How We Get Here escrita por TatyNamikaze


Capítulo 23
Capítulo 23 - Briga de Casal


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpem a demora, pessoal. Pra compensar, postarei mais capítulos.
Boa leitura!



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How We Get Here

Capítulo Vinte e Três - Briga de Casal



Sakura Haruno

 

Quando acordei, estava nos braços de Sasuke, e minha cabeça doía com a volta de todas as memórias, mas uma, em especial, acabou comigo.

Lágrimas desciam pelos meus olhos desesperadamente.

— Por quê, Ino? Por quê?

— Eu não fiz nada, Sakura. — ela respondeu, os olhos já estavam cheios de lágrimas. — Eu juro que não fui eu, pergunte à Tsunade, eu fiquei no hospital no dia do seu acidente, ajudando-a com algumas cirurgias o dia inteiro, depois, Naruto chegou com você nos braços.

— Mas eu me lembro... Era você que estava em minha frente.

— Pode ter sido alguém com um jutsu de transformação, como você estava com amnésia, seria fácil se passar pela Ino. — Sasuke explicou, e isso fazia mais sentido do que pensar em Ino fazendo uma coisa dessas.

— Mas quem faria algo assim para incriminar a Ino? — perguntei.

— Pode não ter sido para incriminar a Ino especificamente, mas sim para a pessoa não parecer suspeita. Ino é bem próxima de você, ninguém se preocuparia em segui-las para ver se você ficaria bem, Sakura. — Shikamaru falou, e, mais uma vez, fazia todo sentido.

Realmente, só podia ser isso.

Olhei para a loira, que tentava, a todo custo, enxugar as lágrimas que insistiam em cair. Senti o peito doer no mesmo instante, como eu podia ter desconfiado da minha melhor amiga?

— Desculpe, Ino, está tudo muito confuso na minha cabeça ainda.

A loira apenas acenou com a cabeça em entendimento e sorriu fraco, mas eu podia ver o alívio em seu semblante.

Olhei para Sasuke, buscando por uma resposta.

— Quem me empurrou? — perguntei. — Foi a Ume?

Sasuke negou com a cabeça.

— Também pensei nela, mas a Ume havia saído em missão antes do seu acidente.

— Se não foi ela, foi o Takeshi? — perguntei outra vez, pois os dois eram as únicas opções.

— Acredito que Takeshi não, pois, se quisesse, já teria feito isso quando teve chance. — Sasuke respondeu, o que deixou-me confusa e com as sobrancelhas arqueadas. — Mas eu pensei na Karin. 

Fiquei ainda mais confusa no mesmo instante.

— Karin? Mas como?

Ela nem era da Folha.

— Por coincidência, ela estava na vila naquele dia e viu seu acidente. Foi ela que me contou o que aconteceu com você. 

Minha expressão de confusão mudou completamente, pois, agora, tudo fazia sentido.

— O que ela veio fazer aqui? — perguntei.

— Suigetsu, Juugo e Karin vieram me contar que Takeshi também os controlou para nos atraírem para uma armadilha. Talvez, ela aproveitou, quando Suigetsu e Juugo estavam longe, para agir.

— Como ela pôde ser capaz de fazer uma coisa dessas? Eu podia ter morrido. — falei, já sentindo os olhos encherem-se de lágrimas.

Eu não conseguia acreditar. Como uma pessoa poderia chegar tão longe assim para conseguir o amor de alguém?

Levantei-me do chão, e Sasuke, que estava ajoelhado, fez o mesmo em seguida. As lágrimas desciam pelo meu rosto descontroladamente, eu não conseguia me acalmar.

Karin… Por que ela queria me matar? Só por causa do Sasuke? Isso era loucura.

— Sakura. — ouvi Sasuke me chamar, mas eu não conseguia respondê-lo.

Eram tantas emoções e informações que minha mente não conseguia processar. Senti os braços de Sasuke ao meu redor, abraçando-me forte e afundei a cabeça em seu peito, chorando por tudo que havia acontecido, absolutamente tudo.

O calor dos seus braços me acalmava, aconchegava e fazia eu sentir-me melhor. 

 As lágrimas foram cessando aos poucos, e, quando levantei o rosto, já mais calma, me deparei com o único orbe ônix dele.

Sorri fraco e olhei para o lado, vendo que todos olhavam para nós surpresos, com certeza, por causa da atitude de Sasuke.

