How We Get Here escrita por TatyNamikaze


Capítulo 17
Capítulo 17 - A Vingança




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How We Get Here

Capítulo Dezessete - A Vingança



Algumas semanas antes…



A noite chegava e, com ela, um frio insuportável. A jovem de cabelos vermelhos se levantou do chão com dificuldade, sua cabeça doía muito, e sua visão estava embaçada, fazendo-a coçar os olhos.

Ela olhou para o lado, notando sua visão já um pouco normal e viu seus companheiros também desacordados.

— Ei, Suigetsu, Juugo, levantem! — Karin gritou, mas nenhum dos dois se mexeu. — Ei, pessoal? — se aproximou de Suigetsu e o cutucou com o pé. — Acorda, Suigetsu!

O jovem de cabelos acinzentados se mexeu um pouco. Em instantes, seus olhos se abriram, e ele tentou se levantar, mas estava com seu corpo fraco, e a cabeça explodindo. Enquanto ele se recuperava, Karin foi até Juugo, acordá-lo.

— Juugo! — o cutucou com o pé também, e ele abriu os olhos rapidamente.

Levantou-se assustado, também com dificuldade e uma dor de cabeça insuportável.

Era a única coisa que possuíam em comum naquele momento: a dor.

— O que aconteceu com a gente? — Suigetsu perguntou, colocando as mãos na cabeça na expectativa de que a dor de cabeça parasse.

— Eu só lembro-me de que encontramos o Sasuke e seus amigos e... — Juugo começou a falar, até seu rosto assumir uma expressão de preocupação. — Nós lutamos com eles.

— Eu não me lembro direito, só recordo-me de ver aquela garota de cabelo rosa no chão. — Karin falou, ajeitando o cabelo que estava todo desarrumado, e a roupa toda suja, devido a ter caído no chão de terra.

— Você lutou contra ela. — Suigetsu afirmou entre um gemido e outro de dor. — E nós lutamos com os outros.

— Lembro-me de ter olhado no Sharingan e caído no chão. Acho que Sasuke me pôs em um genjutsu. — Juugo disse calmamente, sentindo a dor diminuir aos poucos.

— Eu também. — Suigetsu e Karin falaram em uníssono.

Ambos surpresos ao darem conta do que fizeram.

— Mas por que os atacamos? — Juugo questionou.

— Eu não sei. — Karin começou a falar, ajeitando os óculos. — Mas me sinto estranha desde aquele dia...



O sol deixou o céu, dando lugar a grande lua. Três dias antes de encontrarem com Sasuke e seus amigos, o trio mais estranho de todos andava calmamente pela floresta, próximo ao país das Ondas. O tempo estava bom, o vento refrescante amenizava um pouco a temperatura elevada daquele dia, a lua cheia iluminava perfeitamente o caminho que eles percorriam na floresta, pois a claridade passava facilmente por entre as folhas das grandes árvores.  

O céu estrelado deixava a noite mais bonita, e os sons produzidos pelos animais davam vida àquela mata sombria. Eles pretendiam parar em uma pousada no caminho para o centro do país das Ondas, mas a única que encontraram no caminho estava lotada.

 Eles caminharam mais algumas horas, até que decidiram parar para comer alguma coisa e dormir. Havia um pequeno riacho perto, com águas cristalinas e uma linda floresta ao redor dele, então, Suigetsu decidiu nadar um pouco e aproveitou para pegar alguns peixes enquanto Juugo pegava lenha para a fogueira, e Karin bebia um pouco da água cristalina do riacho.

Juugo se aproximou da beira das águas e colocou, sobre as pedras secas, a pilha de galhos que recolheu para fazer a fogueira. Ele se aproximou do riacho, pegou um pouco de água nas mãos e levou à boca, repetindo o gesto várias vezes para matar sua sede. Karin sentou próxima à pilha de galhos e pegou duas pedras, riscando uma na outra e acendendo a fogueira enquanto Suigetsu ainda se divertia nas águas, tentando pegar os peixes, que escapavam facilmente, com as mãos mesmo.

Karin ficou impaciente com isso e gritou para Suigetsu andar logo, mas o mesmo se assustou com o grito da garota de cabelos vermelhos e deixou escapar o único peixe que havia pegado. Ele ficou irritado, mas decidiu esquecer e continuar tentando pegar os peixes, não valeria a pena criar uma discussão com a escandalosa da Karin naquele momento, ele estava com fome e, se criasse confusão naquela hora, demoraria mais ainda para realizar a refeição.

Por fim, ele conseguiu pegar três e voltou para a margem, próximo aos seus companheiros, entregando à Karin os peixes. A garota pegou três gravetos, colocou um peixe em cada um e colocou-os para assar na fogueira. Enquanto os peixes não ficavam prontos, Suigetsu decidiu voltar para a água, tinha que aproveitar, porque nem sempre havia água por perto para nadar.

