútil! – Isac urrou para ele. – seu imbecil! Não serve para nada!

Josh ousou a dar alguns passos para perto de Isac. Mas para surpresa e espanto de todos, Isac mudou sua mira e atirou em Josh.

O garoto com cabelo encaracolado caiu ao chão com seus olhos esbugalhados e o sangue se espalhando em seu peito.

Justin aproveitou o breve momento para se aproximar de Megan. Stefan voltou a andar em direção a Isac com o propósito de tomar a arma dele. Mas Isac percebeu o movimento de ambos e voltou sua mira em Megan. Em fração de segundos o barulho do tiro invadiu o ouvido de todos no local.

—Eu disse que não era para se aproximar! – ele gritou.

Megan abriu os olhos lentamente, sentindo o corpo de alguém sob ela. Foi então que ela percebeu. Justin havia entrado a sua frente. Ele havia levado o tiro no lugar dela.

Sua cabeça começou a girar. As lagrimas começaram a rolar em seu rosto descontroladamente. Ela não conseguia respirar direito. Aquilo não estava acontecendo.

Stefan aproveitou o momento que Isac estava distraído para pular encima dele. Ele relutou contra alguns golpes de Isac, que foram em vão. O professor conseguiu fazer com que ele largasse a arma.

Em alguns minutos, Ely e Joe apareceram no local. A amiga de Megan correu até ela e a desamarrou.

Assim que Megan foi liberta. Ela acariciou o rosto de Justin em seu colo. Ele ainda estava consciente.

—Por favor, fique comigo. – ela sussurrou alto o suficiente para ele ouvir. – por favor...

—Megan... – a voz dele quase não era capaz de ser ouvida.

—Não se esforce. – ela colocou a mão no peito dele, onde tinha levado tiro tentando diminuir o sangramento. – seu idiota, por que fez isso? – disse entre lagrimas.

—Eu... Precisava...

—Não seja teimoso, não se esforce para falar até você ficar bem.

—Eu sinto muito – ele insistiu com dificuldade. – por não ter chegado antes.

—A culpa não é sua. – Megan sorriu. – não precisa se desculpar.

—Meu amor... – ele sorriu fracamente. – me dê sua mão.

—Eu não vou pegar sua mão porque você não vai morrer. – Megan disse. – pare de falar como se estivesse se despedindo.

—Megan... Me dê sua mão.

—Não, Justin, eu não...

—Por favor. – ele a interrompeu.

Com seu coração apertado ela pegou a mão de Justin e entrelaçou seus dedos.

Uma lagrima de Megan caiu no rosto dele. Ela limpou com o polegar de sua outra mão, que antes estava acariciando o cabelo dele.

—Você está... bem? – ele perguntou com sua voz ficando cada vez mais fraca.

—Sou eu quem deveria perguntar. – Megan respondeu fungando.

—Mesmo que eu tenha demorado, eu cumpri minha promessa. – ele grunhiu pela dor que estava sentindo em seu peito. – eu disse que sempre iria te proteger, mesmo... Distante.

—Sim. Você sempre aparece no momento certo. – ela o beijou na testa. – meu superman.

—Você se lembra? – ele sorriu.

—Como eu poderia me esquecer? – Megan apertou mais sua mão. – quanto você sair do hospital nós vamos viajar para longe desse lugar, apenas nós dois.

—Obrigada. – ele disse. – os momentos que passei com você. Eu não trocaria por nada.

—Nós ainda vamos ter muitos outros...

—Eu quero que você seja feliz, aquele idiota do Derek. – ele prosseguiu. – ele é uma boa pessoa.

—O único que vai ficar ao meu lado é você!

—Eu vou continuar te protegendo, mesmo distante...

—Justin...

—Eu te amo... – uma lagrima escorreu de seus olhos. – minha idiota.

As mãos de Justin afrouxaram nos dedos de Megan.

—Justin? – ela o chamou. – isso não tem graça, acorde!

—Eu pedi ajuda. – Ely disse. – não sei por que não chegaram ainda!

 -Ele morreu Megan! – Isac gritou amarrado entre as cordas. – seu Justin está morto!

—Acorda, por favor, meu amor. – Megan o beijou. Os lábios dele não a correspondiam. O que a deixou mais angustiada. – por favor. – sussurrou.

—Meg... – Ely e se aproximou.

—Ele não está morto. – Megan gritou. – não pode estar!

Ela olhou para todos a sua volta. Joe tentava conter o choro encostado na parede. Stefan possuía um olhar apreensivo e entristecido. Enquanto Ely parecia querer confortar Megan.

—Por que estão nos olhando assim? – ela disse. – ele não está morto! Justin está apenas dormindo, ele está cansado. Ele passou por muita coisa essa noite.

—Vamos cuidar de tudo! – os policiais entraram com os médicos.

Eles afastaram Megan que continuava gritando por Justin. Como se a qualquer momento ele fosse acordar e correr para ela.

Justin ainda podia sentir seu coração batendo fracamente, ele ouvia os gritos de Megan, mas pareciam realmente distantes. Estava tão exausto que não conseguia mover um dedo sequer. Era como se ele estivesse entrando em um sono profundo. Deixando de sentir aquele mundo lentamente. E mesmo que não conseguisse voltar para os braços de seu único amor. Ele estava feliz. Porque tinha a salvado. Tinha a protegido, essa havia sido sua missão. Proteger até o fim a única pessoa em que foi capaz de amar.