— Está melhor? — ele perguntou, e eu fiz que “sim” com a cabeça.

— É muita coisa, tudo voltou de uma vez, e essa revelação... É muito para mim, minha mente está uma bagunça. — falei ao sair dos braços dele.

— Imagino, mas tudo vai ficar bem, você vai ver.

Sorri para ele. Sim, tudo iria ficar bem, mas só depois que pegássemos o culpado pelo meu acidente e acabássemos com Takeshi, e eu não sossegaria até que isso acontecesse.

 

. . .

 

 Alguns dias se passaram, e os Kages e seus subordinados voltaram para suas respectivas aldeias, a parte oeste da vila já estava quase totalmente reconstruída, só faltavam algumas casas, mas, em questão de dias, estariam prontas, e meu relacionamento com o Sasuke não poderia estar melhor.

 O Uchiha sempre ia até o hospital, na hora do almoço, para comermos juntos — mas, mesmo ele tendo namorada, aquelas enfermeiras abusadas não tiravam os olhos do meu Sasuke.

 Todos os dias, nos encontrávamos para almoçar e jantar, às vezes, ele me acompanhava até o hospital pela manhã e trocávamos alguns beijos e poucas palavras, pois Sasuke não era muito de conversa.

 Eu estava feliz com tudo que estávamos vivendo juntos e pelo Uchiha estar sendo totalmente diferente do que eu esperava. Ele até havia me convidado para ir ao parque que eu tanto gostava no sábado, já que eu estava de folga — por um milagre.

Após o passeio, Sasuke chamou-me para ver o distrito Uchiha. Aceitei, claro, pois estava morrendo de curiosidade para ver como ia a reforma.

Andamos até lá devagar, e a primeira coisa que notei foi o emblema dos Uchiha na entrada, o qual, antes, estava desbotado, e a placa caindo ao pedaços, ficou novinho em folha e com cores vivas.

Passamos pela entrada do distrito que mais parecia era outro lugar, totalmente diferente do que eu havia visto antes. Tudo estava arrumado.

Em algumas casas, faltavam alguns detalhes, mas a maior parte já estava quase pronta. Em poucos dias, o distrito Uchiha estaria novo.

— Falta mobiliar também, mas logo estará pronto. — ele disse, e, por mais que disfarçasse bem, eu podia notar a felicidade em seu tom de voz e olhar.

Sorri, feliz.

— Que ótimo, Sasuke-kun.

Olhei para ele, que deixou que um sorriso de canto surgisse em seus lábios.

— Você me chamou de “Sasuke-kun”.

— É. — sorri.

Eu havia falado sem perceber.

— Gosto quando me chama assim. — revelou. — Faz eu lembrar-me da velha Sakura.

— Eu não gosto muito da velha Sakura, antes, eu era uma inútil. Mas, se você prefere que eu o chame assim, eu o farei.

— Você não era uma inútil. — olhei para ele com os olhos um pouco arregalados, surpresa por suas palavras. — Você era ótima, um pouco mais irritante, mas ótima. Sempre me surpreendia com sua inteligência e controle de chakra e, quando estava com você, por mais que não demonstrasse, eu ficava em paz. — revelou sem olhar para mim, porém eu podia notar que sentia-se um pouco envergonhado.

— Sério? — perguntei, surpresa.

— Sim. — ele olhou para mim. — Lembra quando eu desmaiei por causa da marca da maldição de Orochimaru e, assim que acordei, estava cheio das marcas do selo espalhadas pelo meu corpo, além de um chakra maligno ao redor, o que me deixou fora de controle? — assenti com a cabeça. — Lembra o que você fez para me impedir de matar o ninja do som naquela hora?

— Eu te abracei e te pedi para parar.

— E o que aconteceu depois?

— A marca da maldição regrediu…

Ele concordou com a cabeça e sorriu de canto.

— Sentir seu braços ao redor de mim, escutar sua voz de choro pedindo-me para parar e ver as lágrimas escorrendo pelo seu rosto me fez voltar a mim, fez a marca da maldição regredir. Você me transmitia paz, fazia-me voltar a ser o Sasuke que eu era quando minha família ainda estava viva, o Sasuke que não possuía desejo de vingança.

Eu estava atenta, escutando cada palavra que ele dizia, paralisada. Não fazia ideia de que, um dia, tive esse efeito sobre ele.

