Proibido se apaixonar escrita por skammoon


Capítulo 42
A escolha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757301/chapter/42

Justin segurou a mão de Megan por mais alguns minutos, ele sabia que ela precisava ir ver Edward, mas não conseguia deixá-la ir sem saber o que ele realmente sentia. Edward poderia dizer palavras que a convencesse a seguir sua vida com ele, Justin não poderia correr o risco de perder uma batalha sem sequer lutar.

O amor sempre foi confuso para ele, desde o primeiro beijo que viu seu pai dar em sua mãe até o momento em que viu Megan deixá-lo. Ele estava arriscando todas as suas hipóteses e pensamentos. A forma como ele definiu o amor havia mudado drasticamente. Antes, para ele, o amor era algo doloroso que fosse capaz até mesmo de impedir alguém de viver. Mas Megan mostrou a ele que o amor pode ser bonito e a única maneira de alcançar a felicidade. E se você perde a pessoa que te faz sentir isso, você perde o seu mundo.

—Eu preciso ir. – Megan sussurrou.

—Eu sei. – ele disse. – mas antes preciso que saiba de algo.

—O que?

—O motivo de eu ter vindo até aqui.

—Justin...

—Eu não vou dizer mil coisas e nem pedir desculpas varias vezes. – ele se aproximou. – eu sei que te fiz passar por muitos momentos ruins e eu sinto muito por isso. Eu não havia enxergado antes o quanto eu preciso de você.

—Você precisa de mim? – ela sorriu desanimada. – para o que? Os seus jogos? Para você me usar quando se entediar?

—Não, Megan. Eu não quis dizer isso. – ele suspirou, sua boca úmida por seu nervosismo. – eu preciso de você porque eu...

Ela permaneceu em silêncio esperando que ele continuasse. Justin afundou seus olhos nos dela. As palavras na ponta de sua língua hesitavam em sair. Mas ele precisava dizer. Nunca havia pronunciado aquelas palavras antes e isso o fazia estremecer. 

—Eu realmente preciso ir. – Megan soltou sua mão da dele. – me procure quando conseguir ser sincero comigo e com você mesmo.

Megan virou-se e começou a caminhar.

Não. Ela não podia ir.

—Eu te amo! – Ele disse a fazendo paralisar. – estou completamente louco por você. De todas as formas.

Megan virou-se para ele. Sua boca entreaberta e seu olhar demonstrando o quanto ela estava surpresa. Ouvir aquelas palavras de Justin era realmente surreal.

Ele se aproximou, deixando dois centímetros de distancia entre eles.

—Desde o momento em que cheguei estou tentando dizer isso, eu havia ensaiado um enorme texto. Mas eu não preciso decorar nada para demonstrar o que sinto por você. Acredite, estou tão assustado quanto você, esse sentimento é novo para mim. Eu achei que não conseguiria fazer isso, mas... – ele sorriu. – meu coração não parava de gritar seu nome, então eu soube o que ele queria.

—Eu... – estava difícil pronunciar algo quando seu coração estava tão acelerado e sua respiração ofegante.

—Não precisa dizer nada agora. Eu só queria que você soubesse antes de ver Edward e o ouvir. Essa também é uma forma de dizer que mesmo que eu não esteja presente, estarei sempre com você, te apoiando e te protegendo. Mesmo de longe.

—Justin, eu...

—Não me responda agora. Eu quero que você pense sobre os seus sentimentos antes de me dizer qualquer coisa.

—Mas eu...

Justin puxou a mão dela e fez sinal para um táxi parar.

Ele abriu a porta e a fez entrar, não dando tempo para ela dizer uma palavra sequer.

—Você é tudo o que eu tenho. – Justin disse antes de fechar a porta do táxi.

Megan o olhou profundamente. Ela virou-se para trás quando o motorista deu partida no carro. Justin abriu um sorriso confortador.

A ficha do que ele havia dito a ela ainda não tinha caído.

—Onde deseja que eu te leve? – O motorista perguntou.

Megan parou para pensar. Ela não sabia onde Edward estava. Para onde ele poderia ter ido? Ele provavelmente estava mal e fragilizado. Não iria encontrar sua família ou Lia depois do que fez. Ele com certeza estava em um lugar onde pudesse ficar sozinho.

 Então ela lembrou-se de um momento em que ele disse seu lugar seguro para ela.

—Parece estranho. – Edward sorriu com a cabeça deitada no colo de Megan. Estavam em uma praça onde não havia muita gente. – mas há muitos momentos em que me sinto sufocado com tudo e todos. E então preciso ir para algum lugar onde ninguém me perturbe.

