Fred e Jorge estancaram no corredor ao ouvir a conversa entre a irmã e a amiga, que acontecia na sala. Os dois trocaram um olhar cúmplice e se aproximaram em silêncio. Ambos estavam com uma mochila cheia de objetos para preparar uma pequena surpresa para a família no café-da-manhã.

— Arghhh! Isso é completamente irritante, Gina! Eu desisto! Desisto!

Hermione deixou a cabeça cair no colo da amiga, que sorriu.

— Você tem apenas 25 anos e é Hermione Granger. Desde quando estar namorando é uma preocupação sua?

Fred aproximou-se um pouco mais e seu gêmeo olhou-o, interrogativo.

— Desde quando eu quero namorar, Gina! Minha vida profissional está encaminhada. Sabia que sou a bruxa mais nova...

— ... a conseguir o cargo no Departamento de Mistérios nos últimos 145 anos? Sim, eu sei.

Fred sorriu e Jorge parecia mais acompanhar as expressões do irmão que a conversa que acontecia na sala.

— Então! Eu só quero estar com alguém, Gina... Só que minha vida romântica é um completo caos! Não precisa ser alguém para todo sempre, mas alguém para curtir. Estar junto... Essas coisas!

— Entendo...

— Não! Você não entende! Está há anos com Harry. Vocês vão se casar. Eu sou a madrinha e nem tenho nem uma porcaria de par!

— Ainda tem sete meses para o casamento, Mione. Sem dúvida podemos encontrar alguém.

— Você ouviu o que te falei sobre meus últimos encontros???

­— Que ‘últimos encontros’? – Fred perguntou em voz baixa para o irmão, que apenas deu de ombros.

Gina riu na sala ao lado.

— E você ri?!— Hermione perguntou, levantando-se exasperada.

Começou a andar pela sala e Fred e Jorge se ocultaram ainda mais nas sombras do pequeno corredor.

— Ahhh, Hermione, desculpe... Mas algumas situações foram engraçadas... – Fred voltou a olhar para a sala, com cautela, e viu Hermione encarar a amiga e rir.

Ele sorriu junto. Jorge, então, pareceu entender o que sua mente vinha tentando entender há algum tempo.

— Claro... – Hermione sentou-se em uma poltrona e observou a lareira que crepitava.

As duas amigas ficaram em silêncio.

— Teve o Daniel. – Gina começou depois de um tempo. Jorge voltou a analisar as feições do irmão, que se virou novamente para este e perguntou apenas mexendo os lábios Quem é esse Daniel? Jorge novamente deu de ombros, sem saber – Não pode negar que foi engraçado.

— Agora! Agora é engraçado, Ginevra! Eu passei um bom tempo conversando com ele e falei não sei quantas vezes que detestava voar. Então, ele me convida para uma festa formal, onde preciso usar um maldito vestido, e ele me aparece com uma vassoura! Sabe como é terrível voar usando um vestido?!

— Não. – Gina riu novamente.

— Não sendo materialista ou interesseira, mas a maldita vassoura nem voava direito. Uma porcaria de Cleansweep que está fora do mercado desde que Rony vomitava lesmas.

Fred sorriu ao ver a irmã e a amiga rindo da lembrança.

— Você poderia ter aparatado, Hermione.

— É, eu sei... Mas, também foi o que fiz na primeira oportunidade. Um idiota. Como todos que conheço...

— Hermione. - Gina levantou-se – Acalme-se!

— Estou parecendo a Lilá aos 15 anos. Vergonhoso! – Hermione escondeu o rosto com a mão.

A ruiva levantou-se e passou a mão pelos cabelos da amiga.

— Você não está parecendo a Lilá. Você apenas quer estar com alguém... E não há nada de errado nisso. Eu vou dormir. Você dorme aqui ou vai voltar para sua casa?

Jorge cutucou o irmão e fez um gesto com a cabeça para saírem de lá imediatamente. Fred negou-se. Jorge, então, fez um sinal perguntando se ele estava louco e saiu de lá.

Gina encontrou Fred sorrindo marotamente.

— O que faz aqui? Você...

Ele pôs o dedo na boca indicando que Gina ficasse em silêncio. Ela balançou a cabeça e sorriu, seguindo pelo corredor e subindo as escadas em direção ao quarto. Fred entrou na sala e sentou-se ao lado de Hermione, colocando a mochila no chão. Ela olhou para ele por uns instantes antes de falar:

— Fred... O que faz acordado? – ele indicou a mochila. Hermione respirou fundo. – Devo ficar longe de algum lugar específico?

