— Você está bem? – Taehyung perguntou do outro lado da linha.

— Gostaria de dizer que sim. – Bea Ni respondeu triste.

— E o que acha de mudarmos esta situação?

— Como assim? Não podemos fazer nada além de procurar o culpado e trabalhar o dobro para--

— Me refiro ao agora. Você precisa parar de pensar nisso um pouco.

— O que você está aprontando?

— Vamos chamar os outros e o que me diz em irmos comer alguma coisa e bebermos um pouco? Será bom.

— Estou exausta, Tae. – Bea Ni repondeu largando-se em seu sofá e verificou as horas – Não acha que já está tarde para isto?

— Claro que não. 22h20min é o momento ideal de sair para beber quando se está triste. Ninguém nunca te falou?

Bea Ni sorriu e Taehyung retribui o ato ao ouvi-la.

— Tudo bem. Eu topo.

***

— Bem que poderíamos repetir isto mais vezes. – Bea Ni falou erguendo um pequeno copo, no que os demais a acompanharam em um brinde.

A equipe da Kang’s, juntamente com os Bangtan, Nana e Heuna estavam reunidos em um retaurante de comida caseira, mais reservado, em um bairro próximo.

— Nee. Andamos estressados demais naquela empresa! – Hua Le concordou sem demora já sentindo seus reflexos ficarem mais lentos pelo cansaço do dia e pela bebida forte.

— O senhor Bang PD-nim foi compreensivo, mas ele soube puxar nossas orelhas. Estou sentindo até agora o peso da culpa por isto ter acontecido. – Man Guk confessou mastigando um pedaço de peixe fresco com alguns molhos.

— Mas vocês não deveriam se sentir assim. – Taehyung iniciou cruzando os braços – Vamos! Conseguirão dar conta. Nós podemos ajudar. O que acham, meninos? – Ele inquiriu olhando os demais.

— Aigoo. Vocês estão se cobrando demais. – Yoongi se pronunciou enchendo os pequenos copos vazios – Caso não dê tempo, os prazos terão que ser prorrogados. Ninguém aqui é robô. - Falou prático parecendo inabalável.

— Até que seria uma boa ideia podermos ajudá-los com alguma coisa... – Hoseok falou reticente já um pouco vermelho pelo álcool ingerido.

— Claro que sim! – Jin concordou disposto – Seria divertido.

— Eu concordo. Podemos ajudar, mas o V hyung terá que nos explicar como primeiro. – O maknae falou depositando o copo pesadamente na mesa segurando, em seguida, a mão da Heuna ao se lado.

— Estava pensando sobre isto. – A Nana interviu – Bom, na empresa temos as salas de figurino e ainda algumas peças guardadas nos camarins.

— Isso mesmo! – Jimin estalou os dedos beijando a bochecha da sua noiva que sorriu – Podemos usar estas salas.

— Ou as roupas que estão nestas salas... – Heuna pensou alto parecendo ter captado algo no ar.

— Mas do quê vocês estão falando? – Julee Hu perguntou confusa olhando de um para o outro.

— Também estou esperando uma resposta. – Namjoon afirmou com a voz embolada pela comida.

— De roupas. – Bea Ni respondeu em tons de resmungo frustrada com tudo aquilo. Ela não sabia se havia sido realmente uma boa ideia ter aceitado esse “happy hour”.

Taehyung sorriu.

— Pensei que ninguém entenderia onde eu queria chegar! Exatamente isto, Heuna noona. Podemos usar as roupas. O que me dizem? – Taehyung parecia empolgado com a própria ideia.

— Aish, não sei de o Bang PD-nim irá gostar da ideia... – Nana ponderou pensativa.

— E nem o que o Kang-nim também pensará sobre isto... Como poderemos usar as roupas? – Soo Ji perguntou mais para si tomando mais do Soju de seu copo.

