Meu Pequeno Anjo escrita por Lelly Everllark


Capítulo 16
Tempestades.


Notas iniciais do capítulo

Sorry a demora, mas eu voooltei!!
Espero que gostem do capítulo.
BOA LEITURA :3



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  Izzie

  - Mamãe, eu...

  - Me diga a verdade, Isabelle. Por favor – ela me interrompe e eu engulo em seco. Um nó se forma em minha garganta e quero chorar.

  - Iz, quem é ela? Sua amiga? – Angie sussurra puxando minha saia e sorrio para ela mesmo que queira sumir, me lembrando de quando conhecemos Rachel.

  - Ela é minha mãe e aquele é o meu pai – os apresento e mamãe me olha arqueando uma sobrancelha a espera da resposta para a pergunta que ela fez e a que não fez. – Essa é Angie, a filha do Connor, o meu colega de apartamento – digo logo de uma vez. Não tem por que fingir que eles não moram comigo e nem por que apresentar a pequena como irmã do loiro.

  - Isabelle... – mamãe começa e dessa vez sou eu a interrompê-la.

  - Gwen? – olho para a minha amiga que está em silencio nos encarando, indico Angie com a cabeça e ela assente.

  - Vamos tomar um sorvete, Angie? – ela convida e o olhar da pequena recai diretamente sobre mim e depois meus pais, como se ela estivesse tentando entender a situação.

  - A Iz não deixa comer doce antes do almoço – ela responde se agarrando a minha perna e agora realmente quero chorar. Obviamente Angie não entende metade do que está acontecendo aqui, mas sabe que o clima não está bom. Só o fato dela recusar sorvete é a prova de que realmente quer ficar comigo. Forço um sorriso e me abaixo para ficar da sua altura.

  - Hoje você pode. Vou conversar com a minha mãe e você vai tomar sorvete com a tia Gwen, Ok? Depois terminamos o almoço.

  - Posso mesmo? O bebê da barriga bem? Você vai chorar, Iz? – ela pergunta de uma vez e mordo o lábio para evitar um soluço, faço que sim com a cabeça por que sei que se abrir a boca provavelmente vou chorar. Dou-lhe um beijo na testa e fico de pé.

  - Vamos? – minha amiga chama a pequena mais uma vez que a segue relutante, antes de sair a morena sussurra um “Boa sorte”. Quando a porta se fecha minha mãe me encara de braços cruzados e expressão séria, em nada parece com a mulher amorosa que conheço. Papai está atrás dela em silêncio, um que não combina com ele.

  - Estou esperando, Isabelle – diz minha mãe e papai suspira.

  - Izzie, por favor, nos diga a verdade. Essa história toda de que está grávida, é verdade? E como assim você está morando com um homem?

  - Quem... Quem disse sobre o bebê a vocês? – pergunto num fio de voz.

  - Isso não importa – mamãe revira os olhos. – Só responda nossa pergunta, você está mesmo grávida?

  - Quem falou? – insisto. Não consigo imaginar ninguém que possa ter feito algo assim. As pessoas que sabiam não tinham por que dizer aos meus pais dessa maneira.

  - Uma amiga sua lá do café chamada Rachel, já que você não teve a mesma consideração. Uma estranha teve que nos dizer que estava grávida, Isabelle.

  - Rachel? – pergunto ignorando o tom de mamãe. Aquela vaca tinha contado aos meus pais. Mas como ela sabia? O olhar inquisidor da minha mãe me faz abandonar as suposições, agora não é hora para devanear sobre como vou acabar com a raça dela, isso eu faço depois, agora tenho que encará-los.

  - Sim, Rachel. Agora nos diga Isabelle, você está...

  - Estou – a interrompo tocando a barriga. – Estou grávida. Completei um mês ontem.

  - Isso... Quando? Como aconteceu? – minha mãe pergunta surpresa e suspiro.

  - Foi em uma festa, eu bebi de mais, Gwen não estava comigo e eu só, passei um pouco dos limites.

  - Você está dizendo que te forçaram a alguma coisa, é isso, Isabelle? – papai pergunta sério e nego, com as mãos e a cabeça.

  - Não, nunca. O babaca com quem eu fiquei devia estar tão bêbado quanto eu, mas me lembro de tudo, papai. Eu não fiz nada que não quisesse, fui à festa por que quis, bebi por que quis e fiquei com ele por que quis. Era eu todo o tempo, não fiz as melhores escolhas, mas elas foram minhas.

