Season of the Witch escrita por Nightshade


Capítulo 9
Consolação


Notas iniciais do capítulo

Um pouco mais sobre Mina.



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Mina 

 

Quando Anastácia me contou o que ela havia feito, a vidraça da janela de meu quarto rachou. Minha expressão permanecera a mesma, eu sabia, mas a raiva que eu sentia naquele momento foi o suficiente para que minha magia se descontrolasse por alguns segundos.

Ana se encolheu um pouco, antes de acenar a mão, consertando o vidro.

Por que— comecei, mas respirei fundo tentando tirar o tom ríspido de minha voz – Por que você contou a uma vampira que nós somos bruxas?

— Bem... – ela se remexeu, desconfortável com meu olhar – Tecnicamente, eu não contei a ela que somos bruxas, só... dei a entender que  éramos mais do que aparentávamos.

Apertei a ponte de meu nariz com dedos trêmulos e tentei respirar fundo. Só mesmo Anastácia Lestrange seria capaz de acabar com um segredo que permanecera escondido por mais de 1000 anos.

— Anastácia, por favor, você disse isso tudo para uma vampira que convive com um vampiro que lê mentes! – gritei, subitamente me descontrolando, mas abaixei o tom logo depois – Você pensou nessas consequências? Pensou? – me ergui, jogando longe o livro que estava em minha mão.

— Alice é confiável, Mina, eu sei que é! Ela evitará pensar sobre isso! – ela insistiu – E ninguém precisa saber, nem mesmo minha mãe.

Me virei para encará-la.

— Anastácia, você sabe o que tia Cassandra está passando? – senti minha voz tremer – O que eu estou passando? Eu já me sinto um fardo na vida dela, e agora você também me joga junto com você em um círculo de vampiros... – balancei a cabeça – Eu queria ficar longe de confusão aqui em Forks... você sabe melhor do que ninguém que eu já tenho confusão suficiente na minha vida. Mas então você vai e oferece ajuda a vampiros, usando também o meu nome? – ela se encolheu novamente, mas eu não me deixei amolecer.

— Miranda, pessoas inocentes vão morrer aqui! – Anastácia se jogou para frente e segurou meus ombros, seus olhos suplicavam  para que eu a entendesse – Você também sabe melhor do que ninguém que eu nunca cruzaria os braços em frente à morte de inocentes. Mina, nós estamos falando de muita gente! Você não é muito diferente de mim nesse quesito. – ela me observou, largando meus ombros – Não deixaria que sangue inocente ficasse em suas mãos!

Isso inflamou minha ira e eu me afastei violentamente, me jogando na cama.

— Saia daqui, Anastácia. – falei.

Ela abriu a boca para falar, mas Cassandra bateu á porta e pôs a cabeça dentro do quarto.

— Eu estou indo para La Push, queridas. – ela nos observou – Gostariam de ir comigo? Vocês ficaram muito tempo trancadas...

— Não me sinto muito disposta, tia. – respondi, afundando o rosto no travesseiro – Mas com certeza Ana quer ir.

— É. – Anastácia falou, seu tom relativamente alto, o que significava que agora ela estava irritada – Quero sair um pouco.

Segurei toda minha frustração até ouvir o barulho do carro, o que significava que já haviam saído de perto da casa. Eu sentia dor, muita dor.

Eu era o tipo de pessoa que sentia muito e expunha pouco, ou seja, canalizava todas as minhas emoções para dentro de mim mesma. Isso impedia, na maioria das vezes, que eu ferisse alguém com minhas explosões de magia. E eu feria apenas a mim. 

Me ergui de supetão e corri para fora de casa.

Minha respiração acelerava, lágrimas se acumulavam em meus olhos, mas eu não ligava. Não sabia para onde estava indo, não me importava de estar me embrenhando no meio de uma floresta estranha. Somente quando tropecei e caí de joelhos foi que parei.

E gritei. Uma. Duas. Três vezes. A dor por dentro aumentava e diminuía. Por fim, eu estava apenas encolhida apoiada em uma árvore, chorando por tudo o que havia acontecido em minha vida. Estava com raiva. Raiva do meu pai por ter se afastado, raiva de minha mãe por ter me abandonado e raiva de mim mesma por me olhar todos os dias no espelho e me ver sendo a cópia exata dela.

Ouvi um choramingo e abri os olhos, piscando para afastar as lágrimas. Ali, de frente para mim, andando de um lado para o outro, estava o meu amiguinho peludo que eu havia conhecido no dia anterior. Ele me olhava, com seus grandes olhos castanhos quase... preocupados. 

Funguei e enxuguei meu rosto, ainda bem molhado de lágrimas, e o lobo choramingou novamente, como se estivesse angustiado por não poder me consolar. Ele então fez algo que me surpreendeu: deitou sua cabeça em meu colo, me olhando.

Dei uma risada que me pareceu estranha aos ouvidos, e me pus a acariciar sua pelagem cor de areia. Ela era áspera e suave ao mesmo tempo, era impressionante. O calor parecia emanar dele, o que me fez sentir melhor.

— Obrigada. – murmurei, e juro que o ouvi emitir um som. Como se quisesse me responder.

Mudei minha posição lentamente, de forma que estava deitada apoiada nele, e fechei os olhos quando o animal não pareceu se aborrecer.

90% das minhas preocupações pareceram se esvair enquanto eu estava ali. Enquanto eu estivesse com minha bolinha de pelos, eu me sentiria consolada. 

Respirei fundo, sentindo minhas lágrimas secarem.

 


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Notas finais do capítulo

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