Os dias haviam se passado mais rápido do que Megan sentiu que passaria. Ela havia tentado se ocupar o máximo possível, participou de todas as aulas, fez várias anotações e as estudou pela maior parte do dia. Aceitou fazer compras com Ely e Luke e tomou café todas as manhãs com seu irmão.

O emprego no cooffe and books também estava ótimo, ela conseguiu se concentrar em todos os clientes e forçava seu melhor sorriso. Bela e Isac não haviam ido a importunar, por sorte! Joe havia aparecido algumas vezes com Maya, eles pareciam bem sérios sempre que estavam conversando.

Haviam sido ótimas formas de deixar seus pensamentos longe de Justin, ele não ter aparecido em Yale havia colaborou bastante. Mas seu coração continuava chamando o nome dele. Ela sabia que não seria um caminho fácil esquecê-lo.

Megan se espreguiçou, a manhã de sexta estava chuvosa. Ela se levantou sentindo seu corpo gelado pelo frio que estava fazendo. O clima em Miami mudava repentinamente.

—Que horas seu vôo sai? – Ely perguntou sonolenta.

—Oito horas. – Megan respondeu.

—E que horas são agora?

—Quase sete.

—Não vai se atrasar, em!

Megan riu, Ely havia a ajudado a separar todas as roupas necessárias na noite anterior e avisou mil vezes para Megan não se esquecer do alarme. Ela entendia que Megan precisava sair um pouco de Yale, estava realmente preocupada e isso fazia Megan perceber que Ely realmente havia se tornado sua melhor amiga.

Não sabia como seria a reação de Lia quando a visse. Elas não se viram mais depois que Megan fugiu de New York. Talvez ela não ficasse feliz, mas talvez tivesse o mínimo de chance de ela estar com saudades da amizade em que tinham.

Depois de um curto banho quente, Megan preparou-se para sair. Vestiu um vestido preto, meia calça e seu coturno. Colocou seu casaco e ajeitou o cabelo.

Ela pegou sua mala – que não era muito grande, já que eram apenas quatro dias de viagem. – e se despediu da Ely.

Megan desceu rapidamente as escadas de Yale, percebendo que poderia se atrasar. Quando estava quase na saída da universidade, seu irmão a gritou.

—O que foi? – ela se virou.

—Eu vou te levar, idiota.

Megan riu o seguindo até o carro dele.

—Achou que iria sem se despedir? – Collin disse no caminho.

—São só quatro dias.

—Mesmo assim! Sou seu irmão.

—Um irmão mais velho não deveria ser tão meloso.

—Meloso? – ele a olhou perplexo. – eu não sou meloso!

Megan soltou uma longa e sincera risada.

Quando chegaram ao aeroporto, ele a acompanhou até o avião.

—Diga aos nossos pais...

—Que você os ama e está com saudades, eu sei. – ela o interrompeu.

Collin bagunçou seu cabelo e a puxou para um abraço apertado. Quando ele a soltou, Megan subiu a escada do avião e acenou.

Ela sentou-se ao lado de uma mulher que já estava dormindo, por sorte, conseguiu se sentar ao lado da janela, Megan gostava de observar o céu e deixar sua imaginação a levar.

De repente Justin invadiu sua mente. Era incrível que mesmo quando ela pensasse no nome dele por um breve momento, seu coração se apertava e seus olhos se enchiam de lagrimas. Então ela se obrigava a pensar em qualquer outra coisa afastando todos os sentimentos que a deixavam triste. Ao menos, ela tentava.

❁❁❁

Os dias haviam passado lentamente para Justin, não havia dormido em todos os dias que ficou em seu apartamento. As palavras de Megan continuavam martelando em sua cabeça, fazendo-o se sentir extremamente culpado pela forma em que ele a fez se sentir.

A campainha tocou, interrompendo seus pensamentos. Quando ele abre a porta, Joe entra com um sorriso enorme.

—Eu trouxe comida para encher sua geladeira! – ele pôs mais de duas sacolas cheias encima do balcão.

—Devo te chamar de mãe? – Justin zombou.

—Posso fingir ser sua mãe se quiser. Seus dias aqui devem estar solitários.

—Nada que eu não mereça.

