Operação Jardim Secreto escrita por Lura


Capítulo 17
Casinha Antiga Cheia de Lembranças


Notas iniciais do capítulo

A atualização saiu.

Não há muito o que dizer, apenas sentir.

No caso, eu estou sentindo vergonha. Muita.

Peço desculpas pelo atraso pessoal, o motivo é o mesmo blá blá blá de sempre: trabalho, cansaço, trabalho, cansaço, quase perda de trabalho e por aí vai.

Não vou me delongar aqui pois sei como querem o capítulo, mas peço que deem uma passadinha nas notas finais.

Por fim, agradeço aos queridos leitores que, apesar de todo o atraso, comentaram e favoritaram desde a última atualização. Vocês não imaginam como são importantes para mim. ❤

É isso. Espero que gostem.



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Adrien parou diante da porta de madeira envelhecida, a mão erguida em punho, vacilando em seu propósito de bater.

Ele tinha reunido uma boa dose de coragem para ir até ali, tomando uma atitude para vencer o famoso conflito “vontade de ajudar x medo de incomodar”.

No fim das contas, concluiu que, se pudesse contribuir ao menor um pouco, o incômodo talvez fosse relevado.

Se bem que, em se tratando do Sr. Chevalier, era bem possível que sempre estivesse incomodando.

— Se era para ficar parado feito um idiota, não precisava ter me tirado do conforto de sua casa. - Plagg resmungou, colocando a cabeça para fora do bolso de sua camisa.

O loiro não respondeu. Apenas estreitou os olhos em direção ao Kwami, embora aquela manifestação tivesse lhe dado o impulso para fazer o que devia ter feito cinco minutos atrás.

Bateu três vezes contra a madeira de forma simples e, para sua surpresa, a porta abriu-se quase que imediatamente, revelando o semblante apavorado do Sr. Chevalier. Assustado, o adolescente pulou para trás.

— Graças aos céus! - Comemorou o velho, em evidente alívio, assim que colocou os olhos no rapaz, fazendo com que ele crispasse o semblante em confusão. - Você veio buscar sua namorada? - Perguntou, ansioso.

A mente do modelo travou por um segundo.

— Namorada? - Questionou, desentendido.

O velho encarou o loiro por um tempo,  a expressão desconfiada, como se o sondasse para descobrir se havia caído em uma pegadinha ou algo assim.

— Vocês estão brincando comigo? - Perguntou, indignado.

— Brincando? - Repetiu o modelo. - Espera, “vocês” quem? - Perguntou, notando a pluralidade no pronome, começando a se questionar se o velho estava em seu perfeito juízo.

— Sr. Chevalier, o chá vai esfriar! - Uma voz que Adrien definitivamente não esperava ouvir, gritou, atraindo seu olhar automaticamente para o interior do imóvel.

E quando ele viu Marinette irromper de um dos cômodos, de maneira descontraída, apenas para ter o rosto contorcido no mais puro choque por deparar-se com ele ali, na entrada, somente uma palavra ocupou a sua mente:

Lótus.

— Adrien... - Murmurou a garota, trazendo-o de volta a realidade. - O que está fazendo aqui? - Questionou incomodada.

— Eu poderia fazer a mesma pergunta. - Devolveu ele, recriminando-se mentalmente pelos próprios pensamentos absurdos.

— Não! - A exclamação enérgica do velho, que aliás, era o proprietário da casa, cortou o olhar fixo e constrangedor que vinham sustentando, atraindo a atenção de ambos. - Eu sou o único que pode fazer essa pergunta aqui. - Decidiu, rabugento. - Se não veio buscar sua namorada, o que raios está fazendo aqui? - Perguntou para Adrien.

— Nós não somos namorados. - O modelo apressou-se em corrigir.

— Não??? - O velho questionou, sua reação tão incrédula que beirava o exagero. - Interessante. - Murmurou em seguida, mais para si mesmo, coçando a barba curta e alva.

— O que é interessante? - Quis saber Marinette, sua curiosidade vencendo o próprio orgulho e a decepção de ter visto, mais uma vez, Adrien negando qualquer envolvimento amoroso entre eles. Ela nem sabia porque isso ainda a atingia. Afinal, eles não tinham nada mesmo.

O velho encarou-a significativamente, contudo, ao se manifestar, desconversou de forma descarada:

— E você? O que ainda está fazendo aqui? Já não disse para ir embora? - Perguntou, rabugento.

— Isso não são modos de tratar os convidados, sabia? - Comentou a menina, de forma petulante, fazendo com que Adrien arqueasse as sobrancelhas, impressionado com sua ousadia.

— Mas eu não convidei você! - Devolveu Sr. Chevalier, estreitando os olhos por trás das grossas lentes de seus óculos.

— Pois deveria. - Retrucou ela. - É o mínimo que se espera, se uma pessoa aparece na porta de sua casa com um pacote de croissants fresquinhos. - Explicou, tornando a caminhar para dentro, sem cerimônia alguma.

— Croissants? - Antes que Adrien pudesse pensar sobre isso, a pergunta já havia escorregado por sua boca, em um timbre mais empolgado que gostaria.

