Operação Jardim Secreto escrita por Lura


Capítulo 12
Gato Escaldado


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo cheio de tretas. espero que gostem.

Lembrando que a fic está adiantada no Spirit.

Atualização: Genteeeee, agora que vi a nova recomendação!!!

Estou feliz demais!

Eu agradeço Ibuki, por você ter se empenhado em dizer o quanto gosta da fanfic! Você até considerou a melhor maneira de demonstrar e a possibilidade de atrais mais leitores, isso é tão legal da sua parte!

Agradeço também por todos os elogios que você fez a história e, dedico a você este capítulo, como uma pequena retribuição.

Espero que goste!



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— Está tudo bem, Marinette? - Era mais que óbvio que não, a mestiça de cabelos azulados  não estava bem, visto que seus olhos anilados transbordavam lágrimas torrencialmente. Contudo, Adrien,  que tinha ambas as mãos sobre os ombros da garota desde o momento em que se chocaram, mais que preocupado, sabia que aquela era a forma mais adequada de iniciar a conversa e saber o que estava acontecendo.

O que ele definitivamente não esperava , é que a asiática fosse crispar o semblante no mais puro ódio e estreitar os olhos em sua direção.

“Oh não. Má-rinette está de volta”, dizia seu subconsciente piadista e, aparentemente, suicida.

Atordoando-o ainda mais, a jovem simplesmente o empurrou com violência, a fim de romper o contato que mantinham, antes de bradar:

— Como você tem coragem de perguntar se está tudo bem?

O modelo engoliu em seco. De fato, estava lutando com todas as suas forças para não se encolher, ante o olhar cristalino, habitualmente tão doce, que no momento, pingava fúria.

— Marinette… - Murmurou, perturbado. - Eu não estou entendendo o que está acontecendo. - Alegou, em tom de súplica.

Novamente, viu-se surpreendido com a risada seca e sem humor que abandonou a garganta da outra.

— Isso está acontecendo! - A mestiça exclamou, atirando contra o peito do rapaz o que parecia ser uma folha de papel amassada, a qual ele nem percebera que ela vinha segurando.

O loiro, que havia pegado o papel por puro reflexo, passou os olhos pelo seu conteúdo, sentindo o queixo cair involuntariamente.

E a reação que teve em seguida foi tão rápida e espontânea que, mais tarde, nem ele ou a mestiça saberiam explicar precisamente como se deu.

Com apenas um movimento de olhos, Adrien percebeu que o carro que seu guarda-costas dirigia já estava fora de seu campo de visão, bem como, que muitos alunos haviam se aglomerado na entrada do colégio para acompanhar a confusão iminente, alguns, inclusive, sustentando seus celulares para registrar tudo.

Com o instinto de autopreservação aguçado que tinha, cortesia dos anos que passara sob os holofotes como modelo juvenil, o garoto não tardou em agarrar a colega de classe pelo pulso e sair correndo, levando-a consigo.

— O que pensa que está fazendo? - Gritou a garota! - Me larga! - Exigia enquanto era praticamente arrastada.

Todavia, um tanto aliviado pela sorte de não ter sido seguido por ninguém, o loiro só parou quando alcançou um estreito beco, localizado cerca de duas quadras da escola, o qual descobrira durante uma de suas muitas missões ocorridas no período de estudo. A vantagem do lugar era que sua entrada encontrava-se estrategicamente encoberta por uma das inúmeras largas placas espalhadas pela cidade, que ostentavam os anúncios de perfume que o jovem protagonizara, dando a comodidade de quem se abrigava ali estar praticamente imune aos olhares dos transeuntes. Isso fazia com que ele se sentisse praticamente dono do local.

Uma vez que ambos estavam abrigados no  esconderijo improvisado, Marinette puxou seu pulso com violência da mãos de Adrien e passou a esfregá-lo.

— Eu machuquei você? - O loiro perguntou,  a consciência pesando ao reparar na vermelhidão que se espalhava pela pele alva da asiática.

— Não. - Negou ela, por puro orgulho, embora, em seu íntimo, questionasse de onde o rapaz havia tirado tanta força. Tudo bem que ele era esgrimista e praticava alguns outros esportes, mas definitivamente não fazia o tipo bruto.

Percebendo a mentira na negativa da colega, o modelo sentiu sua coragem vacilar um pouco. Estava conseguindo deixar a situação pior a cada segundo.

— Marinette, eu… - Começou se aproximando.

— Fica longe de mim! - num impulso, a mestiça praticamente gritou, fazendo com que o outro se questionasse porque aquela declaração o ferira tanto.

— Eu não fiz isso! - Alterou-se de volta, erguendo o pequeno cartaz, percebendo que uma abordagem sutil não adiantaria.

— Claro que não fez. - Respondeu ela. - Eu sei muito bem quem fez, porém não teria feito se você não tivesse lhe dado a maldita conversa! - Praticamente cuspiu as palavras.