  - Menos mal – ele suspira e dá um meio sorriso, sorrio de volta, papai nunca foi muito bom em ficar bravo com ninguém.

  - Menos mal? – mamãe pergunta parecendo chocada. – É só o que tem a dizer, Tom? Nossa filha acaba de jogar o futuro dela pelo ralo e tudo o que tem a dizer é “Menos mal”?

  - E o que espera que eu diga, Clarisse? – papai questiona sério.

  - Ela tinha tudo para começar a faculdade agora, meus tratamentos finalmente chegaram ao fim e agora Isabelle está grávida? – ela parece não acreditar, quero dizer a ela que vamos ficar bem, que podemos passar por isso, mas não tenho chance, suas palavras seguintes me cortam como uma faca bem afiada. – Você pretende tê-lo? Ainda podemos resolver a situação.

  Dou dois passos para trás com o sangue pulsando em meus ouvidos, meu coração está acelerado e tenho uma mão protetora sobre meu ventre, esbarro na mesinha de centro e quase caio sentada em cima dela.

  - Como... Como assim “Resolver a situação”? Eu vou tê-lo! É claro que vou tê-lo! – estou gritando e nem sei como tenho voz para o fazê-lo. Como uma mãe consegue dizer algo como isso? Como minha mãe me diz algo como isso quando tudo que quero é seu apoio?

  - Fique calma, Isabelle. Foi só uma pergunta. Sou sua mãe, só quero o seu melhor, Ok? – ela pergunta suspirando e dando um passo em minha direção, desvio da mesinha e dou outro para trás, como se manter seus braços longe de mim protegesse meu bebê. – Você quer mesmo ter um filho agora? Continuar sendo garçonete pelo resto da vida? Nós tínhamos tantos planos!

  - Os planos mudaram! A senhora acha que planejei ficar grávida!? Que planejei vir morar com um estranho? Que planejei me apaixonar por uma garotinha encantadora? Não planejei nada disso. Eu queria a faculdade, as festas, os trabalhos, os garotos, queria tudo! Mas não foi o que aconteceu!

  - Por isso mesmo! Agora você tem a chance de conseguir tudo isso. Você é jovem, terá muitas oportunidades de ser mãe.

  - A senhora está insinuando... Está me dizendo para... Para tirar meu filho, é isso? – pergunto sentindo as lágrimas finalmente rolarem e aperto com mais força a mão sobre a barriga como se com isso eu pudesse proteger o pequeno serzinho dentro de mim das palavras de minha mãe. Um soluço me escapa e ainda não consigo acreditar no que ela está dizendo.

  - Clarisse, chega – papai pede, mas ela nega com a cabeça.

  - Ela precisa saber, Tom. Ter um filho, criar uma criança não é fácil, não são só flores. Não é um conto de fadas. E onde está o seu namorado? O pai do bebê? É o pai daquela garotinha? Um segundo filho? – o tom dela é duro. Quero enfrentá-la, mas não tenho forças. Minha mãe está me dizendo com todas as letras que não vou conseguir, que devia simplesmente tirar meu bebê e não tenho forças para revidar.

  - Eu não tenho namorado – respondo erguendo o queixo e limpando as lágrimas. Vou mostrar a ela que consigo, nem que seja sozinha. – Meu bebê não tem pai.

  - É claro que tem pai – ela responde com ironia. – Você não vai assumir isso sozinha.

  - Por você eu nem assumiria, né?— pergunto ironicamente também. – Meu filho vai ser criando por mim, Brian é só um idiota que provavelmente vai conseguir me magoar ainda mais que a senhora quando souber do bebê. Então prefiro nem contar, não posso me estressar, passei mal semana passada. Foi for isso que vieram, lembram-se?

  - Isabelle – mamãe suspira e tenta me alcançar, me afasto mais uma vez. – Não quero magoá-la. Eu te amo, é minha filha, só quero protegê-la. Por que acha que viemos para vê-la? Estávamos preocupados. É nossa garotinha. E por ser nossa garotinha eu só quero que seja feliz. Que... Que tenha tudo a que tem direito – ela sussurra e mesmo depois das palavras duras e dela ter me magoado ainda quero abraçá-la. É minha mãe e eu a amo e sei que ela se culpa por eu não ter ido à faculdade como as outras garotas, de não ter participado de festas e ou ter ganhado presentes caros. Ela só quer me dar o que nunca teve.

