— Calma, — Lily fez um sinal com a mão enquanto tentava não se engasgar com a comida enquanto ria — o Albus achou mesmo que nós dois tínhamos um caso? — continuou rindo da minha cara enquanto tentava atacar o máximo de salgadinhos possíveis da mesa antes de ter que deixar o baile.

— Achou — Scorpius respondeu rindo e passou os braços por meus ombros quando me viu bufar.

— Eu sempre soube que vocês ficariam juntos — minha irmã me olhou docemente e depois direcionou o olhar para o loiro — viu, eu falei que tudo ia acabar bem, eu conheço o meu irmão — ela piscou e colocou mais algumas guloseimas em sua bolsa antes de anunciarem nos altos falantes que os alunos do primeiro ao terceiro ano tinham cinco minutos para se retirarem da festa — bem, eu tenho que ir, espero que vocês se divirtam muito — ela se jogou em cima de mim em um abraço animado — nunca mais se afastem assim, Scorpius ficou péssimo sem você — depositou um beijo em minha bochecha e depois acenou para o loiro e seguiu com as meninas de sua turma para o dormitório.

— O que foi que a Lily falou pra você quando estávamos afastados? — perguntei sendo guiado por ele para sentar em uma mesa próxima, já tínhamos atacado a comida algumas vezes.

— Nada demais, ela disse que eu tinha que ter paciência porque nós dois estávamos nos descobrindo e que assim que a gente conseguisse entender e aceitar tudo que sentíamos as coisas iriam se acertar — nos sentamos e eu o olhava surpreso com as palavras da minha irmã — ela disse que eu tinha que te dar um tempo, que você era cabeça dura, mas nós nos gostávamos e aquela situação não duraria muito.

— Quando foi que ela ficou tão sábia? — eu estava levemente boquiaberto.

— Eu não faço ideia — ele riu e ajeitou uns fios de cabelo rebeldes em meu rosto — você está lindo — sorri com o elogio e o olhei meio sem graça.

— Eu devo ser um espantalho perto de você — ri — não é difícil ver porque todas aquelas pessoas estavam apaixonadas — ele me olhou com um sorriso bobo e aproximei nossos lábios para um beijo rápido.

— Eles nunca tiveram a menor chance — ele me puxou para outro beijo, dessa vez mais demorado, sem se importar com nada nem ninguém ao redor — ah, e falando nisso — ele comentou quando afastamos nossos lábios — ouvi dizer que a Mandy tentou te chamar pro baile e você a dispensou — riu.

— O que? Quando? — perguntei assustado — isso não aconteceu — tentei me lembrar das poucas vezes que tinha falado com a garota. Scorpius riu.

— Pelo jeito você nem entendeu o que ela queria.

— Melhor assim — dei de ombros percorrendo meus olhos pelas pessoas que dançavam divertidas pelo salão — a Mandy é até legal, mas é só nossa amiga, talvez tenha pensado em me chamar por isso.

— Você realmente não percebe o quanto você é lindo, interessante, e tem várias pessoas que gostariam de ficar com você... — ele me olhou sincero, mas havia algo estranho em seu olhar.

— Você está exagerando.

— Nem um pouco — balançou a cabeça — eu não sei como você não percebe, as pessoas só tem medo de se aproximar diretamente de você, porque você é sincero demais e nem um pouco sutil quando não está a fim de falar com alguém — um sorriso divertido escapou de seus lábios, mas logo se perdeu novamente na expressão séria — algumas meninas acham que você não se importa para as investidas delas, eu ficava para morrer quando alguém me pedia ajuda para se aproximar... — corou levemente ao falar e se inclinou para pegar bebidas de uma bandeja que passava.

— Você já sabia? — perguntei meio tímido e ele me olhou curioso — que gostava de mim... — peguei a bebida que o loiro estendia em minha direção e bebi um pouco sem graça, ainda era difícil acreditar que ele era realmente a fim de mim, parecia tudo perfeito demais.

— Já — sua bochecha atingiu um tom rosado — eu estava confuso com tudo que estava sentindo, mas eu sabia que o que eu sentia por você ia além da amizade, eu só não sabia muito bem como lidar com isso, ou como você lidaria.