Karin ficou olhando para o céu e se lembrando de um certo ninja, frio e indiferente, o qual ela não via há muito tempo. Estava se sentindo triste, a falta de Sasuke estava afetando-a. Ela estaria sozinha se não fosse os outros dois membros do time Taka, só que eles eram muito irritantes, principalmente, o Suigetsu.

Mas, ainda assim, eram os únicos amigos que ela tinha.

Já Juugo conversava com um passarinho pequeno e delicado, de cor verde com tons mais amarelados nas pontas das asas, que pousou em seu braço. Juugo estava distraído e só voltou para realidade quando Karin o chamou, indicando que os peixes estavam prontos para comer. A mesma gritou Suigetsu, que saiu do riacho depressa, jogando água acidentalmente na cara de Karin.

A garota dos cabelos vermelhos não se irritou, o que deixou Suigetsu surpreso. Karin estava realmente mal, a falta do Uchiha estava deixando-a sem vontade de viver, até sem vontade de brigar com o Suigetsu, coisa que eles faziam o tempo todo. 

Cada um dos três pegou um dos peixes assados, e começaram a comer em um absoluto silêncio. Enquanto faziam sua refeição, a temperatura daquela noite caía cada vez mais, fazendo com que o clima ficasse mais agradável.

Karin foi a primeira a acabar de comer, então, foi se preparar para dormir. A garota encostou sua cabeça na raiz de uma árvore e pegou no sono. Todo tempo em que ela permaneceu dormindo, só pensou em uma coisa, ou melhor, em uma pessoa, Sasuke Uchiha.

Suigetsu foi dormir logo em seguida, com a cabeça encostada em uma pedra, bem na margem do pequeno riacho. Juugo ficou de guarda, em alerta se qualquer inimigo se aproximasse deles, mas tudo estava tranquilo, nada de ninjas por perto, apenas eles, o som da água corrente, o bater de asas das aves e os sons produzidos pelos insetos presentes naquele lugar.

Algumas horas se passaram, e o sono começou a chegar. Juugo se levantou devagar para não fazer muito barulho e foi acordar Suigetsu, porque era hora de ele assumir o posto de vigia para que o amigo pudesse dormir um pouco.

O ninja se levantou ainda sonolento, se aproximou das águas cristalinas, pegou um pouco nas mãos e molhou o rosto a fim de espantar o sono. Suigetsu sentou-se, encostando as costas em uma árvore enquanto Juugo deitava à alguns metros da água, caindo em um sono profundo.

Suigetsu ficou prestando atenção na água do pequeno riacho e em como a luz da lua era refletida nela, até o sono começar a aparecer novamente. Ele juntou as mãos e pegou, de novo, um pouco de água, levou ao rosto, e o sono foi embora.

As horas foram passando, e Suigetsu não aguentava mais ficar acordado, precisava dormir pelo menos mais um pouco, então, se levantou e foi em direção à garota de cabelos vermelhos.

Ele se aproximou dela e a cutucou a fim de acordá-la, pois era a vez de Karin vigiar o local para eles dormirem. A jovem Uzumaki abriu os olhos devagar e se levantou com dificuldade. Ainda estava com sono, mas entendia que era a hora de ela ficar de olho no lugar em que estavam.

A ruiva ficou escorada na árvore em que dormiu e ficou pensando na vida. Nos momentos bons que passou ao lado de Sasuke e nos ruins também. No dia em que ele a chamou para fazer parte do time Hebi, a preocupação que sentiu no dia da luta de Sasuke com Deidara, no dia da luta dele contra seu irmão, Itachi Uchiha, na luta contra o jinchuuriki do Gyūki, Killer Bee, onde os quatro quase se deram mal devido ao poder do Hachibi, e, na guerra, principalmente, no momento em que o Uchiha quase morreu depois de ser atravessado por uma espada.

Karin estava distraída, perdida em pensamentos, os quais não permitiam que o sono a invadisse, até ouvir o som de ninjas se aproximando por entre as árvores. Era madrugada, e seus amigos dormiam tranquilamente. Então, Karin fez um selo e se concentrou. Devido as suas habilidades sensoriais, ela percebeu que eram apenas dois ninjas, mas não sabia se eram poderosos, então, todo cuidado era pouco.

A garota dos cabelos vermelhos se levantou rapidamente e acordou Suigetsu com um chute fraco, o qual se levantou em um pulo, assustado devido ao chute que recebeu, mas Karin fez um sinal para ele ficar quieto e, assim, fez. Enquanto Suigetsu prestava atenção na floresta ao redor deles, Karin foi até Juugo e o cutucou, o mesmo abriu os olhos na hora, e ela sussurrou para ele que alguém se aproximava.