  Mas ainda assim, isso não justifica suas ações, muito menos apaga suas palavras.

  - Quando você veio morar com um completo desconhecido? Por que não nos disse nada? – papai pergunta depois de uns segundos onde o único som que se podia ouvir eram os meus soluços.

  Limpo minhas lágrimas e o encaro, não olho para mamãe, não tenho forças para o fazê-lo.

  - Têm duas semanas. Eu só não contei por que ficariam preocupados, eu não sabia como contar do bebê e agora sei que tinha razão, vocês não gostaram da novidade. Não gostar é eufemismo, mas ainda assim isso não muda minha decisão sobre o bebê, vou tê-lo e ninguém vai me fazer mudar de ideia, nem mesmo vocês.

  - Izzie, você tem certeza disso? – papai pergunta, seu tom não é duro ou acusador, só preocupado.

  - Tenho, ele é meu e não vou desistir dele. Angie nunca me perdoaria se eu não lhe desse seu irmãozinho – sorrio pensando na pequena.

  - Angie? – meu pai pergunta. – A garotinha? O que ela tem a ver com o seu bebê? O pai dela é o pai e não quer nos contar, é isso?

  Dou um sorriso triste.

  - Ela é irmã do meu bebê por que decidiu assim. E Connor, o pai dela, não é o pai do meu bebê. Mesmo que eu quisesse muito que fosse, seria muito mais fácil assim. Mas não tenho tanta sorte.

  - Você fala como se já estivesse tudo resolvido. Tudo sob controle. O que pretende fazer depois que ele nascer? Vai continuar morando com um estranho e servindo mesas? – mamãe se intromete outra vez na conversa e finalmente a encaro. Seus olhos são duos. Suas palavras machucam, ela me fere como nunca pensei que faria.

  - Vou – digo a olhando nos olhos. Não deixo que as lágrimas caiam, não agora. – Vou continuar servindo mesas se com isso conseguir cuidar do meu filho. Não tenho nada sob controle, não sei nem mesmo o que fazer a seguir, mas não vou desistir, essa é a minha única certeza. Se não vai me ajudar mãe, se não vai nem mesmo entender minha decisão, por favor, vá embora.

  - Você é minha filha, Isabelle, e eu te amo. Mas isso não quer dizer que eu concorde com suas escolhas, seu futuro tinha tudo para ser brilhante.

  - Ele vai ser – garanto a ela que faz meia volta e sai pela porta sem olhar para trás. Papai olha para a porta e depois para mim, faço sinal para que ele a siga, ele faz menção em vir na minha direção.

  - Tom! – mamãe o chama e ele suspira.

  - Te amo, Izzie. Vou conversar com ela, vocês duas são muito cabeças duras, nós voltamos quando as coisas esfriarem. Tudo vai se resolver – ele garante seguindo pela porta também e quero muito acreditar em suas palavras.

  Sento-me no sofá e desabo em lágrimas, choro pelas palavras daquela que devia ser a primeira a apoiar. Eu sabia que mamãe não entenderia da primeira vez, mas o que ela fez, o que disse, não consigo entender nem acreditar. Tirá-lo? Como eu poderia? Tê-lo e entregá-lo a outra pessoa? Eu não conseguiria. Abraço os joelhos e choro, queria simplesmente poder esquecer suas palavras duras. Não sei quanto tempo se passou, ainda estou no mesmo lugar quando Connor abre aporta, seus olhos azuis que tanto me encantam se arregalam ao me ver e ele corre em minha direção.

  - Izzie, o que aconteceu? – ele se abaixa a minha frente e olha em volta. – Onde está Angie?

  Eu solto um soluço quando me dou conta que esqueci completamente a pequena.

  - Eu...

  - Izzie? Por favor, o que está acontecendo – ele me olha nos olhos e respiro fundo. Chorar não vai resolver meus problemas, preciso enfrentá-los, mesmo que não saiba como.

  - Angie está com Gwen – digo tentando enxugar minhas lágrimas. Connor passa o polegar em meu rosto tentando me ajudar e seu toque tem o poder de me acalmar na mesma proporção em que deixa meu coração acelerado.

  - Por quê? O que aconteceu? – ele pergunta e nego com a cabeça.

  - Meus pais... Minha mãe... Eu... – é tudo que digo e estou chorando outra vez. Connor se senta ao meu lado no sofá e me puxa para seu colo, me deixo ser levada e choro em seu peito até não haverem mais lágrimas.