—Se isolar em seu apartamento não vai te fazer se sentir melhor.

—Tem razão. – ele soltou um riso desanimado. – mas seria pior se eu visse a Megan, minha culpa aumentaria.

—Por que não vai atrás dela?

—O que? – ele ergueu uma sobrancelha. – não, de jeito nenhum.

—Por quê?

—Eu acabei com o coração dela, eu fui um completo babaca, não sou tão insensível a ponto de ignorar tudo e ir atrás dela.

—Eu não disse pra você ignorar. – o tom de voz de Joe demonstrava seriedade. – eu quis dizer para você pedir perdão e finalmente assumir seus sentimentos.

—Estou ficando enjoado desses seus conselhos.

—Então você deveria os escutar de uma vez.

—Não posso!

—Você não percebeu ainda? Enquanto você não assumir seus sentimentos e sair um pouco desse seu mundo fechado, Megan irá se machucar cada vez mais. Não pense que ela vai gostar de você pelo resto da vida.

—Eu não tenho certeza do que pensar sobre isso.

—Se tivesse sido sincero desde o início que percebeu que realmente gostava dela, vocês estariam juntos e felizes agora.  Ela não teria seu coração partido e você também não.

As palavras de Joe o fizeram refletir por alguns instantes. Havia tentado de todas as formas afastar Megan para não se apaixonar, havia feito coisas para impedi-la de se machucar, seus planos sempre foram não ter um relacionamento pra não se tornar como seu pai. Mas tudo que tinha feito feriu Megan de uma forma que o fez se sentir culpado, triste e idiota.

Nunca havia pensado que se apaixonaria por uma pessoa, e Megan o fez sentir coisas inexplicáveis. Se ele realmente tivesse assumido seus sentimentos, conseguiria a fazer feliz?

—No que está pensando? – Joe perguntou tomando um gole de café que havia feito.

—Eu não tenho certeza...

—Você devia ir atrás da sua garota.

—Ela não vai me perdoar. – ele respondeu. – não depois do que eu fiz.

—Não custa tentar. Você só tem que ser sincero.

Justin encostou-se no balcão sem saber o que devia fazer. Seu coração dizia para finalmente o ouvir, enquanto sua mente dizia que ele era um inútil e que procurar Megan seria realmente uma idiotice.

Sentindo varias emoções confusas ao mesmo tempo, Justin foi até seu quarto e pegou sua jaqueta.

—Aonde você vai? – Joe o olhou.

Justin virou-se para ele e deu uma piscadela. Estava na hora de encarar a realidade.

❁❁❁

Quando Megan desceu do avião, sentiu suas pernas bambearem. Respirar o ar de New York a trazia lembranças boas e ruins. Seus melhores momentos foram naquela cidade, antes de ela estragar tudo.

Ao sair do aeroporto, ela começou a caminhar lentamente pelas calçadas em que tanto andou com Lia, observando as lojas e as pessoas felizes pela rua, zombando de todos que tropeçavam numa parte quebrada no canto da calçada.

Uma onda de lembrança invadiu sua mente.

 Lia e Megan haviam acabado de sair da loja em que Lia havia visto um vestido azul que ela ficou louca para comprar.

—Você realmente acha esse vestido bonito? – Lia perguntou fazendo um beicinho. – Tenho a impressão de que no manequim estava bem melhor.

—Ficou ótimo em você! – Megan riu, era a quinta vez em que ela fazia a mesma pergunta.

—Ei! Vamos tirar uma foto!

—O que? No meio da rua?

—O que tem?

Lia a puxou pela mão, ela abraçou Megan pelo pescoço e mostrou a língua, enquanto Megan fazia uma careta divertida.

Elas andavam como loucas pela rua, chamando a atenção de qualquer um que estivesse por perto. Elas riam de coisas idiotas, como uma pomba sentando na cabeça de uma criança que estava jogando migalhas de pães. A pobre menininha saiu pulando chorando. A mãe dela encarou-as furiosa pegando a criança e saindo dali.

—Vamos nos sentar e observar as pessoas caindo na calçada quebrada. – Lia disse.

Elas se sentaram em um banco comendo o algodão doce que Lia havia arrumado no caminho.

