Espirais escrita por neko chan


Capítulo 8
8° ciclo da espiral




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756683/chapter/8

"Temos laboratórios em todo lugar", comentou uma voz feminina em minha cabeça, "talvez você encontre algo útil dentro ele, cartas foram deixadas para isso, faça bom uso delas".

Abro os olhos sem entender o que estava acontecendo, estava do lado de fora, a nevoa subira até o topo da montanha enquanto dormíamos, provavelmente depois da chuva, Brook não estava do meu lado quando acordei, achava que ela que estava falando comigo enquanto eu dormia.

— Brook? - me levanto e começo a andar a procurando

— Audrey? Já acordada? - ela fala de cima do telhado do templo

— O que faz ai encima?

— Eu queria tentar ver o sol, mas.... acho que realmente não dá

— É perigoso, você deveria tomar cuidado. - estendo os braços para ela, que pula encima de mim e eu tropeço um pouco para trás quase caindo, a dor da minha ferida no estomago percorre o corpo inteiro como pontadas de agulhas

— Por que eu deveria ter cuidado se você vai me pegar de qualquer jeito?

— Apenas não faça isso sozinha. - suspiro - A propósito, você falou comigo enquanto eu dormia?

— Não, por que?

— Eu escutei uma voz enquanto estava dormindo, talvez fosse impressão minha

— Talvez um sonho

— Nós podemos ter sonhos que não são lembranças?

— Não tenho muita certeza... o que a voz dizia?

— Algo sobre um laboratório e cartas

— Pode ser uma dica de para onde deveríamos ir

— Foi apenas uma voz que ouvi enquanto estava dormindo, não deve ser nada demais, apenas vamos arrumar as coisas e ir

— Quero dar mais uma olhada lá dentro

— Vai mesmo procurar um laboratório por causa disso? - ela balança a cabeça afirmativamente com um sorriso

Não estava realmente com muita paciência para discutir, então apenas permiti que ela fizesse o que queria. Andamos bastante por aqueles corredores de novo, o mesmo cenário de ontem, tudo em seu lugar e nenhuma das salas novas que abrimos tinha algo realmente interessante.

— Eu disse pra você. - continuo caminhando

— Você poderia apenas aproveitar o passeio. - ela gira uma maçaneta de uma porta branca com pequenas flores rosas em algumas partes dela, a porta estava aberta e levava a um quarto de criança

O quarto estava bem bagunçado, uma cama com o lençol jogado encima, a tintura das paredes descascando, desenhos de giz espalhados pelo chão. Me abaixo para pegar um dos desenhos, nele havia uma garotinha de cabelos ruivos e uma mulher de cabelos pretos, ambas sorrindo, e outro desenho da mesma garotinha com uma mulher ruiva e outra loira, todo aquele ambiente me deixava um pouco triste e nostálgica por algum motivo.

— Isabel. - ela fala quase sussurrando para si mesma

— O que?

— Isabel. - me mostra um dragão dourado de pelúcia com o nome "Isabel" bordado em sua barriga

— Deve ser de alguma garotinha que morava aqui, o templo é grande, não me surpreenderia se muitas pessoas morassem aqui

— Talvez tenha razão. - ela deixa o dragãozinho encima da mesa empoeirada e encara o chão - O que é isso?

Brook puxa um pedaço de madeira cilíndrico do chão e o uma passagem se abre embaixo de nossos pés, ambas caímos por uma espécie de escorregador parando no chão frio do quarto escondido. Tudo em volta daquele lugar me lembrava do laboratório de onde viemos, os grandes computadores, a bagunça, os armários de ferro.

— Eu deveria dizer "eu te avisei" agora? - pergunta

— Não sabemos se encontraremos algo aqui de qualquer forma

Levantamos do chão e começamos a olhar pelo local, armas velhas que não funcionavam mais era a coisa que mais vimos por ali, não haviam papeis com anotações e nenhum tipo de registro, oq eu era realmente estranho.