— Mas eu não dei a conversa para ninguém! - Exasperou-se, começando a vasculhar a própria bolsa escolar, de onde arrancou um caderno, o qual abriu.

Marinette observou o loiro, de forma afobada, folhear as páginas pautadas, até encontrar o que procurava: a folha original da conversa perdida. A causa de toda aquela confusão.

— Viu? - Perguntou ele. - A conversa continua comigo. Eu não entreguei para ninguém Marinette, nem tenho participação nisso. - Garantiu.

Outra risada sem humor rasgou a garganta da menina.

— Não desafie a minha inteligência Adrien. - Contestou, fazendo o garoto murchar novamente. - Eu sei muito bem que você  não precisaria entregar a conversa para que isso acontecesse. - Alegou. - Bastaria enviar uma foto ou uma cópia. Como esta, que está no cartaz. - Emendou. - Agora, me diga. Se a conversa estava com você, o tempo todo, quem bateu essa foto? - Indagou, exibindo-lhe o cartaz que arrancara mais cedo na escola.

Adrien emudeceu, contendo o desespero de não ter resposta para o questionamento.

— Eu não sei… - Murmurou.

— Viu só? - Perguntou a mestiça. - Você pode não ter sido o responsável por ter escrito essas palavras, impresso esses cartazes ou espalhá-los pela escola. - Começou. - Mas não deixa de ser culpado por tudo que aconteceu.  - Acusou. - Pois se aconteceu foi porque você permitiu! - Reforçou, os berros mesclados ao pranto.

O loiro levou ambas as mãos à cabeça, transtornado.

— Como pode dizer isso? - Perguntou, verdadeiramente magoado. Jamais imaginara que ouviria palavras tão ásperas saídas da boca da mestiça, ainda mais direcionadas a si. - Eu não pedi para ser envolvido nisso! - Exclamou, sentindo a própria paciência se esgotar. - Não pedi para aquela bola de papel acertar a minha cabeça, tampouco para saber o que estava escrito nele. - Afirmou com vigor. - Mas aconteceu, quando eu vi, já estava metido nessa história. O que queria que eu fizesse?

— Que devolvesse a maldita conversa! - A menina gritou de volta, sem se intimidar com o fato de estar sendo confrontada.

— PARA QUEM? - Bradou, sentindo todo seu autocontrole ruir.

Marinette arregalou os olhos. Foi a primeira vez na conversa que Adrien erguera a voz.

Não.

Não apenas isso. Foi a primeira vez, na vida que gritara com ela. Na verdade, agora que parava para refletir, nunca tinha visto o loiro gritar com ninguém antes.

Ele aparentava ser tão calmo. Sempre solícito e educado. A imagem do loiro enfurecido, perdendo as estribeiras, nunca havia passado por sua mente. Mas era exatamente essa a visão que estava tendo agora.

A face levemente bronzeada, que costumeiramente exibia o semblante gentil, estava tomada pelo rubor. Os olhos verdes vivos e límpidos, haviam assumido o tom ácido, dando a impressão que poderiam corroer, em segundos, qualquer um que fosse tolo o bastante para encará-los. Até os cabelos, sempre impecáveis, encontravam-se desalinhados, para não dizer revoltos, ajudando a criar uma enorme rachadura no conceito perfeito que a mestiça tinha do modelo, o qual mantinha incólume em um pedestal.

Também, pela primeira vez, desde que se apaixonara, passou pela cabeça da garota que talvez, apenas talvez, ela não conhecesse o rapaz tão bem quanto imaginava.

Mas claro, essa ideia passou por sua mente de forma tão veloz, que não foi capaz de abalar toda a mágoa acumulada em seu interior, e só a faria refletir realmente, mais tarde, quando estivesse em reais condições de pensar.

Por sua vez, Adrien sentia como se, ao menos em parte, tivesse se libertado. O normal, seu lado prudente sussurrava em sua mente, era que ele pensasse que havia perdido o controle. Mas então, por que sentia exatamente ao contrário? Por que tinha a sensação que, estava abandonando o piloto automático para realmente assumir as rédeas da situação? Quando fora a última vez que fizera isso mesmo? Quando fora a última vez que gritara com alguém? Quando realmente estivera no comando de alguma coisa?

Estava farto se deixar tudo nas mãos dos outros e se contentar com a comodidade de apenas acatar as decisões alheias ou ter as próprias submetidas a aprovação. Não era sempre assim? Com seu pai, Nathalie, Ladybug…

Provavelmente por isso, em vez de se conter, como havia treinado para fazer a sua vida inteira, resolveu continuar gritando. Mesmo sabendo que certamente se arrependeria depois.

