Proibido se apaixonar escrita por skammoon


Capítulo 44
Um novo amanhã




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O Sol havia acabado de nascer e seus raios ainda eram fracos, o que fez Megan perceber que havia acordado mais cedo do que o normal. Continuava frio em New York, o inverno naquela cidade sempre era gelado demais.

Ela pôs um moletom por cima do pijama de malha que sua mãe deixara guardado em sua gaveta. Calçou suas pantufas e desceu silenciosamente a escada. Não queria acordar seus pais. Os fins de semanas eram os únicos dias em que eles podiam acordar um pouco mais tarde.

Megan caminhou até a cozinha. Olga havia deixado um bilhete na geladeira dizendo que havia ido comprar alimentos que estavam faltando, ela não queria encarar uma longa fila e se fosse mais tarde teria que passar por isso. Sua paciência não era das mais exemplares em locais como mercados, em que as pessoas ficam enrolando como se não tivesse mais nada para fazer. Olga não havia escrito isso no bilhete, mas Megan estava ciente disso. Ela conhecia Olga como ninguém, por conta das compras que Megan a ajudava fazer quando era criança.

Megan bocejou e resolveu fazer um sanduíche de cream cracker com manteiga de amendoim e tomar um copo cheio de leite.

Depois de sentar a mesa sozinha com meia luz acesa. Megan pegou seu celular e releu a mensagem de Justin.

“Eu queria poder passar os dias em New York ao seu lado. Mas surgiu algo urgente e tive que voltar para Miami. Por favor, pense no que eu disse na ultima vez que nos vemos. Eu estava falando sério. E não se esqueça, mesmo distante, estarei com você.”

Ela suspirou. Não fazia a menor ideia do que havia surgido para Justin voltar para Miami. Mas provavelmente era algo sério, ele não parecia querer sair de New York sem Megan. De qualquer forma, não demoraria a voltar e finalmente poder conversar com ele sobre sua confissão. Ao qual fazia o coração de Megan palpitar sempre que pensava nas palavras ditas pelos lábios doces e quentes dele.

 Dando uma grande mordida em seu sanduíche, ela lembrou-se do que havia conversado com Pablo. Megan havia imaginado que poderia simplesmente deixar Nathaniel fora disso, mas não seria possível. A única solução seria ele confessar as autoridades. Explicar como tudo aconteceu e o porquê dele ter feito isso. Segundo Pablo, como Nathaniel não aceitou hackear lugares importantes para a sociedade, ele poderia ter uma chance de escapar da prisão. Poderiam fazer algum tipo de acordo. De qualquer forma, ele correria riscos. Mas essa era a consequência de ter procurado dinheiro pela forma mais fácil e rápida. Megan sabia que ele estava desesperado, mas o caminho mais fácil nunca é o correto.

Nathaniel era uma pessoa sensata, ele estaria ciente de que confessar seria a melhor forma de acabar com tudo. Megan pegaria parte do dinheiro que seus pais haviam depositado na conta dela – e que ela não havia usado por orgulho – e entregaria a Nathaniel. Era uma quantia suficiente para a família dele se estabilizar novamente. Megan tinha esperanças de que ele fosse aceitar todas as suas propostas sem surtar.

Decidida a finalmente resolver isso, Megan digitou uma mensagem para Melody.

“Olá, como Nath está? Eu procurei todas as soluções possíveis e cheguei à conclusão de que só uma será possível. Explique a Nathaniel que você me procurou para ajudá-lo, ele vai entender, já que sua situação é tão critica. Diga a ele que a única forma de resolver isso é confessar as autoridades o que está acontecendo. Advirta ele para não se preocupar, a gangue que ele se envolveu não saberá que Nathaniel os entregou. Tudo está sob controle, nós faremos estratégias para pegá-los, enquanto Nathaniel terá a possibilidade de fazer um acordo com as autoridades e a família dele receberá dinheiro suficiente para se estabilizar. Tente falar isso de forma convincente, estou fazendo de tudo para que isso dê certo. Mostre a ele que o caminho correto é dizer a verdade. Qualquer duvida, peça para ele me ligar. Tudo bem?”

Melody provavelmente não estava acordada. Megan sabia que Nathaniel acabaria ouvindo Melody. A amizade que eles tinham era uma conexão muito forte. Ele não deixaria de ouvi-la, principalmente quando visse o quanto ela estava preocupada.

Tomando seu ultimo gole de leite. Megan foi para o banheiro. Iria se arrumar e andar um pouco mais pelas ruas de New York. Ela precisava respirar um pouco do ar de sua antiga cidade.

