A Origem escrita por Álex Henrique


Capítulo 8
Capítulo 8 – Do Ódio à Perfeição


Notas iniciais do capítulo

"...Mas quem a julgaria? Em meio à guerra, entendeu bem que a Antiguidade estava destinada à catástrofe devido a ingenuidade do líder antigo pois sua bondade agrediu sua vida e seu povo...", entretanto, a Rainha de Todos mostrara ter cometido o mesmo erro.



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Algum tempo se passou, a rainha já não era a jovial guerreira da primeira travada planetária que enfrentou, mesmo como um herói comum que consegue controlar sua juvenilidade estética, o que a possibilitava ter o corpo de uma humana de 20 anos, a mocidade de seu espírito já não era a mesma. Não seria possível calcular sua idade desde o surgimento do universo, com décadas e décadas de vida, poderia não surpreendentemente ter mais de 200 anos, ou 2000 anos terrestres. Sua personalidade obtivera pequenas mudanças, não perdera sua generosidade e compaixão pela vida dos seres ao seu redor, caráter imutável de seu legado, todavia a responsabilidade de governar um imenso planeta lhe deixava mais séria com seus deveres de Rainha, além de sempre estar à frente das relações interplanetárias.
             Esses fatores foram suficientes para distanciá-la um pouco da vida amorosa que tinha com Kendoran, desde sua obcecada paixão pelo conhecimento do mundo, Athenas não percebia o quão longe do marido ela estava e na alma do rei se plantava uma semente de ódio crescente, não apenas pela falta de importância que aparentava ter para a rainha, mas também pelo fato eterno de sua vida que o torturava com frases repetitivas e lancinantes em sua mente como a mais destrutiva: "Ela será sempre mais forte que eu"!
                Certo dia, inconformado com o distanciamento em relação a sua esposa, Kendoran foi para a cidade escondido e viveu por uma noite o pecado do prazer e da carne com outra mulher sem que outra pessoa daquela cidade coberta pela enorme muralha antiga soubesse. Não há defesa para sua ação; puro desejo, não compreendia o brilho nos olhos da rainha ao descobrir as coisas, e em contraste, ela também nunca descobriria a noite em que seu esposo cometera adultério e tivera voluptuosidade com outra mulher. Athenas continuava a amá-lo mas era desleixada e esquecia de demonstrar esse amor a ele por toda sua ocupação como rainha e por ora, preocupava-se com os resultados de seu segundo milagre, seria então surpreendida alguns dias depois com o terror que sua puerilidade trouxe.
                Ventos fortes subiam as areias próximas a imensa muralha do Reino onde se situava a maior parte dos heroicos, já que outros optavam pela secessão. Dentre as areias e vendavais era possível enxergar um ser quadrúpede monstro-dragão tendo uma altura próxima ao tórax da rainha com asas e dois pequenos chifres pontudos, um na testa e outro no peito, tal que seu corpo era brilhante, sua aparência era bela porém sua aura transtornava-se com um ódio irracional da rainha e estava disposto a mostrar que ela não era o ser mais poderoso do mundo. Ela atinou.
                 — Essa imensidão de ira e furor...! És a presença mais tempestuosa que senti em minha vida...
                 — Irá a ele minha rainha? — questionava o soldado real.
                — Ameaça a vida de meu povo, é óbvio que devo ir, sua zanga pode amedrontar-me de início, mas verás que me alento em meio a luta! — erguia-se ela de seu trono com o semblante íntegro e o olhar fulgente.
                Chegou a soberana rapidamente aos olhos luminosos da criatura que parecia ter surgido do céu, era assombrador seu ódio, motivo que o fez desenvolver os 3-S após ser afetado pela grande explosão. Ela o encarava dignamente, não era qualquer atroz, seu potencial ameaçava a vida de todo o planeta, antes não tivesse destruído toda a civilização. Não, ele não queria isso, era de sua preferência travar um combate frente a frente com a guerreira, esta então que não expressava reação nenhuma, apenas uma feição séria com o cetro em sua mão direita enquanto o ar se conturbava, tal que seus cabelos e capa balançavam. Num rápido movimento, o monstro empinou-se como um corcel e rugiu aos