— Fique longe de uma comida específica. Os ovos de amanhã realmente estarão... mexidos. – ela sorriu, então, aos poucos, foi ficando séria.

— Você...

— Se eu ouvi sua pequena conversa com minha irmã? – um sorriso maroto surgiu no rosto do ruivo e Hermione abriu a boca indignada.

— Eu não acredito, Frederick Weasley! — ela levantou-se e parou na frente dele. As mãos na cintura.

— Você realmente vai dar essa bronca em um dos inventores das Orelhas Extensíveis, Grangerzinha? – ele falou, esticando a perna de forma que Hermione ficasse entre elas, ainda em pé.

A garota pareceu pensar no que dizer antes de continuar:

— Claro que vou! Eu não acredito! Era um assunto particular, Frederick Weasley! – ele sentia vontade de irritá-la só para ouvi-la chamando-o assim – E você, ao notar que eu conversava com sua irmã, deveria ter voltado por onde veio!

— Deveria, é?

— Sim, deveria!

— Diga uma coisa, cara Hermione Granger. – ele levantou-se e aproximou-se dela rapidamente. Hermione inclinou a cabeça para encará-lo, ainda com raiva – Desde quando um gêmeo Weasley faz o que deveria?

— Sua mãe não te deu educação, não, Frederick? – ela perguntou, ignorando o que ele tinha falado.

— Claro que deu. Mas, eu pulei algumas aulas. No entanto... – ele sorriu sarcasticamente – Eu não pulei a aula onde ela nos ensinou a jamais levar uma garota para uma festa em uma vassoura. – ele deu uma piscada e, por mais que Hermione estivesse brava, ela não conseguiu evitar o riso.

— Você não tem jeito, Fred! – ele jogou o cabelo para trás e fez um gesto galante.

— Meus negócios são graças a isso, Hermione. Obrigado pelo elogio. – ele segurou a mão da garota, voltando a conduzi-la de volta para o sofá – Quer dizer que está a procura de um namorado?

Ela corou, fazendo Fred sorrir bobamente sem perceber.

— Não quero conversar isso com você. Não é como se fôssemos grandes amigos, Fred.

— Tampouco desconhecidos ou inimigos! – ele disse, passando o braço sobre o ombro dela.

— Gina já vai me ajudar. – ela tentou levantar-se, porém o ruivo impediu, segurando-a.

— Só que Gina é uma mulher. Eu posso dar dicas, digamos... Do lado masculino da situação.

— Você e Jorge conhecem alguns bruxos para me apresentar? – ela perguntou, encarando o azul escuro dos olhos de Fred.

Dessa vez, ele que não tinha o que falar. Sua ideia era apenas mostrar para Hermione onde ela havia errado na escolha dos bruxos e não apresentar mais bruxos... Mas, por que ele não faria isso? Ela era apenas Hermione Granger. A amiga sabe tudo de seus irmãos mais novos. Ex-namorada do seu irmão mais novo.

— Eu... é... – ela o olhava com os olhos castanhos em expectativa. Fred tirou seu braço que estava em torno dela – Claro, Mione... Pensarei em alguém.

Ela sorriu e disse:

— Obrigada, Fred! – deu um beijo na bochecha dele e sumiu pelo corredor

— Muito bem, irmãozinho... – ele ouviu a voz do seu gêmeo – Vamos preparar nossa pequena armadilha, ir para casa e você vai me explicar e contar desde quando gosta de Hermione.

— Quê? É claro que gosto de Hermione, assim como você... Ou Percy... – ele disse nervoso e levantou-se.

Jorge colocou-se na frente dele, encarando-o.

— Você vai mesmo mentir para mim? Seu sócio? Seu irmão? Seu gêmeo? Você está caidinho pela Granger, Fred!

— Pela sabe-tudo? Deixa de bobeira, Jorge! – ele pegou a mochila no chão.

— Eu notei como você olha para ela. – Jorge disse, impedindo que o irmão se afastasse.

— Acho que tem andado muito com o Rony para seu cérebro pensar em tanta merda.

Jorge encarou seu irmão. Talvez nem ele mesmo ainda tivesse se dado conta.

— Certo, Fred boy, faremos o seguinte: vamos ajudar Hermione a encontrar um namorado.

— Como? – Fred indagou, um tom de nervosismo.

— Isso mesmo... E eu já tenho até o primeiro encontro para ela.

— Tem? – Fred perguntou novamente, surpreso.

