Proibido se apaixonar escrita por skammoon


Capítulo 40
Olhos solitários presos na escuridão




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Justin suspirava aliviado, por pouco havia conseguido comprar a passagem para New York, seu voo sairia às duas da tarde, era muito tempo, mas ir de carro demoraria séculos para chegar.

Ele sentou-se no banco do aeroporto, faltava uma hora para as duas, mas ele esperaria la. Não havia pegado trocas de roupas nem nada para uma viajem. Mas ele não voltaria em seu apartamento apenas para isso, já havia andado demais e não queria arriscar perder o voo. O que iria dizer a Megan era loucura, Justin não queria correr o risco de sua mente o fazer esquecer a ideia. Precisava fazer isso.

—Justin?

Ele olhou para o lado quando ouviu uma voz conhecida.

—Amanda?

—Está indo para onde?

—New York e você?

—Eu só vim encontrar uma amiga que estava em Noruega.

—Que legal. – ele sorriu. – Ei, eu queria pedir perdão por aquele dia.

—Tudo bem, vamos apenas esquecer.

Justin concordou com a cabeça. Amanda sorriu e acenou quando viu sua amiga se aproximando.

Ele a observou até ela se afastar. Não conseguiu identificar se ela ainda estava chateada pelo o que aconteceu ou se realmente já havia esquecido. Não importava, a única pessoa que estava o preocupando naquele momento era Megan.

Justin pegou seu fone de ouvido, que por sorte havia deixado no bolso de sua jaqueta, ele encostou-se mais ao banco, não demoraria muito para passar o tempo.

❁❁❁

Sentada no sofá macio de seus pais, Megan olhava para todos os lados, menos para os olhos deles.

—Megan? – sua mãe a chamou. – acho que você nos deve uma explicação.

—Eu sei. – ela sussurrou.

—E então? – o tom de voz de seu pai era rígido.

—Eu sei que não devia estar aqui. – Megan respondeu. – mas eu só queria sentir o ar de casa outra vez. Eu voltarei terça para Miami, ficarei aqui por apenas alguns dias.

—O que você fez? – sua mãe disse. – em que confusão se meteu agora?

Megan soltou um riso desanimado e ergueu o olhar para finalmente os encarar.

—Vocês realmente acham que eu só os procuraria por ter me metido em alguma confusão? Eu não poderia apenas sentir saudades? – ela beliscou os lábios. – ou melhor, vocês não poderiam ao menos fingir ter sentido minha falta?

—Você sabe o caos que causou para nós antes de ir para Yale? – seu pai perguntou.

—Sim, estou ciente. Mas eu mudei, e nem tudo foi minha culpa.

—Em relação a Edward você pode dizer que ele também teve culpa. – sua mãe falou. – mas lembra-se do que fez ao seu pai? Tudo bem ter jogado um de nossos carros no lago ou beber exageradamente nas noites em que saía e se comportar como uma indecente atraindo jornalistas de New York. Mas a ultima coisa que você foi capaz de fazer, passou dos limites. Suas atitudes eram extremamente infantis.

—Eu sinto muito...

—Demoramos muito para conseguir ter nossos hóspedes de volta. – seu pai continuou. – já que estávamos com uma péssima reputação.

—Eu disse que sinto muito. – os olhos de Megan encheram de lagrimas. – o que mais eu posso fazer?

—Espero que se comporte enquanto está aqui. – sua mãe disse. – espero também que sua visita não passe de quatro dias, você sabe que vai causar repercussão quando virem que você voltou. Não queremos mais confusões em nossas vidas.

Megan sentiu uma lagrima querendo escapar, mas ela conseguiu se conter. Era incrível que seus pais conseguiam ser tão diretos e frios. Sua cabeça estava começando a doer por tudo que eles haviam dito. Não a queriam ali. Ela poderia pegar um avião e voltar para Yale naquele momento. Mas não fugiria outra vez.

—Eu ainda tenho um quarto? – ela perguntou.

—Olga! – sua mãe gritou.

Olga – a empregada de seus pais desde que Megan nasceu. – apareceu e ao ver Megan, abriu um sorriso de orelha a orelha.

—Minha menina! – ela disse se aproximando.

—Leve Megan até o quarto dela.

Megan seguiu Olga.

O quarto de Megan ficava ao final do corredor, após subir as escadas.

Ela entrou observando cada detalhe. Continuava do mesmo jeito de quando ela morava com seus pais. Os pôsteres de suas bandas e cantores preferidos, os quadros, as luzes de natal que ela tanto amava. Sua cama com seus cobertores favoritos, a estátua de um gato siamês encima do criado-mudo ao lado de sua cama junto a alguns livros que ela costumava ler antes de dormir. Tudo continuava perfeitamente igual.

Megan se sentou em sua cama macia. Ela olhou para Olga, que estava com seus olhos brilhando a observando.

—Está tudo bem? – Megan sorriu.

—Eu senti tanta a sua falta! – Olga disse emocionada.

—Sente-se aqui. – Megan bateu a palma da mão em sua cama.

