Sonhos de Grãos de Areia escrita por LaviniaCrist


Capítulo 10
Rápido


Notas iniciais do capítulo

Aconselho a lerem enquanto ouvem William Tell Overture, parte final, de Rossini.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756022/chapter/10

 

— Rápido! — algumas vozes falavam juntas — Rápido! Rápido!

Olhando em volta, Yukata pode notar tantas pessoas reunidas quanto os grãos de areia que cabiam em sua mão. Todos estavam enfileirados e pareciam esperar por algo.

— Anda logo, ou você não vai ter tempo! — dessa vez, ela conseguiu reconhecer a voz como sendo de Temari — Você precisa ir, rápido!

— O-O que? A guerra? É uma guerra de novo!?

O olhar assustado da garota percorreu todas aquelas pessoas novamente, enfileiradas, só então notando que havia um “lugar” vazio e que parecia ser o dela. Temari apenas a empurrou para lá, com a ajuda de Matsuri.

— Você precisa ser rápida, Yukata! — as duas falaram juntas, se afastando e deixando-a lá no meio das outras pessoas.

“Certo! Serei rápida! “.

Uma expressão séria se formou e a garota olhou para frente. Nos dias daquela guerra, ela aprendeu que as vezes não se precisa saber o motivo de estar fazendo algo, apenas precisa faze-lo.

“Mas rápida em que? ”

Outra coisa muito importante que ela aprendeu é que a falta de informações pode resultar em perdas grandes. Não saber exatamente como teria que ser rápida fez com que o pânico tomasse conta de tanto os pensamentos quanto as feições dela.

— Atenção todos! — Gaara pediu, aparecendo no que parecia ser um alto palanque de discursos em meio a todas aquelas pessoas.

Yukata sorriu aliviada. Ouvir o Kazekage era algo esclarecedor em quaisquer circunstancias e, apesar de nada estar fazendo sentido, ele com certeza faria. Se não fizesse, pelo menos olhar para um rapaz tão bonito conseguia a acalmar.

— Sejam rápidos! — ele estendeu uma das mãos para cima e, quando a abaixou, todas aquelas pessoas enfileiradas de forma amontoada começaram a correr para diversas direções em Suna.

— Como assim!? — a fala de Yukata saiu em nervosismo, enquanto ela olhava de um lado para o outro e tentava descobrir o que fazer.

— Apenas seja rápida, Yukata. — o Kazekage a respondeu, notando-a mesmo com a distância — Vá!

Sem nem saber o motivo, ela começou a correr em um rumo qualquer. Os passos apressados em meio as construções davam ecos altos, como se todos de Sunagakure tivessem corrido e se afastado de lá, deixando apenas a pobre Yukata para trás, sem saber o que fazer.

— Rápido! Escolhe um, escolhe um! — Kankuro chamou sua atenção. Ele estava de pé em uma das esquinas, controlando suas marionetes que seguravam vários pergaminhos.

— Mas qual!? — sem parar os movimentos de corrida, Yukata ficou de frente a ele, olhando indecisa para todas as opções.

— Qualquer um, só pega e vai, jaan! — o rapaz falava de maneira autoritária, tentando apressa-la.

“Escolhe logo, Yukata! Escolhe!”

Os olhos castanhos fitaram marionete por marionete, até que ela se decidiu pela que considerava menos assustadora: a Salamandra. Depois de pegar o pergaminho, ela voltou a correr. Na verdade, ela foi praticamente empurrada por Kankuro.

— Ei, Yukata! — novamente alguém chamou a atenção dela no meio de sua corrida.

Dessa vez, era Mikoshi quem a chamava de uma janela alta de um dos prédios. Ele acenava com os braços, como se a pedisse para parar.

— O que foi!? — ela olhou confusa para o amigo.

— Você precisa subir aqui, rápido!

— Subir para que?

— Só vem logo, pelas escadas!

Sem contestar, Yukata entrou no prédio e começou a subir os lances de escada. Os primeiros foram bem fáceis, mas quando ela chegou no quinto, vários pensamentos sobre o que estaria acontecendo a fizeram ir mais devagar. Quando ela finalmente chegou ao andar que seu amigo parecia estar, o oitavo, andou pelo corredor a procura de onde ele estava e notou uma grande janela aberta.

— Ei, Yukata! — mais uma vez, era ele a chamando.

— O que é para fazer agora!? — ela perguntou se aproximando da janela e notando que ele estava do lado de fora, na entrada do prédio.

— Tem um pergaminho escondido ai, acha ele e depois vai!

“Mais um pergaminho? Por que ele não me jogou? Por que eu tenho que procurar!? Por que eu tenho que fazer tudo rápido!?”

Os pensamentos só conseguiam a deixar mais nervosa, mas, por sorte, foi bem fácil achar o pergaminho escondido em um vaso de plantas.

Ao terminar de descer as escadas, chegando na saída do prédio, ela se deparou com Temari. Sem nenhuma explicação, a loira apenas a puxou e fez com que ela começasse a correr de novo.

