Espirais escrita por neko chan


Capítulo 15
15° ciclo da espiral


Notas iniciais do capítulo

não deveriam acreditar em mim quando digo que vou escrever com frequência :3



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Casas pequenas feitas de metal, postes com altos falantes em suas pontas, uma ar frio com aquele cheiro metálico preenchia o ambiente.

— Não sabia que aldeias tinham casas assim. - Brook olha curiosamente para os lados

— Provavelmente era um abrigo, muitos deles foram construídos depois que aquelas coisas começaram a andar livremente por ai

— Então por que não vimos muitos enquanto viajávamos?

— Costumam ser bem escondidos

— Eles são seguros? - ela começa a farejar em volta

— É a intenção

— Então por que não tem mais ninguém aqui?

— Ataque noturno talvez, alguns deles podem invadir a mente de alguém que morava por aqui e aconteceu um massacre, ou podem ter simplesmente achado um lugar melhor

— Você tende a ver o lado ruim primeiro sempre, não é?

— Olhe em volta, se eu fosse otimista eu deveria ser internada

— Justo. - ela suspira e começa a correr pelo local explorando, Brook ficou realmente agitada nas ultimas semanas, por causa de seu recente "problema lupino", então não se tornou incomum ela começar a correr do nada, se esfregar em tudo e me acordar de madrugada com seus barulhos e arfadas, eu prefiro não me virar e perguntar o que ela está fazendo, algumas coisas eu prefiro não descobrir

Começo a caminhar, sempre observando Brook à distancia, caso algo aparecesse, ela não poderia se defender muito bem, estava indefesa como um filhote, eu me sentia a mãe de uma criança hiperativa. Toco no bolso da calça sentindo a forma da fita numero 2 que carregava comigo caso para qualquer ponto onde descêssemos, aquela garota parecia ter um laboratório em quase todo canto daquele país, o que diabos eram eles?

— Audrey. - ela se aproxima por trás de mim me dando um susto enquanto me tira da minha linha de pensamento

— Algo errado? - me viro e vejo que seu rosto parecia um pouco vermelho

— Está muito frio. - treme

Encosto a costa da minha mão em sua testa, ela estava fervendo, "ótimo", penso, "como se não pudesse ficar pior", viro de costas para ela indicando que ela podia subir, Brook se agarra nos meus ombros e eu corro para a casa mais próxima dali arrebentando a porta com um forte chute, meus olhos demoraram um pouco para se acostumar com a escuridão do local com as janelas tapadas, por um segundo eu me lembrei da pergunta que Brook havia feito alguns minutos antes "Então por que não tem mais ninguém aqui?", assim que meus olhos me permitiram diferenciar as formas naquele breu, eu obtive a desagradável resposta, desejando nunca ter feito a pergunta.

Corpos jogados pelo frio chão de metal, sangue seco em volta do que pareciam bonecas com carne decomposta, uma parte de mim achava inacreditável que um dia aquilo já esteve vivo, conversava e ria e pensava assim como eu, era diferente de corpos que haviam acabado de morrer, não pareciam nem da mesma espécie, o cheiro insuportável logo chegou nas minhas narinas e eu corri para a porta aberta do outro lado do cômodo onde deveria levar ao abrigo subterrâneo.

— Vamos, deite-se aqui. - digo a colocando numa das camas do abrigo, a porta ainda aberta me dando uma visão da escadaria que eu acabara de descer a carregando, ela desce e logo se joga na cama, sua respiração estava quente, assim como seu corpo, parecia tão pequena e frágil, e o frio daquele lugar não ajudava em nada.

Comecei a vasculhar pelo pequeno quarto procurando algum cobertor para ela e um pouco de agua no meio dos mantimentos. A porta range, meu corpo congela e meu coração parece parar, viro minha cabeça para trás as imagens diante dos meus olhos pareciam se mover em câmera lenta. Uma criatura retorcida coberta de sangue estava ali, suas costas curvadas para frente e os longos braços quase encostando no chão, olhos vazios olhando para mim e depois para Brook, quase pude sentir um sorriso sádico no rosto daquela coisa em uma fração de segundo antes dele pular em direção a ela.

Antes de notar, já havia me jogado encima da criatura e a derrubado no chão, sinto o soco dado pela sua mão ossuda me jogar contra a parede atrás de mim, minha cabeça rodando e meus dentes parecendo que iriam cair a qualquer segundo, as pernas bambas se levantaram e me fizeram correr novamente em direção à coisa que dessa vez não se deixou derrubar, senti a mordida com aqueles dentes pontiagudos quase arrancando um pedaço do meu pescoço, ele me ergue com a mandíbula e me arremessa mais uma vez, escuto o barulho das minhas costas batendo contra a parede metálica, a ultima coisa que ouvi até que meus ouvidos fossem preenchidos por um zumbido infernal, talvez por causa da batida.

Quase desmaiando, olho para o lado e vejo uma pequena faca, aqueles pequenos segundos em câmera lenta foram o suficiente para eu concordar com aquela missão suicida. Puxo a faca e me levanto quase não sentindo meu corpo, eu pulo e cravo o objeto no meio da garganta daquela coisa, não paro de pressionar até o cabo da faca encostar em sua pele e sentir que sua ponta era visível do outro lado. Ele para e cai sem vida no chão frio, meu corpo parecia finalmente entender o cansaço e dor que estava sentindo, minhas pernas tremeram e me fizeram cair quase que em alivio, Brook ainda estava deitada na cama, ela olhava pra mim com lagrimas nos olhos, me arrasto ate ela e me impulsiono para cima me sentando na cama com dificuldade, ela se senta e me dá um tapa no rosto.

— Qual o seu problema? - ela diz deixando ainda mais lagrimas saírem

— É um jeito engraçado de agradecer. - sorrio tentando a tranquilizar

— Da próxima vez fuja, sua idiota. - soluça escondendo seu rosto enquanto enxugava as lagrimas

— Então acho que serei idiota pra sempre, porque eu não vou fazer isso. - digo limpando um pouco de sangue que escorria da minha testa

Brook agarra a gola da minha camisa com as duas mãos, fecho os olhos me preparando para o próximo possível tapa que achei que ela iria me dar, mas, no lugar disso, sinto seus lábios se encostarem nos meus, abro os olhos um tanto assustada, sua expressão preocupada com as lagrimas escorrendo foram tudo o que pude ver, fecho meus olhos novamente segurando suas bochechas e limpando suas lagrimas, era uma sensação estranha, mas não desagradável, suas mãos relaxam e apertam meus braços, sinto seu gosto na minha boca, era doce e muito quente, talvez por causa da febre ou essa poderia ser a temperatura de sempre de sua boca.

Ela se joga um pouco para cima de mim, eu deito na cama com seu pequeno corpo deitado sob o meu, seguro suas costas, sinto sua cauda se balançando gentilmente encostando em minhas pernas.

Meu primeiro beijo foi em uma sala fria, ao lado de um cadáver de um monstro, o ambiente tinha cheiro de sangue e tudo em volta se assemelha à morte, mas era confortável, quente e macio, como se tudo em minha volta não importasse mais, porque, naquele momento, tudo que existia era apenas nós duas.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, pq são 3 da manha e eu to com febre :3



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