— Sim. E eu garanto uma coisa: no casamento de Gina, Hermione estará com um namorado. Aliás, o namorado, e você vai ajudá-la! Começaremos a campanha: “Procura-se um namorado para Hermione Granger”.

***

Era comum Hermione passar o fim de semana na Toca, apesar de ter sua própria casa em Godric´s Hollow. Gina era a única que ainda morava lá. Rony, goleiro pelo Cannons, geralmente viajava para os jogos e não tinha moradia fixa. Seu antigo quarto era mantido em ordem para quando ele estivesse na Inglaterra, seja para jogos ou de férias ou as conhecidas festividades Weasley. Os gêmeos, já morando no flat sobre a loja há anos, apareciam especialmente nas refeições. Ou para pregar alguma peça...

Desceu para o café-da-manhã e encontrou Gina, Artur, Molly, os gêmeos, Harry e Bill, que só aparecia quando havia alguma briga com a mulher. Ela sorriu para todos.

— Hermione, Hermionezinha...— Jorge começou – Sente-se aqui! Do meu lado! – Fred lançou um olhar para o irmão, que chegou para o lado, fazendo com que Hermione sentasse entre eles.

Gina olhou de forma suspeita para os dois. Para os três. Enquanto isso, Molly fazia com que torradas voassem pela mesa. Sucos de abóbora e laranja eram servidos. Torradas com manteiga, bacon, salsichas...

— Alguém quer ovos mexidos? – Molly perguntou.

Por instinto, Hermione abriu a boca, mas sentiu uma pressão em sua coxa esquerda. Era Fred.

— Hoje não, Molly. Obrigada! – ela disse, sorrindo.

— Nós também vamos recusar... – Fred começou, no que Jorge continuou:

— Temos que cuidar da nossa super forma atlética...

— ... e evitar que gorduras entupam nossas veias...

Hermione riu e apontou para a quantidade de manteiga e bacon que havia no prato de ambos. Os dois reviraram os olhos, ignorando o fato.

Os outros aceitaram os ovos, que foram servidos. Molly sentou-se e juntou-se ao banquete. Os gêmeos continuavam conversando como se nada fosse acontecer. Hermione pensou que eles poderiam tentar a carreira de ator. Tinha certeza que jamais poderia parecer tão “alheia” se fosse ela a pregar uma peça. Só de saber que uma estava prestes a acontecer, ela não parava de olhar para os outros.

— Está tudo bem, Mione? – Harry perguntou.

— Sim, Harry. – ela respondeu sem conseguir disfarçar o leve tremor por estar mentindo. Estava tudo bem, mas ela queria saber o que os gêmeos tinham aprontado.

Bill, que conversava na outra ponta da mesa com seus pais, de repente, tossiu. Instintivamente, Molly levantou-se. E todos viram que Bill estava tossindo... penas.

— Penas? – a matriarca exclamou, confusa e surpresa.

Todos, então, olharam para os gêmeos. Harry cuspiu os ovos que tinha na boca. Mas era tarde demais.

— FREDERICK E JORGE WEASLEY! — ela começou a gritar, levantando o dedo –  COMO VOCÊS SE ATREVEM... — e no “atrevem” ela começou a cuspir penas.

Gina olhou irritada para Hermione e exclamou:

— Eu não acredito! Você sabia e não me... – ela também começou a cuspir penas.

Hermione não pôde fazer outra coisa: ela riu.

— Agora... – ouviu Fred murmurando – É hora de nos levantarmos, se não quiser levar alguma azaração, claro!

Hermione notou que Jorge já estava de pé. Ao redor da mesa, todos estavam irritados e cuspiam penas enquanto tentavam falar.

Ela levantou-se e seguiu os gêmeos cozinha à fora. Antes que pudesse entender, sentiu a sensação da aparatação.

— O que achou do nosso novo produto? – Jorge perguntou.

Hermione viu que estava no flat deles.

— O que estou fazendo aqui?

— Gina percebeu que você sabia. Na certa seria azarada. – Fred declarou – Apenas estamos te salvando até que os ânimos se acalmem por lá.

— Agora que estamos aqui, embora Gina também seja necessária... – Jorge sentou-se e fez um gesto para que Hermione fizesse o mesmo. Ela sentou-se ao lado dele. Fred permaneceu em pé, os braços cruzados – Daremos início ao nosso pequeno projeto.

— Projeto? – ela perguntou, levantando uma sobrancelha – Por mais que respeite e bem... até goste de alguns dos seus produtos...

— Você gosta?— Fred perguntou de repente, cortando-a.