Juugo se levantou e se pôs em guarda ao lado de Suigetsu e Karin, e, então, os ninjas apareceram. Um deles estava usando uma roupa semelhante a de um Anbu, com os cabelos curtos no tom preto, olhos também pretos, pele morena e era mais baixo que o outro, o qual usava roupas escuras por baixo de uma capa preta de tecido chique, tinha cabelos castanhos um pouco mais compridos, olhos verdes intensos, pele clara e uma cicatriz próxima à orelha esquerda.

Os dois homens continuaram a andar tranquilamente até pararem à dez metros do time Taka. Ambos ficaram se encarando. O time Taka estava alerta, estavam preparados para qualquer ataque que aqueles dois ninjas pretendessem fazer. Eles estavam de cara fechada, prestando atenção em cada detalhe.

Enquanto isso, os dois ninjas que encaravam Karin, Suigetsu e Juugo pareciam tranquilos. Apenas observavam os três à sua frente, sem fazer um movimento sequer. Depois de uns segundos sem nenhuma reação, um deles decidiu quebrar aquele silêncio.

— Quem são vocês? — perguntou Karin, ajeitando os óculos no rosto, não tirando os olhos vermelhos dos ninjas à sua frente, dos quais não sabia a intenção ou se eram inimigos.

— Não importa quem somos. — respondeu o ninja mais alto, o qual usava roupas mais chiques, em um tom bem calmo.

— O que querem? — perguntou Juugo, sério.

— Conversar apenas. — respondeu o outro, mais calmo ainda.

— Não os conhecemos, então, não temos nada para conversar. — Karin gritou.

— Tudo bem. — o ninja suspirou cansado. — Eu sou Takeshi Misaki e esse é Nori. — apontou para o parceiro. — Bom, agora que já nos conhecem, podemos conversar?

— Não temos nada para conversar com vocês. — Suigetsu disse pela primeira vez desde que esses ninjas chegaram.

Nori os encarou.

— É melhor nos escutarem, senão podem se arrepender disso. Sem contar que vocês não têm nada a perder.

Karin, Suigetsu e Juugo apenas ficaram encarando os dois ninjas. O que eles queriam conversar?

— Eu tenho um objetivo há muito tempo. — a voz de Takeshi soou sombria. — O mundo está cheio de ódio e dor, eu pretendo acabar com isso. Eu pretendo me tornar o dono do mundo, controlar tudo que acontecer, todas as relações, todas as situações e personalidades. Eu pretendo usar meu doujutsu para isso. — encarou as três figuras sérias. — Há alguns anos, Madara Uchiha tentou fazer a mesma coisa e não obteve sucesso, mas eu irei conseguir, eu irei controlar o mundo.

— Você é maluco! — interrompeu Karin.

— Cala a boca e deixe-me continuar! — Takeshi falou, já um pouco nervoso. — Eu tenho meus meios para fazer isso, nada doloroso, mas muito eficiente. Eu estou recrutando ninjas renegados de todos as aldeias e pretendo usá-los para alcançar meu objetivo.

Suigetsu o fitou.

— Mas por que está contando seus planos para nós?

— Porque vocês são bons shinobis e conhecem bons shinobis também. — Takeshi respondeu, um sorriso malicioso estampado no rosto.

O time Taka ficou ainda mais confuso.

— O que quer dizer com isso? — Juugo perguntou, os braços estavam cruzados.

— Que estou dando a chance de vocês se salvarem, juntando-se a nós.

— Pensem bem, é uma oportunidade única. Juntem-se a nós agora e garantam uma boa vida no futuro ou fiquem contra nós e morram ou sejam feitos de fantoche como os outros serão. A escolha é de vocês. — Nori completou calmamente.

— Vocês são loucos! — Karin gritou.

— Mesmo se nos juntássemos a vocês, que garantia teríamos de que não nos mataria ou controlaria também? Vocês não parecem confiáveis. — Juugo retrucou, preparando-se para uma possível luta.

— Imaginei que diriam isso. — respondeu Takeshi, fazendo dois selos, e seus olhos mudaram de cor. Foram de verde para dourado vivo. — Que pena.

— Não terão outra chance. — Nori fez uma posição de mão.

— Bom, eu ia poupá-los se colaborassem comigo e atraíssem o Uchiha e seus amigos da Folha para uma armadilha, mas, como não pretendem colaborar... — Takeshi falou, fazendo com que várias pedras da margem do rio começassem a flutuar ao seu redor apenas com a habilidade de seus olhos.

O time Taka ficou extremamente surpreso, mas não tiveram tempo para falar nada, pois um combate se iniciou.