— Diga Marinette, para quem eu deveria devolver? - Indagou, erguendo a conversa original sob o olhar arregalado da outra. - Quem são essas pessoas? O que você tem a ver com tudo isso? Quem é “Lótus”? - praticamente despejou as perguntas, sem pausa, semelhante a um locutor de documentários. - E principalmente, porque eu estou envolvido nisso tudo? - Concluiu, sem deixar de fitar as orbes aniladas.

Tanto que viu, nitidamente, quando a raiva se desvaneceu em meio ao azul, para dar lugar a tristeza, que marejou as íris límpidas.

Marinette estava chorando. Por sua causa.

Foi então que a primeira pontada de culpa o atingiu. Mais cedo que esperava.

— Marinette, eu… - Era a segunda vez que dizia essa frase ao tentar se aproximar da mestiça. E, pela segunda vez, ela se afastou, de pronto.

— Vai embora, Adrien. - Pediu, abraçando o próprio corpo, sem largar o cartaz que vinha segurando.

— Me desculpa, eu… - Tentou insistir, apenas para ser cortado novamente.

— Me deixa sozinha.  - Clamou, abaixando a cabeça.

Todavia, mesmo que estivesse se concentrando em fitar os próprios sapatos, foi capaz de perceber que o loiro sequer se moveu. - Por favor. Ao menos isso. - Praticamente suplicou.

O modelo arfou, derrotado. Sentia como se algo muito importante estivesse prestes a escorregar pelos seus dedos para, irremediavelmente, se estilhaçar contra o chão.

Mas ele não podia permitir. Não conseguia admitir perder algo tão precioso. Mas o que ele estava perdendo mesmo?

Completamente, desnorteado, alisou os fios dourados com os dedos uma última vez, antes de falar:

— Você pode ficar com isso.

A declaração chamou a atenção da asiática, que ergueu a fronte, levemente curiosa, apenas para deparar-se com a folha que continha a conversa sobre a “Operação Jardim Secreto”.

E teve de usar de toda a sua força para não esfarelar o dito papel ali mesmo. Se não fosse pela existência dele… Nada daquilo estaria acontecendo. Ela poderia seguir remoendo sua paixão por Adrien miseravelmente, contudo, anonimamente. Não em público, tornando-se um vexame municipal, talvez até mesmo, nacional.

Roboticamente, apanhou a folha.

— Claro. Você não precisa mais dela. - Murmurou, sem emoção. - Já fez estragos o bastante. - Concluiu, tornando a abaixar a cabeça.

Adrien preferiu não contestar. Simplesmente deu as costas e caminhou para fora do beco, deixando a colega de classe sozinha.

Assim como ela pedira. E também apenas por isso.

Surpreendendo a si mesmo, tomou o rumo contrário a escola e seguiu caminhando. Não sabia para onde estava indo, mas estudar estava fora de cogitação. Não conseguiria, de qualquer forma.

Entretanto, o cochicho das pessoas pelas quais passava, bem como as tentativas discretas de apontar-lhe, o fez soltar um muxoxo desanimado. Não podia sequer andar para espairecer sem ser reconhecido, o que significava que logo seu segurança estaria atrás de si. Sem melhores alternativas, desceu a escada do metrô, onde encontrou um canto escuro em que pudesse se transformar. Uma vez que assumisse o manto de Chat Noir, decidiria para onde ir.

— Não me diga que está pensando em ir atrás dela? - Plagg perguntou, desanimado, ao ser forçado a sair da bolsa escolar. - A garota praticamente te humilhou. Arrastou sua dignidade, que já não é muita, no chão.

O loiro revirou os olhos. Só pretendia esfriar a cabeça queria dizer, mas foi então que, pela primeira vez, a reclamação do amigo felino lhe pareceu algo a se considerar.

— Plagg, você é um gênio! - Exclamou.

— O quê? Não! - Contestou o bichano, arrependido por ter aberto a boca. Sabia o quanto as coisas poderiam se complicar, caso o garoto levasse a ideia adiante. - Não foi uma sugestão! Quando eu perguntei, queria que entendesse que isso é uma péssima ideia! - Insistiu.

— Péssima por quê? - Indagou. - Eu achei brilhante. Se Marinette não quer me escutar como Adrien, que me escute como Chat Noir. - Declarou.

Dessa vez, o gatinho foi quem rolou para cima as orbes fluorescentes.

— Ah claro, espertalhão. E como você pretende esclarecer as coisas para ela sem entregar sua verdadeira identidade? - Questionou, cruzando os bracinhos.

— Não esquenta, eu me viro. - Respondeu, simplesmente.

— Não vou. - O kwami garantiu, dando de ombros. - Sua vida amorosa não é da minha conta, de qualquer forma. Aliás, eu nem sei porque eu me preocupo. Aposto que você vai dar para trás de novo, que nem fez na semana passada. - Provocou.

