III

James estava nervoso. Não sabia se tudo daria certo, na verdade mil coisas podiam dar errado. E se Dominique preferisse viver sem ele? E se ela estivesse com alguém agora? E se ela não gostasse dele? E se ela preferisse não se arriscar?

Ele respirou fundo. Deu um sorriso irônico, lembrando-se de todas as vezes que a prima reclamara porque ele não se apaixonava. Bem, ela conseguira mudar isso. Agora ele estava igual a qualquer outro idiota apaixonado, capaz de fazer praticamente tudo para ter a amada. Ele bateu na porta.

Por mais que tivesse tentando se planejar para aquele momento, nada tinha o preparado para a vista de Dominique quando ele abriu a porta. Ela estava de short e uma blusa larga, seu típico pijama. Ela nunca parecera tão linda. James quase tinha esquecido de como a prima era bonita. Seus cabelos e seu rosto pareciam não ter um defeito. Se não fosse pelo ar divertido que parecia passar mesmo sem falar nada, ela lembraria um anjo. Mas, do jeito que ela era, parecia ainda mais perfeita do que um anjo.

Dominique parou, surpresa. A última coisa que esperava quando fora abrir a porta era encontrar James Sirius parado lá, a encarando com desejo mal escondido. Merlin, já era difícil o suficiente passar um segundo sem pensar nele e ele estar ali, parecendo um modelo saído de uma capa de revista (por que ele precisava ter vindo com uma camisa tão justa?) não a ajudaria nada em esquecê-lo. O que ele queria?

Ela tentou impedir-se, mas não conseguiu parar de analisar o rosto dele. Precisava ver se tinha algo que indicava que ele não estava bem. Sabia que era insano, afinal ele estava continuando sua vida normalmente, com a única diferença que ela não estava mais presente. Não era como se ele tivesse ido para uma guerra, como os seus pais fizeram. Mas, ainda assim, ela procurou alguma indicação e ficou surpresa em ver que ele não parecia estar dormindo.

James nunca achou tão difícil reunir sua coragem grifinória como neste momento. Sabia que precisava falar algo, fizera tudo isso para poder conversar com ela, porém seu corpo parecia não responder aos seus comandos. Tudo que ele conseguia fazer era olhar fixamente para Dominique, ver como ela o analisava atentamente.

Ela falou o seu nome em voz alta, sem nem perceber o que estava fazendo. Ele deu um passo para mais perto (embora ainda estivesse irritantemente longe dela). Ela perguntou o que ele estava fazendo ali.

Ele começou a falar. Disse como estava cansado de não conviver mais com ela, como sentia a falta dela. Como cada vez que ele queria falar algo e ela não estava lá, ele sentia como se estivesse morrendo. Que não aguentava mais andar pela cidade e ver todos os locais sem ela. Como era estranho chegar em casa e não ter ninguém.

Dominique sentiu-se feliz e imensamente triste. Queria dizer que sentia o mesmo que ele, que acordava todo o dia e sentia-se estranha. Queria voltar para a casa, o lar deles. Queria ficar observando James estudar e depois o convencer a jogar algo com ela. Mas não podia; sabia que nada daquilo era suficiente agora. Ela iria querer ficar com ele, namorar. E sabia que não podiam. Então, ao invés disso, o mandou parar. Disse que não queria ouvir.

James então respondeu que não iria parar. Disse que tinha terminado com a namorada. Contou que gostava dela, que sabia que ela gostava dele e estava cansado de fingir que não existia nada entre eles. Perguntou se seria tão errado assim ficarem juntos? Talvez fosse difícil convencer a família, mas sabia que algumas pessoas iriam os apoiar. Fred, Albus e Louis eram os mais importantes da família, os que eles eram mais próximos, e James acreditava com todo o coração que eles iriam entender.

E falou que mesmo se a família não aceitasse, ele não ligava mais. Já tinha perdido bastante na vida dele sem ela e não aguentaria mais ficar sem ela. Disse que a única coisa que o podia o afastar agora era se Dominique falasse que não gostasse dele. Ela não conseguiu.

Ele a beijou e dessa vez ela não demorou a corresponder, totalmente esquecendo as inibições. James conseguira a convencer a esquecer porque não podiam ficar juntos por um momento e isso bastava para que ela se entregasse totalmente ao beijo.