Um homem falando no celular andava em velocidade de luz, quando ele passou pela parte quebrada da calçada, elas podiam até imaginar em câmera lenta. O celular dele se estilhaçou no chão. Enquanto ele estava deitado na calçada com as pernas para cima.

Ele levantou-se rapidamente ajeitando seu terno, olhou em volta, seu rosto estava tão vermelho quanto um pimentão. A raiva fervia dentro de si, era quase possível ver fumaça saindo de seus ouvidos.

—Eu amo vir aqui. – Lia disse.

—Eu também! – Megan riu. – vamos voltar amanha.

—Sim! Nós podíamos ir ao parque amanha a noite, eu realmente quero aproveitar esses dias em que não estamos tendo muitos trabalhos da escola.

Elas riram com as próximas pessoas que continuavam caindo na calçada. Alguns eram espertos e percebiam. Elas bufavam sempre que a pessoa não tropicava. Mesmo que às vezes corriam o risco de apanhar de alguém.

Megan sorriu ao lado da parte da calçada que estava quebrada e em seguida observou o banco vazio em que Lia e ela se sentavam. infelizmente já haviam concertado a calçada, mas o banco continuava intacto. Então ela lembrou-se que havia escrito seus nomes naquele banco. Megan andou até ele e se sentiu emocionada quando leu "Meg e Lia comandam aqui!". Ela se lembrava de seus dias naquele lugar como se fossem recentes.

Megan continuou seu caminho, logo chegaria ao apartamento em que seus pais estavam morando em um dos hotéis de sua família. Ela não estava pronta para ver seus pais, não fazia ideia do que podia dizer sem dar a impressão de que ela se meteu em confusões.

❁❁❁

Chegando a Yale, Justin desceu de sua moto e correu ao quarto de Megan o mais rápido possível. As escadas pareciam eternas naquele dia.

Parando em frente ao quarto dela, ele suspirou de cansaço e nervosismo. Megan provavelmente ficaria furiosa ao vê-lo. Mas ele precisa fazê-la o escutar. Ele tinha coisas importantes para dizer, palavras que guardou por tempo demais.

Justin bateu três vezes na porta e esperou que ela abrisse.

Quando viu a maçaneta girando, fechou os olhos.

—Eu sei que errei. – ele começou a dizer. – eu sou um idiota, eu nunca deveria ter guardado por tanto temo o que...

—Que clichê, Justin! – ele ouviu a voz de Ely e abriu os olhos. – Imagino que essas palavras não sejam para mim.

—Onde está Megan?

—Bem longe. – ela ri. – você chegou um pouco tarde.

—O que?

—Megan foi embora! Ela não me contou o que realmente aconteceu, mas sei que você é o culpado.

—Como assim ela foi embora? – Justin segurou os ombros dela. – como?

—Calma! – ela riu se soltando. – ela não foi embora.

Justin sentiu sua respiração voltar aos poucos, ele apoiou-se na parede e voltou a olhar para Ely.

—Me diz onde ela está.

—Por quê? Ela quer ficar longe de você.

—Eu realmente preciso falar com ela, preciso dizer a ela que...

—Sério? – Ely o interrompeu, ela havia entendido o que ele queria dizer.

—Sim, é sério.

—Megan está em New York. 

—Valeu!

Antes que Ely dissesse algo, ele saiu a passos largos e rápidos. Precisava ir atrás de Megan, não importava o quão distante ela estava. Ele iria até ela.

❁❁❁

Parada em frente ao apartamento de seus pais, Megan mordeu o lábio inferior. Suas mãos estavam suando, mesmo com o frio.

Ela ouviu a musica clássica soando de dentro, seu pai estava la. Ele era o único que adorava musicas clássicas.

Erguendo lentamente o braço, ela apertou a campainha. Então sentiu seu coração se acelerar, não sabia o que esperar da reação de seus pais.

A porta foi destrancada e se abriu.

—Oi, mãe. – Megan disse.

Sua mãe parou na porta a observando com seus lábios entreabertos, demonstrando surpresa. Seu pai parou atrás de sua mãe. Eles a observavam sem dizer nada. Suas expressões mostravam o quanto eles estavam confusos.

Megan forçou um sorriso, sabendo que teria muito que dizer a eles. E ela não tinha certeza se estava pronta para isso.