Adrien olhou o pequeno companheiro, desconcertado. Não esperava que ele fosse trazer a tona a noite em que fora visitar Marinette para tentar aliviar a sua confusão mental e, no fim, desistiu, apenas por ter lhe encontrado meditando, em posição de Lótus.

— Eu não dei para trás! - Defendeu-se. - Apenas fiquei…

— Perturbado? - Plagg interrompeu. - Parece que essa garota tem esse efeito sobre você. Não é um motivo para manter-se longe? - Perguntou. - Afinal, não é a Ladybug que você ama? - Arrematou, com sarcasmo.

O loiro comprimiu os lábios, revoltado. Mas Plagg deveria saber que, a última coisa que se deve fazer a uma pessoa exaltada, é tentar desencorajá-la de uma ideia ruim, a menos que queira vê-la fazer exatamente isso.

Ou talvez ele soubesse.

— Você vai engolir cada uma das suas palavras. Eu não vou dar para trás, dessa vez. - Garantiu, estreitando os olhos. - Mostrar as garras. - Foi a última coisa que disse, antes que a luz esverdeada irradiasse o ambiente.

 

• • •

 

Falar era definitivamente mais fácil que fazer.

Tanto que Chat Noir estava parado a que pelo menos vinte minutos, no alto de um dos prédios que estruturavam o beco onde Marinette ainda se encontrava, apenas olhando a figura deplorável da garota, que estava sentada no chão, abraçando as próprias pernas, com a testa colada nos joelhos.

Mais que isso, também não esperava ter sido atacado por um intenso sentimento de egoísmo. Afinal, estava afoito para consertar a própria situação perante a colega, que nem se preocupou em como era perigoso que ela permanecesse naquela situação. Ele não precisava olhar muito para saber que Marinette, naquele momento, era um algo gritante, praticamente indicado por setas neon, para qualquer akuma.

Logo, a coragem para descer e iniciar uma conversa morreu pouco a pouco, contudo, desistir também estava fora de questão, ou Plagg lhe atazanaria pelo resto de sua existência.

Foi quando em um movimento súbito, a mestiça saiu da posição em que se encontrava, fazendo com que o herói felino se retraísse, temendo ser visto. Contudo, aliviado, constatou que a garota apenas conferia algo em seu celular. Algo que a fez rir com escárnio em um primeiro momento, apenas para, no seguinte, tornar a se encolher e soluçar baixinho.

Foi então o rapaz decidiu que era hora de intervir. Já havia esperado demais. Assim, num rompante de confiança, tomou fôlego, antes de falar na altura necessária para que ela o escutasse lá de baixo:

— Você não sabe que sou o único gato que pode miar nos becos dessa área? - Perguntou.

Mesmo de cima, o loiro pode ver que a menina sobressaltou, assustada. Contudo, logo depois, lhe presenteou com uma risada baixinha, porém, verdadeira.

Encorajado, esticou o bastão até que ele tocasse o solo e apoiou-se nele, o que fez com que descesse, conforme o objeto retomava seu tamanho normal.

— Posso saber o que a mocinha faz aqui essa hora? - Indagou,  assim que seus pés tocaram o solo, sentando-se ao lado da garota em seguida, sem esperar um convite. - Não deveria estar na escola?

De esguelha, o herói percebeu que a asiática virou o rosto para o lado oposto ao que estava sentado, provavelmente, tentando esconder a cara inchada em razão do choro.

— Eu poderia te fazer a mesma pergunta. - Retrucou Marinette, te tentando secar o rosto de forma atrapalhada.

O loiro soltou uma risadinha.

— Você não sabe quem eu sou de verdade. Não pode me cobrar isso. - Argumentou. - Eu, por outro lado, sei quem é você. Sei onde estuda e onde mora, então, me sinto no direito de perguntar.  - Emendou.

— Parece que estou em desvantagem então. - Declarou a mestiça, desistindo de esconder os olhos avermelhados e virando para encarar as orbes felinas diretamente. Ao menos as lágrimas haviam cessado.

Chat Noir arregalou os olhos levemente. Marinette estava cobrando saber sua identidade ou tinha entendido errado? Ele nem havia percebido como seu corpo havia enrijecido, até que mais uma das risadas desprovidas de intensidade da garota ecoasse pelo local apertado.

— Devia ter visto a sua cara. - Contou a asiática.

— Muito engraçada. - O herói pontuou com sarcasmo.

Um breve silêncio se seguiu, enquanto a menina ponderava se iria corresponder a tentativa de diálogo do vigilante parisiense. Nas atuais condições, não sabia dizer se era melhor conversar ou ficar sozinha.

De toda forma, sentia o desejo de poder contar tudo para alguém alheio ao que vinha lhe ocorrendo no último mês. Só assim, talvez, obtivesse um conselho livre de influências.

Resoluta, decidiu que o risco valia a pena.