— Espera! Onde vamos!? — apesar da forma desajeitada com que corria, Yukata estava segurando cuidadosamente os dois pergaminhos e conseguindo acompanhar Temari.

— Até os portões! — a mais velha nem se deu ao trabalho de olha-la — Depressa!

— Mas para quê!? — o choramingo foi em vão.

As duas seguiram pela via principal, sob o sol escaldante, até que finalmente viram a grande fenda entre as falésias de Suna. Quando chegaram do lado de fora, Temari parou de correr e encarou a garota.

— Agora pode pegar. — a loira sorriu, estendendo mais um pergaminho.

— PODIA TER ME DADO ANTES! — ela bateu o pé na areia, já irritada com toda aquela falta de respostas.

— VOCÊ PRECISA IR LOGO, ENTÃO É MELHOR PEGAR ESSE PERGAMINHO E VOLTAR A CORRER!

O que era uma Yukata irritada se comparada a uma Temari irritada?

A garota apenas acenou positivamente, pegou o pergaminho e voltou a correr. Agora, ela seguia pela via principal, por onde tinha chego até lá.

Quando estava perto do gabinete, ela notou que Matsuri se encontrava de pé em frente à porta. A vontade que Yukata teve foi de desviar o caminho e correr para bem longe, mas ela apenas continuou indo na direção da amiga.

— Matsuri... o que... está acontecendo? — a voz saiu falha, ela já estava sem folego.

— Já vai acabar, só pega esse pergaminho e vai! — a garota respondeu sorridente, entregando o quarto pergaminho.

— Ir para... onde? — apesar de atrapalhada, ela conseguiu segurar todos os pergaminhos.

— Lá! — Matsuri apontou para o imenso palanque, onde Gaara estava.

— Mais... escadas...? — Yukata sentiu as pernas bambearem só de imaginar chegar até lá. Ela estava exausta e só queria que tudo terminasse — Não tem como... — ela suspirou, deixando os pergaminhos caírem no chão, desistindo.

— Se você for rápida, tem como! Eu acredito em você! — aquela animação toda em Matsuri não era comum. — Rápido, Yukata! — ela apontou para o palanque.

“Mas por que eu tenho que ser rápida?”.

Enquanto pensava na resposta para a própria pergunta, Yukata começou a sentir uma leve vibração no chão. Olhando em volta, ela finalmente notou que todas aquelas pessoas de antes pareciam estar retornando para Suna ao mesmo tempo. Seja o que for que estivesse acontecendo ali, ela precisava chegar primeiro do que qualquer um até Gaara!

A garota respirou fundo, com a motivação renovada. Pegou os pergaminhos, segurou-os com força e começou a correr em disparada em direção ao palanque. Olhar para trás não era uma opção, principalmente porque ela não tinha tempo para perder observando seus “adversários” chegando perto.

Ela subiu de dois em dois degraus, para ganhar mais tempo.

“Rápido, rápido, rápido...”

Em sua mente era tudo o que ecoava.

Era como se ela conseguisse sentir as pessoas chegando cada vez mais perto de si, até que, finalmente, ela subiu o último degrau e se deixou cair em frente a Gaara.

— Yukata? _ a voz calma de Gaara a fez se tranquilizar.

— E-Eu... Fui rápida? — ela nem ao menos conseguiu olha-lo devido à exaustão.

— Sim, mas não precisava de tanto... — o Kazekage respondeu um tanto reprovador — Você se machucou?

— Não... — ela respondeu sem entender bem o motivo da pergunta.

— Você caiu feio, heim! — Matsuri tentou se mostrar preocupada, mas estava claramente segurando as risadas.

— Não, ela chegou mais rápido, jaan! — Kankuro começou a rir.

Yukata finalmente levantou o rosto, olhando em volta sem entender mais uma vez o que estava acontecendo: não havia palanque, não havia mais pessoas além deles quatro e ela estava no corredor do gabinete. Parando para pensar, ela estava bem de frente à escadaria principal, caída, com alguns pergaminhos espalhados no chão.

—  Na próxima vez que eu pedir algo rápido, não precisa ser tão rápido, tá? — Gaara tentou ao menos ajudá-la a se levantar, enquanto lançava um olhar sério para Kankuro, o que fez com que ele parasse de rir — Matsuri, ajude a recolher os pergaminhos e depois os levem para a minha sala.

— Sim! — ela respondeu tentando não rir, enquanto ia até a amiga — Você não se machucou mesmo?

— Acho que não... — Yukata respondeu ainda confusa com tudo.

— Tente não ser tão rápida, jaan! — Kankuro disse implicante, acompanhando o irmão até a sala dele.

“Então... foi só um sonho? ”.

A garota parecia desconcertada, enquanto pegava os pergaminhos. Aquele sonho estranho havia a deixado cansada não só fisicamente, como mentalmente também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Link (completo): https://www.youtube.com/watch?v=D5LVM—lIXqY
Link (apenas final): https://www.youtube.com/watch?v=c7O91GDWGPU
Espero que tenham gostado!
Sugestões para próximos capítulos, dicas, críticas e observações são muito bem-vindas.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sonhos de Grãos de Areia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.