A Origem escrita por Álex Henrique


Capítulo 6
Capítulo 6 – O Poder que Caiu do Céu


Notas iniciais do capítulo

Todo milagre é único...



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— Vossa Majestade! Veja! Uma luz se aproxima de nossas terras! Representará esta, um temível perigo para vossa integridade?
                — Acalme-se, oh cavaleiro! Não passa a ser um milagre de Aya sobre nossa existência, uma paisagem para nossos olhos.
                 — Vossa Majestade, lhe rogo a conclusão de vosso próprio olhar, não estou com uma boa impressão! És um brilho fortíssimo!
                A rainha não entendia tal preocupação e foi em direção à sacada buscando avistar a luz. Um vento forte resplandecia seus cabelos negros e capa vermelha, tal que combinavam à bela e simples armadura real.
                 — Oras soldado, que medo tens? É apenas uma simples... — ofuscando-se encontrou o motivo de desespero do soldado, e, hesitando, seu semblante mudara drasticamente para um ar sério — luz...?
                Pensava “o que será?”. O temor do soldado havia lhe contagiado. Desejou descobrir o exótico e resplandecente brilho. Deduzia ser uma estrela que caiu do céu, todavia não ouvira falar de um evento assim em sua vida, por ora, havia presenciado.  Ordenava ao cavaleiro para preparar um grupo de 5 soldados para inspecionar junto à ela a luz perdida. Era a priori naquele momento, o grupo se organizara rapidamente e liderados pela rainha, saíram da cidade principal em direção a localização mais aproximada de onde poderia ter caído aquele brilho exótico.
                Quanto mais se aproximavam, estranhavam o cenário. Os olhos de Athenas não se contentavam em ver a enorme cratera deixada pelo reluzente fragmento — ao que parecia realmente ser uma estrela — caído em terras desérticas distantes tendo como únicas vistas o sol e a natureza à esquerda e o Reino à direita. Não era corpo nem matéria, unicamente energia; brilhante, ofuscante e intrínseca. Tamanho pequeno, portável até para uma só mão, provavelmente estaria reduzida de seu tamanho normal. Athenas abeirava lentamente até se agachar ao lado do extravagante. Dizia a si mesma:
                 — Não. Não és qualquer estrela... — olhava firmemente para a brilhante — ...possui algo mais que excêntrico.
                Estava fissurada, achava ser uma Estrela Maior. Confirmaria isso ao olhar para o céu concentradamente e não enxergar vestígios da celestial próxima ao seu planeta. “É esta!”, exclamava inexoravelmente. Os cavaleiros estavam confusos. Irracionável era. Esta como a Estrela do Sul, por serem estruturais, possuíam uma capacidade incomensurável de energia. Uma estrela normal já era o suficiente para desintegrar o ser que lhe tocasse. Alcançar uma de perto: proeza digna de honrarias. Era extravagante. Talvez estivesse enfraquecida. Lembrou-se a rainha do raspão que lhe dera ao disparar um enorme poder em direção ao planeta desconhecido a fim de aniquilá-lo. 
                Por que havia caído, Athenas não iria descobrir. Naquela situação, estava obcecada, e não pensou duas vezes em pegá-la.
                 — Rainha Athenas...! — exclamava em tom de alerta um dos cavaleiros.
                Não percebia ele ou os outros. A digníssima alentava-se. Conduzia a estrela em suas duas mãos juntas por baixo do brilho; como se recebesse bênçãos. Erguia-se lentamente. Não lhe esforçara os olhos para piscar, estava encantada, a estética se assemelhava à concentração já realizada de um poder que não poderia ser disparado; magnífica era sua atração pela estrela. Os ventos sopravam com mais impetuosidade, a estrela agia; reação cósmica. O que poderia acalmar o tremor do chão desértico onde se encontravam? Longe de suas terras habituais, temeriam tudo. Os cavaleiros estavam em prontidão, não eram capazes de compreender o milagre daquele momento. Firmemente, a guerreira encarava a estrela a frente de sua visão, sentindo todo o caos ventoso ao redor capaz de balançar seus belos cabelos negros igualmente como balançava sua capa enquanto a luz da estrela resplandecia progressivamente espalhando energia pela área inteira na composição de um branco azul furioso. Proeza inédita. Seriam Jack ou Morgana capazes de realizar tal feito? Não se arriscariam a provar. Sendo assim, Athenas exprimia um dom quase que divinal e era digna de seu título e provavelmente bem mais. Era ela que portava o início e o fim do universo na palma de suas mãos, sustentava com segurança um dos dois pontos vitais para a existência do mundo. Não haviam dúvidas, Athenas era a rainha mais poderosa. Pretendia usar a Estrela Maior em nome do bem de toda a vida. Conclusiva na compreensão daquele momento, dizia aos cavaleiros:
                 — É hora! Vamos!
                Voltava para casa carregando a estrela à vista da população inteira que lhe aplaudiam pela ação. A veneravam, era heroína, salvadora, a esperança do povo. Ia rumo ao seu castelo onde encontrara o rei Kendoran com um semblante curioso e metódico.
                 — O que és? - perguntava à rainha.
                 — Nossa Estrela. Existência da vida — respondia ela com um olhar puro, generoso.
                Kendoran ficara sem palavras, estupefato. Via a doçura em Athenas tal que sua paixão queimava dentro de si. A jovem não notara, estava focada em criar um condutor para a Estrela, mas futuramente se entregaria aos braços do majestoso. Seria natural, os dois eram reis, próximos o tempo todo, tinham lá sua história. Não esperava o rei, que sua parceira fosse tão forte a ponto de carregar uma das duas estrelas cruciais de um universo inteiro. Era única, onipotente.
