Re;Blade escrita por phmmoura


Capítulo 17
Capítulo 16 - Depois da batalha




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— Droga! — gritou o lorde ao ouvir as notícias.

Ele fechou e abriu o punho, a respiração ficando mais pesada. Alonso olhou em volta, tentando encontrar algo para descontar a raiva. Seus olhos pousaram no suporte em que a armadura amassada estava. Sem pensar duas vezes, ele empurrou-a para o chão com toda força que tinha.

Seu rosto demonstrou dor enquanto o som de metal batendo preenchia a tenda do nobre.

Alonso grunhiu, mas recusou-se a gritar. Fechando os olhos, ele colocou uma mão nas costas e respirou fundo para suportar a dor.

— Meu senhor, por favor, não se mova muito — disse Enrique, indo para o lado do lorde com a preocupação estampada no rosto. — Você deu sorte de não ter quebrado nada além de algumas costelas enquanto lutava sozinho contra aqueles bandidos…

No instante em que falou, a expressão do conselheiro mudou. A preocupação deu lugar à culpa enquanto ele olhava para as bandagens de Alonso.

— Pare com isso, Enrique. Não foi sua culpa — disse Alonso, com raiva na voz, acenando a mão para seu conselheiro, suportando a dor com muito esforço.

Enrique abriu a boca, mas então a fechou, olhando para o chão.

Sim, pensou Tetsuko. Quem poderia ter visto a cobra? Se não fosse por isso, Alonso teria liderado o exército e matado o resto dos bandidos…

A alma dentro da espada assistira seu portador desde que ele despertara. Ela não conseguia dizer qual era o estado dele, portanto, a única coisa que fez foi escutar a conversa dos dois enquanto descansava desconfortavelmente na bainha que era grande demais para seu corpo de metal.

Mas você não deveria passar dos limites, meu portador. Já é incrível que tenha despertado em menos de um dia com esses ferimentos. Sua resistência é incrível, mas deveria descansar pra próxima batalha…

Além disso, você fez o certo àquela hora, pensou a alma dentro da espada. Foi a melhor escolha… ou as perdas seriam enormes…

Após o senhor e a espada mal conseguirem retornar para o exército principal, Alonso percebeu imediatamente a situação da batalha.

Apesar da incrível vantagem numérica, os bandidos pararam de isso. Em vez disso, eles estavam recuando para o coração da floresta.

O exército avançava sob as ordens de Enrique.

Mas eles jamais perceberam que aquilo fazia parte do plano dos bandidos.

Os criminosos recuaram, de fato. Mas não faziam apenas isso. Eles também atraíam o exército.

Quanto mais perto chegavam do centro da floresta, o lar dos bandidos, as armadilhas ficaram mais mortais.

Conforme o exército avançava, mais soldados caíam nas armadilhas. Mesmo assim, eles ainda perseguiram os criminosos.

O senhor percebeu que seus soldados estavam tomados pela sede de sangue. O nobre objetivo deles de se livrar dos criminosos que aterrorizaram o reino desaparecera. Se a batalha continuasse naquele ritmo, se continuassem perseguindo os bandidos até o centro da floresta, eles não derrotariam o bando.

Pelo contrário, o exército só perderia mais homens e mulheres.

Quando ele reuniu-se com Enrique, o comandante teve ainda mais certeza daquele destino.

Não foi fácil para Alonso, tanto mentalmente quanto fisicamente, mas ele ordenou que todos recuassem.

Os soldados tiveram dificuldade em obedecer. Estavam tomados pelo desejo de sangue para escutar direito.

Mas, no fim, eles obedeceram, contra a vontade, a ordem de seu comandante.

O motivo para não desejarem recuar era óbvio: queriam vingar seus companheiros mortos.

O lorde pressionou seus lábios.

Tetsuko sabia no que seu portador pensava.

Ele sentia a mesma raiva, vergonha e arrependimento que seus soldados, mas ainda repetiu a ordem, gritando o mais alto que seu corpo permitiu no momento.

Para o alívio dele, os bandidos não os perseguiram enquanto saíam da floresta.

Mesmo à beira de perder a consciência, o senhor ordenou que o exército parasse a algumas centenas de metros da floresta, longe do alcance de qualquer arqueiro.

A última ordem que Alonso deu foi enviarem um aviso para moverem o acampamento para aquele lugar.

— Não podemos… — Apesar da alta temperatura, ele olhava nos olhos de Enrique enquanto falava. — Não podemos… permitir que eles… recuperem território… eles estarão… mais preparados… da próxima vez… se permitirmos…

Então o senhor desmaiou por causa das feridas e exaustão.

Tetsuko só pôde observar enquanto os soldados cuidavam das feridas do portador dela.

Graças ao remédio para dor, a alma na espada sentiu a mente de Alonso recuperar e perder a consciência por um dia todo até que acordasse.

Até antes de se recuperar, o senhor insistiu com seu conselheiro em saber de todas as informações sobre a batalha.

Os bandidos tinham abandonado seu território e ainda não retornaram.