  - Está mais calma? – ele pergunta depois de um tempo brincando com meus cabelos e faço que sim ainda encostada em seu peito. Ouço seu coração bater em meus ouvidos e sorrio. – Agora consegue me contar o que aconteceu? Você não podia se estressar lembra-se?

  Sorrio me afastando dele só o suficiente para encará-lo. Nós não temos nada, mas não me importo de estarmos assim, por hoje pelo menos não me importo com nada.

  - Certo, eu te conto – digo suspirando. - Mas... Ai meu Deus! Olha à hora! Temos que buscar, Angie – exclamo vendo o relógio preso a parede da sala marcar duas da tarde. Connor sorri e faz que sim.

  - Nós vamos, mas acho que vinte minutos a mais ou a menos não farão diferença. Diga primeiro o que aconteceu.

  Eu digo, por que cansei de mentiras e de esconder coisas, por que quero que alguém me diga que tudo vai ficar bem, mesmo que seja uma mentira.

  - Sua mãe disse mesmo para você tirar o bebê? – Connor pergunta parecendo tão indignado que me faz sorrir, eu já sai de seu colo e sinto falta de seus braços protetores ao meu redor.

  - Ela... Ela... – percebo que não sei o que dizer para defendê-la, por que sei que o que insinuou não tem defesa. – Eu a amo, mas não concordamos em muitas coisas.

  - Vou buscar, Angie – ele anuncia ficando de pé e faço o mesmo. Connor se vira em direção à porta e depois se volta para mim. – Você sabe onde ela está?

  Rio negando com a cabeça.

  - Não.

  - Você é uma ótima babá – ele ironiza e faço careta.

  - Desculpe tê-la perdido de vista eu achei melhor que não estivesse aqui.

  - Você fez o certo, Angie teria se assustado ao vê-la chorando.

  - Desculpe também por ter envolvido você nesse meu drama familiar – digo e para minha surpresa o loiro sorri.

  - Eu já havia feito isso com você bem antes, então não tem por que se desculpar – ele diz e faço que sim pegando o celular descarregado em cima da mesinha de centro.

  - Seu celular tem bateria? – pergunto e ele sorri pegando o aparelho em seu bolso. Seu sorriso ilumina a sala e quase me faz esquecer tudo o que aconteceu. Quase.

  Ligo para Gwen e pergunto por ela e Angie, minha amiga reclama comigo que teve que levar a pequena para a lanchonete uma vez que não sabia se podia voltar. Se não a amasse do fundo do coração agora seria o momento de me apaixonar pelo carinho da minha amiga. Aviso a Connor que diz que está indo buscá-la e resolvo tomar um banho, receber Angie com o rosto inchado e os olhos vermelhos depois lhe garantir que não choraria não é uma boa ideia.

  Eles voltam e Connor mal abre a porta antes de Angie correr em minha direção e se jogar em meu colo. A abraço forte.

  - Senti saudades, Iz – ela sussurra me apertando.

  - Eu também, pequena – digo sentindo seu cheiro com o qual já me acostumei e sempre me faz sorrir. – Está com fome?

  - Não. A Tia Gwen me deixou comer hambúrguer e batata frita – a olho arqueando uma sobrancelha e Angie sorri. – Foi ela que disse que podia.

  - Vou ter uma conversinha com a senhorita e essa sua tia.

  - Concon – a pequena chama e o loiro nega com a cabeça.

  - Não quero levar bronca também – diz e nós três rimos.

  Passar o resto do dia com os sois loiros tem o poder de me acalmar, não apaga as palavras de minha mãe e nem faz com que eu esqueça, mas me ajuda a não pensar e eles me fazem rir. Passamos a tarde vendo filmes e comendo besteiras.

  Passa um pouco das oito da noite e eu e Angie estamos espalhadas na cama de Connor simplesmente por que ele está no banho e queremos lhe dar um susto, a pequena se deita ao meu lado e minutos depois a ouço ressoar baixinho e sorrio, aspiro o cheiro dela e o de Connor que vem dos lençóis e eles tem o poder de me acalmar, abraço a pequena e pretendo levantar, pelo menos pretendia antes de mergulhar num sono tranquilo que pensei nunca conseguir ter depois do dia de hoje.


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Notas finais do capítulo

E então?
Quero opiniões, me digam o que acharam, please...
Beijocas e até!! ♥



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