❁❁❁

Justin tomou sua segunda xícara de café. Sua mãe havia dito que marcaria um encontro entre ele e seu pai. Ela achou melhor que fosse num lugar calmo e público, onde poderiam conversar de forma civilizada.

Mas seu pai estava quinze minutos atrasado. Justin não se surpreenderia se ele não aparecesse, mas ficaria com raiva por ter saído de New York por nada.

Ele checou seu celular mais uma vez e releu a mensagem de Megan.

“Tudo bem. Obrigada por tudo. Também estarei do seu lado, mesmo distante.”

Ele não sabia como interpretar aquela mensagem, como entender a forma que ela havia dito que estaria ao lado dele. O que Edward havia dito? Qual teria sido a decisão dela? Essas questões martelavam em sua mente o deixando cada vez mais ansioso.

—Justin? – ele ouviu a voz familiar que já fazia anos em que não escutava. Ainda era capaz de reconhecer, mesmo que estivesse um pouco mais fraca.

Ele engoliu em seco e virou a cabeça, se deparando com seu pai de pé o observando. As rugas nos olhos de seu pai se esticaram quando ele abriu um enorme sorriso.

Justin percebeu que ele estava um pouco mais magro e os cabelos brancos já estavam aparentes. Mas o olhar de seu pai continuava o mesmo de sempre. Reconfortante.

Justin fez um sinal para ele se sentasse a sua frente.

—Eu não estava esperando um abraço mesmo. – seu pai disse brincalhão.

—O que está fazendo aqui? – Justin perguntou sem rodeios.

—Eu sei que não está muito feliz em me ver, filho. – ele respondeu desanimado. – mas eu precisava vê-lo.

—Eu não entendo o porquê, o esperei por anos e você não apareceu. – ele não trataria aquele homem de forma formal. – não acha que está tarde demais?

—Estou ciente de que demorei. – ele forçou um sorriso. – mas eu não estava raciocinando. Quando estive a beira da morte naquele hospital, não consegui parar de pensar em você e em sua mãe. Estou arrependido por ter causado tanto mal a vocês. Estou mais arrependido ainda por ter me afastado do meu filho. Por não vê-lo crescer e se tornar um homem.

—Sua família está aceitando isso? Quero dizer, elas podem pensar que roubaremos você delas.

—Justin, por favor, tente me compreender. Eu me arrependo por ter feito as coisas de forma errada. Será muito difícil conseguir seu perdão?

—A minha mãe te perdoou fácil, não? Ela tem um coração bom, como sempre teve. – Justin o encarou. – você sabe o quanto ela chorou quando a abandonou? Sabe o quanto ela sofreu e se sentiu infeliz? Você sabe o que passei e como me senti vendo minha mãe naquele estado por sua culpa? Você precisou estar à beira da morte para entender que nós também éramos sua família? Como acha que me sinto com isso? Como pensou que eu entenderia que você precisou quase morrer para se lembrar de mim? Eu cresci com medo de me tornar como você e quase fiz a garota que eu amo sofrer por ter medo de assumir meus sentimentos e a machucar. Eu não queria ver outra pessoa tão importante para mim sofrendo como minha mãe sofreu!

—Justin...

—Eu não terminei! Eu passei anos tentando despejar essa dor que eu sentia em outras pessoas. Teve momentos em que pensei em te procurar e perguntar por que havia nos abandonado dessa forma. Mas eu não fiz isso. – ele soltou um riso sarcástico. – se ele não me procurou, é porque não sente minha falta, será que ele ao menos se lembra de seu filho? Foi isso que pensei durantes anos da minha vida. Até eu desistir de tentar entender e fingir que eu simplesmente não tinha um pai.

Justin pôde ver lagrimas surgindo nos olhos pequenos de seu pai. Ele se controlou para não deixar o mesmo acontecer. Não queria demonstrar fraqueza. Não na frente dele.

Ele tomou um gole de seu café tentando se acalmar. Não conseguia simplesmente perdoar seu pai como sua mãe achou que ele faria. A dor que ele levava dentro de si ainda era intensa.