Dominique não hesitou antes de puxar James para entrar na casa, aproveitando a porta ainda aberta, a qual ele fechou com um chute.

Quando James saiu da casa da amiga de Dominique, ele estava levando consigo a mala da prima. A Delacour só esperou a amiga voltar para casa para dizer que já tinha resolvido as coisas e irem voltar para o apartamento de James.

Quando abriu a porta do seu antigo lar, Dominique sentiu-se tão feliz. Finalmente estava em casa e relaxou só de pisar no chão gelado. Oh, ali estava o seu piano. Como ela sentira falta dele. Sentira falta de tudo no lugar e especialmente do dono da casa.

A rotina deles não mudou muito. Dominique continuava gravando a série e James indo para a faculdade de manhã e trabalhando de tarde. De noite, ambos ficavam juntos após o jantar, apoiados um no outro no sofá. A única coisa que mudou é que eles beijavam-se agora e riam de forma mais idiota ainda com o outro. Eles não lembravam de estarem mais felizes.

Com a aproximação do aniversário de Louis, entretanto, começaram a sentirem tensos. Não haviam contado nada para a família ainda e, como mantinha pouca conexão com o mundo bruxo, ninguém sabia ainda. Não estavam exatamente escondendo o relacionamento, porém não estavam animados a contar também, com medo da reação.

Dominique perguntou a James se eles realmente precisavam contar a verdade. James insistiu que eles precisavam fazer isso ou então passariam o resto da vida mentindo. Ela concordou, ainda que nervosa. Sugeriu falar com o irmão antes. Afinal, seria algo que poderia tirar a distração do resto das pessoas do motivo da reunião familiar e, embora Louis não se incomodasse com isso, sempre era melhor perguntar.

James saiu de casa, depois de muita insistência de Dominique e a deixou sozinha para lidar com o irmão. Ela esperou nervosa Louis chegar e o abraçou fortemente quando ele apareceu. Ele, surpreso, retribuiu, mas perguntou se havia algo errado. Ela questionou se ele a amava e sempre a amaria. Ele respirou que claro que sim, que pergunta idiota.

Ela falou que estava saindo com uma pessoa que não devia, porém que o amava e não sabia mais ignorar o que sentia. Ele, preocupado, perguntou quem era - quem podia causar tanta confusão no coração da sua irmã. Ela respondeu que era James e esperou ansiosa para a sua reação. Olhou-o surpresa quando ele começou a rir.

Louis falara que esperava algo bem pior, que James não era tão ruim. Na verdade, ele era uma ótima pessoa e se ela o amava e tinha certeza do que queria, bem, ele que não teria um problema com isso. Ela o abraçou outra vez e perguntou se podia revelar a família no dia do aniversário dele. Ele prometeu que estaria ao seu lado quando ela fizesse isso.

E ele cumpriu a sua promessa. Após James anunciar no jantar para a família inteira que ele estava namorando com Dominique, Louis acrescentou quem tivesse um problema podia muito bem reclamar com ele, o que ficou mais ameaçador com a varinha que segurava na sua mão. Dominique anunciou que ela e James estavam felizes e apertou fortemente a mão do namorado.

Ao contrário do que temiam, a família encarou bem a notícia. A maioria das pessoas deram os parabéns, embora ainda olhassem de forma um pouco confusa para o casal. Somente alguns parentes passaram ao vê-los de forma diferente, como Ron e Lucy.

Fred Weasley somente encarou James. Não parecia nem um pouco surpreso com a notícia. Só o perguntou porque demorara tanto. James olhou envergonhado para o chão. Devia ter imaginado que Fred seria a última pessoa a julgá-lo por qualquer coisa (mas ficou tudo bem porque James consertou seu erro depois o fazendo padrinho de casamento).

Victorie recriminou a irmã por não ter contado antes. Dominique replicou que não era culpa dela se ela tinha decidido se mudar para outro país, o que gerou uma grande discussão entre elas. Mas nenhuma saiu magoada.

Na verdade, tanto James como Dominique saíram do aniversário mais relaxados. Esta era a última coisa que faltava para serem felizes e agora estavam bem. Não tinham mais nada a esconder e podiam ficar juntos sem mais problemas. Eles entraram em casa. Na casa deles.

— FIM —