Re;Blade escrita por phmmoura


Capítulo 4
Capítulo 3 - Seu nome era Fael




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Fael mal conseguia ficar de pé. Cada respirada doía.

Tetsuko podia sentir a dor enquanto ele apertava o cabo dela.

A sua volta havia os cadáveres dos homens que ele matara. Ninguém poderia dizer que ele ainda tinha algo a fazer.

Mesmo assim, ele se recusava a recuar; recusava-se a ficar de joelhos.

Não enquanto seu inimigo ainda respirasse.

Enfiando a espada na terra, ele a usou de poio, sem jamais tirar os olhos do guerreiro.

Incrível, a alma dentro da espada pensou, encarando os corpos. Embora o garoto tenha desistido de sua defesa… ser capaz de matar três inimigos assim e ainda ficar de pé…

— Eu vou… fazer… vocês pagarem… por tudo… isso. — Fael conseguiu sussurrar.

Apesar de mal ter força sobrando, ele apertou o cabo de Tetsuko com mais força e encarou a sombra caminhando em sua direção.

A sombra só crescia a cada passo. Só quando uma nuvem bloqueou o sol foi que Tetsuko percebeu que era uma mulher.

Ela é muito mais forte que os outros, compreendeu a ferreira.

— Estou impressionada que um habitante sem nome da floresta conseguiu matar meus homens — disse ela, em voz baixa. — É um insulto a eles, mas minhas ordens são para pedir que o traidor se renda antes de tirar sua própria vida.

— Me render e o quê? Ainda que pudesse viver, como poderia? — Fael encontrou forças enquanto gritava. — Como posso viver em um mundo sem Lia?

A guerreira suspirou.

— Acredite ou não, eu não aprecio a ideia de matar outros compatriotas, não importa o quão traidores sejam.

— De novo… com isso de… compatriota… — Apesar da dor, Fael mostrou um sorriso sombrio. — Seu povo jamais nos ajudou. E agora mandam soldados pra nos matar… e diz que não gosta da ideia de matar compatriotas?

— Precisamos fazer isso, pois vocês traíram nosso rei — disse a mulher com a voz gélida, mas Tetsuko a viu forçando os punhos.

— Trair o seu rei?

— Vocês permitiram que inimigos entrassem em nosso território.

Fael respirou fundo e ignorou toda a dor no corpo.

— Seus inimigos! Não nossos! Pedimos por socorro, por reforços. Mas o exército nem nos ouviu. Então por que deveríamos dar nossas vidas por seu rei?

A mulher fechou os olhos e mordeu os lábios.

— É verdade… Tivemos vários problemas recentemente… Outras lutas nos impediram de ajudar na hora… Mas, se tivesse lutado por seu rei, nenhum de…

— Não é nosso rei! Nunca foi nosso rei!

A energia dentro dele estava agitada. Sua dor e raiva misturaram-se naquele fluxo.

Então é assim que ele consegue ficar de pé, percebeu Tetsuko.

Pesar e tristeza apareceram no rosto da mulher.

— Acho que você nunca irá se render — disse, desembainhando sua espada de duas mãos.

— Jamais poderia, pelos meus amigos que morreram.

Fael puxou Tetsuko do chão e a ergueu perante seu inimigo.

Renda-se, garoto, quis dizer a espada. Ela é muito mais forte que aqueles homens. Você morrerá por nada.

Novamente, sua voz nunca o alcançou.

E mesmo que alcançasse, ela sabia que não faria diferença.

A agitação dentro dele cessara.

Em vez de raiva e dor misturadas, a energia ficou calma e estável.

Ele focou-se por completo em uma coisa; matar a guerreira perante si.

Ele está pronto para morrer. Vai usar o resto de sua vida aqui, percebeu Tetsuko.

Mesmo que pudesse, ela não o mandaria se render.

Tem como eu poder ajudá-lo?

Mas, antes que pudesse pensar em qualquer coisa, Fael correu até a mulher.

O jovem pulou, colocando todo seu peso para acertá-la por cima.

Tolo! Olhe quão alta ela é! Deveria mirar embaixo!

Ela bloqueou com facilidade, faíscas voando quando as lâminas se encontraram. No momento seguinte, ela balançou a grande espada.

Fael conseguiu bloquear, mas foi jogado para trás com o impacto.