—Eu sei. – seu pai finalmente disse. – que vocês passaram por momentos ruins por minha causa. Eu não fui um pai exemplar, nem de longe. Comportei-me da forma mais desonrosa que um homem pode se comportar. Eu sabia que não seria fácil conseguir seu perdão, porque eu não mereço. Mas eu tenho muito orgulho de você, filho. Cuidou de sua mãe quando eu a deixei. Á ajudou superar suas dores e por sua causa ela conseguiu se tornar novamente a mulher forte que sempre foi. Você pode achar que não, mas eu a amei. Não o suficiente para ficarmos juntos para o resto da vida, mas a amei. Ela é importante para mim, assim como você. Não quero mais viver com a culpa que está dentro de mim, não quero mais viver longe do meu filho. Você não é igual a mim, Justin. Você é melhor do que eu. Você se tornou um exemplo para mim. É forte e corajoso. E eu sei que é compreensível, que mesmo que eu tenha causado tanta dor, você conseguirá enxergar que me arrependo de coração e que tudo que eu desejo é estar presente em sua vida outra vez. Talvez eu tenha chegado um pouco tarde, mas há tempo para se arrepender e agir de modo diferente? Eu não peço que dê sua resposta agora. Eu apenas peço para que pense no que eu disse e no que estou disposto a fazer para finalmente me tornar seu pai.

Justin assentiu sentindo seu coração se amolecer.

—A sua meia-irmã. – seu pai ousou a dizer. – o sonho dela é te conhecer.

Justin ergueu uma sobrancelha surpreso.

—Quando se sentir pronto para conhecê-la me ligue. – seu pai entregou um cartão com seu número. – tudo que eu quero é recomeçar, filho.

Com o silencio de Justin, seu pai se levantou e abriu um sorriso apreensivo.

—Esperarei ansioso por sua ligação. – ele disse se retirando.

Quando seu pai deixou o local. Justin observou o cartão encima da mesa, próximo a xícara de café.

Ele encarou por alguns minutos e decidiu abandonar o cartão. Não ligaria para seu pai. Ele levantou-se e começou a caminhar em direção a saída.

Mas por algum motivo, não conseguiu prosseguir.  Então ele voltou e pegou o cartão, guardando no bolso de sua jaqueta.

Ele decidiu que pensaria no que seu pai disse. Talvez o perdoar fosse a única forma de seguir em frente. Mas ainda havia a parte machucada de seu coração, que dizia que não estava pronto para recomeçar como seu pai tanto queria.

Justin não sabia como reagir a todos os sentimentos que estava dentro de si.

❁❁❁

Megan caminhava lentamente pelas ruas de New York. O movimento continuava o mesmo de sempre. Algumas pessoas estavam sentadas lendo jornal, as outras andavam com varias sacolas de compras nas mãos. Outras Corriam atrás de seus filhos que tentavam pegar as pombas que pousavam no chão. Era bonito de se observar em como a felicidade irradiava de algumas pessoas, como uma mãe quando pega seu filho pela primeira vez após ele sair de seu ventre.

Ela avistou um casal caminhando de mãos dadas, ele bagunçava o cabelo dela quando ela se distraía. Então Justin veio em sua mente. Ele estaria bem? Ela sentia falta dos abraços dele e das brincadeiras que costumavam fazer.

Suspirando, Megan foi em direção ao banco que sempre se sentava com Lia.

Quando ela se aproximou, seus olhos se arregalaram. Lia estava sentada lá, observando a calçada que as pessoas costumavam cair antes de ser concertada.

—Eu também sinto falta. – Megan se sentou ao seu lado. – esse era o único lugar que me fazia rir de verdade.

—É mesmo. – Lia respondeu. – devemos dar um jeito de quebrar outra vez?

—Com certeza devemos.

Ela riu olhando para Megan e fechando o sorriso lentamente. Seu olhar era entristecido e seu pé se movimentava impaciente.

—Megan. – ela começou a dizer. – eu sinto muito.

—O que?

—Eu não devia ter feito o que fiz com você. Não conseguia acreditar que Edward não me amava e descontei minha dor e angustia encima de você.

—Eu entendo.

—Não, você não devia entender. – ela riu demonstrando que iria chorar a qualquer momento. – você não teve culpa por ter tido sentimentos por ele. Eu sei que você também não devia ter se entregado a ele. Mas você não foi à única culpada, todos fomos.

Megan a olhou apreensiva. Sentindo que ela ainda tinha coisas a dizer.

—Eu terminei com ele, quer dizer, depois da declaração dele por você, acho que já era o fim mesmo. Mas eu não queria mais continuar com ele. Como você disse, preciso de alguém que se entregue a mim por inteiro e que eu me sinta confortável em fazer o mesmo. – ela sorriu. – eu me arrependo por ter me afastado tanto de você.

—Tudo bem. – Megan retribuiu o sorriso. – eu fico feliz que finalmente posa entender tudo.