— Ah, pronto! - Exclamou o velho. - Por que não se convida logo para comer? Eu não estou tendo autoridade para controlar quem entra na minha casa mesmo. - Ironizou.

O garoto, completamente constrangido, encolheu com o comentário, alternando o olhar entre a colega de classe, que se afastava para o interior da residência, e o jardineiro. De todas as coisas que havia aprendido na vida, havia uma em especial, que seu pai ressaltava sempre que possível: agir convenientemente. E isso significa domar os próprios impulsos para permanecer dentro do decoro e não ferir a autoridade alheia.

Entretanto, ali estava Marinette: Irreverente e decidida, pouco se importando com as rabugices do velho que, em outras ocasiões, certamente teriam feito Adrien correr o mais rápido que podia na direção oposta. Não podia deixar de reparar, que a garota estava bem com consigo mesma, e confiante em sua maneira de agir. Mais ainda: de um jeito inesperado, estava tendo sucesso no que quer que pretendesse. Afinal, Sr. Chevalier tinha sido rude, mas não a colocara para fora, certo?

Com esse pensamento e, em um ímpeto de coragem, o loiro deu de ombros e adentrou a casa, em passos cautelosos, seguindo o caminho que a mestiça traçara segundos antes, deixando o velho estupefato para trás, resmungando algo que entendeu como “Era só o que faltava”.

O Modelo parou sob o arco que dividia o hall e a sala de estar, vendo o olhar desanimado de Marinette crescer sobre si. Bem, se havia alguma dúvida, definitivamente agora estava claro que a sua companhia não era exatamente desejada pela garota.

— Ainda está aqui? - Indagou ela, tentando suprimir o próprio desconforto.

— Sr. Chevalier me chamou para comer. - Respondeu, acomodando-se no mesmo estofado de três lugares em que a colega estava sentada, contudo, na ponta oposta.

— Na verdade, eu fui irônico. - O velho , que adentrava o ambiente, sentiu a necessidade de esclarecer, embora trouxesse, em suas mãos, uma xícara e um pires, os quais entregou ao loiro.

— Não importa como - Adrien contestou, enquanto se servia do chá posto sobre a mesa de centro -, o senhor convidou. - Concluiu, atraindo um estreitar de olhos do anfitrião e a feição espantada de Marinette, que não costumava presenciar reações tão atrevidas por parte do rapaz.

— Pelo visto, essa sua carinha de bom moço só serve para vender revistas, não é garoto? - Provocou Sr. Chevalier, satisfeito ao ver que a pose de rebelde do loiro murchou um pouco com o comentário, sendo acompanhada de um leve rubor. - Eu bem te achei familiar naquele dia que vocês foram ao jardim, embora não lembrasse de onde. No dia seguinte, eu saí para fazer compras e vi seu rosto estampado em tudo quanto é lugar. - Comentou. - Não me recordo do seu nome, entretanto. - Completou.

— Adrien Agreste. - Lembrou o rapaz.

— E você, como disse que se chama mesmo? - A atenção do velho se voltou para a mestiça, que revirou os olhos. Além do dia que se apresentara no jardim, devia ter repetido seu nome pelo menos três vezes, apenas naquela tarde.

— Marinette. - Respondeu, pausadamente.

— Marinette… - Repetiu o senhor. - É um nome muito grande para uma pessoa tão pequena.

Ao ouvir o comentário, Adrien não conseguiu segurar a risada impulsiva, apenas não explodindo em gargalhadas porque estava com a boca cheia de chá. Consequentemente, sentiu o líquido morno escorrer pelo seu queixo e invadir suas narinas, culminando em um engasgo desastroso.

— Ah! Olha essa bagunça! - Reclamou o jardineiro, jogando um guardanapo ao rapaz.

Talvez o loiro devesse se sentir constrangido, mas estava mais ocupado em evitar que as risadas escapassem entre uma tossida e outra, embora seu nariz ardesse intensamente pela invasão do líquido quente, sequer se intimidando com o modo que os olhos azuis da colega de classe se estreitavam em sua direção.

— Hmm, o que temos aqui… - Sr. Chevalier retomou a palavra, enquanto o loiro ainda se recuperava. - Estou sentindo certa tensão no ar? - Indagou. - Vocês pareciam menos hostis um com o outro, no dia que visitaram o jardim.

— Nós não estamos sendo hostis um com o outro. - A menina retrucou, emburrada.

— Tem razão. - Concordou o senhor. - Apenas você está sendo hostil com ele. - Afirmou, vendo a mestiça cruzar os braços e desviar os olhos, ao passo que o modelo seguia tentando se recompor. - Mas isso realmente não me importa, desde que vocês fiquem discutindo na minha casa ou a usem para reconciliações indecorosas. - Alertou.

A face de ambos os jovens explodiu em vermelho.

— Mas o quê o senhor está dizendo?! - Censurou Marinette, cobrindo o rosto com ambas as mãos, envergonhada. - Adrien já disse que não temos nada! - Lembrou, a voz abafada pelas próprias palmas.

— E eu já disse que não me importo, desde que não me afete. - O velho deu de ombros. - O que me importa é, saber porque vocês dois estão aqui, quando deveriam estar brincando por aí, fazendo a lição ou algo assim. - Emendou.

