Mina 

Seth Clearwater entrou em meu quarto pela janela, e ali estava ele, parado, de frente para mim. Por um momento, eu pensei em dizer algo, mas sua feição mudou e ele franziu o nariz.

Seria possível que ele... estivesse sentindo o cheiro de vampiro?

— Você... recebeu alguma visita? – ele perguntou, enquanto observava meu quarto com olhos semicerrados.

— Alice Cullen passou por aqui. – falei, forçando um tom entediado em minha voz – Somos amigas na escola.

Me surpreendeu o quanto foi fácil me referir a Alice como amiga.

— Oh. – ele ergueu as sobrancelhas – Você conhece os Cullen, então?

— Não. – me apressei em responder – Só Alice, na verdade. Os outros, só reconheço de vista. Mas, voltando ao assunto, o que você veio fazer aqui? 

— Precisava falar com você. – ele respondeu, tirando os cabelos molhados da testa.

— E era tão importante que você precisou vir a noite e na chuva? – perguntei, pegando uma toalha em meu armário e o entregando.

— Obrigado. – ele agradeceu, parecendo acanhado.

— Então, - continuei, começando a ficar desconfiada – Fale logo!

— Lembra da noite na fogueira? – ele respondeu com outra pergunta.

— Sim... – subitamente, me perguntei internamente se ele me contaria que era capaz de se transformar em um lobo.

— Então... – ele pareceu hesitante – Você se lembra sobre as lendas? Sobre as histórias que diziam que os Quileutes descendiam de lobos?

— Lembro... – respondi no mesmo tom.

E então ele realmente me contou. Contou sobre como as histórias eram verdadeiras e como ele e os outros garotos e até mesmo sua irmã se transformavam em lobos e protegiam os humanos. Fiquei quieta durante todo o seu relato, até que ele o encerrou com chave de ouro me contando sobre o raro acontecimento chamado Imprinting. 

Só então ele parou e observou minha reação. Mas eu não fazia ideia de que reação eu deveria ter. 

— Você está querendo dizer que...que nós somos... almas gêmeas? – soltei.

— Acho que podemos usar essa comparação. – ele lançou um sorriso em minha direção e eu ri de nervosismo.

— Seth, querido... – comecei, não muito certa do que iria dizer – Nós não podemos ser almas gêmeas.

O olhar machucado dele quase partiu meu coração.

— Não que eu não goste de você! – me apressei a completar – O problema é que... Eu não sou uma boa pessoa. E você é todo e completamente bom.

— Mas, Miranda, você é uma das melhores pessoas que eu já conheci! – ele exclamou.

Olha aí o porque de eu detestar o conceito de amor a primeira vista. A pessoa me conhece a menos de uma semana e já acha que eu sou maior maravilha do mundo só porque sou bonita.

— Você não me conhece por completo. – meu tom saiu mais ríspido do que tinha previsto. Mas Seth Clearwater não pareceu afetado. Acima de tudo, ele pareceu determinado.

Em dois passos ele já estava de frente para mim, segurando meus ombros e me fazendo olha-lo. Encarei seus olhos escuros e por um momento meu coração pareceu falhar.

— Então confie em mim e deixe eu te conhecer. – ele implorou.

Fechei meus olhos tentando clarear a mente, mas não funcionou. Voltei a abri-los e suspirei.

— Sua atração por mim está assim tão forte? – questionei, sem me envergonhar.

— Sim. – ele sorriu, gentil – Está. Não vou poder esquecer você, Miranda, nunca. A não ser que você mande que eu me mate.

O simples fato de pensar na morte de Seth me fez sentir um medo maior do que todos que eu já havia sentido e precisei segurar em seus braços para me certificar de que ele ainda estava ali.

— Eu não mandaria que você se matasse. – falei.

— Sou muito agradecido por isso. – ele riu, fazendo seus olhos se estreitarem de um jeito adorável.

— Muito bem, querido. – falei – Irei visitar La Push mais vezes essa semana, sempre que sair da escola, e irei deixar que você me conheça. – deixei que ele entrelaçasse seus dedos nos meus – Mas há certos assuntos que eu não poderei te contar, tudo bem? – perguntei, suavemente.

— Eu entendo, Mina. – ele usou meu apelido de uma forma tão gentil, que eu me senti estranha.

— Agora eu acho que você deve ir para casa. – o abracei, mais uma vez me surpreendendo com o quanto ele era quente – Até mais, Lobinho.

Quando Seth Clearwater foi embora, e eu já estava deitada debaixo das cobertas, repassei todas as nossas conversas em minha mente e pensei em todos os seus sorrisos. E também em quanto eu gostava de sua companhia, embora o conhecesse a tão pouco tempo. Pela primeira vez, me vi realmente tentada a pensar em como seria realmente me permitir se apaixonar.