ares, tal que os antigos leões da Terra se estremeceriam ao ouvir. O chão desmontava-se com o bater de asas do desalmado para subir aos céus e Athenas tinha que proteger o Reino daquela ferocidade incontrolável. Pulando ao ar, a Rainha de Todos criara um campo de energia envolta de todo céu avistável pelo Reino firmado ao solo do mesmo para não rachar as estruturas internas protegendo-o da catástrofe que evidentemente o ser maligno pretendia causar. Espantou-o para o céu e incrivelmente a besta assim como Athenas, era capaz de andar sobre as nuvens, habilidade exclusiva dos dois, e rapidamente, o exótico se metamorfoseou num cavaleiro medieval com uma longa espada avançando ao alcance da alteza que não se movimentava para se proteger do ataque, este que foi uma tacada circular vertical da espada encima da guerreira que fora protegida por sua aura impenetrável que havia desvendado quando ainda estava descobrindo seus poderes retendo então a arma do cavaleiro. Voltava-se a forma de monstro que pulara para atrás carregando uma energia poderosa em direção a rainha e a própria se espantava: a fera estava criando uma estrela para disparar.
                 — Impetuoso és! — exclamava Athenas com repulsa.
                O andarilho de nuvens disparou-lhe uma estrela com uma assustadora energia, a guerreira então posicionou o cetro a frente de si e criou um campo de realidade paralela donde a estrela entrou diretamente e sumiu daquela existência. Dizia ela:” Tu não irás me fazer lutar, fera dos céus”! Era assertiva, ele não conseguiria mesmo, a Rainha de Todos apenas se esquivaria de todos os ataques do odioso, procurando encontrar um equívoco para aplicar-lhe a Técnica dos 3 Toques, na alma, no corpo e no coração, que o adormeceria instantaneamente. Contudo, Athenas sem lutar, ainda mostraria o porquê de ser a mais poderosa do universo apenas desviando do exótico embraveado. O monstro se alterou então num espírito de julgamento que alcançava o corpo da guerreira mas não a atingia de nenhuma forma, voltou-se e disparou um raio ao alto tal que este voltara em forma de várias lanças de energia. Soberana era ela que as observava concentradamente e fugia de todas que caíam no chão e destruíam tudo ao redor do Reino porém não faziam efeito devido o campo de energia envolta da cidade. Os cidadãos dentro da muralha desesperavam-se, viam o caos novamente. Irritado, a criatura transformou-se em elementais de fogo, água, terra e ar envolta da rainha que novamente seria protegida por sua aura e os elementais foram assim repelidos e unidos de volta ao monstro, mas este era incansável, bateu suas asas com força suficiente para cortar a dimensão do ar e Athenas defendeu-se com o cetro que expeliu os vendavais porém distraiu-se, não notou que a fera havia virado um ancião arqueiro e disparara uma flecha sagrada em tons dourados que perfurou a aura protetora acertando o ombro esquerdo da soberana fazendo-a ajoelhar a perna esquerda e assim reagir à dor agonizante, porém ponderou-se apesar de ranger os dentes em descontentamento explícito e viu o ancião voltar-se ao maligno. Levantou e avançou. Numa velocidade impressionante, foi ao metódico monstruoso que lhe mirara outra estrela e disparou novamente, Athenas porém se acautelou jogando seu cetro na frente e controlando o poder gravitacional da Estrela Maior de longe juntando os pulsos com as mãos abertas e depois separando-as rapidamente, expandiu a reluzente ao seu tamanho normal tal que absorveu a estrela do exótico e o cegou ao mesmo tempo. E então com a Estrela Maior voltando a estar reduzida, a rainha pegou o cetro e aplicou a técnica no monstro que adormeceu rapidamente, caindo intensamente em direção ao chão.