                Sua curiosidade era enigmática, procurava entender a energia daquela celeste em todas as maneiras possíveis até finalmente conseguir um objeto que o portasse com maestria: um cetro. Ficara conhecido como Cetro do Reino e possibilitaria inúmeras ações para a rainha, e não tardava o primeiro ato. Dentro da fortaleza interrogava:
                 — Como está nosso povo?
                 — Aflitos com a guerra vossa majestade — respondia-lhe o rei —. O luto é incrédulo e pernicioso, tal que a morte há de incomodar os vivos por suas perdas, suas famílias.
                 — Talvez eu pudesse fazer algo — cogitou.
                 — Desafiaria as regras da morte? És audaciosa — falou rindo.
                 — Sou justa! É de vosso entendimento, não pedimos guerra, todavia não fugimos. Não me permito aceitar a morte daqueles que foram por essa terra levados pelas garras malignas que a morte lhes mostrou.
                 — O que pretende então alteza?
                A rainha encarou o cetro e refletiu. Imaginava tamanho milagre que aquela pequena bola de energia estelar era capaz de apresentar. Não tinha nada a dizer ao rei, não haveria de ultrapassar um conhecimento que não possuía e então saiu para ir à montanha próxima a cidade; gigante e inabalável. Por dias naquela montanha ela ficou. Estudou, meditou, buscou em si e na natureza o conhecimento necessário para realizar o que queria. Era árduo mas não inalcançável, em sua harmonia e destreza, adquiriu o ápice de seu objetivo. Quando sentada, ergueu-se e olhava rumo à sua civilização. Seres de todas as formas e idades, abalados, necessitavam de uma luz, esperança que Athenas estava disposta a dar. Ergueram-se também as flores e o vento se manifestava sobre o gramado da colossal montanha; céu em terra. Sentiu que a natureza estava ao seu lado e continuou, fechando os olhos e movendo seu braço direito (que carregava o cetro) e o esquerdo lentamente para o alto, refletindo de olhos fechados aos céus a grandeza da esperança que confiou ao cetro. Sua aura surgira no mais perfeito brilho ardente e furioso e finalmente estava pronta. Proferiu então as seguintes palavras em um brando majestoso:
                 — Com o poder que tenho sobre o universo, reconstituo a ordem, e acima dela, as almas heroicas que se sacrificaram para defender vossas famílias e lar, e então, à partir da essência da vida, eu concretizo a Ascensão de vosso Reino!
                Mais que todas as estrelas do universo, a luz da Estrela Maior resplandeceu de maneira divinal por todo o mundo. Seres de outros planetas se perguntariam o que estaria acontecendo. E de repente, os destroços, rochas e terras pareciam mover-se, mas eram guerreiros heroicos levantando milagrosamente. Aqueles mantidos em casa arrancavam lágrimas de seus familiares ao verem heróis da guerra olhando suas próprias mãos verificando se realmente estavam vivos. Lágrimas de sofrimento e tristeza se tornaram alegria e gratidão; esperança correspondida. Outrora mortos, os heroicos da guerra voltaram à vida e procuravam suas famílias para comemorar, abraçar e recompor laços que um dia a morte lhes roubou. Aquela civilização tinha senso de humanidade melhor do que nenhuma outra, a complacência da rainha foi recebida com gratidão pelo seu povo, satisfez sua vontade; salvou as vidas injustiçadas. Talvez fosse repreendida por não ressuscitar os antigos como Kaiso e sua civilização. Mas quem a julgaria? Em meio à guerra, entendeu bem que a Antiguidade estava destinada à catástrofe devido a ingenuidade do líder antigo pois sua bondade agrediu sua vida e seu povo, diferente do Planeta Solitário que se negou a guerrear ou ajudar quem promovesse a guerra, os heroicos apenas se defenderam e a injustiça do destino de levar inocentes foi revertida. E não lhe importaria as opiniões alheias, fez o bem ao seu lar sem gerar outro genocídio, isso era o suficiente.
                Estando feliz, Athenas voltara para seu castelo em meio a aplausos, assobios e choros de felicidade e devoção, lhe achavam deusa. Agradecia tamanho amor mas negava ser divindade. Enquanto passava, os civis contemplavam tanto ela quanto o cetro, os dois motivos pela qual suas famílias haviam sido reerguidas. Ao chegar em seu trono, foi pega de surpresa em um único e rápido encontro dos lábios de Kendoran aos seus, ele que se distanciou constrangido após o ato. Foi súbito para o entendimento da majestade, o rei demonstrou afeto com seu olhar de carência para o chão e, levantando a cabeça para ver a reação da guerreira, foi recompensado com um belo sorriso de bochechas avermelhadas de vergonha. A rainha se aproximou, encarando-lhe... queria outro beijo, e outro, e outro. Não demorou a colocar as mãos no rosto límpido e impávido de Kendoran enquanto o beijava, e o rei, honrado era em segurar a cintura de sua amável moça. Admitiam laços, seriam eternos, homem e mulher, reis do Reino.
                Athenas negava ser uma deusa mas não teve como impedir o seu título tão importante que os seres lhe concediam: A Rainha de Todos. Era mais que merecido tal mérito, todas suas qualidades e feitos resultaram no seu legado como toda ação tem sua consequência. Por um extenso tempo os heroicos e todos os planetas da LT27 prosperaram em paz. E mesmo com o decorrer pacífico dos dias, um ato generoso em contraste com sua ingenuidade (semelhante a Kaiso) feito pela Rainha de Todos mudaria o rumo do destino de seu planeta novamente.


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Notas finais do capítulo

Mesmo os tempos pacíficos não são duradouros.



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