— Não precisa ficar enrolando Chat. Pode perguntar o que está querendo. - Falou, brincando com a barra da própria blusa. - Você já é um amigo. - Confessou.

A menina chegou a temer que o loiro achasse sua declaração exagerada, mas ignorou a sensação, pois não falava nada menos que a verdade. Afinal, o portador do Miraculous não sabia, mas eles eram sim amigos de longa data. Ademais, tinha que considerar o dia da batalha contra Glaciator, em que, momentos antes, o felino aparecera em sua varanda, deprimido. Na ocasião, eles definitivamente tinham passado momentos agradáveis e, compartilhado informações que, por vezes, companheiros de anos não revelam. Logo, era normal que se sentisse mais próxima do parceiro que nunca.

Por sua vez, Chat Noir sentia que em seu interior, dois sentimentos disputavam a liderança: a lisonja, por ser considerado duplamente amigo da mestiça, e a aflição, de não saber se, após aquele dia, conseguiria manter a amizade com ela também em sua forma civil.

Poderia o relacionamento que mantinham enquanto ele estava sob o manto heróico compensar a perda da outra parte?

Isolando tais pensamentos em um canto de sua mente, tratou de focar no objetivo de ter ido até ali e aproveitar a vantagem de ter recebido da garota carta branca para perguntar. Da mesma forma, ignorou sua consciência que dizia que o que ele estava fazendo era totalmente egoísta, visto que, Marinette, estava para desabafar um assunto com a última pessoa que queria falar no mundo, sem realmente saber disso.

Não, aquilo não era egoísmo. Não estava fazendo para a própria vantagem, mas para o bem da mestiça, que poderia ser facilmente akumatizada caso permanecesse em silêncio, tentava se convencer.

— Então… - Começou, cautelosamente. - Por que estava chorando? - Resolveu que ser direto poderia ser a melhor opção. Afinal, a própria asiática pedira menos enrolação.

A adolescente pareceu pensar alguns segundos, antes de responder:

— Por isto. - Contou, entregando o cartaz que espalhara pela escola a verdade sobre a “Operação Jardim Secreto”.

O loiro apanhou o papel e passou a ler as linhas, embora não precisasse, fingindo uma expressão de estranhamento conforme a leitura avançava. Ao concluir, tornou a encarar a mestiça.

— Bom, isso realmente pode ser bem constrangedor, dependendo do seu grau de envolvimento nessa tal operação. - Opinou, de forma sugestiva.

Marinette entendeu a deixa. Chat queria saber o que ela tinha a ver com aquela história toda. A questão era se ela estava pronta para contar.

Ela não tinha o costume de falar abertamente sobre seus sentimentos por Adrien, a não ser para Alya. Mas sabia que um número de pessoas até perigoso tinha ciência da situação: seus pais, Alix, Mylène, Juleka, Rose, Nino e, agora, provavelmente, o próprio modelo e o resto da escola. Então qual seria o problema em dizer? Chat Noir não havia lhe confiado a sua paixão por Ladybug, mesmo sem saber que estava falando com a própria? Talvez, também contar a ele o seu segredo, lhe redimisse de alguma forma.

Foi então que, decidida, ela desabafou.

Desde o fato de estar apaixonada paralelo modelo teen mais cobiçado de Paris, até as suas tentativas falhas e inúteis de demonstrar tais sentimentos. Claro, sem entregar detalhes, como o momento exato em que tudo começou, ou as milhares de fotos que tinha do garoto pregadas pelas paredes de seu quarto. E embora estivesse extremamente constrangida, não podia negar que, de certa forma, também se sentia mais leve.

Por sua vez, Chat Noir sentia, a cada palavra proferida pela mestiça, a culpa crescer em seu interior. Estava, realmente, arrependido daquela ideia. Ele esperava poder ajudar a menina a se sentir melhor e enfrentar a situação, mas não contava com o fato de que fosse se sentir tão mal e, talvez, não pudesse lidar com aquilo.

Assim, conforme a garota praticamente despejava a história em cima dele, ele buscava de forma desesperada , em sua mente, uma solução. Sem, entretanto, deixar de assimilar uma frase sequer.

— E agora… - A asiática declarou, reticente, logo após terminar de narrar os eventos daquele dia. - Como se não fosse ruim o bastante ter essa história espalhada para a escola toda, alguém achou que seria interessante fazer com que toda a França também soubesse. - Contou, desbloqueando o próprio celular para mostrar ao herói que algumas fotos do cartaz já circulavam em publicações de redes sociais, com direito a citação do seu nome e do nome do modelo.

O portador do Miraculous da Destruição arregalou os olhos fluorescentes, chocado. Não havia-lhe ocorrido, até aquele momento, que poderiam publicar toda a confusão na internet. Será que a situação não pararia de piorar?