— Sasuke…

Ele sorriu, aproximou-se e me abraçou. Sorri ao sentir os braços dele ao redor de mim e fechei os olhos, aproveitando a sensação boa que aquele ato me trazia.




. . .




Sasuke Uchiha

                             

Os dias foram se passando, e eu me sentia cada vez melhor ao lado de Sakura, tanto que me perguntei várias vezes se seria assim se eu tivesse permitido que ela fosse comigo a minha viagem de redenção ou quando eu fugi pela primeira vez da vila.

Eu estava criando um laço muito forte com ela, algo que eu não conseguia controlar, e não tinha mais dúvidas de que era amor.

Eu, finalmente, havia entendido o que Tobirama disse quando Orochimaru o trouxe de volta como Edo Tensei na quarta guerra ninja.

"Não há clã que ame mais que o Uchiha."

E, agora, eu via que o Nidaime Hokage tinha mesmo razão.

Convidei Sakura para um passeio no parque no sábado, já que nem eu e nem ela iríamos trabalhar, depois, fomos até o distrito Uchiha, e pude ver, nos olhos dela, a surpresa ao ver como estava o lugar.

Mesmo ainda faltando algumas coisas para finalizar a reforma, o local estava muito bonito.

Quando voltamos ao centro de Konoha, fomos a um restaurante, onde passamos alguns minutos almoçando até terminarmos e sairmos do estabelecimento.

Andamos pelas ruas devagar, Sakura falava sobre seu trabalho animadamente, e eu me limitava a sorrir de canto ou comentar uma ou outra coisa, mas não por desinteresse e sim por não querer interrompê-la, por desejar ouvir mais de sua voz.

Porém, fomos surpreendidos por uma voz, que soou atrás de mim, chamando-me.

Não tive tempo para prestar atenção em quem havia me chamado, pois, assim que me virei, dois braços me envolveram rapidamente.

Eu só via o topo da cabeça da garota, cujos cabelos loiros atrapalhavam minha visão de seu rosto.

Quem era ela, afinal?

— Miyuki?! — Sakura estava extremamente surpresa.

A garota me soltou e sorriu.

Miyuki? Quem era Miyuki? — perguntei-me mentalmente, porém, no mesmo instante, lembranças de uma pousada no país do Raio veio em minha mente.

Suspirei cansado, isso não daria certo...

— Sasuke-kun, você não imagina a saudade que eu senti de você. — os olhos dela brilhavam enquanto falava, e um sorriso estava estampado no seu rosto.

Seus cabelos loiros estavam soltos, ela usava um vestido branco com flores amarelas, que ia até o joelho, e, no seu rosto, a única cor que destacava era o tom vinho de seu batom.

Eu estava calado e sério, não sabia o que dizer. O que ela estava fazendo ali, afinal? E, principalmente, naquele momento em que Sakura e eu estávamos namorando?

— Que tal sairmos hoje para dar uma volta?

Sakura permaneceu calada, pelo menos, até aquele momento.

— Não vai dar. — Sakura respondeu por mim, e foi melhor assim.

Eu ainda estava sem entender o que aquela garota fazia em Konoha.

— E por que não? — a loira perguntou, e Sakura a encarou com o semblante sério.

Será que aquela garota não desconfiava?

— Por quê, Sasuke-kun?

— Porque tenho namorada. — respondi e vi Miyuki arregalar os olhos.

— N-namorada? — ela pronunciou as sílabas devagar, tentando processar a informação. — Você namora? Quem? 

— Eu. — Sakura estava com os braços cruzados e a cara fechada.

— Você é namorada do Sasuke? — perguntou, o rosto dela estava pálido de surpresa. Sakura assentiu com o semblante ainda sério. — Eu não sei nem o que dizer, eu... Me desculpem, eu não sabia disso, se eu soubesse, jamais o teria chamado para sair, me perdoa mesmo. — completou, sem graça e desconcertada.

Sakura suavizou sua expressão de seriedade e descruzou os braços.

— Tudo bem, mas o que você faz aqui em Konoha?

— Vim aprender ninjutsu médico para ajudar no povoado próximo à pousada. 

— Ah, sim, entendo. — a rosada respondeu, e pude notar o desânimo em sua voz, afinal, Miyuki precisaria ficar um tempo na vila para realizar tal coisa.

A loira sorriu sem graça.

— E-eu tenho que ir, preciso encontrar com a Shizune-sama.

E deu as costas para a gente, seguindo em direção ao hospital.

Sakura observou-a afastar-se de nós.