— Aigoo! Mas claro que não podemos usar as roupas, Tae. Você quer o quê, que eles rasguem nossas roupas antigas e remodelem todas para o lançamento da nova coleção e inauguração da loja?! – Jimin falou como se fosse óbvio de que aquilo não daria certo – Não... – Ele soluçou e riu em seguida por isso – Não liguem para o que ele está dizendo.

— Jimin-ah, não acha que já bebeu demais? – Nana sussurrou dando um selo no noivo que logo afastou o copo para longe. 

— Aigoo. Acho que só eu estou raciocinando aqui. – Taehyung falou com ares de brincadeira mastigando um bom pedaço de kimchi fazendo todos esperarem, enquanto apoiava um dos braços por trás da cadeira da Bea Ni, o que fez os funcionários da Kang’s os olharem curiosos.

Bea Ni virou mais um pequeno copo esvaziando-o e pigarreou em seguida, mas Taehyung não compreendeu o sinal e fez menção em continuar seu raciocínio. Porém, novamente Bea Ni pigarreou olhando de relance para Taehyung que logo fingiu espreguiçar-se e retirou o braço do espaldar da cadeira da namorada.

— Tae, acho que apenas você veio planejando uma reunião para resolver este problema. – Hoseok declarou.

— Aceitamos vir para não pensarmos na empresa. Se tem alguma forma de ajudar as garotas com o projeto, fala de uma vez. – Yoongi disse em sua tranquilidade servindo Hua Le, sentada a sua frente.

Taehyung fez uma careta para o amigo.

— Ótimo. Vocês – Taehyung dirigiu-se para os funcionários da Kang’s Company na mesa – poderiam usar nossos figurinos para refazerem as modelagens e medidas. Poderemos ajudá-los separando quais são algumas de nossas peças, para assim vocês terem mais uma base sobre nossos gostos pessoais e refazerem todo o trabalho. Isso pode ser uma forma de ganhar tempo. O que acham?

Bea Ni e Hua Le abriram a boca estarrecidas.

— Antes vocês não puderam contar conosco para fazermos prova de roupas ou reuniões sobre o que precisassem e sei que montaram um dossiê com nossos dados. Agora, ao invés de recorrerem aos nossos estilistas, vocês podem vir diretamente à nós. Iremos ajudar.  

Bea Ni e Hua Le continuaram estarrecidas e Hua Le, que segurava os cheot-garaks, deixou-os cair tamborilantes e barulhentos sobre a mesa.

Os demais funcionários da Kang’s gaguejavam algo que ninguém conseguia entender.

— Taehyung, vocês não podem fazer isto... – Bea Ni começou olhando-o ao seu lado.

— E por que não?

— Vocês não têm tempo para isto. – Falou num tom inseguro.

— Não temos tempo para um monte de coisas, mas este trabalho deve ser em equipe, certo?

— Vocês não devem... – Hua Le endossou o pensamento da amiga agindo no automático, ainda pasma com esta real possibilidade.

— Claro que devemos. – Yoongi rebateu parecendo animado – Vocês querem ou não nossa ajuda?

Hua Le olhou-o surpresa escondendo, apenas, um pequeno sorriso.

— O Bang PD-nim está uma fera. Ele não vai gostar da ideia, Tae-ah. Tivemos que contar com os estilistas justamente para suas agendas não serem comprometidas – Bea Ni observou.

— “Tae-ah”? – Man Guk notou.

— Fica quieto aí, Guk! – Hua Le espalmou uma mão na direção do outro.

— E quem disse que ele precisa saber? – Jin argumentou.

— O hyung tem razão. Podemos todos irmos para a empresa antes do expediente começar e ajudarmos no que for preciso. – Jimin sugeriu.

— E para quem abrir a empresa? – Hoseok perguntou um pouco alto demais.

— Tem ainda as câmeras de segurança. – Jungkook lembrou.

— Isto está ficando complicado... – Heuna falou chamando o garçom em seguida para servir mais porções ao grupo.

— Então podemos ficar um tempo depois do expediente. – Jimin tentou novamente.

— Ainda assim, as câmeras. – Jungkook bocejou encostando-se no ombro de Heuna.