—Não é estranho. – Megan acariciou o cabelo dele. – todos nós devemos ter nosso próprio canto secreto.

—Você tem algum?

—Seria clichê se eu dissesse que é você? – ela brincou.

Edward sorriu a olhando. E então suspirou.

—São tão bons os momentos em que conseguimos ficar sozinhos. Já que eles são tão raros de acontecer. – ele disse.

—Eu sei. Mas você sabe que não podemos...

—Sim, eu sei. Não vamos falar sobre isso.

—Então, qual seu lugar seguro?

—Ah... – ele riu. – se eu te disser, prometa que vai aparecer lá um dia para me abraçar?

—Eu prometo. – ela sussurrou sabendo que não poderia.

—É um hotel abandonado. Eu subo até a cobertura e admiro a paisagem. De lá, a cidade parece tão pequena e o céu tão próximo.

—E onde fica esse hotel?

—Quatro quarteirões a frente do menor hotel de seus pais. – ele respondeu. – eu não lembro o endereço, eu encontrei aquele lugar por acaso. Então sempre que quero ir lá, eu vou em direção ao hotel de seus pais e ando um pouco mais.

—Acho que sei onde fica.

—Eu vou esperar você. Aquele vai se tornar nosso lugar, não vai?

Edward sentou-se. Ele se aproximou de Megan pronto para beijá-la.

—Não podemos. – ela disse colocando dois dedos nos lábios dele.

Megan imaginou que Edward insistiria, já que estavam sozinhos. Mas ao invés disso, ele a abraçou. Tão fortemente que ela pôde sentir cada batida de seu coração.

Após conseguir se recordar, Megan disse o endereço ao motorista.

Seus pensamentos voltaram em Justin. Por que sua confissão não a faz pular de alegria? Por que ela ainda se sentia mal por tudo que havia passado com ele? Megan sabia que o amava com todas as forças. E saber que finalmente ele sentia o mesmo era um alivio. Mas ambos pareciam não estar prontos para assumirem algo. Justin havia acabado de descobrir os sentimentos que podia sentir por alguém. Ele precisou ver ela o deixando para finalmente perceber o que sentia. O coração de Megan dizia quer precisava dele, que o queria em sua vida. Mas não naquele momento, ela realmente precisava de um tempo para si, assim como Justin também precisava para ter certeza do que queria.

Ela tinha medo de se entregar a ele novamente e ele a deixar. Não queria passar por isso outra vez. O perder foi doloroso, e pensar em ele indo embora de novo a fazia estremecer de medo.

Os dois precisavam ter certeza do que queriam. Mas e se ele desistisse se ela não o aceitasse de uma vez? Sua cabeça estava começando a doer com tanta confusão que ela mesma havia criado.

As palavras de Justin repetiam freneticamente em sua mente – “eu te amo” “você é tudo o que eu tenho” — ele parecia realmente estar falando sério. A forma como pronunciou essas frases aparentava ser sincero.

O que ela faria?

—Chegamos. – o motorista disse.

Megan pagou e desceu do carro. Estava em frente ao hotel abandonado. Edward poderia não estar la. Mas por algum motivo, ela sentia de uma forma intensa que ele estava.

Ela olhou em volta para ver se não havia ninguém. Não poderia ser pega invadindo um hotel, mesmo que fosse abandonado.

Quando se certificou de que estava sozinha, Megan puxou um tambor que havia perto. Provavelmente Edward deixava lá para facilitar sua entrada.

Ela subiu no tambor. O muro não era tão alto daquela perspectiva. Então, usando toda a sua força, Megan subiu no muro. Por sorte havia colocado um vestido rodado.

Ela olhou para o chão dentro do hotel. Droga. Teria que pular. Não havia outra forma de entrar.

Megan fechou os olhos e contou até três.

Seus pés cariam no chão com forte impacto, por pouco não torceu o tornozelo. Suas mãos estavam raladas por ter sido seu apoio. Ela levantou-se ajeitando sua roupa e seguiu em frente.

Dentro do hotel era realmente escuro. Megan ligou a lanterna de seu celular para subir as escadas. Já que o elevador estava quebrado.

Eram quinze andares, ela teria muito que subir. Se Edward não estivesse lá, ela seria capaz de encontrá-lo só para dizer que ele devia ter ido para o hotel. Não queria caminhar tudo àquilo em vão.

No ultimo andar, suas pernas estavam bambeando. Ela apoiou as mãos nos joelhos respirando fundo. Então finalmente voltou a subir.

