Espirais escrita por neko chan


Capítulo 16
16° ciclo da espiral


Notas iniciais do capítulo

voltei!!!!!! >:3
quero fazer um experimento com vocês, achei uma musica que combina tão perfeitamente com esse ambiente que quero saber de vocês se fica bom escutando, então, se quiserem, quando virem um * em um paragrafo, toquem a musica "oh the joy" de Jonathan Eng
aproveitem a experiência se quiserem.



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Brook dormia tranquilamente ao meu lado na cama, depois de alguns segundos, ela não aguentou a febre e pegou no sono. Toco seu rosto, agora já voltando a temperatura normal depois de um tempo dormindo, ela parecia tão bem que, por alguns segundos, me pareceu que o mundo não estava acabando lá fora. Me perguntei se deveria sair e procurar algum lugar para tocar a segunda fita ou se deveria ficar ao lado dela até que acordasse.

Um barulho metálico baixo do outro lado do quarto, um pedaço da parede onde havia as marcas de quanto fui atirada caiu no chão, parecia haver outra parede ali, uma um pouco mais fina feita de gesso, com as mãos nuas, tento arrancar mais alguns pedaços de metal afiados, que acabaram por fazer cortes nas minhas mãos, alguns minutos, ou talvez horas, se passaram até que eu conseguisse fazer uma passagem de tamanho suficiente para que passássemos, me afastei um pouco da parede e corri de volta tentando derrubar a barreira de gesso com um dos ombros, um choque percorreu meu corpo com a dor da ação, nada em volta parecia ter peso ou tamanho o suficiente para me ajudar com a parede, então apenas me recomponho e me afasto novamente me preparando para tentar outra vez.

O encontro do meu ombro machucado derrubou a parede de gesso me fazendo cair no chão do outro lado da parede, um quarto claro e branco, não estava tão bagunçado, mas parecia que não era usado a muito tempo, à minha frente, uma maquina parecida com uma miniatura da maquina que tocava fitas do outro laboratório, uma mesa com apenas um radio antigo, alguns cabos, antes velhas e enferrujadas, parecia uma sala onde mexiam com sinais e áudio ou algo do gênero. Sem demora, retiro a fita do bolso e coloco na entrada, apertando o botão vermelho em seguida.

"Ora, não é que conseguiram mesmo?", diz a mesma voz dando uma gargalhada, "Quer dizer, eu disse que confiava em vocês, mas essa missão parece um saco", ri novamente.

— Se alguém tivesse facilitado nosso trabalho, certamente seria bem melhor. - murmuro para mim mesma

"Bem, já que estão tão empenhadas em concertar as coisas, então acho que podemos dar um passo agora, não é mesmo?", ela para e começa a cantarolar como se estivesse procurando alguma coisa, "Ah, aqui está! Parece que estão com um problema de sinal por ai, nada de telefones, nem rádios, quase nenhum tipo de comunicação.... que inconveniente, me surpreende que a energia ainda funcione o suficiente para que vocês estejam escutando isso...", para por alguns segundos e suspira antes de voltar a falar, "Vamos resolver esse problema primeiro então. Antenas, melhor encontrarem algumas, vão precisar de uma torre de comunicação, provavelmente encontrarão alguma e qualquer acampamento de refugiados, sabem, uma torre de metal encima de alguma casa", parecia estranhamente conveniente, "Devem estar se perguntando 'que vantagem temos de conseguir comunicação se não há mais quase ninguém por ai', bem..... de fato não tem, mas.... acho que podem experimentar um pouco do que sentíamos antes de tudo isso, um pouco de esperança pode salvar a vida de alguém mais do que qualquer arma"

Por alguns segundos parei e pensei no que ela disse, me perguntei como viviam antes dessa catástrofe, sobre o que falavam, o que viam todo dia, o que comiam, o que escutavam. De alguma forma, parecia nostálgico.

"Se conseguirem achar uma antena funcional e conectarem os cabos há torre, existe uma probabilidade de que possam conseguir sinal em uma pequena área, apenas o suficiente para fazerem o radio funcionar, eu sei disso, eu mesma construí tudo isso...... é, é, a Fran fez... a maior parte, mas eu tive a ideia! Apenas uma estação ira funcionar, algumas ondas especificas que programei, então aproveitem seus minutos no passado", a gravação para, a fita é expelida, e uma fumaça negra sai da entrada da maquina, saio rapidamente dali para que aquela fumaça não entrasse nos meus pulmões, puxando rapidamente uma antena e cabos comigo.

— Brook.... temos que ir, não podemos ficar muito tempo aqui agora

— Audrey? - abre os olhos lentamente

— Vamos. - à carrego junto com as outras coisas e vou para fora

— O que foi?

— Eu vou ter dar alguns minutos

— Alguns minutos pra quê?

