Meu Pequeno Anjo escrita por Lelly Everllark


Capítulo 3
Um problema a menos.


Notas iniciais do capítulo

Heeey my babys, voltei!! :)
Então, cá está mais um capítulo novinho pra vocês, espero que gostem da Izzie e BOA LEITURA!! ♥



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  Izzie

  Parece que quando a sua vida está ruim tudo conspira para ela ficar pior. Por que se já não bastasse eu estar grávida, agora eu também era quase uma sem teto. Só tinha até amanhã para me mudar e não tinha ideia de para onde iria. Gwen é que tinha sorte, já estava quase totalmente instalada no apartamento do namorado, Duncan. Ela até tinha me ofereci um quarto lá, só que eu tive tato o suficiente para dizer não, mesmo que por um segundo eu tivesse cogitado a ideia de aceitar, mas eles iam querer privacidade, então não seria eu a atrapalhá-los.

  O problema mesmo era que agora eu estava muito ferrada, como eu ia arrumar uma casa nova até amanhã? Por que era isso que o Sr. Alberts tinha me dado, eu tinha até domingo para sair ou seria demolida junto com o prédio. Eu ainda podia voltar para a casa dos meus pais que ficava a quase duas horas de viagem daqui, ainda daria para eu trabalhar e eu não seria uma sem teto.

  Mas eu não podia ir. Não sem precisar contar da gravidez, tudo bem que eu não iria conseguir esconder isso pra sempre, só que um pouco mais de tempo não faria mal a ninguém, principalmente pra mim, a pessoa mais ferrada do mundo. Desde ontem quando eu tinha descoberto sobre o bebê eu não conseguia deixar de pensar no quão burra eu fui. Precisava beber tanto? É claro que não. Precisava ir pra cama com o Brian? Não mesmo. Eu não precisava de nada daquilo, mas mesmo assim eu ouvi o convite da Lorena e não consegui me conter. Qual é! Foi a minha primeira festa em meses e eu consegui terminar grávida de um idiota. Mas acho que eu merecia, afinal, a gente colhe o que planta.

  - Hei moça, você vai ficar parada ai até quando? - um garoto de uns dez anos perguntou me tirando dos meus pensamentos deprimentes. Eu estava de pé na calçada em frente a uma casa incrivelmente linda, com uma placa escrito “Vende-se” na frente. - Eu quero passar - ele apontou para a bicicleta em que estava montado e eu suspirei.

  - Desculpe - disse e sai do caminho, ele passou pedalando o mais rápido que conseguiu e eu dei meia volta segui para o meu próximo destino. Algum prédio caindo aos pedaços com apartamentos minúsculos que eu conseguia pagar.

  A casa eu tinha visto por acaso, e me encantei, eu não me importaria em morar num lugar assim, com meu bebê correndo pelo jardim e um marido incrivelmente gato brincando com ele. Mas é claro que não seria assim, em poucos meses eu seria uma mãe solteira, e homens já não gostavam de compromissos, com uma mulher que já tinha um filho então, não ia rolar nunca. Me livrei desses pensamentos e continuei minha busca por um lugar que eu pudesse pagar. O Sr. Braga, meu chefe, tinha me dado o sábado de folga depois que eu e Gwen contamos o que tinha acontecido ontem de manhã. Minha amiga que já tinha praticamente se mudado pra casa do namorado não precisou, mas eu aceitei de bom grado a folga e cá estava eu às duas da tarde sem ter almoçado, com os pés doendo e ainda sem casa. Provavelmente não dava pra ficar pior. Mais eu devia ter imaginado que dava, e de um jeito que eu nunca imaginei ser possível.

  Passei a tarde toda andando e nada, já estava desistindo e aceitando o fato de que teria que virar moradora de rua, quando eu vi uma senhora colando um aviso no portão de um prédio do outro lado da rua, ele não era muito grande, mas parecia em bom estado, e isso pra mim já era mais que o suficiente. Atravessei a rua e alcancei a moça no mesmo instante em que ela se afastava do aviso, ele dizia “Aluga-se apartamento, três quartos, arejado e espaçoso, localizado no segundo andar, tratar com Abigail Miller” e embaixo havia um número de telefone.

  - Eu estou interessada! - disse assustando a senhora que estava prestes a entrar outra vez, ela se virou para me encarar com os olhos arregalados, eu não podia culpá-la, já eram quase sete da noite e uma doida acabou de abordá-la na rua.

  - No apartamento?

  - Exatamente, você é Abigail Miller? - perguntei lendo o nome da placa.

  - Sou eu sim - ela sorriu. - E você é?

  - Isabelle, Isabelle Adams - lhe entendi a mão e ela apertou. - E eu quero muito ver o apartamento e saber o preço do aluguel.

  - Vai ser um prazer lhe mostrar, por aqui - Abigail me chamou e eu a segui.