Lá estava ele. Edward estava parado observando a cidade. Megan se aproximou lentamente e parou ao seu lado.

Ela sorriu aliviada por ter o encontrado.

—A visão é realmente linda. – Megan disse. – o céu está tão próximo, é como se eu pudesse tocá-lo se estender a mão e sentir a paz que ele me transmite. E a cidade está tão distante. Me deixa aliviada pensar que os problemas estão longe. Mesmo que seja apenas pelo momento em que estou aqui. – ela virou-se para ele. – é assim que você se sente, não é?

—Você vai me abraçar? – ele a olhou com seus olhos fluindo lágrimas. – você prometeu que...

Sem deixá-lo terminar, Megan o abraçou. Edward enterrou sua cabeça no ombro dela. Ela pôde sentir a respiração quente dele em seu pescoço.

—Esse finalmente é nosso lugar. – ele sussurrou. – eu esperei tanto por você aqui.

Aos poucos, ela se afastou. Edward a olhava profundamente.

Megan acariciou o rosto dele com seu polegar e sorriu.

—Obrigada. – ela disse – pelo o que fez por mim hoje.

—Eu precisava dizer a verdade.

—Eu sei. No momento em que te vi revelando tudo que havia acontecido, eu queria dar um jeito de te tirar de lá e o impedir. Pensei no quanto sua família ficaria furiosa com você. Eles te julgariam e você passaria por tudo que passei. Mas depois consegui raciocinar de que o que você estava fazendo era correto, e que dizer a verdade te faria se sentir aliviado. Mentiras nos sufocam.

—Como é possível você saber exatamente como me sinto? É como se você sempre lesse meus pensamentos.

—Nós somos parecidos. Temos família que nos exigem coisas que nos sentimos incapazes de fazer. Mas mesmo assim nós tentamos, porque queremos agradá-los, queremos mostrar que somos o suficiente e quando cometemos um erro, tudo desmorona. Como se não tivéssemos ao menos tentado. Eles não conseguem nos compreender. O mundo em que nossos pais vivem é diferente do que queremos viver. Sinto que isso nunca vai mudar. Mas podemos ao menos tentar melhorar a forma como nos relacionamos.

—Seus pais começaram a ser assim com você quando você fez todas aquelas coisas malucas.

—Eu sei. – ela riu. – mas eu fiz aquilo para ter um pouco da atenção deles. Eles só pensavam no trabalho, o tempo todo. Nos jantares em família eles falavam dos hotéis e mais nada. Eram raros os momentos que conversávamos sobre outras coisas. Até que esses momentos foram se acabando aos poucos.

—Mas e o Collin?

—O Collin não se importava tanto com isso, ele sempre tentava ajudar meus pais quando falavam de trabalho, apenas para não gerar confusões. Mas eu sei que ele também se sentia mal. Só não queria demonstrar.

—Megan... – Edward se aproximou. – tudo que eu disse hoje era verdade. Eu amo você e você sabe disso.

—Edward...

—Isso nunca vai mudar. – ele pegou sua mão. – agora que eu disse a verdade, não haveria nada para nos impedir de ficar juntos. Por favor, me aceite.

—Eu não sei o que te dizer, é que...

—Eu sei que você me amava, mesmo que não admitia. Os sentimentos que sentimos um pelo o outro eram intensos e verdadeiros. Se você não quiser se relacionar comigo pelas repercussões de New York nós podemos fugir. Eu vou para onde você for. Não quero mais passar um minuto sem você. – ele soltou sua mão para acariciar o cabelo dela. – Vamos ficar juntos, Megan?

Ela sentiu seus olhos se enchendo de lágrimas. Por que ela estava se sentindo daquela forma? Por que se sentia dividida? A forma como ela amava Justin era intensa, mas Edward... Ela passou tanto tempo sonhando com ele. Esperando pelo dia que poderia admitir seus sentimentos sem medo de ser julgada ou acusada de algo. Mas quando sentiu que isso nunca aconteceria fugiu de New York e negou para si mesma de todas as formas que não havia se apaixonado por ele. Conheceu pessoas que realmente queria ela por perto, conheceu Justin. Droga. Seu coração estava confuso e sua mente, pela primeira vez, estava da mesma forma que seu coração.

Megan olhou profundamente nos olhos de Edward.

Talvez sua decisão fosse arriscada, talvez ela se arrependesse futuramente. Mas naquele momento, pensando em Justin e olhando para Edward, ela pôde sentir de quem realmente precisava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Proibido se apaixonar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.