— Mais essa agora... — colocou a mão na testa, suspirando cansada. — Ume, Karin, Miyuki, enfermeiras, a recepcionista do hospital, metade das garotas de Konoha... Fala sério, Sasuke, por que você tem que ser tão popular com as garotas?

Encarei-a e dei uma risada baixa, achando graça de sua cara emburrada e toquei a testa dela com dois dedos.

— Esqueça isso, você sabe que eu não ligo para elas. — sorri de canto e puxei-a a fim de continuar a caminhar.

 

. . .



Era dia seguinte pela manhã, e eu estava do lado de fora da casa da Sakura, esperando-a sair para acompanhá-la até o trabalho, e não demorou para a figura de cabelos cor-de-rosa surgir na porta e caminhar até mim com um sorriso no rosto.

— Você vai trabalhar hoje?

— Vou na sede da Anbu para dar uma olhada em tudo, mas não irei trabalhar.

— Ah, sim. — sorriu, porém, em seguida, o sorriso sumiu de seus lábios, e seus olhos ficaram semicerrados, observando-me. — Sasuke, o que é… — estreitou mais os olhos, inclinando-se para ver melhor sabe-se lá o que em meu pescoço. — É batom na sua camisa?

Agora, eu que estreitei os olhos em perfeita confusão.

— O quê?

— Sim, é batom. — ela encarou-me. — Por que tem uma marca de batom na gola da sua camisa, Sasuke?

Marca de batom? Eu não estava entendendo.

— Do que está falando? — perguntei, confuso.

— Disso aqui. — apontou para o lado esquerdo.

Eu puxei um pouco minha blusa e pude ver a marca de batom no tom vinho.

Mas o que aquilo estava fazendo ali?

— E então? — Sakura estava com os braços cruzados.

— Eu não sei o que isso está fazendo aqui.

— Não sabe? — perguntou enquanto me fitava intensamente.

Seus olhos transmitiam raiva, decepção e ciúmes.

— Tem certeza?

Eu a encarei, sério.

— Está achando que eu te traí? — perguntei, incrédulo.

— É o que está parecendo. — ela retrucou. — Engraçado isso aparecer agora que Miyuki está na aldeia e da cor do batom dela, não é? — sua expressão ficou ainda mais séria. — Eu prefiro saber a verdade, Sasuke.

Respirei fundo. Não estava acreditando que Sakura estava duvidando de mim.

— Eu já falei a verdade, mas, pelo jeito, isso não vai adiantar. — dei as costas para ela, começando a caminhar. — Pensei que me conhecesse. — falei, vendo-a por cima do ombro, para, em seguida, sair pulando pelos telhados, irritado.

Eu não pretendia trabalhar naquele dia, mas eu precisava esfriar a cabeça e pensar no que fazer para consertar isso e, talvez, fosse melhor assim.

Mas, uma pergunta não sumiu da minha mente durante todo o tempo.

Como essa marca de batom foi parar na minha camisa?




. . .




Sakura Haruno

 

Minha mente estava uma confusão após ver aquela marca, eu não me encontrava nenhum pouco bem, mas eu tinha que parar de chorar e ir para o hospital, pois teria muito trabalho lá, já que Ino havia saído em lua de mel no dia anterior, o que já devia ter feito há muito tempo, mas Sai teve muito trabalho e não pôde viajar antes.

Eu estava feliz pela minha amiga e havia desejado tudo de bom para ela, Ino merecia. O casal decidiu passar a lua de mel deles em um povoado muito calmo e bonito do país das Ondas.

Já Naruto e Hinata, devido aos últimos acontecimentos, decidiram não viajar para aproveitar a lua de mel. Eles ficariam em casa, pois, assim, ele poderia proteger a Folha de qualquer ameaça.

Cheguei ao hospital e cumprimentei as pessoas que passavam por mim no corredor, tentando parecer normal — o que não era fácil. Entrei em minha sala, sentei-me na cadeira em frente à mesa de madeira, apoiei os cotovelos sobre sua superfície e afundei meu rosto em minhas mãos, perdida e machucada, não conseguindo digerir tudo que ocorreu naquela manhã.

Eu estava realmente mal com a possibilidade de Sasuke ter me traído, estava sentindo-me enganada e confusa. Meu coração doía e dizia para eu escutar a explicação dele, que aquilo não era verdade, mas minha mente insistia em convencer-me de que isso não era impossível e que eu, simplesmente, podia ter me enganado quanto ao que Sasuke sentia por mim.