  No fim nem todo o meu sofrimento do dia tinha sido em vão, a Sra. Miller era super gente boa e o apartamento apesar de um pouco caro (ele tinha um quarto a mais do que o que eu dividia com Gwen) era incrível, nem pensei duas vezes antes de fechar o negócio, perguntei a ela se podia me mudar amanhã, e ela ficou feliz em responder que eu podia vir e ficar a vontade. Estava tão feliz que nem ser quase derrubada por um idiota no ônibus conseguiu estragar o meu bom humor.

  Cheguei em casa, que não seria mais minha em pouco tempo e encontrei Gwen empacotando umas coisas da nossa cozinha, assim que ela me viu, me olhou feio e ficou de pé.

  - Onde você estava!? Eu já estava pra ligar pra polícia! Por que não atende ao telefone?

  - Hei, calma, eu viva, vendo? Desculpe sumir assim, é que a bateria do meu celular morreu. Mas veja pelo lado bom, não sou mais uma sem teto!

  - Você achou um apartamento? - ela perguntou animada se esquecendo que estava brava comigo.

  - Achei! E você está fazendo o que ai? - apontei para as caixas na cozinha.

  - Dividindo nossas panelas. Como eu vou sobreviver sem você, Izzie? - ela fez bico colocando o escorredor em uma caixa. - Quem vai me alimentar?

  - Você - disse sorrindo. Gwen até que não era ruim na cozinha, seu problema mesmo era não ter paciência para cozinhar. - Mas se quiser pode vir comigo, o apartamento é bem legal, e também já estou com saudades.

  - Eu bem que queria. Mas já prometi ao Duncan que não mudaria de ideia dessa vez. — ela suspirou, mas tinha um meio sorriso. Era verdade que ela já tinha quase ido morar com o namorado um tempo atrás, mas aí desistiu no último minuto, Duncan ficou tão puto com ela que eles passaram quase um mês sem se falar.

  - Tudo bem - dei de ombros. - Mas você vai me visitar, né?

  - Claro. E você também. Não é por que não vamos mais morar juntas que deixamos de ser melhores amigas.

  - Nunca - disse sorrindo e tirando os sapatos para me juntar ela na arrumação. Eu estava morta, mas se esses eram os nossos últimos momentos como colegas de apartamento, eu queria aproveitá-los ao máximo.

  Gwen e eu havíamos nos conhecido no último ano da escola, mas nessa época não nos falávamos, nos reencontramos um ano depois em uma situação pior impossível. Estávamos no hospital, eu com minha mãe e ela com a irmã caçula dela. A mãe de Gwen morreu há cinco anos, e desde então ela tem deixado seus sonhos de lado para ajudar o pai com as três irmãs mais novas. No dia em que nos reencontramos minha mãe estava em uma das suas muitas consultas de rotina e a irmã de Gwen estava com um resfriado. Até hoje eu penso que se tivéssemos combinado não teria dado tão certo. 

  Eu fui obrigada a desistir da faculdade por causa dos problemas cardíacos da minha mãe, em três anos ela fez duas cirurgias, um transplante e mais consultas do que eu consigo contar e com isso toda a minha poupança para a faculdade se foi. Eu não estou reclamando, não mesmo, afinal minha mãe hoje está ótima, com um coração novo e uma saúde de ferro. Mas também não posso dizer que não fiquei com inveja das minhas amigas, enquanto elas iam para a faculdade eu ia para o hospital, enquanto elas iam a festas de fraternidade eu ia a bancos de sangue. Era triste e solitário. Mas foi ai que Gwen apareceu, ela também não tinha condições de ir pra faculdade, sua mãe se foi e deixou inúmeras dívidas de tratamentos e ainda tinham suas irmãs, e foi ai que acabamos indo trabalhar juntas na lanchonete do Sr. Braga e estamos lá até hoje, daí pra irmos morar juntas não demorou muito, Gwen queria espaço e eu queria não ter que viajar duas horas da casa dos meus pais para o trabalho todos os dias.

  Mas o que eu não esperava era que o meu recomeço se transformasse em um novo fim. Da primeira vez não consegui ir à faculdade por causa do dinheiro, agora, eu ia ser mãe. Mãe aos vinte e um anos, meus pais iam me matar, principalmente por que eu não estava exatamente animada em contar sobre o bebê a ninguém, e com ninguém, quero dizer o babaca do pai também. Brian é um galinha mulherengo que já pegou metade do campus da faculdade e tenho certeza que vai pegar a outra metade até terminar seu curso. Eu não tinha planos nem de chegar perto dele, quem dirá ter um filho com ele.

