Re;Blade escrita por phmmoura


Capítulo 20
Capítulo 19 - O plano




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Pelo pouco de conversa que ouviu dos soldados, Tetsuko descobrira sobre o local onde os bandidos se escondiam no momento.

Ainda que fosse dentro dos terrenos do Reino, as Colinas de Pedra eram um local estranho.

Cercadas por planícies, pântanos e montanhas, a terra era uma estranha formação de pedra e terra que criou pequenas colinas aqui e lá, formando um labirinto natural.

Apesar da terra ser rica na área, a dificuldade de trabalhar naquelas colinas afastara qualquer um que tentara clamar posse. A terra se tornou um fardo para os humanos e portanto as Colinas de Pedra continuaram dominadas somente pela natureza.

Árvores cresciam, grama cobria a terra entre as pedras e os animais tomaram conta.

E a alma dentro da espada não podia acreditar no que viu quando o exército chegou às Colinas de Pedra.

O lorde ordenou que seus soldados começassem a marchar antes que o sol se erguesse.

Quando chegaram, os primeiros raios de sol brilhavam no Labirinto de Colinas de Pedra.

Incrível… Jamais fiquei sabendo de um lugar desse tipo no meu mundo…

A floresta seguia as colinas, subindo e descendo. Como ondas… ondas de folhas…

Mas Tetsuko não teve tempo de observar a cena.

— Eles provavelmente já sabem onde estamos, meu senhor — disse Enrique com uma voz baixa.

— Sim… Também acho — disse Alonso, seus olhos procuravam entre as árvores escuras por qualquer sinal de movimento.

Então ele olhou para os homens e mulheres a sua volta.

Você realmente acha que há um traidor aqui também, meu portador?

O lorde e conselheiro discutiram após Lorde Dale partir. E eles alcançaram a conclusão de que não era possível para apenas uma pessoa, não importava o quão alto em poder militar, conseguir ter toda a informação que os bandidos tinham.

Não tem como outra pessoa além de um soldado daqui saber quando você partiria…

Mas, no fim, ninguém conseguiu descobrir o traidor. Só puderam passar as ordens sem dar tempo para que a informação saísse.

Tetsuko tentou descobrir algo sozinha.

Mas até com seus sentidos aguçados, ela não pôde descobrir nada.

Até este corpo tem suas limitações…

Mas eu não tentei atiçar a energia dentro de mim…

— As plantas e fogo estão prontos? — perguntou Alonso.

Apesar de não desejar usar nada providenciado pelo homem conhecido como Caos Sortudo, Enrique ajudara a organizar o plano. Com os mapas mais atualizados, eles conseguiram encontrar o melhor local para deixar as plantas.

Cinco locais em volta das Colinas de Pedra. Se eles ateassem fogo e ventilassem a fumaça ao mesmo tempo, o mau-cheiro encheria o Labirinto e seria impossível respirar.

Tetsuko estremeceu mentalmente enquanto se lembrava do cheiro.

Até sem nariz, posso sentir o cheiro da fumaça… até antes de me tornar uma espada que tinha um olfato fraco graças a vida perto da forja…

Os bandidos não vão resistir se forem forçados a respirar aquilo por muito tempo…

O problema é ajustar o tempo para que a fumaça não vá para o lado deles.

Uma mulher veio até o conselheiro e sussurrou algo para ele.

Apesar de sua voz baixa, Tetsuko podia sentir que ela suprimia seus sentimentos.

Ela está cheia de raiva, mas, acima disso, está com medo…

A ex-ferreira olhou em volta.

E ela não é a única…

Diferente da última luta, quando estavam todos confiantes e acreditavam que estavam prestes a fazer justiça…

Tetsuko sorriu em sua bainha que era grande demais.

Muito melhor, pensou a alma dentro da espada. Seriam tolos se continuassem daquele jeito.