— Sim. – Hermione respondeu, simplesmente – Mas não farei parte de qualquer invenção!

— Não, não, Hermione. – Jorge disse – Você não compreendeu! É um projeto novo chamado: “Procura-se um namorado para Hermione Granger”.

Ela levantou-se de supetão e andou até Fred, mais rápido do que ele imaginava possível. A varinha erguida, contra o peito dele!

— Eu simplesmente não acredito, Frederick Weasley!

— Não contei nada para ele – o ruivo disse, levantando ambas as mãos em sinal de rendição.

— Então você também estava ouvindo! – ela disse, voltando a varinha para Jorge, que imitou o irmão – Vocês são impossíveis! Prefiro lidar com Gina enfurecida!

— Espere! – Jorge disse, antes que ela pudesse aparatar – Temos a pessoa perfeita para você!

— Temos? – Fred perguntou incerto, afinal seu irmão ainda não falara em quem tinha pensado.

Hermione colocou a varinha na cintura.

— Estou escutando. – ela realmente deveria estar desesperada para aceitar ouvir alguma ideia vinda daqueles dois.

***

— Eu não acredito que você não me falou nada! – Gina exclamou quando viu a amiga entrar em seu quarto.

— Desculpe, mas não seria louca de me meter no plano dos seus irmãos. Que, aliás, estavam ouvindo nossa conversa e inventaram um plano louco de me arranjar um namorado.

A ruiva pulou na cama, pegou Hermione e aparatou novamente com ela.

— Sabe, não é legal ficar sendo aparatada assim, sem aviso?! – ela bronqueou.

Os gêmeos, que estavam conversando, olharam para as duas, surpresos.

— A que devemos essa honra...

— ... querida irmãzinha?

— Primeiro, não perdoei vocês pela pequena pegadinha com as penas.

— Não pedimos perdão. – Fred falou, sorrindo marotamente.

Hermione disfarçou um risinho.

— Que história é essa de arrumar um namorado para Hermione?

— É nosso novo projeto. – Jorge falou – Quer nos ajudar?

— Ajudar? Vocês jamais conseguiriam alguém decente para Hermione!

— Está nos ofendendo dessa forma, Gina... Tenho certeza que podemos achar um... Achar alguém! – Fred nem conseguia formar a frase. Ignorou o olhar do seu gêmeo.

— Aposto que consigo achar alguém melhor!— Gina exclamou.

— Ei! Minha vida romântica não é uma espécie de jogo! – Hermione disse, irritada.

— Apostado! – Jorge levantou-se e esticou a mão. Fred permaneceu sentado, apenas analisando as feições de incredulidade da morena. – Teremos até seu casamento.

— Vocês não podem estar falando sério. – ela olhou para a amiga, que apenas retribuiu o aperto do irmão.

— O que vai ser... Galeões, produtos... – Jorge ofereceu.

— Galeões, claro. Cem galeões. Produtos, o Harry tem de graça. – os gêmeos sorriram perante a inteligência da caçula – Quem achar um cara para ir ao meu casamento com a Mione, leva o ouro.

— Cem galeões. Ela já tem um encontro com nosso cara. – Jorge disse.

— Nosso cara?— Fred exclamou, sério.

— Você me entendeu! – Jorge rebateu.

— Aposto como é um desempregado. – Gina disse cruzando os braços.

Hermione, agora, apenas observava a conversa, já se arrependendo de tudo aquilo.

— Ele não é desempregado. – Jorge disse – Ele apenas está trocando de emprego...

— Vocês disseram que ele tinha um cargo no Ministério! – Hermione lembrou-se da conversa que tivera minutos antes com os dois.

— Sim, ele tinha. Passado, Granger. – Fred falou – Ele está procurando novas áreas de atuação...

Gina bufou e pegou na mão de Hermione.

— Tenho certeza que não vai dar certo. Venha, Mione.

Quando ficaram sozinhos, Jorge encarou o irmão:

— Você nos economizaria cem galeões se saísse com Hermione.

— Eu não gosto dela dessa forma. E, aliás, os galeões são seus. Você que fechou a aposta com Gina. Não eu.

— Somos gêmeos! – Jorge exclamou – Mas, tudo bem. Eu vou ganhar a aposta. E não vou dividir os ganhos com você.

***

O quarto de Hermione estava revirado. Gina recusou-se a ajudá-la na escolha da roupa, pois ela sairia com um cara que os gêmeos escolheram. Ainda não acreditava que os irmãos haviam transformado aquilo numa aposta.