— JÁ SEI! – Hua Le exclamou com os olhos arregalados e bateu com uma mão na mesa, triunfante.

— Aigoo! E ainda me diz que não é escandalosa, amiga! – Bea Ni inquietou-se, mas depois do susto com Hua Le, todos sorriram.

— Temos nosso ateliê, Ni-ah! Agora me diz que sou um gênio. – Hua Le fez uma expressão solene esperando tais palavras da amiga – Ué, o que foi? Não gostou da ideia?

— Me parece boa! – Nana opinou.

— Para nós também. – Soo Ji olhou para os dois amigos ao lado que concordaram, animados.

— Ah, eu concordo. – Jungkook falou sonolento beliscando de alguns pratos servidos.

— Me parece A solução. – Jimin deu de ombros concentrado em equilibrar um pedaço de carne em cima do monte de arroz que havia pego.

Todos pensavam sobre a sugestão de Hua Le esperando algum posicionamento de Bea Ni.

— É boa, sim. Seria perfeito... Se não tivéssemos ainda um probleminha. – Bea Ni começou deixando os ombros caírem, desanimada – As roupas. Teríamos que levar algumas das peças de roupas da Big Hit para nosso ateliê e isto pode chamar a atenção. Afinal, não temos autorização para usar aquelas peças, muito menos para tirá-las de lá. E ai de nós se o Bang PD-nim descobre que estaríamos fazendo isto como uma forma de encobrir nossa falha. – Ela esboçou um sorriso fraco, mas sentia que a vontade de desabar no choro novamente estava prestes a voltar e fungou discretamente.

Os sete rapazes, o pequeno grupo da Kang’s ali presente, a Nana e a Heuna permaneceram calados pensativos e tristes por parecer ser impossível ajudar as gerentes com esta injustiça que os pegou de surpresa, assumindo que Bea Ni tinha razão, mesmo querendo todos que, desta vez, ela não tivesse.

— Bom... – Namjoon começou meio duvidoso e todos viraram-se para encará-lo – Acho que ainda temos uma saída.

— Não sei se acredito em milagres, Namjoonnie, mas se você está dizendo que temos uma solução para isto, só pode ser um. – Jin o olhou curioso.

— Não chamaria atenção se nós pegássemos nossos figurinos. Podemos dar uma desculpa qualquer: escolher alguns para reutilizar em shows, provar para ver se ainda servem, fazer doações, deixar em nossa exposição...

— E? – Jimin inclinou-se para o amigo.

Todos se reanimaram com este fio de esperança. Jungkook, que pendia a cabeça vez ou outra, pareceu bem desperto com a ideia.

— Podemos usar nossa casa. – Namjoon soltou de uma vez.

— O QUÊ?! – As duas gerentes e os outros três da equipe Kang’s exclamaram em uníssono.

— Claro! – Taehyung bateu com uma mão na própria testa – Como não pensei nisso?! – O sorriso retangular voltou a desenhar-se em seu rosto.

— Porque você não é o Nam (?)...  – Hoseok provocou o amigo que lhe fez uma careta.

— Perfeito! Mais prático impossível. Já estaremos em casa. – Jin sorriu animadamente.

— Aish, já estava ficando ainda mais preocupada com tudo isto. – Nana começou – Como trabalho na Big Hit, se precisarem de cobertura, só é me ligarem. – A garota pegou um copo levantando-o e alguns brindaram com ela mais aliviados. Jimin virou-se roubando-lhe um selo.

— Ótimo. Então está resolvido. – Yoongi sorriu brindando com os demais - Então, preparem-se para conhecer nosso templo de composições, nosso lugar sagrado, nosso Monte Olimpo-- 

— Está dizendo que somos deuses, hyung? - Jungkook socou levemente o amigo.

— Bem, quase isto. - O mais pálido respondeu em sua voz grave, transbordando seu swag de forma descontraída, o que fez todos sorrirem brindando mais um shot do último drink da noite.