                Sua derrota era clara, não conseguira seu objetivo, porém, levou à tona o questionamento do poder total de Athenas, que nunca antes havia sido atingida por um ataque, talvez fosse culpa do esquecimento de sua mocidade. Ela então puniu a aberração trancafiando-o com uma aura de julgamento dentro de uma caverna escondida ao Sul do planeta, com a sentença de prendê-lo no tempo para que passasse 300 anos em sofrimento. Chamou-o de Sky devido a luta tida nos céus e proferiu impetuosamente: “...Não sairás daqui enquanto não tiveres a tortura equivalente ao seu ódio por mim, não escaparas da condenação por ferir meu corpo, por questionar meu poder, por desacatar minha autoridade. Sofrerás, sofrerás o fogo do inferno, o gelo horrendo, as almas mortas tortuosas, os gritos incessantes dos mortos e dos vivos, os pesadelos de um Sarcástico, o sonho de Jack Devil, o sangue dos desalmados, e tudo que o destino assim querer”! Sentia-se reprimida, vulnerável, insegura com seu poder, e não se contentava com um castigo tão comum quanto um piparote, o monstro deveria ser torturado para a satisfação dela. Mudara, realmente, mudara.
                Para o Reino, 1 ano de insegurança e pequenas batalhas de outros seres que haviam ganhado poderes e desafiaram a rainha, esta que não lutara pois seu próprio povo conseguia defender-se. Para a criatura porém, foram 300 anos que surtiam eternos de puro terror e tudo de mau que o universo nunca havia mostrado à existência física. A majestade duvidava de sua magnitude, foi marcada por um ponto fraco, o acerto de uma flecha dourada no ombro esquerdo, determinante para sua derrota se alguém assim soubesse. Sua aura deveria ser quase que imortal, porém um ser que com certeza poderia considerar-se um dos mais fortes do universo desestabilizou essa energia. Sentia então o peso de seu segundo milagre, a inocência de querer que cada ser tivesse sua proteção; culpava-se. Kendoran se deu conta disso, consolou-a durante esse tempo, mas algo estaria estranho. Se os soldados pudessem encarar o tempo de presença entre os reis, poderiam cogitar que o rei não aparentava estar infeliz com a insegurança da alteza. Se o vissem, estranhariam seu sorriso obscuro enquanto acariciava os longos cabelos da donzela que se encontrava de costas.
                Eis que o planeta se estremeceu e a ordem natural trouxe Sky à frente das vidas heroicas novamente mas Athenas não teria complacência como antes e se encontrou de frente com ele ao portão real. Desconfortável com o ser, atentava-se a qualquer movimento. Não ameaçara ser um perigo, contudo a Rainha de Todos estava transtornada, amedrontada com a possibilidade do exótico buscar vingança e desta vez conseguir a derrota dela, o projétil pontiagudo fora o suficiente para fazê-la perder sua resiliência. Cega pela ilusão de um temor, não sentiu uma das maiores maravilhas do destino. Os 300 anos de sofrimento fez com que os sentimentos de Sky explodissem em arrependimento puro de todo seu ódio e o destino lhe concedeu a perfeição total; tornara-se imortal, capaz de usar qualquer tipo de poder; tinha a escolha de ser onisciente e onipresente e sua onipotência já era garantida. Mas a majestade se precipitou, rapidamente aproximou-se ao monstro e este deixou-se ser adormecido normalmente, como se Aya o ordenasse; Lhe faria seu mascote exclusivo. Dessa vez todavia, seu adormecimento não tinha prazo aparente. Um esmerado como ele poderia interferir no universo totalmente como quisesse, mas Aya tinha seu controle, deusa era ela, que não o deixara interromper o equilíbrio do universo. Os mistérios do mundo eram cantigas para esta que tinha todo o saber, dona dos celestes representantes dos sentimentos universais e dona também de todos os universos, decidiu então que Sky, agora, Sky: The Paradise, só acordaria quando um ser representante da esperança nascesse e com isso o monstro teria o dever de proteger os céus do planeta heroico e se necessário, ajudar o regente da esperança que estaria destinado a surgir naquele planeta.
                Athenas descobriu essa perfeição em Paradise pouco tempo depois e ficou admirada em como o destino do mundo era misterioso. Eventos como esse e tudo que já havia acontecido antes, guerras, ressurreição, explosão de poderes, um ser perfeito, estariam registrados na Biblioteca do Universo. O legado da primeira Rainha de Todos seria lembrado pela eternidade e esta agora se encontrava na maior alegria do viver feminino... estava grávida.


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Notas finais do capítulo

Eis que o fim de uma geração começa a se aproximar...



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