Era tão confuso e doloroso tudo aquilo.

Deixei mais lágrimas caírem, porém logo tratei de secá-las, pois precisava trabalhar. Engolindo o choro, lavei o rosto e coloquei um falso sorriso nos lábios para atender todos os pacientes como se fosse um dia normal de trabalho.

E foi assim no dia seguinte também. Muito trabalho e uma falsa expressão feliz na face, escondendo a confusão de sentimentos e a dor que sentia no peito.

Eu planejava sair do hospital às seis horas da tarde e ir para casa, mas, devido ao número de pessoas — que chegaram em Konoha às pressas — feridas em um incêndio, o qual atingiu várias casas e foi seguido de desabamentos em um povoado perto de Konoha, precisei ficar até mais tarde, mesmo o meu plantão tendo acabado há um bom tempo.

Tsunade estava exausta e foi para sua casa às nove. Eu também estava exausta, mas tinha que terminar de atendê-los. Quando eu já estava preparando para ir para casa, às onze horas da noite, um ninja chegou muito ferido, precisando urgentemente de uma cirurgia.

Como não havia mais ninguém capaz de realizar aquele tipo de cirurgia no hospital naquele horário, tive que fazer.

O procedimento era complicado, mas correu tudo bem. Uma e meia da madrugada, o hospital ficou tranquilo, então, decidi voltar para casa.

Eu estava muito cansada, não só física como mentalmente também.

Só queria a minha cama e dormir tranquilamente — mas eu sei que essa segunda vontade também seria impossível nessa noite. De novo.

 

. . .

 

Acordei com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e nem preciso dizer por qual motivo, não é mesmo?

Olhei para o relógio ao lado da minha cama, que marcava sete horas da manhã. Eu não precisava acordar tão cedo naquele dia, pois só trabalharia na parte da tarde, porém foi inevitável.

Eu já estava acordada, então, como não conseguiria dormir de novo, fui para o chuveiro e deixei a água quente cair sobre o meu corpo por um bom tempo. Senti o cansaço e o sono irem embora em um piscar de olhos, mas a tristeza que eu sentia não me deixava um segundo sequer.

Assim que saí do banheiro, fui direto para o meu quarto, onde vesti uma blusa vermelha e uma calça capri branca. Peguei uma toalha seca e sequei meus cabelos rosados, que estavam totalmente ensopados.

Já arrumada, desci as escadas sem nem sequer olhar para os lados e fui até à cozinha, onde coloquei uma panela com água para ferver no fogão, já que eu estava com vontade de comer ramen, até que escutei batidas na porta, as quais me fizeram voltar à sala.

Fui caminhando até o cômodo, já fazendo ideia de quem batia à minha porta e, quando a abri, confirmei minha suspeita.

Era Sasuke.




. . .



 

Sasuke Uchiha

 

Eu estava parado em sua porta, fitando-a. Não conseguia mais deixar a situação como estava.

— Posso entrar? Precisamos conversar. — falei, já que ela não diria nada pela expressão séria que possuía.

— Entra.

Ela me deu passagem para entrar, e, assim, eu fiz. Sakura parou de costas para a porta, encarando-me, e eu, olhando para ela.

Respirei fundo, precisava falar algo, precisava consertar isso — mesmo não tendo culpa nessa história.

— Eu juro que não fiz nada. Não faço ideia de como aquela marca foi parar na minha camisa.

— Tudo aponta o contrário, Sasuke. — ela respondeu friamente e passou ao meu lado, seguindo para a cozinha.

Respirei fundo outra vez, pronto para ir atrás dela, porém, antes de completar meu trajeto, meus olhos pousaram em um buquê de rosas brancas frescas sobre a estante, ao lado da televisão.

Fui até o móvel com as sobrancelhas arqueadas, perguntando-me mentalmente que buquê era aquele, principalmente, por parecer presente.

Olhei melhor entre as flores e localizei um cartão pequeno entre as rosas. Sem hesitar, peguei-o e o abri, deparando-me com uma letra impecável.

 

"Sakura, adorei ficar com você ontem, nós podíamos repetir isso mais vezes. Eu entendo que está brigada com o Uchiha e que, talvez, voltem, mas eu sempre estarei aqui te esperando, sabe disso."

 

Ao terminar de ler o cartão, eu fiquei atônito, tentando entender o que acabara de ler. Sakura estava com outro? Era isso que aquele bilhete queria dizer?