Um breve silêncio se seguiu, no qual os dois jovens mediam, mentalmente, duas palavras, enquanto o dono da casa alternava o olhar entre um e outro.

Adrien já viera com uma desculpa preparada, mas acabou por permanecer silente, enquanto observava a colega de classe brincando com as próprias mãos, e passou a perguntar, internamente, que justificativa ela daria a sua visita.

— O noticiário divulgou o senhor como a verdadeira identidade do último akumatizado e atribuiu o ataque à venda do jardim. - Contou. - Eu comentei com meus pais que havia o conhecido naquele dia, e eles me disseram que eu deveria visitá-lo. - Concluiu.

O velho estalou a língua, mal humorado.

— Você não deveria ficar fazendo as coisas que os outros mandam. Deveria fazer o que tem vontade. - Emendou.

— Mas eu realmente queria saber como o senhor estava. - Insistiu a menina de cabelos negro-azulados. - Só precisava de incentivo. - Concluiu.

Por um instante, os dois adolescentes tiveram a impressão de que o ancião ficou desconcertado com as palavras de Marinette.

Apenas por um instante.

Pois no seguinte, ele estava resmungando sobre como os jovens deveriam se preocupar com as próprias vidas, em vez de ficar seguindo a ideia dos adultos. O que contradizia, claro, toda a insolência que ele pregava sobre aquela geração.

E enquanto o velho desfiava suas rabugices, Adrien não pode deixar de pensar na própria motivação para estar ali.

Era bem verdade que, ele tinha um discurso praticamente idêntico ao de Marinette preparado, para justificar sua visita. Excetuando a parte do incentivo, claro. Seu pai não sabia que ele estava ali e, se soubesse, certamente desencorajaria, por acreditar ser uma perda de tempo e, ainda mandaria Natalie preencher sua tarde livre de domingo com alguma atividade produtiva.

Entretanto, ele não estava tão certo que teria comparecido da casa do jardineiro, se o seu conhecimento sobre ele se limitasse às informações que trocaram na tarde em que visitara o jardim com Marinette, ainda que soubesse que sua akumatização decorria da venda do terreno.

Não, por mais errado que isso possa parecer, o loiro estava certo que, o fato decisivo para acarretar sua presença ali, naquela tarde, fora ter ouvido da boca do próprio velho, sua triste história, enquanto ainda estava sob o manto de Chat Noir.

Ele não ficara tranquilo após aquilo.

Tanto que ali estava.

E essa conclusão apenas fez com que outra ideia, lhe atingisse feito uma granada naquele instante: E se Ladybug também tivesse a ideia de visitar o velho em sua identidade civil?

Afinal, ela era ainda mais altruísta que ele (só o fato de se considerar uma pessoa altruísta, fazia com que concluísse que provavelmente não fosse tanto assim). Conseguiria a heroína joaninha manter-se tranquila, sem checar de perto a situação do Sr. Chevalier, após ouvir o triste relato de sua vida?

O modelo não conseguira.

E as implicações dessa possibilidade, eram sérias demais para que ele pudesse ignorar. Ladybug e Chat Noir poderiam conhecer a verdadeira identidade um do outro acidentalmente. E ao mesmo tempo que essa ideia o deixava ansioso, também o apavorava de certa forma. Ainda assim, não conseguiu deixar de fantasiar em sua mente um possível encontro. Como seria sua amada sem a máscara? Sua personalidade mudaria? Ele seria capaz de reconhecê-la?

E então, outro pensamento que o assombrara desde a luta recente, retornou:

Lótus.

— Garoto! - O chamado ríspido do dono da casa fez com que Adrien despertasse de seu devaneio. - Você não me respondeu! - Reclamou.

O modelo piscou aturdido, constrangido com o modo em que havia imergido nos próprios pensamentos.

— Está tudo bem, Adrien? - O tom de Marinette ainda não tinha toda a simpatia habitual, o que era compreensível considerando os acontecimentos recentes entre eles, mas ainda assim demonstrava preocupação genuína.

E como uma mariposa para a luz, o olhar de Adrien foi atraído automaticamente para a dona da voz cautelosa.

Ainda atordoado, ele observou o modo que ela, nervosamente, alisava uma de suas maria-chiquinhas, os cabelos negro-azulados escorrendo por entre os dedos, os olhos azuis de tons brandos se desviando para baixo, tão logo as orbes verdes intensas tentaram fixá-los.

Olhos azuis.

Cabelos negros.

Maria-Chiquinhas.

Lótus.

— Moleque, você está me preocupando. - O velho declarou, contudo, seu comentário não foi assimilado pelo loiro, que prosseguiu em seu momento de negação.

Apesar das coincidências, aquilo não era o suficiente para afirmar que eram a mesma pessoa (céus, ele estava mesmo cogitando isso?).

Afinal, embora Ladybug tivesse dito que a Flor de Lótus era sua preferida, bem como de toda a confusão que envolvera a pessoa por trás daquele codinome na “Operação Jardim Secreto”, Marinette nunca havia declarado ter escolhido o apelido por ser sua planta favorita.