— Acho que depois dessa, vou ter que me mudar, né? - Ao ver que o loiro permaneceu mudo, garota zombou da própria desgraça. - Talvez para a China, tenho parentes lá. - Cogitou, desejando realmente poder fazer algo do tipo. Infelizmente, estava presa a Paris. Mas isso Chat não sabia.

— Eu não sei bem o que dizer. - O felino finalmente se manifestou. - Mas algumas pessoas têm o costume de dizer que fugir não é a melhor solução. - Gracejou.

Marinette sorriu, um tanto desolada.

— Sério? - indagou . - Nenhum conselho?

— Eu não sou a pessoa mais indicada para dar conselhos amorosos. - Falou enquanto brincava com as orelhas negras e pontudas que tinha no topo da cabeça. - Mas acho que você percebeu isso, depois de ter visto o fiasco que foi o encontro que eu planejei com a Ladybug. - Completou, com humor.

A mestiça se remexeu de forma desconfortável. Contudo, Chat Noir não percebeu.

— Ela me rejeitou aquele dia, sabe? Logo depois que eu te salvei. - Continuou. - Me rejeitou antes eu tivesse a chance de me confessar. - Emendou. - E disse que ama outro. - Completou, de forma amuada.

A jovem sino-franca sentiu o coração apertar, ante a confissão do rapaz. Claro que ela já sabia de tudo aquilo, mas ouvir a história da boca dele… Fazia com que tudo parecesse ainda mais doloroso.

— Eu… - Marinette não sabia como reagir. - Me desculpe. - Pediu, sem pensar.

Dessa vez, foi Chat Noir quem soltou uma risada sem humor, encarando-a em seguida de forma divertida.

— Por que está se desculpando? - Perguntou, vendo ela arregalar os olhos.

— E-eu… - A asiática atrapalhou-se. - E que… - Tentava pensar depressa. - Eu estou aqui despejando as minhas lamúrias em cima de você, quando tem os próprios problemas para lidar. - Mentiu.

O herói a encarou com carinho. Marinette capacidade de se preocupar com ele mesmo estando com o coração em pedaços. Com o coração em pedaços por causa dele.

— Não precisa se desculpar. - Declarou. - Fui eu que pedi para que você contasse, não foi? - Lembrou.

— Foi. - Confirmou a garota. - Ainda assim, eu sinto muito que não seja correspondido.

— Acontece. - Deu de ombros. - Bem, deixemos a minha desgraça amorosa de lado e voltemos para a sua… - Brincou, vendo a menina estreitar os olhos em sua direção. - Eu disse que não posso dar conselhos amorosos, mas tenho alguns dons investigativos. - Se gabou, dando uma piscadela.

— E no que isso me ajudaria? - A mestiça de cabelos negro-azulados indagou, franzindo o cenho.

“É agora!”, pensou o loiro. A hora que seria completamente egoísta. Contudo, não podia deixar de lutar com todas as armas para salvar a amizade que tinha com Marinette. Sabia que, como Adrien, ela não levaria suas palavras a sério, e ele também não ficaria em paz, caso não tentasse abrir os olhos dela.

Inspirando fundo, preparou-se para o debate que se seguiria.

— Tem certeza que o garoto que você gosta participou dessa armação toda? - Questionou.

Marinette arqueou uma das sobrancelhas em resposta.

— Não acho que ele tenha participado. Acho que apenas não teve a sensibilidade de guardar o assunto para si, e compartilhou uma foto da maior vergonha da minha vida com os amigos dele. - Opinou. - Ou seja, poderia ter evitado. - Concluiu.

— Certo… - Concordou Chat Noir, esticando bem o cartaz para que pudessem analisar melhor. - Mas se foi ele quem tirou e enviou a foto, porque o fez em um ângulo lateral, em vez de fotografar de cima? - Seguiu o questionário.

A jovem sino-franca arregalou os olhos, só então realmente se interessando pelas palavras do vigilante parisiense. Ainda que temesse estar se agarrando a um fio de esperança que fosse para continuar idolatrando o modelo, não podia negar que o raciocínio do loiro ao seu lado era intrigante.

— Se me lembro bem, você disse que a conversa original estava com ele até algumas horas atrás. - Rememorou. - Se ele fosse enviar uma foto para alguém, o normal não seria que colocasse o papel sobre uma superfície e registrasse a fotografia da forma mais nítida possível? - Perguntou. - Só que na imagem desse cartaz, dá para ver que a folha estava sendo segurada por alguém. - Revelou. - Veja, tem um dedo aqui. - Concluiu, indicando o polegar no canto da folha.

A garota apanhou o cartaz de volta para analisar as observações feitas pelo colega de batalha. Estava impressionada. Tanto por não ter dado a devida importância a esses detalhes antes, como pelo senso investigativo aguçado que o rapaz lhe mostrara, o qual raramente precisava usar durante as lutas contra os akumas de Hawk Moth.