Então, era essa a explicação por eu ter passado em frente a sua casa ontem e não ter sentido sua presença?

Não conseguia acreditar.

Caminhei até a cozinha, sentindo um misto de tristeza, decepção e raiva, segurando firme o cartão em minha mão.

Sakura estava de frente para o fogão e, ao notar minha presença, desligou o fogo e olhou para mim.

— Você estava com outro homem ontem à noite? — perguntei imediatamente, sentindo o peso dessas palavras.

— Do que está falando, Sasuke? — ela parecia confusa.

— Disso. — lhe entreguei o cartão e observei-a lê-lo com atenção. — Você quis dar o troco? Acredita que eu estava te traindo e decidiu fazer o mesmo?

Eu não conseguia entender, não conseguia acreditar. Tudo estava confuso em meu peito.

— Isso é um absurdo, onde é que estava?

Olhou-me seriamente.

— No buquê de rosas.

— Que buquê de rosas? — ela perguntou, confusa, e eu respirei fundo antes de seguir até a sala e apontar o buquê na estante.

Seus olhos se arregalaram ao ver as rosas brancas.

— Eu não faço a menor ideia de que buquê é esse e o que esse bilhete totalmente sem noção está fazendo aí.

Eu a encarei. Era sério isso? Ela estava mentindo assim? Na minha cara e com todas as evidências apontando contra?

— Como não sabe? Está na sua casa. Fale a verdade. — eu mantinha-me sério diante dela, mas a verdade é que eu estava confuso e perdido.

Ela havia me traído mesmo?

— Não estou mentindo, eu trabalhei até tarde da noite ontem, pode perguntar qualquer pessoa no hospital se quiser, saí de lá quase duas da manhã.

— Então, por que as flores e o cartão estão aqui?

— Eu não sei.

— Apareceram do nada? — perguntei debochado, mas eu só queria que fosse realmente verdade o que ela dizia, por mais que minha mente insistisse em dizer que ela podia estar mentindo.

— Alguém colocou aqui. — ela disse, respirando fundo ao concluir.

Sua expressão estava séria, porém logo transformou-se em um misto de irritação e cansaço quando entendeu o que acontecia ali.

— Agora, faz sentido.

— O que faz sentido? Do que você está falando? — perguntei, confuso.

— Armaram para nós. — olhou-me firme, seu semblante estava sério novamente. — A marca de batom e, agora, as flores... Curioso isso tudo, não? Como não pensei nisso antes? — colocou a mão na testa, martirizando-se por ter demorado tanto a compreender, e eu, bom, senti uma raiva imensa ao entender aonde a Haruno queria chegar.

— Fizeram tudo isso para nos separar. — concluí, fechando os punhos com força.

Como eu também não pensei nisso antes?

— Acha que a Miyuki tem a ver com isso? — perguntei, pois isso aconteceu depois da chegada dela na Folha, o que era bem suspeito.

— Não. — Sakura falou firmemente, colocando uma mão no queixo enquanto pensava.

— Como pode ter certeza?

— Miyuki não teria a capacidade de entrar em nossas casas sem ser percebida. — argumentou, caminhando pela sala. — Ela nem mesmo sabe onde moramos e não seria idiota de usar o próprio batom para marcar sua camisa, estaria muito na cara.

Realmente, fazia muito sentido o que Sakura falava. Miyuki não seria idiota ao ponto de jogar suspeitas nela mesma.

— Então, quem você acha que é? A Ume?

— Sim, com certeza, tem dedo dela nessa história, mas a questão é que não é uma pessoa, são duas. — Sakura afirmou.

— Como sabe? — perguntei, confuso.

— Pelo formato da boca, diria que quem marcou sua blusa foi uma mulher, mas quem me mandou as flores foi outra pessoa. Só um ninja me dava rosas brancas. — eu estava começando a entender aonde Sakura queria chegar. — Queriam colocar a culpa na Miyuki, por isso, aproveitaram para agir quando ela chegou e usaram o mesmo tom de batom. — ela possuía certeza do que dizia, eu via isso em seu olhar e também não havia como discordar de sua análise. — Agora, pense, quem quer que nós dois estejamos separados?

Fechei os punhos com força, chegando à conclusão de quem montou toda aquela mentira.

Agora, fazia todo o sentido.

— Ume e Yori.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?
Beijinhos.



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