Entretanto, agora que ele parava para pensar, não havia como negar as semelhanças físicas entre sua colega de classe e sua Lady (embora ele já tivesse reparado nisso antes, a constatação acabou sendo classificada em um pensamento aleatório, uma vez que Ladybug parecia distante demais para que pudesse ao menos cogitar que estivesse tão próxima).

E Adrien, certamente, teria afundado, mais e mais em suas teorias especulativas, se um forte cutucão, vindo do interior de seu casaco, não o tivesse despertado novamente para o ambiente ao seu redor.

Inevitavelmente, deu um pulo em sobressalto, fazendo com que os outros dois que o observavam, recuassem automaticamente.

Constrangido, corou até a raiz dos cabelos, indeciso entre agradecer ou amaldiçoar mentalmente o Kwami gato, por tê-lo despertado.

— Eu… Hmm… - Começou, sem saber ao certo o que dizer. - Me desculpem. - Pediu por fim. - Acabei me distraindo . - Explicou.

— Quando eu penso que esse dia não pode ficar mais estranho… - Sr. Chevalier resmungou. - E então - Continuou -, vocês já comeram, já tomaram chá e já viram que estou muito bem, obrigado. - Falou. - Não é melhor procurarem algo de útil para fazer? - Sugeriu, sem nenhuma cerimônia.

— O Senhor é mesmo rabugento, não? - Marinette reclamou, novamente, fazendo com que os olhos do modelo se arregalassem. Por sua vez, o dono da casa, estreitou o olhar em direção a “convidada”. - Por que não desfruta da nossa companhia? Deveríamos aproveitar a oportunidade para nos conhecermos melhor. - Sugeriu. - O Senhor recebe muitas visitas? Mora aqui há muito tempo? Qual sua cor favorita? E a sua idade? Ah, essa última pergunta foi indelicada, me desculpe. - Deslanchou a falar, vendo o velho piscar aturdido.

Antes de responder, Sr. Chevalier suspirou, resignado.

— Primeiramente - Começou. - Só é possível desfrutar de algo que seja agradável. O que é incômodo, a gente tolera. - Explicou, ao passo que a mestiça cruzou os braços e armou um bico. - Segundo: não vou responder suas perguntas porque, sim, você foi indelicada, da mesma forma que vem sendo desde que chegou aqui. - Concluiu.

Adrien remexeu-se incomodado. Ele realmente estava determinado a insistir com o velho, ciente que levaria tempo até que pudessem ganhar alguma confiança. Contudo, naquele momento, com uma declaração tão taxativa (que sequer havia sido direcionada a ele), teve que evitar com todas as suas forças o impulso de fugir dali, deixando até mesmo Marinette para trás.

Contudo, para a sua surpresa, a garota permaneceu impassível, relaxada, como se estivesse acabado de receber um sermão da mãe por colocar os pés sobre a mesa. O loiro já começava a se questionar por quantas vezes ainda se surpreenderia com ela naquele dia.

— O senhor nunca abre as cortinas? - Perguntou.

Novamente, a carranca do velho se dissolveu em incredulidade, ante a mudança de assunto aleatória da visitante.

— Você ouviu ao menos uma palavra que eu disse? - Insistiu o dono da casa.

— Está muito escuro aqui. - Comentou ela, levantando-se e caminhando em direção a parede coberta pelo espesso e escuro tecido plissado.

Tão logo o alcançou, abriu com um só puxão, fazendo com que a luz diurna entrasse quase de forma violenta no ambiente lúgubre até segundos antes.

— Bem melhor, viu? - Perguntou, colocando as mãos na cintura, enquanto o velho tornava a despejar uma chuva de reclamações.

— Abrir para que, se vou ter que fechar de novo? - Indagou, exasperado, dando ao modelo a impressão de que estava alcançando o limite de sua paciência.

— Você deixa de comer porque vai sentir fome de novo? - Questionou a menina, de forma birrenta. - Ou de dormir por que vai sentir sono de novo? Ou de…

— Eu não vou morrer se deixar de abrir as cortinas! - Exasperou-se o velho, levantando-se.

Adrien, a essa altura, com os olhos mais arregalados que nunca, voltou-se para a colega de sala, temendo que ela finalmente se cansasse de sua insistência, caísse no choro ou algo assim. Porém, viu que ela apenas estudou o anfitrião por um momento, antes de dar de ombros, indiferente. - - Também não vai morrer por abri-las. - Declarou. - Vamos Adrien, me ajude a abrir as outras. - Pediu.

O garoto hesitou, por alguns segundos, temendo a reação do Sr. Chevalier. Contudo, quando viu que o velho apenas caiu sobre o sofá, derrotado e sem forças para tornar a discutir, achou que ajudar a mestiça valia mais a pena. Afinal, estava precisando ganhar pontos com ela, para ver se finalmente conseguiria desfazer o clima tenso entre eles.

Não demorou mais que dois minutos para que os jovens percorressem a casa, abrindo todas as cortinas e janelas que encontravam nas áreas sociais.

Ao fim da pequena exploração, o loiro concluiu que o lugar era maior do que imaginava.

Os cômodos principais da casa se dividiam em dois andares, sendo que, pelo número de portas que avistara, estimou que possuía ao menos quatro quartos no andar superior e, possivelmente, sótão e terraço.