  Eu devia ter ouvido Gwen e ficado em casa naquela sexta, vendo séries e comendo mais doces do que seria humanamente possível, mas não, eu queria ir, queria me sentir jovem outra vez, ia ser só um pouco, só dessa vez, não ia dar em nada. Acabei chorando sozinha em meu quarto enquanto repetia essas palavras pra mim mesma, a ironia delas agora era quase como se rissem de mim. Da minha estupidez. Acabei dormindo em meio às lágrimas e acordei com meu celular tocando.

  - Alô? – murmurei ainda de olhos fechados.

  - Srta. Isabelle Adms? — uma que não reconheci perguntou.

  - Sou eu – respondi abrindo os olhos e prestando mais atenção à conversa.

  - Eu sou o Billy, você nos contratou para levarmos suas coisas hoje de manhã, está muito cedo? Eu acordei você? — ele perguntou e eu dei um pulo da cama olhando para o relógio no criado mudo, marcava nove horas. Merda! Eu havia esquecido de programar o despertador noite passada.

  - Não, você não me acordou – menti. – Eu já os estou esperando, podem vir.

  - Maravilha, acho que conseguimos chegar ai em vinte minutos.

  - Vou ficar esperando – disse e desliguei. Sai correndo do meu quarto e quase cai tropeçando em uma das muitas caixas no corredor. – Gwen! Gwen! O pessoal da mudança está vindo! Quais são mesmo as minhas coisas!? – gritei batendo na porta do quarto da minha melhor amiga e ela a abriu parecendo que havia acabado de sair de uma briga com um gato, seu cabelo estava praticamente em pé.

  - Que barulheira é essa? – perguntou coçando o olho.

  - O pessoal da mudança vindo ai e eu nem sei mais quais são as coisas da cozinha que são minhas – disse em pânico e ela riu.

  - Você dormiu de mais, né?

  - O ponto aqui não é esse – disse desconversando e Gwen gargalhou.

  - Vem, vou te ajudar.

  Conseguimos separar as caixas antes do pessoal chegar, e eu felizmente lembrei de pescar uma roupa para me trocar antes de abrir a porta. Ver aqueles homens pegando minhas coisas e deixando as de Gwen doía quase fisicamente, ela havia se tornado quase minha irmã, na verdade era isso mesmo que ela era, uma irmã do coração. E agora seguiríamos caminhos diferes. Nossa que bad, me livrei desses pensamentos horríveis e sorri para minha amiga.

  - Já estou com saudades.

  - Não mais que eu. Se cuida e me liga assim que chegar.

  - Você vai sair hoje também, né? – quis saber e ela assentiu.

  - Duncan está ocupado, só pode vir me buscar mais tarde.

  - Certo – sorri. – Então até mais.

  - Até – Gwen sorriu também e nós nos abraçamos.

  Entrei no caminhão com o pessoal da mudança e nós seguimos para a minha nova casa. Felizmente não era muito longe, cheguei lá e encontrei a Sra. Miller regando as rosas que tinha na entrada.

  - Oi, Sra. Miller – a cumprimente ela sorriu assim que me viu.

  - Oi Isabelle, pode me chamar de Abigail.

  - Então a senh... – parei assim que percebi o que ia dizer. – Digo, você pode me chamar de Izzie.

  - Fechado – ela disse e depois olhou para o caminhão. – São suas coisas?

  - Sim, posso subir?

  - Fique à vontade, a casa agora é sua. Mais tarde passo lá pra ver como estão às coisas.

  - Tudo bem, estou indo lá – me despedi e chamei os meninos para me acompanharem.

  Felizmente pra mim, eles me ajudaram com as caixas mais pesadas e com coisas como as vigas da cama e a geladeira. Como Gwen iria ficar com o namorado, ela deixou que eu ficasse com mais da metade da mobília, assim sendo, eu tinha geladeira, armário para a cozinha, sofá, só não tinha TV e maquina de lavar roupas por que essas ela insistiu em levar, na verdade o destino da TV a gente decidiu no jo ken po. Infelizmente depois de uma melhor de três ela venceu, mas fora isso, eu estava muito bem preparada pra morar sozinha, acho que no fim daria tudo certo.

  Mas o que eu não imaginava era que estava prestes a me meter na maior confusão da minha vida.

  Depois que eu ouvi o caminhão indo embora, comecei a desempacotar as coisas. Abri a primeira caixa cheia de utensílios de cozinha e estava prestes a tirar o escorredor de dentro, mas eu parei no meio do caminho, por que a ultima coisa que eu esperava, estava parada bem na minha porta.

  A garotinha loira que não podia ter mais que cinco anos, piscou pra mim e sorriu. Estava prestes a perguntar o que ela estava fazendo ali, quando um loiro apareceu atrás dela com duas caixas nas mãos, ele abriu a boca para falar com ela, mas parou assim que me viu.

  - O que está fazendo aqui? – disparamos os dois ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

E então meus amores, o que estão achando? Quero opiniões!! ♥
Beijocas e até!! :3



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