Com a força dela e aquela espada, não tem como ele aguentar por muito tempo, Tetsuko percebeu com aquela colisão. Eu vou morrer… quebrar.

Mas o jovem não perdeu tempo.

Quando aterrissou, ele usou o impulso para se lançar para frente.

Quando o espadachim estava ao alcance, Fael estendeu os braços, querendo perfurá-la no estômago.

Em vez de se defender ou redirecionar o ataque, a mulher girou o corpo para evitar a lâmina.

Afaste-se! gritou Tetsuko no instante que percebeu a finta.

A mulher continuou a girar e usou o momento para jogar seu peso na espada.

Apesar do tamanho, a lâmina era rápida, quase um borrão.

Fael ergueu Tetsuko e pulou para frente, a fim de evitar o ataque.

A ponta da espada dela cortou as costas dele, mas não foi um corte profundo.

Surpresa cruzou o rosto da mulher. Mas foi somente por um instante.

No instante seguinte, seus olhos ficaram vazios enquanto ela começava seus ataques imparáveis.

Cada golpe era precisa e mortal.

Embora fosse alta e forte, era uma espadachim que confiava em sua habilidade, não na força bruta.

Apesar de saber que a voz não o alcançava, Tetsuko não podia conter seus gritos. Cabeça! Garganta! Estômago! Pulmão!

Ainda que Fael não pudesse escutá-la, ele conseguiu desviar ou bloquear todos os ataques.

Mas aquilo teve seu preço.

Se o jovem já estava cansado da luta anterior, agora ele estava exausto.

Tetsuko podia sentir. Pouco a pouco, ela se tornava mais e mais pesada em seus braços.

Ele não vai durar muito mais, sabia a espada. O único jeito de sobreviver é se rendendo.

Mas… ela olhou para o rosto dele. Não tem como ele fazer isso… Essa luta acabará somente em morte.

A guerreira começou a atacar de novo, querendo atravessar a espada de duas mãos pelo coração de Fael novamente.

O jovem respirou fundo.

Em vez de desviar, bloquear ou redirecionar aquela espada pesada, Fael correu para o alvo.

Tetsuko logo soube no que ele estava pensando. Não!

Ela tentou se preparar para o impacto, mas ele nunca aconteceu.

Em vez de usar a espada para criar uma abertura, Fael girou o corpo.

Ele recebeu o golpe com o corpo, mas evitou o coração.

Fez isso apenas para acertar a mulher no pescoço.

A guerreira arregalou os olhos.

Mas, no instante seguinte, enquanto o sangue corria por Tetsuko e a guerreira caía no chão, não havia mais vida nela.

Fael caiu no chão também.

Tetsuko não precisava ver; sabia que o ferimento foi fatal.

Tolo… É incrível que tenha conseguido matá-la… qualquer um o elogiaria… mas poderia ter escolhido viver, pensou ela, fechando os olhos que não tinha mais.

— Eu… sei — conseguiu sussurrar com a voz pesada. Ele olhou para a espada com grande esforço. — Mas… que tipo… de vida… seria…?

Tetsuko encarou-o. Pode me ouvir…?

— Sim… desde… do meio da… luta… — Ele mostrou um sorriso, o sangue escorrendo pelo do canto da boca. — Se não fosse por você, eu teria morrido bem antes.

Tolo… Que diferença faz? Você ainda vai morrer de todo jeito, pensou com a voz vazia. Ainda que ele fosse aquele que a empunhava, ainda que ela não quisesse que ele morresse, ela não lamentaria sua morte. Matá-la não mudaria o fato de que seu povo perdeu a luta.

— Sim… tem razão… mas agora… eles verão que nós… não devemos ser subestimados…

Tolo… tudo isso, a sua vida, essas mortes… por uma mensagem… Se pudesse, Tetsuko balançaria a cabeça. Uma morte sem sentido.

— Minha morte… tem sentido… se puder proteger o futuro de meu povo… dessa forma… eu posso…

Apesar da dor e sangue, ele mostrou uma expressão determinada.

— O reino nos escutará agora… Mas tem outra coisa…

O quê?

— Minha vida… Eu…

Ele tossiu sangue e fechou os olhos. Aguentou a dor e virou-se para a espada novamente.

— Poderia escutar a minha história?

Tetsuko olhou para ele.

Garantirei o desejo final daquele que me empunhou e escutarei sobre a vida e morte de Fael.


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