”Vejamos,.... já que chegaram até aqui provavelmente estão trás de respostas, não estão? Devem estar cheias de perguntas e sem ninguém para respondê-las.” a voz ri, “Não vamos ser tão apressadas, temos todo tempo do mundo, já morremos mesmo” ela ri mais uma vez ainda mais alto, “Hoje eu queria contar pra vocês um pouco sobre uma velha história que a mestre me contou, a mestre era um dragão, não uma mestre comum, ela tinha conhecimento de tudo que aconteceu e aconteceria no mundo, ela nos contou sobre vocês duas.”

Fico um pouco surpresa ao ouvir a última frase, era mesmo possível que alguém soubesse sobre nós a tanto tempo atrás? Poderia ser apenas uma coincidência, mas mesmo assim as provas pareciam concretas, então por que ela permitiria que algo assim acontecesse com esse mundo, não poderia ter feito algo pra evitar? E onde ela estaria agora? As milhares de perguntas que brotavam em minha cabeça foram interrompidas pela voz que ecoava pelo grande e branco laboratório.

”Eu quero que vocês duas imaginem por um momento o que vou lhes dizer agora, como vocês acham que seria uma história mais velha que o próprio tempo?” fica em silêncio por algum tempo, “Não é a história mais feliz do mundo, pode-se dizer que ela tem muitas variações, mas não um final...... Isso está ficando um pouco depressivo, não está, Fran? Pois bem, pensem um pouco sobre isso, explorem o laboratório a vontade, peguem a caixa de papelão encima da maior mesa, tem varias fitas dessas dentro dela, mas não se enganem, não iremos facilitar as coisas pra vocês, vocês só podem escutar 1 fita em cada tocador de fita no laboratório, nesse existe apenas um, então terão que procurar os outros, uma pena, não é?” ela ri histericamente, “Não vejam isso como algo ruim, vocês terão muitos lugares pra visitar, precisávamos de varias bases para o trabalho que fazíamos, então varios laboratórios eram necessários o tempo todo, estou começando a me sentir nostálgica...... como é, Fran? Ah, é, não morremos ainda...... mas até alguém escutar isso estaremos mortas e milênios....... de toda forma, não vamos nos prolongar tanto nessa introdução, as fitas estão em ordem numérica, escutem todas e descubras o que fazer, nós sabemos que irão conseguir.”

A mensagem acaba e a fita e expelida para fora de uma entrada de uma grande máquina no fim do laboratório, caminhamos até ela desviando das cadeiras, ferramentas e papéis caídos, retiramos a fita e a máquina automaticamente começou a expelir uma fumaça negra por algum tempo, parando de funcionar completamente.

— Quem você acha que era falando? - Brook me pergunta

— Talvez alguém das fotos que encontramos.... - paro por um momento olhando para a fita antiga com um número 1 escrito em vermelho nela - Vamos ver se ainda tem algo útil por aqui e vamos embora

O laboratório inteiro era uma bagunça como o último, mas parecia que fora abandonado às pressas, os papéis me lembravam os que eu via com os cientistas antes deles morrerem, não havia nada realmente relevante neles, pelo que eu podia entender, apenas algumas planilhas e gráficos sobre algum experimento com os monstros, que aparentemente não foram bem sucedidos. A única coisa que pude encontrar que poderia ser útil foi uma velha câmera, eu a pego do chão, ainda aprecia funcionar e estava em bom estado.

— Acha que podemos descobrir quem eram assim?

— Talvez. - aperto o botão de ligar, ainda tinha bateria nela

Haviam algumas fotos em seus cartão de memória ainda, o mesmo homem-leão das fotos que vimos antes, ele sorria segurando a mãos do elfo carrancudo, duas lobisomens segurando cada uma a mão de uma garotinha humana muito sorridente, um homem-fada sorrindo por cima do ombro enquanto mexia em um computador, obviamente foi pego de surpresa enquanto trabalhava, o homem-raposa comendo um grande balde de doces com a menina humana da outra foto, mas um pouco mais velha, enquanto ele segurava uma bebe de cabelos ruivos no colo, uma foto de duas garotas dormindo nuas na cama cobertas pelo lençol, essa foto a nós duas um pouco cosntrangidas e passamos para a próxima rapidamente, era uma foto de duas garotas correndo, uma bem alta sorrindo, ela quem segurava a câmera tirando a foto das duas, e uma menor com uma expressão um pouco mais séria fazendo sinal de paz com as duas mãos enquanto elas fugiam da vampira de cabelos loiros que se cobria com o lençol e tentava atirar um travesseiro na direção das duas, provavelmente uma continuação da última foto.

— Eles certamente tinham tempo pra se divertir. - digo pra mim mesma vendo que chegamos na última foto

— Gostaria de saber como foram os últimos dias deles, se foram felizes até o fim

— Eu gostaria de saber o motivo da garota das fitas não nos contar o que fazer de uma vez

— Bem, você conhece a Serafina, ela sempre faz o que quer. - ri

— Sera.... fina..... - digo com uma sensação familiar no movimento da minha boca

— O que? - Brook mesma parecia confusa com o que acabara de dizer

— A garota alta. - olho novamente para a última foto da câmera, analiso o rosto da menina que segurava a câmera, ela parecia tão familiar agora - E.... Fran..... a pequena? - passo o dedo sob a tela

— Vamos sair daqui. - fiquei surpresa ao ouvir Brook deliberadamente querendo sair de lá, deixo a câmera de volta em seu lugar e a desligo, parecia um pouco solitário deixar aquele lugar pra trás, trazendo conosco apenas a caixa com as fitas

A plataforma subiu e voltamos à casa, estava de manhã agora, sabia apenas por estar um pouco mais claro, não podia dizer quanto tempo passamos lá embaixo, mas estava feliz por estar um pouco mais claro, agora não teríamos que andar por aí naquele breu.

— Está com fome? Eu quero dar uma olhada no seu machucado, não jantamos noite passada, então é melhor comermos algo antes disso

— Ok, vamos

Levamos a caixa até o veículo e a deixamos no canto, Brook colheu alguns galhos secos e fez uma fogueira pequena para esquentar a lata com salsichas, comemos juntas, não tinha notado o quão faminta estava até dar a primeira mordida e sentir a tensão em meu corpo de esvaindo.

Depois me comer, voltamos para dentro, Brook me pede para deitar no colchão e levanta um pouco minha camisa, o pano que ela usará pra enfaixar estava um pouco vermelho, mas ao menos notamos que o sangue já estava quase parando de sair completamente, ela limpa o machucado cuidadosamente me olhando de canto de olho vez ou outra, desviando o olhar sempre que eu olhava de volta, enfaixa o machucado com um pedaço de pano limpo.

— Missão cumprida. - ela sorri

— Obrigada por isso. - digo me sentando - Você é como uma super-heroina

— Não é pra tanto. - desvia o olhar ainda sorrindo com o rosto um pouco vermelho - Quer descansar um pouco? Eu posso dirigir

— Na verdade que quero dirigir hoje, estou com vontade de ficar lá fora

— Ok, então eu vou ficar aqui dentro

— Ah...

— O que?

— Eu esperava que você fosse ficar comigo

— Você quer que eu vá com você?

— Não precisa se não quiser, eu só.... gosto da sua companhia

Ela me encara por um segundo e me dá outro sorriso, era um sorriso diferente, não sabia bem como explicar, não eram um simples sorriso de felicidade, como quando alguém te faz rir, era algo a mais, um sorriso sincero como se eu houvesse acabado de dizer ao muito importante para ela.

— Eu também gosto da sua companhia