— Merda! – exclamou ao ouvir uma batida na porta. Ela viu quem era e murmurou outro palavrão antes de continuar – Isso tudo é culpa sua!

— Minha? – Fred indagou, surpreso.

Então, notou que a morena tinha uma leve maquiagem no rosto e vestia apenas uma longa camiseta. Cannons. Sem dúvida de Rony. Hermione pareceu não notar os olhares do ruivo.

— Sua! Sou péssima escolhendo roupas! E Gina não vai me ajudar por causa dessa maldita aposta que inventaram. – ela deu passagem para que ele entrasse – Estou ferrada!

Fred tinha estado poucas vezes no pequeno sobrado que Hermione vivia. Ela foi até o quarto e ele a seguiu.

— Uouuuuuu! Problemas com diabretes? – ele perguntou, rindo ao ver o estado do quarto: roupas pela cama e escrivaninha.

— Sim! Dois diabretes idênticos, ruivos e com uma péssima inclinação para apostas sem sentido! – ele riu mais ainda.

— O que veio fazer aqui?

— Ver se estava pronta. Timothy espera por você dentro de 15 minutos em Hogsmeade. – ele falou, consultando seu relógio.

— Puta merda!— ela olhou nervosa para as roupas – Você pode me ajudar?

Seu impulso foi dizer: não. Queria que ela ficasse em casa. E ele concordaria em ficar lá. Ver os tais filmes. E queria que ela continuasse apenas com uma longa camiseta, mas de preferência uma camiseta sua e não do seu irmão.

— Claro. – Fred respondeu – O que pensou em vestir?

— Ainda bem que existe aparatação no mundo bruxo! Se eu dependesse de carro estava... – ela não terminou a frase – Pensei nessa saia e nessa blusa. O que acha? – ela colocou a roupa em frente do corpo.

A saia revelaria muito mais perna do que ele desejava. Muito mais do que aquela camiseta estava revelando. Ele puxou a saia da mão e jogou longe. Pegou uma simples calça jeans.

— Vá experimentar.

— Jeans? Quer que eu vá ao primeiro encontro vestindo esse jeans? – ela perguntou incrédula.

Ele deu de ombros.

— Sim, não tem nada demais. É uma calça bonita. – Hermione simplesmente balançou a cabeça e falou:

— Certo, então saia para que eu possa me trocar.

— Ahhh, Mione, você vai mesmo pedir para eu sair na melhor parte? – ele disse, sorrindo maliciosamente. Hermione riu e deu um leve tapa no braço dele.

— Saia por vontade própria ou azarado.

— Está bem. – ele disse – Mas saiba que não será por vontade própria. Talvez minha próxima invenção seja Olhos Extensíveis!

Hermione riu. Ele gostava cada vez mais daquele som.

— Fora, Frederick Weasley!

Hermione amarrou seu cabelo num rabo de cavalo alto, vestiu a blusa de um tom vermelho escuro. Vestiu os jeans e optou por uma bota de salto alto.

Saiu do quarto e encontrou Fred na sala, observando as fotos que ela tinha espalhado pelo ambiente. Observou o ruivo andando de forma displicente.

Não sabia dizer em qual momento aprendera a diferenciá-lo de Jorge. Apenas sabia. Não apenas pela orelha que o outro perdera. Ambos tinham os cabelos relativamente longos.

Ele ouviu a aproximação dela e disse:

— Precisa ter homens mais bonitos por aq... – ele virou-se na direção dela e parou.

Certo, talvez a escolha da calça jeans tenha sido um erro. Teria sido melhor um daqueles moletons velhos. A maldita calça realçava cada curva das pernas... Ela girou em torno de si mesma... e da bunda...

Fred inclinou a cabeça. A blusa, discreta na frente, era por demais reveladora na parte de trás.

— Ficou bom? Acha que seu amigo vai gostar?

— Claro, Mione. – ele disse depois de algum tempo – Eu... lembrei que tenho um compromisso e preciso ir.

— Com Angelina? Quem sabe, se as coisas derem certo entre mim e Timothy, não possamos marcar um encontro de casais?

Fred lançou um sorriso falso. Certamente, aquela não era uma possibilidade.

— Claro! – o ruivo pegou-se mentindo mais uma vez – Bom encontro, Hermione. – dizendo isso, ele sumiu no ar e Hermione sentiu que havia perdido alguma coisa.

Algo que passou despercebido. No entanto, não tinha ideia do que poderia ser. Então, aparatou no Beco Diagonal.

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