Olga assentiu.

—Como você está? – Ela perguntou. – faz muito tempo que você não se comunica.

—Eu estou bem. – Mentiu Megan. – eu sei, mas meus pais nunca se preocuparam em me ligar ou mandar uma mensagem, então eu quis fazer o mesmo.

—Eles sentiram sua falta!

—Não é necessário mentir, eles acabaram de dizer para eu ir embora logo.

—Mas talvez essa seja uma forma de proteger você também, esses jornalistas de New York sempre inventam demais!

—De qualquer forma, eles não me querem aqui.

Olga era a única pessoa que Megan se sentia a vontade em sua casa. Sempre podia conversar com ela sobre qualquer coisa. Era uma pessoa confiável e que a amava. Como uma segunda mãe.

A única coisa em que não conseguia contar para ninguém, era sobre o jogo de Justin. Ela sentia-se fraca sempre que pensava nisso. Então preferia guardar para si mesma, mesmo que às vezes a sufocasse.

—Eu vou preparar seu bolo favorito! – Olga levantou-se empolgada.

—De leite ninho trufado? – Megan perguntou empolgada.

—De que mais seria? – Olga deu uma piscadela seguindo em direção a porta. – Por que não vai dar uma volta? Quando você chegar o bolo já estará pronto.

—Talvez seja uma boa ideia.

Assim que Olga saiu do quarto, Megan deitou-se. Ela sabia exatamente onde deveria ir. Mas estava hesitando desde o momento que chegou. Ir até Lia não parecia uma boa ideia, mas ao mesmo tempo, ela sentia uma vontade imensa de vê-la. Lia poderia a rejeitar e a mandar embora, mas ela já estava preparada para receber o desprezo de sua antiga melhor amiga.

Havia passado tanto tempo. Ela não fazia ideia se Edward havia contado sobre ter encontrado Megan em Miami. Seria o certo ele dizer a verdade, mas aumentaria o ódio e a insegurança de Lia.

Todas essas duvidas martelavam na cabeça de Megan. Ela havia decidido não fugir mais, ela precisava parar de ser precipitada e apenas deixar acontecer o que tiver que acontecer.

Decidida, Megan se levantou. Saiu a passos firmes de seu quarto. Sussurrando, ela planejava o que poderia dizer a Lia.

—Olá Lia, sei que está brava comigo! – não, estava péssimo. – Olá Lia, quanto tempo, não? – droga, nada parecia bom.

—Está falando sozinha? – seu pai perguntou na ponta da escada.

—Eu só estava... – ela hesitou, não sabia como seu pai reagiria se soubesse que ela veria Lia. – não é nada.

—Tudo bem. – ele subiu as escadas se dirigindo ao seu escritório.

Como sempre, poucas palavras trocadas. Isso a entristecia cada vez mais.

Ao deixar o apartamento, Megan chamou um taxi.

Ela disse o endereço de Lia ao motorista, com esperanças de que ela ainda morasse no mesmo hotel. O caminho até lá não durou mais de quinze minutos.

Depois de um longo suspiro Megan entrou no hotel. Subiu até o quarto dela após confirmar com o recepcionista de que ela ainda morava lá.

Assim como quando chegou ao apartamento de seus pais, suas mãos estavam trêmulas. Ela sentia o nervosismo fluindo em seu interior. Um nó se fez em sua garganta, fazendo com que sua respiração não fizesse seu caminho de forma correta. Ela apertou os olhos por alguns segundos e apertou a campainha. 

Não demorou muito para a empregada abrir. Ela reconheceu Megan e sorriu pedindo para que ela entrasse.

—Eu já vou chamar à senhorita Lia.

—Tudo bem. – Megan sorriu.

Enquanto aguardava, Megan observou o apartamento. Todos os quadros haviam sido trocados. Não, ela pôde observar um em especial, no canto da parede. Era Lia e Megan, havia tirado aquela foto em seu terceiro ano de amizade. Elas sorriam uma apoiada na outra. Era incrível que Lia havia guardado aquele quadro. Ela tinha certeza que ele havia sido jogado fora.

—É realmente você.

Megan virou-se, Lia estava parada de frente a ela, parecendo realmente surpresa.

—Oi. – Megan respondeu.

Percebendo Lia sem reação, Megan ousou a se aproximar.

—Já faz muito tempo. – ela diz.

—Sim. – Lia responde. – o que...

—Eu queria passar uns dias aqui, estava com saudades de todos.

—Entendi. – ela indica o sofá para se sentarem. – você quer beber algo?

—Não. – Megan a olha. – não precisa ser tão formal comigo.

—Eu não sei muito bem o que dizer. – a voz de Lia é quase um sussurro.

—Então me deixe falar primeiro.

Lia ergue uma sobrancelha, demonstrando estar curiosa.

—Eu sei que fiz muitas coisas erradas. – Megan começou a explicar. – incluindo fugir de New York para não enfrentar os problemas que causei. Sei que você está chateada comigo. Mesmo dizendo que havia me perdoado, eu podia sentir através de suas mensagens o quanto você estava magoada.

