Era uma bela manhã, as duas amigas haviam acabado de acordar e estavam tomando café na sala, já que não havia mesa no recinto.

— Sarita, eu estava pensando em fazer um ensaio com você hoje, o que acha? Dois clientes desmarcaram porque disseram que acharam um fotógrafo melhor. - disse Parker tristonha.

— Mas que absurdo! Como sabem que o outro fotógrafo é melhor se nem viram seu trabalho antes?

— Acho que compararam meu material de divulgação com o dele ... e preferiram o dele.

— Não fica triste, Ray. Eu faço sim. Vou ligar para a clínica e dizer que vejo minha mãe depois.

— Ah, você tinha que ir vê-la hoje? - Rayle não fazia ideia. _ Não precisa desmarcar, sua mãe deve ter tido uma recaída. A gente faz o ensaio outro dia.

— De maneira nenhuma. Você precisa divulgar seu trabalho e eu vou ajudar. Quem sabe quando terá folga de novo. - sorriu de lado. _ Minha mãe pode esperar, não se preocupe.

— Mas Sara...- a loira não achava justo. _ Ela é sua mãe.

— Rayle... toda vez é assim. Ela não vai melhorar, porque ela não quer melhorar. Ela sabe que não pode beber e sempre dá um jeito de conseguir uma garrafa. - Rayle suspirou. _ Minha mãe vai passar o resto da vida naquele lugar e eu não posso fazer nada. Ambas sabemos que solta ela não pode ficar.

— Eu sinto muito por isso, de verdade. Depois de tudo o que você passou, ainda tem que ver sua mãe daquele jeito.

— Tudo bem. Dói, mas... tem que ser assim.

— Tem certeza de que está bem pra fazer? Não quero te forçar a nada.

— Estou ótima! - sorriu a morena. _ Estou louca por umas fotos novas! - ambas riram. _ Vamos lá!

O ensaio foi incrível. Sara colocou um vestido leve e branco, alisou o cabelo e passou uma leve maquiagem. Ambas foram para a praia, fizeram fotos lindas e algumas tiveram a Golden Gate de fundo. O sorriso de Sara contagiava, ela amava aquele lugar e isso ficava claro nos retratos que Rayle tirava dela.

A morena aproveitou para tentar fazer umas fotos da amiga também, já que Rayle era bem fotogênica.

Estavam com o biquíni por baixo das roupas e assim que o ensaio acabou por completo, as duas se divertiram juntas na água.

~ ☺ ~

A tarde do dia seguinte estava linda, Rayle terminava de se arrumar para ir trabalhar. Uniforme, cabelo preso num rabo de cavalo e um sorriso no rosto. Estava pegando sua bolsa quando Sara gritou por ela.

— Rayle!

— Eu! - ela respondeu.

Sara correu até o quarto.

— Jackson quer falar com você.

— O que??- a loira perguntou indignada. _ Eu não quero falar com ele, Sara.

— Desculpa. - disse ela. _ Eu não consegui fazer com que ele fosse embora. Ray, se ele não te deixar em paz, me avisa. Tenho amigos da lei que podem mantê-lo longe. Isso é perseguição.

— Igual ao Stwart que persegue você. - Rayle sorriu.

— Esse eu também estou por aqui! - disse nervosa.

Jackson era o ex namorado de Rayle, um pervertido. E Rayle só percebeu isso duas semanas depois de começaram a namorar. Assim que entendeu as intenções dele, terminou no mesmo instante, mas ele fazia de tudo para tê-la de volta. Isso enraivecia a loira.

Já Stwart era um filhinho de papai que ficava no pé de Sara para deixá-lo levá-la pra sair. Stwart era incrivelmente bonito, mas extremamente enervante. Sara admirava as pessoas por seu interior e esse lado de Stwart estava pútrido. Mas ele só aparecia vez ou outra pra encher o saco dela.

— É sério, Ray. Você não é obrigada a aturar ele.

— Não se preocupe, Sarita. Vou dar um basta.

Rayle saiu e deu de cara com Jackson na porta de seu apartamento.

— Oi Rayle.

— Oi. O que você quer? - ela foi até meio seca, pois já era a milésima vez que ele a procurava.

— Quero conversar. A gente podia fazer as pazes...

— Eu já saquei qual é a sua, seu energúmeno! Nós namorávamos, você fingiu que gostava de mim só pra um dia me ver nua. E como eu percebi antes de acontecer e te dei um pé na bunda, agora você não para de me encher o saco.

— Não, mas...- ela o interrompeu.

— Você é um safado, sem vergonha! Sara é policial, se voltar a me encher os pacová, eu falo pra ela. Agora, com sua licença. - disse simplesmente e foi embora.

Sara ouvia tudo detrás da porta e abafava o riso. Foi então que ela abriu a porta com uma expressão de dar medo.

— Você ouviu né? - ele se assustou com a voz da morena que surgiu do nada. _ Ninguém é obrigada a aturar macho escroto. Agora, vaza! - dito isso, Sara bateu a porta e Jackson foi embora, mas não pra sempre.

~ ☺ ~

Rayle entrou no restaurante que estava com uma quantidade razoável de pessoas.  Aquele horário não era tão disputado, as pessoas iam mais pra jantar mesmo, na parte da manhã e da tarde nunca lotava.

Depois de atender alguns clientes e ficar sem nada para fazer, ela ficou esperando sentada atrás do balcão observando.

— Parker! - ouviu ser chamada por Roger, seu chefe, e olhou para onde ele estava. _ Venha cá. Quero que conheça o novo Chef.

Rayle, sem ansiedade ou pressa, foi até a cozinha cumprimentar o tal chef mexicano.

Não era aquela coisa que se diga “Nossa! Que Deus grego!”, mas ôh homem bonito! Alto, cabelos e olhos negros, e um sorriso maravilhoso. Mas o que mais chamou a atenção de Rayle foi a simpatia dele ao falar com ela.

— Você é a Rayle? - com seus lindos dentes brilhantes, sorriu pra ela. _ Ouvi muito falar de você.

— Espero que bem. - ela respondeu olhando para Roger e dando um sorriso.

Os dois homens sorriam também.

— Foi bem sim. - respondeu ele. _ É um prazer conhecê-la.

Mesmo sua língua original sendo espanhol, ele falava inglês muito bem.

— O prazer é meu...- ela fez uma pausa para ele dizer o nome dele.

— Renê. - ele respondeu. _ Renê Espinoza.

— O prazer é meu Chef Renê. - ela lhe estendeu a mão que ele prontamente aceitou.

Sorriram um pro outro.

— Bom...- começou o chefe. _ Apresentações feitas...- sorriu. _ Vamos voltar ao trabalho!

Rayle sorriu para Renê simpaticamente como um “até logo”, e sem que esperasse, o Chef pegou sua mão e de um beijo no dorso. Rayle sorriu sem graça e deu meia volta indo novamente para o salão.

Até que a primeira impressão foi boa. Não só de jeito, mas de aparência também. Lindo mesmo! Até apresentaria para Sara, mas sua amiga já estava apaixonadinha. Que por sinal ainda era mais bonito que Renê, em sua humilde opinião.

Não foi paixão à primeira vista, mas Rayle ficou admirada com esse Chef. Nunca teve um crush no trabalho, agora tinha.

Do jeito que era ingênua, não iria demorar para se envolver emocionalmente, mesmo que seu foco na vida não seja um romance. Como a mesma disse a Sara uma vez, momento esse que Sara acreditava que não se apaixonaria por alguém, “ninguém manda no coração”.