— Eu não entendia muito bem o que estava sentindo até ver aquele idiota do Andrew te roubando um beijo — ainda sentia raiva sempre que lembrava.

— Sabe... Eu... — Scorpius suspirou — eu achava que você só tinha medo de perder a nossa amizade, da gente se afastar... Eu achava que você só não percebia as pessoas que davam em cima de você... quando eu vi a Mandy falando sobre o baile eu senti meu coração apertar, você parecia não ter entendido que a garota tinha interesse, mas eu percebi na hora — ele parou como se tivesse medo de continuar.

— O que foi?

— Eu tinha medo de comentar sobre isso e você mudar de opinião quando entendesse que as garotas tinham interesse, fiquei com medo de você acabar se interessando por alguma delas também... Às vezes eu penso se as coisas não teriam sido diferentes se... — o interrompi.

— Não seja bobo. Eu nunca percebi nada nelas porque nenhuma delas era relevante para mim. Só você me importava, acho que isso já ficou bem claro, não? — senti minhas bochechas esquentarem um pouco de vergonha quando lembrei dos meus ataques de ciúmes — eu fiquei péssimo aquela semana que ficamos separados, eu não sabia o que fazer, não conseguia comer direito, nem dormir, eu pensei em ir embora de Hogwarts, porque nada aqui tinha graça, mas lugar nenhum seria melhor porque também não teria você, não é só porque não queria perder sua amizade, Scorp, é porque eu queria mais com você e só com você. — Um sorriso lindo se abriu em seu rosto iluminando tudo, colei nossos lábios encantado com a visão, era muito bom todas as sensações que aquele simples sorriso me causava.

A noite foi realmente muito agradável, mais do que eu achei que um baile poderia ser. Não nos desgrudamos nem um segundo, rimos das pessoas que dançavam desengonçadas, dos sonserinos que foram pegos tentando batizar o ponche, das pessoas escondendo comidas nas bolsas. Rosa veio nos encontrar animada em um momento da noite, mas logo voltou para a pista de dança. Mandy também tinha arrumado um outro par e parecia feliz, acenou para nós dois meio tímida, mas não se aproximou muito.

Saímos da festa pouco antes de acabar, mas Scorpius desviou o caminho me puxando para uma varanda do castelo antes de chegarmos ao dormitório.

— O que viemos fazer aqui? — o olhei curioso.

— Eu queria te falar uma coisa antes de voltarmos para o quarto — ele parecia um pouco ansioso.

— O que é? — sorri carinhoso tentando incentivá-lo a falar.

— Al... Eu sempre tive certeza que você era a única pessoa que eu queria ao meu lado, e nós sempre fomos amigos e grudados dessa forma.

— sim... — sorri, mas sem entender onde ele queria chegar com o assunto, só a visão dele sob a luz da lua já me deixava encantado.

— Então... Mas agora acho que somos mais que amigos, né? — assenti com a cabeça e ele continuou meio tímido — eu tenho certeza que esse sentimento nunca vai mudar pra mim, por isso eu queria saber se... Se você aceita namorar comigo — seus olhos estavam fitando nossas mãos entrelaçadas e sua bochecha tinha um leve tom corado. Eu não conseguia evitar o sorriso que se formava em meus lábios, eu ainda não tinha pensado muito a respeito de como ficaríamos agora, mas eu tinha certeza que eu nunca mais iria desgrudar dele, e nem pensaria em parar de beijá-lo. Namorado parecia ótimo para mim.

— Claro que eu aceito — sorri e ele respirou aliviado me abraçando em seguida.

— Eu te amo, Al — beijou minha cabeça apertando meu corpo contra o seu, senti um arrepio bom me invadir e aquela sensação conhecida de borboletas no estômago. Acho que eu nunca tinha me sentido tão feliz na minha vida, tanto que as palavras saíram de meus lábios sem qualquer sombra de dúvidas.

— Eu também te amo, Scorp, vou amar pra sempre.

Fim.