—Não é fácil esquecer que sua melhor amiga e seu namorado...

—Eu sei. – Megan a interrompeu. – eu não queria ter feito isso com você, eu nunca quis te decepcionar. Nunca quis ser o motivo de você se sentir tão mal. Naquela época eu havia perdido o controle da minha vida. Meus pais não me davam o mínimo de atenção, eu agi como uma idiota pra ver se eles se lembravam de mim. Mas eu não tinha planejado me relacionar com Edward, causar tudo aquilo que eu e ele causamos nunca esteve nos meus planos.

—Então por que você se relacionou? – os olhos dela se encheram de lagrimas e seu tom de voz era mais alto. – Droga, Megan! Por que tinha que fazer aquilo?

—Com tudo que estava acontecendo, ele apareceu e sempre demonstrou se importar comigo. Eu tentava fugir, mas ele sempre estava lá. E isso acabou mexendo comigo. – Megan abaixou o olhar. – eu tentei me afastar, mas acabou acontecendo aquilo.

—Você o amava? – Lia perguntou.

—Não. – Megan respondeu. – agora eu sei que não. Estou sendo sincera com você, eu descobri o que é amor recentemente. E isso não chega nem perto do que eu senti por Edward.

—Eu ainda estou com ele e saber que você não vai mais entrar no nosso caminho me conforta.

—Lia, você realmente quer alguém como o Edward?

—O que você quer dizer?

—Ele não te contou? – Megan sabia que o que estava prestes a fazer era realmente arriscado, mas ela queria ser sincera, precisava.

—O que ele não me contou?

—Edward e eu nos encontramos. – Megan confessou. – eu fui a um jantar com... – ela hesitou. – com alguém que é primo do Edward.

—O que? – Lia estava atenta a cada palavra.

—Eu havia ido embora de New York para me afastar de tudo, principalmente de Edward. Eu queria que você fosse feliz com ele, e sabia que enquanto eu estivesse aqui isso não ia acontecer. Eu pensei que Edward realmente havia se apaixonado por você.

—Vá direto ao ponto!

—No jantar, quando eu o vi eu fugi. Resolvi ir embora para não falar com ele. – ela prosseguiu. – mas no dia seguinte ele foi até Yale. Ele foi me procurar para falar que precisava me dizer o que deveria ter dito antes de eu ir embora de New York.

—Só isso?

—Não consegue enxergar porque está apaixonada, Lia. Eu compreendo. – ela responde. – mas você não prefere estar com alguém que realmente a ame? Seus pais e os dele que os juntou, isso não está certo.

—Você está dizendo que Edward ama você? Veio até aqui para me dizer isso?

—Não, eu vim aqui para dizer que sinto muito. E que você é uma das pessoas mais importantes para mim, eu preciso que você seja feliz para eu ser feliz. E desejo que você encontre alguém que se entregue inteiramente a você.

As lagrimas rolavam pelas bochechas rosadas de Lia, e Megan estava se controlando para não ficar no mesmo estado. Precisava continuar firme.

—Nossa amizade significa muito para mim. – Megan prosseguiu. – mais do que qualquer coisa. E quando você perceber que estou certa, estará pronta para realmente me perdoar. Sei que pode demorar um pouco, mas eu aprendi a ser paciente.

Megan levantou-se sorrindo e enxugando uma lagrima que ela não conseguiu segurar. Sem dizer mais nada, ela deixou o apartamento de Lia.

Quando saiu do hotel. Sentiu-se desmoronar. Ela deixou todas as lágrimas que segurou desde o momento em que chegou rolar. Era difícil se manter firme na frente de seus pais e de Lia. Ela havia estragado tudo antes de ir embora e isso ainda estava no ar de New York. Como poderia seguir em frente quando as pessoas em que mais amava não a perdoavam? Como ela poderia viver com esse sentimento de culpa? Por que Lia não percebia que tudo que Megan fazia era para o bem dela? Por que seus pais não percebiam que ela só precisava se sentir protegida por eles?

Megan começou a caminhar lentamente com a cabeça baixa. Suas lágrimas ainda escapando de seus olhos. Por quanto tempo mais ela aguentaria se sentir dessa forma? Demoraria muito para passar?

Sem perceber quem estava na rua e em que caminho estava andando, Megan tombou em alguém.

—Perdão. – ela continuou de cabeça baixa enxugando as lagrimas.

Então voltou a caminhar, mas quando deu um passo sentiu alguém a puxando pelo braço.

Ela olhou para cima e no mesmo instante sentiu-se aliviada.

—Justin? – sua voz era quase um sussurro. Sua visão se embaçou com as lagrimas que ameaçavam voltar a rolar.

—Por que está chorando? – ele a olhou preocupado. – o que aconteceu?

Sem responder e esquecendo-se do resto do mundo, Megan se lançou em seus braços. Justin a abraçou fortemente.

E ali estava ela, no único lugar em que ainda se sentia segura.


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