Mina

— Na verdade, - Alice se moveu rapidamente e impediu que eu abrisse a porta do quarto - acho que devo falar com você á sós primeiro.

— O que foi? - ergui uma sobrancelha em confusão. Primeiro porque eu realmente não gostava muito de vampiros e segundo, porque eu não estava com muita paciência.

— Enquanto vinha para cá, tive uma visão sobre você. - ela disse.

— Eu vou morrer? - perguntei em um impulso.

— Não! - ela exclamou - Bem, pelo menos não foi isso o que eu vi.

— Então o que você viu? - estava começando a ficar curiosa.

— Bem, eu vi você na floresta... Estava falando com um homem alto e de cabelos negros. Ele tinha os olhos parecidos com os seus e dizia para você não ter medo. - tombou a cabeça para o lado.

Senti meus joelhos fraquejarem e me sentei na cama. Um homem de cabelos negros e olhos azuis...

— É o meu pai... - murmurei, quando a senti sentar ao meu lado na cama - Meu pai vai vir para cá... Meu pai!

Saltei novamente da cama rindo e puxei Alice pelas mãos frias e duras, e girei com ela rindo. Ela também riu, em um som prateado.

— Mas, por que ele não veio com você, e a deixou com sua tia? - ela perguntou, e eu pressionei os lábios.

— Ele precisa...testemunhar alguns fatos perante o Conselho dos Bruxos. - falei, omitindo grande parte da história - Então, achou melhor que eu saísse de Salem.

A Cullen pareceu sentir que eu não queria mais falar sobre esse assunto e apenas apertou levemente minha mão. Sorri para ela, pelo gesto de compreensão.

— Olá, meninas! - Anastácia entrou em meu quarto sem bater e trancou a porta - Tive o pressentimento de que deveria vir aqui.

— Seu pressentimento estava certo. - concordei - Por favor, Alice, diga o que precisava falar conosco.

— Eu estou de olho nos vampiros recém criados que estão infestando Seattle, mas não consigo ver Victória como Ana viu. - suspirou - E isso provavelmente se deve ao fato de ela estar usando algum deles como... um tenente ou algo assim.

— Quantos eram? - eu quis saber.

— Este é outro ponto, eles estão diminuindo. - falou, seus olhos dourados se voltaram aos meus - Recém criados são inconstantes e brigam entre si.

— Isso é bom. - Ana comentou - Quanto menos vierem para a luta, melhor para nós e menos atenção será chamada. Tentarei prever o que Victória está fazendo, já que fui a única que consegui vê-la.

— Na outra semana, faremos uma festa lá em casa. - Alice mudou de assunto subitamente - Depois da formatura do último ano. Vocês estão convidadas!

— Oh. - foi só o que consegui dizer.

— Nós com certeza apareceremos lá. - Anastácia respondeu por mim.

— Ótimo! - Alice saltitou - Vejo vocês amanhã na escola!

Em um sopro de vento, ela já havia ido embora pela janela.

— Isso não vai dar certo, Ana. - comentei.

— O que? A festa? - ela olhou suas próprias unhas e eu revirei os olhos.

— Não, a luta. Como vamos ajudar em uma luta de vampiros? - questionei - Não podemos simplesmente nos jogar no meio deles, e mesmo se fizéssemos isso, iriamos precisar de nossas varinhas, as quais Cassandra confiscou.

— Nós iremos trabalhar em feitiços de proteção, Mina. - Ana fez um gesto com a mão - E eu sei que isso é feitiço forte, mas não se preocupe com as varinhas... - seus olhos brilharam - Sei onde Cassandra as escondeu.

— Onde? - perguntei.

— Ora, provavelmente no espelho de duas faces dela. - respondeu, serena - Agora, por favor, pare de se martirizar. Eu vou para o meu quarto ter uma boa noite de sono.

Me limitei a balançar a cabeça enquanto ouvia o barulho da porta se fechar e fui tomar um banho em meu banheiro. Um banho quente sempre me acalmava, principalmente enquanto ouvia o som da leve chuva que caia lá fora, batendo em minha janela.

Saindo do banheiro e terminando de pentear meus cabelos recém lavados, não esperava ouvir novamente batidas em minha janela - para qual eu estava de costas. Fiquei tensa. Seria Alice novamente? Mas logo me acalmei. Alguém que quisesse me fazer mal não bateria no vidro e além do mais eu estava bem longe de ser indefesa. Me virei.

Reconheci no mesmo instante a figura que se equilibrava entre a árvore e o lado de fora de minha janela. Tentei franzir o cenho mas um sorriso lutava para aparecer em meu rosto

— Seth Clearwater. - falei, assim que abri a janela, encarando seu rosto ridiculamente adorável - O que está fazendo aqui, se me permite perguntar? - tentei não pensar no fato de que ele vestia apenas bermudas e camiseta naquela noite chuvosa.

— Miranda Ashwood. - ele imitou meu tom, sorrindo, enquanto seus cabelos negros colavam em sua testa - Me permita entrar e eu irei te responder.

Com um suspiro, me afastei, dando permissão para que ele entrasse em meu quarto.