— Por fim, eu sei que você disse que não acredita que o garoto participou diretamente dessa brincadeira de mal-gosto. - Continuou. - Se é que uma coisa dessas pode ser chamada de brincadeira. - Pontuou. - O fato é, eu também não acredito que ele tenha participado. Pois se tivesse, provavelmente digitalizaria a conversa, em vez de fotografá-la, para que ficasse o mais nítida e legível. - Concluiu seu raciocínio.

Marinette o encarou, impressionada. Teria levantado e aplaudido, se estivesse com humor para tanto.

Todavia, por mais que as conclusões de Chat Noir fossem brilhantes e, esclarecessem muita coisa, não mudavam muito a situação em que ela se encontrava. Logo, suspirou desanimada, vendo o olhar interrogativo do herói crescer sobre si.

— Mesmo que suas palavras praticamente inocentem Adrien… - Começou ela, um tanto tristonha. - Não mudam a vergonha que eu passei e ainda vou passar. É provável que a cidade inteira saiba que eu gosto dele agora. Consegue imaginar o inferno que será voltar para a escola? - Indagou.

— Infelizmente, não acho que consigo te ajudar nessa parte. - Comentou o loiro. - Sinto muito. - Lamentou.

A garota abriu um sorriso singelo.

— Não precisa sentir. - Garantiu. - No fim das contas, você aliviou a parte que doía mais. - Contou, levantando-se.

Chat Noir não pôde deixar de corar e arregalar os olhos, ante a declaração da outra. Por outro lado, o seu subconsciente praticamente ria da sua cara. Como poderia ser ele o responsável tanto por machucar, quanto por aliviar a dor da menina que estava a sua frente?

— O que vai fazer? - Perguntou, vendo que ela batia nas próprias roupas, a fim de retirar a sujeira.

— Não posso me esconder para sempre. - Respondeu, simplista. - Se eu vou ter que voltar de qualquer forma, que seja agora. E também, é provável que minha turma esteja precisando de uma bruxa. - Brincou. - Não posso abandonar o teatro quando a nota dos meus amigos depende dele. - Concluiu.

Em um salto, o heroi também se levantou e caminhou até estar ao lado da garota, sem conseguir esconder em sua expressão a admiração pela coragem dela de retornar ao colégio, mesmo sabendo de tudo que teria que enfrentar

— Mesmo nessa situação, você ainda tem forças para lutar pelos seus amigos. - Comentou. - Você é muito boa Marinette. Boa demais para ser chamada de bruxa.

A mestiça sorriu.

— Não haveriam boas histórias se todos os personagens fossem príncipes e princesas. - Deu de ombros. - Eu particularmente não me importo com o meu papel. - Emendou.

— Pensamento admirável, como sempre. - Externou o felino. - Mas eu ainda acho que você tem mais jeito de princesa. - Acrescentou, com uma piscadela galante, que fez a asiática revirar os olhos.

— É muito gentil da sua parte, mas está mesmo na hora de eu pegar a minha vassoura e voar de volta para a escola. - Brincou. - Obrigada por tudo Chat! - Agradeceu, abraçando o jovem heroi em um gesto completamente impulsivo.

O loiro travou, surpreso, mal conseguindo retribuir o gesto, o que apenas divertiu a outra, que não tardou a se soltar e correr poucos passos até a saída do beco. Contudo, surpreendendo novamente o rapaz, ela parou antes de alcançar a calçada e voltou-se para trás, de modo que pudesse novamente encará-lo.

— Chat. - Chamou.

— Diga. - Incentivou o herói, tomado pela curiosidade.

Marinette pareceu ponderar se realmente deveria dizer o que tinha em mente, antes de continuar:

— Você vai conseguir continuar sendo amigo da Ladybug? - Ela parecia receosa.

O leve arregalar dos olhos fluorescentes do garoto, denunciou que, de todas as perguntas, definitivamente não esperava aquela.

— Sim. - Confirmou, após pensar um pouco.

— Como? - Questionou a jovem.

Chat Noir suspirou.

— Eu prefiro a amizade dela que nada. - Garantiu. - Não posso imaginar ter de ficar longe dela. - Completou.

Porém, percebendo que a garota parecia analisar as suas palavras, tratou de completar:

— Mas isso não é um conselho. É o que eu entendo ser melhor para mim. - Explicou. - Você não precisa se obrigar a ser amiga do cara que você gosta apenas porque ele a vê assim, Marinette. - Afirmou, tentando não transparecer o quanto aquelas palavras eram amargas para si. - Você não deve se sentir culpada em se afastar, se achar que é o melhor. Não há problema em ser egoísta às vezes. Pensando bem, acho que você já é altruísta o bastante. - Concluiu, abismado consigo mesmo por, de certa forma, incentivar a mestiça a ficar longe de si, caso ela quisesse.