— As plantas estão postas, meu senhor — disse Enrique com a voz baixa. Então o conselheiro mordeu os lábios enquanto olhava para seu superior. — Tem certeza de que deveríamos usar algo providenciado por Lorde Dale?

Alonso não se virou para ele. O lorde ficou encarando uma das entradas do Labirinto de Colinas de Pedra.

Não era a primeira vez que o conselheiro perguntara aquilo. Até enquanto ajudava a criar o plano, ele não conseguia se livrar do medo.

A reputação do Caos Sortudo é grande.

E Tetsuko não podia culpar o conselheiro. Até ela só conseguia estremecer ao se lembrar de Dale.

A energia daquele homem é distorcida demais… Não posso considerá-la maligna… mas é como se envolvesse todos a sua volta… se aquela é a fonte da Sorte dele e da queda dos outros…

A alma dentro da espada conferiu a energia de seu usuário após a conversa entre os lordes.

Mas não sentiu nada de diferente na energia de Alonso.

Nem na de Enrique ou dos soldados.

Até os homens que vieram com o outro lorde. Não havia nada de diferente com a energia deles.

Exceto com o homem chamado de Caos Sortudo.

Tem muita coisa estranha naquele homem… Mas eu prefiro manter minha distância dele… Sinto que, se sentir demais, minha própria energia ficará corrompida…

— Sim… ateiem fogo ao meu comando — disse Alonso, por fim, ainda procurando qualquer sinal de movimento nas árvores.

Ainda que falasse em voz baixa, os soldados foram tomados por apreensão.

Eles encararam adiante e não olharam para seu comandante.

Mas Tetsuko podia sentir; todos a sua volta escutavam a conversa deles.

O conselheiro assentiu e repassou as ordens do senhor.

Houve um silêncio tenso enquanto todos esperavam.

Alonso ergueu o braço lentamente.

Com a atenção de todos os soldados nele, ele abaixou a mão com um movimento preciso.

Contra a luz pálida do sol nascente que atravessava as nuvens, as chamas brilhavam em volta das Colinas de Pedra.

Eram como estrelas pálidas no chão.

Mas só durou um segundo.

As chamas queimaram as plantas e a fumaça preencheu o ar.

Mas ela jamais subiu aos céus.

Continuou em volta das chamas.

É como aquele homem disse… a fumaça é pesada, pensou Tetsuko.

O alívio no rosto do portador dela não passou despercebido pela espada.

Os soldados encarregados das plantas usavam escudos, lençóis, capas e qualquer coisa que podia ser usada para manipular o vento.

Eles abanaram a fumaça, mandando-a para o centro do Labirinto de Colinas de Pedra.

O lorde e soldados cobriram o rosto com panos, mesmo a uma distância segura do cheiro.

Droga… esse cheiro vai ficar preso na minha bainha horrível, pensou a alma dentro da espada.

Alguns instantes se passaram, e a fumaça entrou na imensidão de folhas.

Todos ficaram quietos, esperando por mudanças.

Não houve nada.

O senhor olhou para seu conselheiro e assentiu.

Enrique deu o sinal.

Os soldados controlando as chamas fizeram o fogo crescer e arder com mais força.

Mais fumaça saiu e entrou no esconderijo dos bandidos.

Então, eles ouviram.

Foi só uma pessoa tossindo.

Mas logo mais tossidas ecoaram.

Enquanto o plano funcionava, a ansiedade novamente passava pelas tropas.

Tetsuko podia sentir; eles queriam correr para lá e terminar a luta.

Mas não se moveram.

Não sairiam do lugar.

Não até que seu comandante ordenasse.

Alonso observou, esperando pelo momento certo.

E então, quando as chamas se apagaram e a fumaça parou, algumas pessoas vieram correndo de dentro do Labirinto de Colinas de Pedra.

Alonso mandou seu cavalo seguir em frente.

— Ao ataque! — gritou, puxando Tetsuko da bainha.

Até a espada estava ansiosa, o que só fazia sua energia atiçar.


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