Além disso, possuía no térreo, além do Hall e da sala de estar, uma cozinha ampla, sala de jantar e uma biblioteca muito bem equipada, a qual era ligada por uma segunda escada espiral a uma das salas do andar de cima.

E foi na biblioteca, também, que descobriu um piano de cauda, antigo, todavia, bem cuidado, tendo que se segurar com todas as suas forças para não pressionar algumas de suas teclas.

Mas foram os porta-retratos, dispostos sobre os aparadores e a lareira, que realmente atraíram a atenção dos adolescentes.

Adrien contemplou cada fotografia, sentindo o sentimento de reconhecimento em algumas delas, e a dúvida e a curiosidade em outras.

Sr. Chevalier, uns trinta anos mais moço, com uma farda militar, ao lado de outros homens também fardados.

Sr. Chevalier em seu traje militar, ao lado de uma moça vestida de noiva, a qual concluiu ser Adeline.

Sr. Chevalier e Adeline na entrada do Jardin D’eau.

Adeline, sozinha, em uma poltrona, amparando um bebezinho enrolado em mantas, que dormia em seus braços. O pequeno Antoine, pensou.

Sr. Chevalier e Adeline, novamente no jardim, dessa vez com Antoine, que deveria contar com ao menos quatro anos de idade.

Antoine, agora aparentando uns sete anos de idade, parado sozinho, em frente à sua casa, os cabelos loiros bagunçados pelo vento.

Antoine abraçado a um amiguinho banguela de cabelos castanhos, em frente ao chafariz do Jardin D’eau.

E nenhuma outra foto.

Adrien engoliu em seco, olhando o ambiente ao redor, em busca de outros retratos, apenas para confirmar o que havia concluído: Aparentemente, as memórias fotográficas daquela família iam apenas até ali. Até a época em que Antoine morreu.

Compadecido, tornou a procurar pelo registro que mostrava a família completa, apenas para encontrar o porta-retrato nas mãos de Marinette, que encarava a foto emoldurada de forma compenetrada. Sua seriedade era quase palpável.

A mestiça ainda tinha os olhos fixos na imagem familiar, quando o dono da casa irrompeu na biblioteca, visivelmente irritado. Porém, não tanto quanto Adrien esperava que ele estivesse por flagrá-los bisbilhiotando algo tão pessoal.

E em vez de passar o belo sermão que o garoto sabia que mereciam, o velho apenas permaneceu calado, encarando-os. Como se os desafiasse a perguntar qualquer coisa.

Foi então que o modelo se lembrou que apenas ele estava a par da história do anfitrião e, não querendo desencadear uma reação negativa, suplicou mentalmente para que Marinette não questionasse quem eram aquelas pessoas, embora meio que duvidasse dessa possibilidade, graças a natureza curiosa da menina.  

Afinal, estava bem ciente que, fosse ele na situação da colega de classe, provavelmente se arriscaria a perguntar.

— Este lugar é incrível. - Comentou Marinette, colocando o porta-retrato de volta em seu lugar, um sorriso um tanto melancólico pregado na face. - A sua casa é muito legal! - Elogiou, virando-se para o velho, tentando retomar o tom animado.

Sr. Chevalier encarou a garota com uma expressão desconfiada, como se esperasse escutar qualquer coisa, menos aquilo. Ainda não havia se acostumado com a maneira aleatória que ela puxava assunto.

— Hm, obrigado… - Respondeu incerto. Mais alguns segundos de silêncio transcorreram, os três olhando de um para o outro, até que o dono da casa tornasse a se manifestar: - Então, é agora que vocês agradecem pela hospitalidade e vão embora? - Questionou, esperançoso.

Nesse ponto, se Adrien estivesse sozinho, certamente teria atendido a sugestão é ido embora, sem mais alarde.

Mas ele não estava.

E como esperado, Marinette continuou inabalável, apenas gargalhando ante a sugestão, para desânimo do velho.

— Que hospitalidade? - Perguntou, divertida. O anfitrião apenas bufou em resposta. - Vamos lá, Sr. Chevalier, não é possível que vá continuar assim tão ranzinza. - Declarou. - O Senhor está recebendo visitas. Deveria aproveitar para conversar ou fazer algo divertido. - Afirmou.

— Ok, garota. - Sr. Chevalier falou por fim, aparentemente, dando o braço a torcer. - Se eu fizer algo divertido - enfatizou a palavra com aspas imaginárias -, vocês finalmente vão embora? - Questionou, quase ansioso pela resposta.

— Não posso responder pelo Adrien, mas por mim, tudo bem. - Confirmou.

— E então, garoto? - O velho voltou-se para o modelo. Estava esperançoso.

— Fechado. - Concordou Adrien.

 

• • •

 

— Eu disse que deveríamos fazer algo divertido. - Marinette resmungou, cruzando os braços.

— Hm. - Sr. Chevalier olhou de soslaio para a garota. - Eu estou apreciando muito a atividade. - Declarou, movendo uma peça pelo tabuleiro.

Pela primeira vez, desde que os dois adolescentes chegaram ali, ele parecia empolgado com alguma coisa. Bom, talvez “empolgado” não fosse o termo mais adequado. “Menos rabugento”, quem sabe.