Pois ele definitivamente não queria.

Um silêncio incômodo se instalou entre os dois, precedendo o sorriso triste que a menina abriu, antes de menear a cabeça positivamente.

— Certo. - Murmurou. - Até mais, Chat! - Despediu-se, correndo para fora do beco.

— Até mais, princesa. - Chat Noir respondeu, de forma triste, antes de esticar o bastão e saltar para longe.

 

• • •

 

Adrien caminhava, cabisbaixo, sem pressa de chegar onde quer que fosse. Com uma risada, sem humor, percebeu que ele estava exatamente do mesmo modo em que encontrava-se antes da conversa entre Chat Noir e Marinette: Sem rumo.

Definitivamente, as coisas não haviam saído da forma que idealizara. Ele esperava, com aquele diálogo, apenas facilitar as coisas para que sua personalidade civil pudesse fazer as pazes com a menina. Entretanto, por não conseguir controlar sua maldita curiosidade, acabou por sanar a dúvida que vinha lhe atormentando nas últimas semanas: A colega de sala realmente era apaixonada por si. Para tornar a situação ainda mais ridícula, ele acabou incentivando a garota a se afastar, quando perder a amizade dela era o que menos desejava. Não tinha tantos amigos assim para se dar ao luxo de desperdiçá-los.

No fim das contas, mesmo que tivesse tentado colocar panos quentes na situação na forma de Chat Noir, ele sabia que não poderiam permanecer daquela maneira. Ele não poderia fugir da mestiça. Não era justo com Marinette, mantê-la no escuro. Tinha de ser sincero com ela.

Assim como sua Lady fora consigo.

Imerso em tais pensamentos, mal percebia onde seus pés lhe levavam, retornando a realidade apenas quando ouviu uma voz conhecida gritar seu nome.

— Até que enfim, cara! - O timbre pendia entre o alívio e a indignação.

Adrien ergueu a fronte, deparando-se com Nino, que corria para se aproximar. Quando o moreno finalmente o alcançou, estreitou os olhos de forma irritada.

— Onde tu se meteu? - Perguntou.

— Por aí. - Deu de ombros, mal se preocupando com a exasperação do outro.

— E a Marinette? - Conseguiu se acertar com ela? - O DJ questionou, sem disfarçar a preocupação com os dois colegas.

Adrien desviou os olhos. Podia ter tido algum sucesso em conversar com a mestiça em sua forma heroica, mas o mesmo não podia ser dito de sua identidade civil.

— Foi um desastre. - Respondeu.

O moreno arqueou as sobrancelhas, realmente surpreso com aquela informação.

— Sério? - Indagou. - Do jeito que você saiu puxando ela, na frente da escola toda… - Lembrou. - Pensei que fossem e entender. Parecia até cena de filme. - Contou.

— Eu duvido que a gente vá se entender tão cedo Nino. - Declarou, visivelmente chateado. - A Marinette, ela… - Continuou. - Ela gosta de mim.

A gargalhada do DJ surpreendeu o modelo.

— Uau, novidade do século! - Ironizou. - Descobriu sozinho ou ela precisou esfregar na sua cara? - Questionou, com curiosidade genuína.

O loiro bufou irritado.

— Você sabia. - Declarou, indignado.

— Eu e o resto da cidade. - Nino continuou zombando. - Para falar a verdade, acho que o único que não sabia mesmo era você. - Emendou.

— E você, como o belo amigo que é, nem para me contar, não é? - Acusou.

Dessa vez, o moreno deu de ombros.

— Eu também sou amigo dela. Não posso sair por aí entregando o segredo dos outros.

Embora estivesse fervendo de raiva por dentro, o loiro resolveu que era melhor ignorar aquele sentimento, ou iria descontar toda a sua frustração no garoto a sua frente, podendo, no fim das contas, perder dois amigos, em vez de apenas um. Assim, respirou fundo, a fim de relaxar o corpo.

— Quer saber, não importa. - Declarou.

Nino arqueou as sobrancelhas. Sabia que Adrien podia ser qualquer coisa, menos indiferente com os sentimentos alheios.

— Como não? - Inquiriu.

Adrien enfiou ambas as mãos nos bolsos, antes de responder:

— Você sabe que eu amo outra garota. - Lembrou. - E eu decidi dizer isso a Marinette assim que a encontrar novamente. - Completou.

Ele só não esperava que, ante aquela declaração,  o semblante do DJ fosse se contorcer, finalmente expressando uma irritação verdadeira, algo realmente raro de se ver. Assustado com a reação repentina, recuou um passo, com cautela.

— Ah, mas você não vai mesmo. - Nino afirmou com convicção.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam do DR do nosso casal?

No próximo capítulo, o início do festival Cultural (finalmente!).

Então é isso. Beijinhos e até o próximo!