Espirais escrita por neko chan


Capítulo 13
13° ciclo da espiral




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Não tínhamos um lugar para ir agora, não sabíamos exatamente onde poderia estar o próximo laboratório. De toda forma, tínhamos que procurar mais combustível e comida, quando o estoque descia da metade costumamos ficar alerta para a próxima falta do que nos mantinha vivas e salvas.

— B-b-bai.... baaai.... bao... - Brook tenta ler alguma palavra no livro de couro

— Baile?

— Ah, deve ser isso. - afasta um pouco o rosto do livro - O que é um baile?

— É uma festa para pessoas ricas dançarem

— Dança? Como era a dança?

— Eu não sei bem..... acho que parecia uma... briga de leões-reis..... provavelmente

— Parece perigoso, eles gostavam mesmo disso?

— Diziam que era romântico

— Uma luta romântica?

— Talvez. O parceiro conduzia agarrando a cintura da parceira e a gira e puxa para lá e para cá

— Me parece brutal

— As pessoas não faziam muito sentido antes, praticavam atividades sem nexo o tempo todo

— Eles pareciam bem desocupados afinal

— A pacificidade nos transforma em sedentários, então eles deviam procurar algo para se distrair constantemente. - olho para cima e suspiro - Que sortudos

— Gostaria de me sentir como eles por um dia. - apoia os cotovelos no joelho e apoia seu queixo nas palmas das mãos olhando para o lado - Ah, uma cidade

Brook aponta para o lado, por entre as árvores podia-se ver os vislumbres de alguns prédios, com sorte encontraríamos alguma comida e combustível por ali. O local estava cheio de escombros de prédios caídos, talvez algum ataque ou guerra civil, me pergunto se havia realmente sobrado algo naquele deserto de concreto.

O barulho de nossos pés pisando nas pequenas pedras de concreto espalhadas pelo chão, pareciam ser a única fonte de barulho em um raio de quilômetros. Era isso, uma cidade grande com prédios iguais, destruição e, até onde meus olhos conseguiam ver, nenhum tipo de construção diferentes dos grandes e cinzentos pilares com janelas.

— Poderíamos entrar em um dos prédios, talvez conseguíssemos achar algo diferente. - Brook sugere

— Certo. - estico os braços para cima me espreguiçando - Escolha um

— Uni-duni-tê... - ela começa a apontar para prédios aleatórios até parar em um que estava um tanto quanto distante de nós

Apenas dei de ombros e me permiti ser guiada por ela, que andava pelas ruas cinzentas de braços erguidos e saltitante. A entrada não era nada mais do que uma pequena sala com um balcão e uma escadaria, subimos alguns andares, a maioria das portas estava trancada, então entramos animadamente na primeira que estava aberta, não era a paisagem que esperávamos. Um pequeno e simples quarto cinza, uma cama sem colchão, uma poltrona desbotada e uma geladeira velha e vazia, na parede a nossa frente, uma única janela sem vidro e nem cortinas.

— Eu estou cansada disso. - digo

— O que quer dizer?

— É tudo tão...... deprimente

— Deprimente...... - ela me olha de canto de olho por um tempo - Então..... - segura meu pulso e me puxa até a velha poltrona - Podemos fingir que isso é uma casa

— Fingir?

— Isso, por exemplo...... - ela vai até a geladeira e a abre - Veja quanta comida, vamos ter um ótimo jantar essa noite. - sorri - A cama de casal parece tão confortável, vamos dormir como verdadeiras rainhas hoje

— Parece divertido. - afundo na poltrona - Poderíamos plantar flores por aqui

— Mesmo? Seria ótimo, deixaria o quarto muito mais colorido. - se aproxima e se ajoelha ao meu lado - Talvez um sofá seria bom, assim poderíamos sentar juntas

— Ou poderíamos fazer isso. - a pego por debaixo do ombros e a puxo para o meu colo a deitando de barriga para baixo nas minhas pernas

— É desconfortável que tal trocar de lugar então? - se vira para cima

— Eu sou mais velha, então eu fico na poltrona

— Isso não é justo. - ela ergue seu braço e aperta gentilmente minha bochecha

— A vida não é justa. - aperto a bochecha dela

Brook se agarra no meu pescoço e se levanta dando uma pequena testada em minha testa.

— Eu quero brincar. - diz me encarando - Estou entediada

— O que é você, um filhote?

— Vamos brincar

— Eu não sei brincar

— Chata.... - faz uma cara emburrada

— Mesmo é? - sorrio e repentinamente começo a fazer cócegas em sua barriga, ela se encolhe e começa a rir alto enquanto tenta me pedir para parar

— Você vai me matar. - ela diz com dificuldade enquanto tenta puxar o ar entre suas escandalosas risadas

— Então retire o que disse. - digo rindo junto com ela

— Ok, eu retiro, eu retiro. - ela agarra no meu ombro tentando me fazer parar

Quando afasto minhas mãos dela, ela finalmente para e começa a respirar forte ainda com esboço de sorriso no rosto vermelho.

— Você está bem? - pergunto

— Eu terei minha vingança. - diz ofegante

— Então, que tal se eu te compensar de alguma forma?

— Me compensar? Espero que seja bom

— Venha, levante-se

Ela salta para fora do meu colo e eu me levanto ficando a frente dela.

— Você disse que queria saber como era um baile

Seguro sua mão e a aproximo de mim com a outra mão em sua cintura.

— Agora você coloca sua mão no meu ombro. - ela o faz enquanto continua me encarando e prestando atenção em mim - E segue meus passos. - ando lentamente para um lado e para o outro fazendo pequenos giros no quarto - Os bailes eram feitos em salões grandes, as pessoas dançavam assim em meio a candelabros grandes que iluminavam o local, enquanto seus pés seguiam o ritmo da musica onde ninguém cantava, apenas as duas pessoas dançando olhando uma para a outra

— Acho que entendi o que quis dizer. - fala após um tempo - Devia ser realmente romântico para eles

"Agora também parece", penso por um segundo imaginando o que aconteceria se eu o dissesse.

— Provavelmente sim. - digo por fim

— Mas, sabe...... - faz uma pequena pausa enquanto continuamos dançando - Agora também parece muito bom - encosta sua cabeça perto do meu ombro

— Talvez seja realmente romanticamente agradável quando um homem e uma mulher fazem isso. - o que diabos eu estava dizendo? Penso me auto castigando mentalmente

— É.... talvez. - se afasta encarando suas mãos e pés alternadamente sem me olha no rosto

Me senti a pessoa mais estupida do mundo por um momento, aquela sensação dolorosa me irritava, então por que parecia tão complicado simplesmente falar o que eu queria sem dar um nó no meu cérebro e na minha garganta?

— Eu não acho que gostaria de dançar com um homem. - ela me olha curiosa quando eu o digo - Sabe, eles são grandes e tem pés enormes, tem um rosto engraçado e não podem usar vestidos bonitos, então...... - ela parecia ansiosa em ouvir o resto da frase - Acho que dançar com outra garota deve ser bem mais divertido

— É bem mais divertido dançar com você do que com qualquer um. - sorri

Naquele momento, eu senti invejo dela, do quão sincera consigo mesma ela conseguia ser, eu nem mesmo entendia do que estava me escondendo e fugindo, mas, ali, naquele pequeno e cinzento quarto, eu gostaria de poder ter dito a ela até mesmo as coisas que eu mal conseguia entender


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