Adrien, por sua vez, encarava as peças a sua frente, a mão apoiando o queixo e a boca, um olhar fixo, quase obstinado.

— Parece que o garoto também está gostando. - Acrescentou, em tom zombeteiro, vendo quanto o modelo parecia tenso ao mover a própria peça. - Xeque-mate. - Sentenciou, constatando que o oponente caira em sua armadilha.

O loiro suspirou desanimado. Não havia ganhado nenhuma vez.

— Mais uma! - Pediu.

— O quê? - Perguntou Marinette, levantando-se do banquinho posto ao lado da mesa de xadrez, de onde vinha assistindo às partidas. - Não… - Murmurou derrotada, vendo que os outros dois já reposicionavam as peças sobre o tabuleiro.

Na última hora e meia, desde que sugerira que fizessem algo divertido, a garota limitou-se a sentar em um banquinho improvisado, ao lado da elegante mesa de xadrez postada no canto da biblioteca, para observar o anfitrião e a sua paixão já-não-tão-platônica-assim se enfrentando.

Tudo porque Adrien tivera a brilhante ideia de sugerir que disputassem uma partida do bendito jogo. Porém, já estavam na quarta. Iria agradecê-lo mais tarde, sintam a ironia.

Não é que ela não gostasse de xadrez.

Bom, na verdade, ela realmente não gostava, embora definitivamente soubesse jogar o básico, ou pelo menos entendia as regras que Sabine conseguira enfiar em sua cabeça (sua mãe sim sabia jogar de forma decente).

A mestiça apenas não era adepta de testar suas emoções dedicando horas a traçar inúmeras estratégias para superar a si mesma e ao seu adversário. Não, as emoções que Marinette gostava de apreciar vinham quase que inteiramente de seu lado criativo: rabiscar, colorir, pintar, cortar, costurar e gritar se der errado, apenas para começar tudo de novo.

Todavia, não podia dizer que seu período de expectadora fora totalmente desperdiçado. Isso porque, era simplesmente hilário presenciar as feições de desapontamento que Adrien fazia cada vez que Sr. Chevalier contornava suas estratégias, ou as de revolta, cada vez que anunciava a própria vitória. Aparentemente, o garoto não era acostumado a perder, embora reagisse civilizadamente em tal situação.

Isso sem contar a maneira como o loiro ficava adorável estando tão compenetrado.

O vinco que aparecia em sua testa quando ficava pensativo…

O modo firme que as íris verdes acompanhavam os movimentos do adversário…

A quem ela queria enganar! Adrien Agreste no “modo concentrado” era tão perfeito quanto todos os outros. O maior problema que vinha tendo ao assistir as partidas era justamente ter de se controlar para não passar mais tempo encarando sua paixonite que o jogo em si.

Para sorte da garota - ou humilhação, depende do ponto de vista -, cada vez que começava a viajar observando o colega, Sr. Chevalier tinha o bom senso de chamá-la de volta a realidade com um pigarro, que Adrien sempre atribuía à sua demora em fazer o próximo movimento, ignorando os sobressaltos que ela dava.

Isso era revoltante.

Simplesmente porque ela ainda não se sentia bem, emocionalmente, para dizer que o havia perdoado quanto ao episódio dos cartazes espalhados pela escola (embora soubesse que ele não era exatamente o culpado). Todavia, também não conseguia alimentar raiva por ele, de modo que sentia o sentimento negativo vacilar e esvaecer a cada minuto, enquanto a sua reputação e humilhação pública cresciam ao mesmo tempo, com a divulgação da conversa sobre a “Operação Jardim Secreto”.

Até mesmo tivera que desativar suas redes sociais naquele fim de semana, uma vez que as fãs mais cruéis do modelo continuavam compartilhando o bilhete, vinculados a fotografias e filmagens não autorizadas do teatro interativo que apresentaram no festival cultural. E pensar que eles haviam proibido registros do espetáculo justamente por isso e, mesmo com toda a vigilância, alguns engraçadinhos conseguiram tapeá-la. Compreensível, já que qualquer imagem de Adrien Agreste valia ouro, quanto mais em situações inusitadas.

— Xeque-mate. - Armand Chevalier anunciou pela quinta vez, novamente trazendo a garota de volta a realidade, que não se surpreendeu com a nova vitória do anfitrião. Aquela havia sido realmente rápida, não pôde deixar de pensar.

Era visível o quanto o modelo estava insatisfeito, embora se mantivesse quieto. E quando o loiro fez menção de abrir a boca, o velho adiantou-se.

— Nada de revanche, dessa vez. - Sentenciou. - Embora não tenha conseguido nenhuma. - Sentiu prazer em acrescentar. - Vocês realmente tem que ir agora. - Declarou.

E embora o comentário ainda fosse rude, os dois adolescentes observaram que o dono da casa parecia muito menos mal-humorado. Poderiam arriscar a dizer que o estado de espírito que se encontrava no momento, beirava a descontração.

O próprio velho pareceu constatar tal coisa, uma vez que novamente se adiantou à reação dos adolescentes, temendo que interpretassem seu comportamento como um incentivo para que permanecessem.