— Pra saber como are viver antes de tudo isso

Saímos pelo pequeno campo procurando alguma casa com uma antena, como a pessoa havia dito na fita, demoramos um pouco, mas achamos na ultima e mais escondida casa dali, uma pequena torre de metal. Entramos na casa, era estava cheia de monitores, mesas com vários botões, uma escada que levava ao teto, mas a maior parte daquelas coisas estava detonada e a energia não parecia funcionar direito.

— Talvez possamos ver o subterrâneo, deve ter algo para resolver o problema com a energia. - diz

— Eu vou checar então, pode ir olhar a antena no teto?

— Certo

Nos separamos, entrei na única outra porta do cômodo, ela abria para uma escadaria escura, engulo em seco antes de começar a descer. "Por favor, sem monstros, por favor, sem monstros, por favor, sem monstros....", murmuro para mim a cada passo que dava. Felizmente as luzes ali embaixo pareciam funcionar, seria impossível ajeitar qualquer um daqueles cabos no escuro.

Mesmo a luz não sendo um problema, eu ainda não tinha ideia do que fazer ali, o local parecia uma bagunça de fios pelo chão, provavelmente apenas tentar conectar e desconectar fios aleatórios não iria me ajudar muito. Um bilhete estava grudado perto de uma das entradas da maquina, "aqui", era tudo que dizia, mesmo com uma ajuda assim, ainda não tinha ideia de qual cabo usar. Não tenho ideia de quanto tempo fiquei colocando cabos aleatórios naquela entrada até que escutei um barulho de algo ligando no andar de cima, um suspiro aliviado relaxou meu corpo, poucas sensações na minha vida foram mais prazerosas do que me livrar daquele inferno.

— Bom trabalho lá embaixo. - Brook fala ao me ver subindo as escadas

— Como está a torre?

— Parece tudo bem com ela, apenas está com a antena faltando

— Ok, eu cuido disso

— Não. - ela segura meus ombros e me empurra para baixo me sentando numa cadeira - Não acha que já se cansou demais por hoje?

— Não tenho escolha, você está doente

— Estou bem melhor, você está pior do que eu, veja suas roupas! - aponta para mim - Estão cobertas de sangue e rasgadas, você exala cansaço, eu faço isso, você fica aqui

Ela sai com a antena e o cabo para o telhado, relaxo minhas costas na cadeira, minhas juntas todas estalam em conforto, acho que estava mesmo um caco sem perceber, respiro fundo olhando para o teto esperando que ela voltasse.

Em alguns minutos, Brook desce com a ponta do cabo e a conecta na única entrada livre naquelas maquinas, as luzes dos monitores ligam e neles aparecem imagens de interferência, apenas um barulho irritante numa tela preto e branco tremendo.

— Como sabemos se funcionou de verdade? Nada deve estar sendo transmitido nessas situações. - diz

— Eu sei o que fazer

Saímos da casa, eu volto para onde estávamos, a fumaça incomoda já havia se dissipado um pouco, pego o radio na sala escondida e o levo para fora comigo.

— Aqui. - coloco o radio no chão à frente dela e nos sentamos em volta dele esperando que ele funcionasse

1 minuto, depois 2, 3 e 4, tentamos verificar suas pilhas, mexer nos botões, mas nada, todo aquele trabalho para nada. talvez tenha passado tempo demais, talvez nunca possamos realmente retomar o passado. Levanto-me desanimada e caminho na direção em que deixamos o veiculo. Brook vem atrás de mim segurando o radio consigo.

— Deixe isso, não deve passar de lixo agora. - digo

— Mas pode ser um dos últimos

— De que serve se não funciona?

Ela ignora o que eu digo e o trás consigo da mesma forma. Entramos no veículo, ela se senta ao meu lado no banco do motorista e eu começo a dirigir.

— Onde vamos agora? - pergunta

— Quem sabe?

— Espero que encontremos um lugar bom pra ficar por um tempo

— Não acho que ainda tenham lugares bons nessa situação

— Tenha um pouco mais de confiança

— Por que?

Antes que ela pudesse me responder, o radio em seu colo começa a fazer sons de estática, paramos de falar para escuta-lo, quando ele começou a tocar uma musica*

A melodia desconhecida naquelas trilhas cinzentas da floresta trazia uma sensação de melancolia, era o único som audível no local, as rodas do veiculo pareciam girar ao seu ritmo, não precisei de uma resposta dela depois disso, talvez não fosse impossível, essa poderia ser uma pequena prova disso, uma prova de que poderíamos mudar alguma coisa, que poderíamos voltar em algum ponto ou avançar em outro, voltar no que foi perdido, recriar, construir, consertar.

Por um segundo achei ter visto uma relance de luz a nossa frente, como se o sol tentasse se rebelar contra seu cativeiro de nuvens cinzas, talvez fosse apenas uma alucinação ou uma impressão boba de algo quase impossível, mas eu tenho certeza que, por ao menos um segundo, eu senti o calor do sol tocar meu rosto.


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