— Como eu disse, estamos apenas perdendo tempo, não deveríamos descer a montanha agora? Não temos nada para fazer aqui

— E não temos nada para fazer fora dá montanha também. - diz ainda distraidamente vasculhando o local

Passo meus olhos pelo lugar e noto um antigo vídeo game encima de uma das mesas, completamente coberto pela poeira, o levanto e vejo um pedaço de papel dobrado do tamanho de minha mão.

— Ei, Brook, acho que encontrei algo

— Mesmo? Algo importante?

— Eu não sei. - desdobro o papel que parecia ter sido retirado de algum livro, nele haviam apenas algumas poucas palavras, mesmo que um pouco difícil de ler, ainda era um pouco possível - A nevoa... flor negra.... família....

— Só consegue ler isso?

— Não é como se fosse fácil

— Nunca vamos conseguir fazer nada nesse ritmo

Eu dobro o papel e o coloco no bolso.

— Vamos apenas procurar uma saída, ok?

Ela relutantemente faz o que peço e encontra um botão que subia uma plataforma de volta à sala principal do templo.

— Isso estava aqui antes? - Brook se abaixa no chão e toca em uma marca de queimadura na madeira que se parecia com uma flor

— Essas coincidências estão começando a me incomodar. - resmungo

— Talvez alguém queira que façamos alguma coisa

— Brook, já não existe mais nada vivo por ai além de nós e aqueles monstros, não pode fantasiar para sempre que salvaremos o mundo se nada vai acontecer além desse ponto! O que faríamos depois de "salvar o mundo"? Pessoas magicamente voltariam a aparecer? Depois que morrermos nada mais vai acontecer com esse lugar

Ela se levanta me encarando com uma expressão furiosa, se aproxima me olhando nos olhos.

— Você vai decepcionar sua família?

— O que?

— O que? - ela mesma começa a parecer confusa com o que acabou de dizer, ela pressiona sua cabeça com a palma da mão

— Você está bem?

— Eu não sei. - seus pés falham e eu a seguro antes que ela caia

— Deveria comer alguma coisa antes de irmos

— A flor. - aponta para o chão

Me abaixo à deitando cuidadosamente no chão e me aproximo da queimadura no chão, passo meus dedos por ela como se esperasse que algo fosse acontecer, até que a cubro completamente com minha mão. A principio, nada fora do normal aconteceu, mas de repente uma voz começou a ecoar no local como se saísse de autofalantes invisíveis.

"Bem, bem, bem, Fran, provavelmente alguém já encontrou isso aqui, não é verdade?" falou uma voz feminina, "O diário que Leo deixou talvez tenha mesmo sido uma boa ideia se conseguiram encontrar essa mensagem. A nevoa provavelmente está sendo um belo pé no saco agora, não está?" a garota ri histericamente, "encontramos um jeito de reverter isso, mas não seria divertido apenas entregar isso a vocês, não acham? Não é como se tivessem algo importante a fazer no momento, então que tal brincarem conosco um pouco? Eu e Fran podemos está mortas a milênios, mas ainda adoramos um bom jogo", faz um longa pausa antes de voltar a falar, "construímos muitos laboratórios com o trabalho que fazíamos, deixamos um presentinho em cada um deles, talvez no fim consigam se livrar da nevoa e, quem sabe, daquelas coisas que nos causaram tanta dor de cabeça, nessa época descobrimos a solução, mas não estava em nenhum de nós o poder de resolver essa situação, por isso deixamos essas coisas para vocês" outra pausa, essa foi um pouco mais longa, "a família está contando com vocês meninas, ficamos com saudades, então.... salvem a ultima parte que sobrou de nós, salvem à vocês mesmas".

A transmissão da voz acaba, ficamos mais uma vez no silencio, não pude entender o que isso significou, mas fazia sentido ao mesmo tempo, era como se alguém soubesse que estaríamos aqui para ouvir isso mesmo a milhares de anos atrás.

— Audrey... - ela falou ainda deitada no chão e encarando o teto - A nossa espiral é bem antiga, não acha?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Espirais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.