— Eu tenho que cuidar do jardim agora. - Avisou, levantando-se, vendo os olhos dos garotos arregalando-se em surpresa. - O quê? - perguntou. - Não é porque ele vai ser destruído em algumas semanas que eu vou deixar minhas plantas sofrerem até lá. - Justificou.

— Tudo bem. - Anuiu o loiro, também levantando-se. - Tento de novo outro dia. - Decidiu.

— Espere, outro dia? - Perguntou o velho. - Quem disse que haverá outro dia? - Insistiu.

— Acho que você vai precisar de muitos outros dias, se pretende vencê-lo. - Marinette observou, ignorando a revolta do velho.

— Provavelmente. - Adrien concordou, seguindo para fora da biblioteca, com a colega em seu encalço.

— Como assim muitos outros dias? - O velho insistia, atrás dos adolescentes. - Crianças insolentes, não foram ensinadas que é desrespeitoso ignorar os mais velhos? - Reclamou. - E também andar pela casa dos outros tão a vontade. - Acrescentou.

Porém, os jovens seguiram não dando muita importância aos resmungos do anfitrião, desculpando-se apenas da boca para fora. E antes que percebessem, estavam no exterior da residência, despedindo-se com um “até logo” do Sr. Chevalier, que seguiu um tanto depressivo para o jardim, com a perspectiva de vê-los novamente.

— Algum problema? - Adrien perguntou, vendo que a colega parecia um tanto amargurada, enquanto fitava o jardineiro embrenhando-se pelos canteiros do jardim.

— Eu queria poder ajudar. Mas não faço ideia de como poderia. - Respondeu, objetiva. Não tinha vontade de negar ou fazer rodeios naquela hora. Simplesmente, sentia que precisava exprimir o seu desejo, que vinha lhe incomodando como se fosse uma necessidade, ainda que, de fato, não tivesse pensado em nada de útil, desde o ataque.

Adrien sorriu. A natureza de Marinette não mudava mesmo.

— Sei que vai pensar em algo. - Garantiu alargando o proprio sorriso.

A mestiça fitou o modelo, levemente assombrada. Ver o colega de sala lhe sorrindo em motivação, lhe provocara uma sensação próxima de um dejà vu.

Afinal, já havia sido incentivada com aquelas palavras exatas, praticamente, naquele mesmo local, por outro loiro, de orbes verdes fluorescentes, que passava as noites em batalha ao seu lado.

— O que foi? - Questionou ele, vendo a expressão de estranhamento que lhe era direcionada.

— Nada não. - Marinette agitou a cabeça. O estresse dos últimos dias a estava confundindo, só podia.

— Uma pena que um lugar tão fantástico em Paris seja pouco conhecido. - Lamentou o loiro, mais para puxar assunto. Ele não estava realmente com vontade de se despedir da colega de classe. Achava que, se ela estava tolerando sua presença, era melhor aproveitar a oportunidade, a fim de desfazer de uma vez por todas o clima estranho que havia nascido entre eles.

— Bom, depois do ataque de sexta, ele definitivamente se tornou muito conhecido, mas não de forma positiva. - A mestiça contestou, lembrando-se das manchetes tendenciosas dos jornais, que condenavam Sr. Chevalier e sua obsessão pelo jardim por terem machucado a filha do prefeito. - Queria que as pessoas vissem isso de outra forma… - Emendou , sentindo a própria voz vacilar conforme uma ideia surgia em sua mente.

O modelo percebeu quando as orbes azuladas da menina se iluminaram, um sorriso discreto acompanhando.

— É isso! - Exclamou ela, o sorriso se alargando.

Adrien a encarou, com expectativa e curiosidade.

— Isso o quê? - Indagou.

Porém, não obteve resposta, tendo que se limitar a correr atrás da colega de classe que, empolgada, saiu em disparada pela rua.


• • •

 

Mais tarde, naquele dia, Adrien não saberia dizer se estava realmente surpreso por ter recebido um chamado de Ladybug.

Ele meio que esperava por isso.

E temia.

Embora isso não confirmasse suas suspeitas, é claro.

Aliás, havia algo para suspeitar?

O fato é, que quando Chat Noir aterrissou, tão gracioso quanto um felino legítimo, na grama do Jardin D’eau, não estranhou ao avistar a parceira de equipe acenando de forma animada para ele, uma vez que a própria havia lhe chamado ali.

Contudo, definitivamente se surpreendeu em ver Alya ao lado dela.

A presença da blogueira apenas contribuia para aumentar sua desconfiança boba e fomentar suas teorias loucas.

— My Lady. — Cumprimentou, beijando a mão da parceira de forma galante, assim que se a alcançou. - Senhorita. - Saudou Alya, que abafava uma risada pelo modo que sua heroína preferida revirava os olhos com a atitude do garoto.

— Tem certeza que recebeu o miraculous do gato? - Zombou Ladybug. - Eu poderia dizer que é o da lesma, ou algo assim, pelo tempo que demorou para chegar. - Reclamou, cruzando os braços.