Os batedores encontraram alguns traços dos bandidos, mas ainda não tinham ideia de onde o grupo principal estava.

Mas o que incomodava o lorde não era o paradeiro dos bandidos.

Um grupo numeroso como aquele logo seria encontrado. Não existiam muitos locais para esconder tantas pessoas em tão pouco tempo.

O problema era o número de casualidades que o exército sofrera.

Eles perderam cerca de 500 dos 2000 homens e mulheres de suas tropas.

Um quarto das tropas, pensou Tetsuko. Um número considerável, especialmente pra algo como caçar criminosos…

Por outro lado, as perdas dos bandidos pairavam em milhares.

Os soldados não tinham tempo para contar devido a mudança do acampamento.

Ainda com as muitas perdas, os bandidos ainda eram uma grande ameaça que eles precisavam se livrar o mais rápido que podiam.

O senhor sentou na cadeira. Com uma mão sobre a bandagem em suas costelas, ele observava os mapas espalhados na mesa dentro da tenda.

— Existem apenas dois locais para onde os bandidos podem ir agora — ele disse, em voz baixa, mais para si do que para seu conselheiro.

Enrique colocou um dedo no mapa.

— O Labirinto das Colinas de Pedra — disse, usando o mesmo tom que seu senhor. Então ele passou uma mão pelo mapa. Quando o dedo parou, seu rosto assumiu um ar sombrio. — Ou o Pântano…

Tetsuko soube o motivo para aquela expressão.

Se eles forem lá, vão se juntar aos bandidos do pântano…

Mesmo em sua bainha desconfortável, a alma dentro da espada podia ouvir o que os soldados protegendo a tenda sussurravam. E o assunto dos bandidos do pântano surgiu. Junto com um medo.

Os bandidos do pântano eram o completo oposto dos bandidos da floresta, cuja força vinha do grande número e sua lealdade para o líder.

Ainda assim, a ameaça que eles demonstravam não deveria ser subestimada.

Eram um pequeno grupo composto de ex-soldados, assassinos e pessoas que não tinham nada a perder. E o líder era um senhor ardiloso que traiu o rei.

Apesar de não serem numerosos, o grupo conseguiu impossibilitar o comércio em volta e perto do pântano.

E isso foi antes de toda a situação com o povo de Fael, entendeu Tetsuko.

Pelos rumores, ela sabia que a vantagem principal deles era o terreno.

Só eles sabiam como navegar pelo pântano sem caírem nas armadilhas da área.

Com a suas habilidades, já fazia uma década que o reino não conseguira erradicá-los.

Mas alguns rumores são absurdos, pensou Tetsuko, divertindo-se enquanto imaginava.

Duvido que esse líder monte em um jacaré, o que quer que seja esse bicho, como um cavalo. O que o menino disse? Uma cobra com pernas e uma pele dura e pontiaguda que pode nadar na água e caminhar na terra… E se você for pego, vai te arrastar até as profundezas da água gelada, até que você pare de respirar.

A alma dentro da espada balançou a cabeça em sua mente, rindo um pouco.

Duvido desses rumores, mas não duvido que esse homem tenha merecido o título de senhor do pântano.

— Meu senhor, tenho informações — anunciou alguém na entrada da tenda.

— Entre — disse o lorde com uma voz cansada.

O jovem com um cabelo ralo castanho e uma cicatriz na bochecha ajoelhou-se para seu senhor antes de ficar de postura ereta. Seus olhos passaram pela mesa com os mapas por um instante, antes de voltarem para Alonso.

— Os soldados terminaram de montar o acampamento — informou o jovem soldado. — E, como ordenado, os soldados em boa forma e descansados foram reunidos.

— Ótimo — disse Alonso, tentando se levantar. Ele se contraiu e arfou com o esforço, mas ainda se levantou.

O jovem soldado ajoelhou-se de novo e saiu da tenda.

— O que tem em mente, meu senhor? — perguntou Enrique, caminhando até o lado do comandante.

— Precisamos… agora… é de informação… Não podemos ficar aqui… esperando por nossas patrulhas… descobrirem… os bandidos… sem… fazer nada — disse o nobre com uma voz dolorida enquanto caminhava até sua cama.

Ele sentou na cama, fechou os olhos e respirou fundo.

— Mande os soldados se dividirem em pequenos grupos e patrulharem a floresta toda. Podemos encontrar pistas de onde eles estão escondidos. Ou pelo menos para onde vão. — Apesar do rosto perder um pouco de cor, ele falou com uma voz mais grave.

— Entendido, meu senhor. — O conselheiro fez uma reverência para ele, cheio de preocupação no rosto novamente.

— Também avise para que não se afastem demais dos outros grupos. Ainda podem ter bandidos que ficaram pra trás e não podemos perder mais soldados. E ainda tem as armadilhas… eles precisam tomar cuidado. — Com cuidado, Alonso deitou de lado, se contorcendo de dor. — Ah, e mande-os tomar cuidado com as cobras — disse, com uma voz amarga, antes de descansar.


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