—Sim. Eu conversei com os meus pais e expliquei como me sentia. Eu não quero que eles me façam ficar com alguém para trazer benefícios para a empresa. Em que século estamos? – ela riu. – de qualquer forma, eu peço perdão por ter me comportado como uma idiota com você.

—Não precisa se desculpar. Vamos apenas seguir em frente.

—Sim. Você continua sendo minha melhor amiga e quero que finalmente possamos ter uma amizade sincera outra vez.

Megan a abraçou com força. Naquele momento ela pôde compreender o quanto havia sentido falta de Lia.

—Ah... – sua amiga a olhou. – quem é a pessoa que te fez descobrir o que realmente é o amor?

—Ele se chama Justin.

—Justin? – Lia perguntou como se conhecesse alguém com esse nome.

—Ele é primo do Edward. – Megan respondeu quase num sussurro.

—Eu sei quem é! Já o vi em eventos da família do Edward. Nunca cheguei a falar com ele, mas era muito bonito. – ela a cutucou.

—Ele veio até New York e confessou seu amor por mim.

—E você?

—Não tivemos tempo de conversar sobre isso ainda, ele teve que voltar para Miami para resolver algo.

Lia e Megan continuaram conversando sobre tudo que havia acontecido. Megan contou como conheceu Justin, a única parte em que deixou de fora foi sobre o jogo e Isac. Ela ainda preferia manter aquilo para si mesma. Não se sentia confortável em dividir com alguém.

—Tem algo que sempre tive duvida. – Lia disse.

—O que?

—Antes de você ir para New York, saiu um boato que sei pai estava traindo sua mãe com a administradora de uma empresa muito importante. Ela também colaborava com os hotéis de sua família, não? Eu nunca soube se isso era verdade ou não.

—Não era verdade. – Megan mordeu o lábio. – eu organizei todo esse rumor.

—O que? – ela esbugalhou os olhos.

—Os meus pais nunca estavam presentes quando eu precisava deles por conta do trabalho. Então resolvi fazer algo por vingança. Mas me arrependi.

—Como foi isso?

—Conversei com uma mulher que trabalhava em um bordel e paguei para que ela se passasse por uma administradora. Eu comprei roupas e a arrumei de acordo com o perfil adequado. Usei um numero diferente e peguei os dados de uma das administradoras dessa empresa. Assim quando ela ligou para o meu pai, ele acreditou que realmente era uma reunião importante. Um pouco antes dessa reunião eu convoquei os jornalistas anonimamente. Contei que eles teriam uma fofoca muito boa.

—Não acredito!

—Então, quando meu pai foi ao encontro dela, eu pedi para que ela apenas o abraçasse. Não importava qual a reação dele, ela só tinha que dar a impressão de que tinham algo. – ela afastou um fio de cabelo que voou em sua testa. – quando ela praticamente pulou encima dele, eu cheguei ao lugar dizendo que não acreditava que meu pai estava traindo minha mãe com a administradora do Side Home. Todos começaram a me fazer perguntas, e como eu já tinha gritado a informação que eles precisavam, saí correndo fingindo estar indignada.

—E como tudo isso se resolveu?

—A mulher que eu paguei deixou a cafeteria e conseguiu escapar dos jornalistas, enquanto meu pai tentava consertar as coisas com eles. Mas como é de se esperar, saiu nos jornais sobre a desonra de meu pai. A empresa Side Homes também foi prejudicada pelos boatos, então eles cancelaram qualquer contrato com meus pais. Demorou um pouco para minha mãe entender tudo e perdoar meu pai, já que ele não tinha a traído de verdade.

—E como eles descobriram que foi você quem fez tudo isso?

—Eles estavam pensando em denunciar a mulher que paguei, e eu sei que conseguiriam a encontrar. Então tive que confessar.

—Eles devem ter ficado furiosos com você.

—Sim. Disseram-me coisas horríveis, ficaram decepcionados comigo, mas já esperavam isso de uma menina mimada que fazia der tudo para chamar atenção. Disseram que não sabiam se ainda podiam me considerar uma filha.

—Sério?

—Sim, então percebi que eu precisava ir embora. Eu havia feito coisas estúpidas, me comportei como uma criança. Permanecer em New York estava me sufocando.

—Agora eu consigo realmente a compreender.

Lia abraçou Megan mais uma vez e elas riram após todas as confissões.

Finalmente tudo estava se resolvendo. Megan esperava que as coisas continuassem indo bem. Principalmente sobre o caso de Nathaniel.

Ela suspirou voltando a observar a paisagem com Lia.

New York continuava como sempre, trazendo varias emoções ao mesmo tempo.


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