— Que joaninha impaciente. - Reclamou ele. - Saiba que às vezes é preciso de astúcia para um felino escapar do conforto de seu lar. - Gracejou, sabendo que a heroína não tinha noção da veracidade e da ironia daquela declaração.

— Pensei que você fosse um gatinho de rua. - Provocou ela.

— Eu sei que vocês curtem ficar se provocando, mas tenho que lembrar que temos um motivo para estar aqui. - Alya interrompeu o jogo da dupla.

Os fãs que lhe desculpassem, ela também shippava “LadyNoir”, mas quando o assunto era participar da ação de seus ídolos, o romance que se lascasse, para não dizer algo inapropriado. Definitivamente, estava ansiosa para trabalhar com os dois.

— Bom, tenho que lembrar que ainda não sei que motivo é esse. - Chat Noir retrucou, em timbre brincalhão.

A blogueira e a heroína bufaram em conjunto.

— Você disse que ajudaria a salvar o jardim, ou estou enganada? - A portadora do Miraculous da Criação rememorou.

— É claro que eu vou ajudar. - Afirmou o heroi felino. - Você teve alguma ideia? - Indagou, com curiosidade e desconfiança.

— Bom, na verdade, não eu. - Negou. - Alya teve. - Contou, sorrindo.

— Alya? - O loiro não conseguiu disfarçar a surpresa. Aquilo definitivamente bagunçava suas teorias.

— Na verdade, a ideia foi da Marinette. - Corrigiu a morena.

— Marinette??? - Ok, aquilo estava ficando cada vez mais estranho. Sem contar que ele precisava mesmo aprender a conter as próprias reações, ou as garotas passariam o resto da tarde lhe encarando com aquela cara estranha.

— É uma amiga da Alya. - Ladybug explicou.

— Eu sei quem é a Marinette. - Afirmou o felino, arrancando uma expressão surpresa da blogueira. - Eu salvei ela algumas vezes. A garota tem um certo talento para problemas. - Justificou, fazendo que que a aspirante a jornalista caísse na risada, ao passo que a parceira de equipe apenas lhe encarava com um olhar ácido.

— É, ela tem. - Concordou Alya.

— Gente, foco. - Pediu a heroina.

— Certo. - Assentiu o felino. - O que a Marinette tem a ver com a história? - Indagou, prevendo onde aquela conversa chegaria.

— Bom - A blogueira começou -, hoje, mais cedo, ela me procurou e implorou para que eu entrasse em contato com vocês pelo Ladyblog, para que tentássemos salvar o jardim. - Contou. - Ela disse que tinha uma ideia, na qual a participação de nós três é essencial. - Explicou. -  Eu relutei, no começo, temendo que nem recebessem minha mensagem mas, para minha surpresa, Ladybug veio me procurar pouco depois.

— Bom, você já nos quebrou alguns galhos. Não seria justo da nossa parte de ignorar. - Justificou a garota de vermelho.

Os olhos da aspirante a jornalista brilharam. Sempre que pensava que não tinha como sua heroína favorita ficar ainda melhor, ela se superava.

— Você é tão legal! - Esquecendo-se de tudo mais, elogiou, eufórica. Contudo, um pigarro do portador do Miraculous da destruição a trouxe de volta aos eixos.

— Continue. - Pediu ele.

— Então. - Recompondo-se, Alya retomou a palavra. - No começo eu achei que a Marinette estava exagerando, por estar tão obstinada em salvar um lugar que não conhecia até semanas atrás - divagou -, mas agora que estou vendo… - Fez uma pausa, olhando ao redor. - Eu entendo a reação dela e a akumatização do Ceifeiro também. - Admitiu. - Este lugar é incrível! - Declarou. - Definitivamente, todos deveriam conhecer. - Concluiu.

— Não é? - Ladybug concordou, empolgando-se também.

— Ok, mas se o plano é da Marinette - Chat Noir manifestou-se, cruzando os braços de forma desconfiada. -  Por que ela não veio com você? - Questionou.

— Por que não precisamos dela. - Ladybug deu de ombros. - Ao menos não por enquanto. - Acrescentou, sem querer parecer rude.

— Que plano é esse afinal? - O portador do Miraculous da Destruição indagou, também se contendo para que toda a confusão e curiosidade que vinham experimentando, não se externasse em irritação.

Alya e Ladybug trocaram um olhar cúmplice.

— Nada de mais. - Afirmou a blogueira, apanhando o próprio celular no bolso de trás de seu jeans. - Apenas vamos mostrar a Paris o quanto este lugar é fantástico. - Acrescentou, abrindo o aplicativo da câmera.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu preciso saber. Essa Marinette atrevida ficou muito fora da realidade? Eu imagino que sim, mas saibam que ela também teve que se esforçar para agir assim. Isso provavelmente será explorado mais adiante, pela visão dela (esse capítulo trouxe mais a visão do Adrien).

E o que dizer dessa pessoa incapaz de descrever um jogo de xadrez? Sério, me desculpem por isso, foi no improviso mesmo.

E o plano da Alya, heim (que na verdade não é da Alya)? Acho que ficou bem óbvio, né?

Bom, é isso. Eu espero que vocês tenham gostado do capítulo que, foi mais paradinho, maaaaaaas, como eu disse, estamos nos preparando para o final. =D