O mais difícil que eles já participaram.

Takeshi era um oponente muito forte e, além de possuir um doujutsu com habilidades telecinéticas, também usava os cinco elementos de chakra — o que era uma surpresa.

Karin, Suigetsu e Juugo foram jogados contra uma pedra com telecinesia, ambos cheios de dor como consequência da batalha, além de quase sem chakra e esgotados.

— Viu?! É inútil tentar lutar, minhas habilidades são muito superiores. Vocês deveriam ser gratos a mim, eu poderia matá-los se quisesse, mas lhes darei mais uma chance. Vocês só precisam atrair Sasuke Uchiha e Naruto Uzumaki para uma armadilha para matá-los e trazer Sakura Haruno para mim viva, não importa em que condições, mas precisa ser viva.

— Por que você quer a Sakura? — Karin perguntou, sentindo as costas doendo e algumas costelas quebradas.

— Eu quero que ela esteja ao meu lado quando o mundo for meu, a quero porque Sakura é muito próxima dos ninjas mais fortes do mundo, é uma maneira de mostrar que posso ter tudo o que eu quiser, ainda mais que é um jeito de atingir Naruto e Sasuke, caso sobrevivam à esse ataque. Imagina, a melhor amiga deles ao lado do maior vilão, os atingiria diretamente, além das suas habilidades médicas serem muito boas e úteis.

— Você é maluco. — Suigetsu falou com dificuldade devido as dores que sentia por todo o corpo.

— Nunca iremos te ajudar! — gritou Karin.

— Vocês não têm escolha. — Takeshi falou sombriamente. — Se não querem colaborar por bem, colaborarão por mal.

Takeshi olhou intensamente para eles com seus olhos dourados vivos. Karin, Suigetsu e Juugo ficaram paralisados. É mais certo dizer hipnotizados.

— Vocês irão fazer o que eu mandar.

— Sim, faremos o que você mandar. — os três disseram em uníssono, fitando os olhos dourados de Takeshi Misaki.

— Vocês irão agir normalmente com Sasuke e seus amigos, como se fosse um encontro por acaso, depois, irão atraí-los discretamente para uma armadilha, irão atacá-los e não revelarão o porque de estarem fazendo isso de jeito nenhum, certo? 

— Certo!

— Agora, vão! Sasuke e seus amigos irão para a aldeia da Nuvem, vocês precisam encontrá-los antes de chegarem lá. — Takeshi ordenou.

— Certo! — e os três saíram pulando pelos galhos como se tudo estivesse normal, e seus corpos estivessem cem por cento.

— Takeshi-sama, acha mesmo que isso dará certo? — Nori perguntou ao se aproximar de seu mestre.

— Bom, sempre tem chances de dar errado, ainda mais pelo fato do Sasuke possuir dois doujutsus. — Takeshi falou, fazendo com que seus olhos voltassem ao tom verde.

— É um risco.

— Bom, vamos embora. — Takeshi falou, virando-se de costas e começando a caminhar. — Espero que o Uchiha não descubra como anular o meu jutsu, senão teremos problemas.

         

      

Droga! Agora, eu me lembro. Takeshi nos manipulou, nos fez atacar o Sasuke. — Karin encontrava-se nervosa.

— E os planos? Ele nos contou os planos dele, precisamos fazer algo em relação à isso. — Juugo comentou, e estava mais que certo.

Eles precisavam agir.

— Sim! — Karin assentiu positivamente, colocando-se à frente. — Vamos para Konoha contar tudo para o Sasuke e, no caminho, ver se encontramos alguma pista desse tal Takeshi Misaki.




*  * *

     



Sakura Haruno

 

Após Sasuke e eu comermos na minha casa e ele ir trabalhar, eu saí na rua, pois não estava com vontade de ficar em casa.

Já era noite, mas não me importei, apenas caminhei até o parque e sentei-me no mesmo banco para admirar o céu noturno coberto de estrelas.

— Oi, amor! — uma voz familiar despertou-me.

Olhei para o lado e sorri, vendo Yori chegando perto de mim.

— Oi.

Sentou-se, no banco, ao meu lado.

— Como está?

— Ainda na mesma, não me lembro de nada.

— Sinto muito.

Yori pousou a mão em meu ombro, transmitindo força, e eu sorri com seu apoio, voltando a olhar para o céu.

— Onde você estava nesses dias, Yori?

— Em uma missão no país do Vento.

— Ah, sim. — sorri sem graça, principalmente, por não fazer ideia de onde é esse país.

Ele sorriu, olhando em meus olhos.

— Você está linda hoje.

Corei na hora com o elogio.

— Obrigada.

Yori sorriu e passou as mãos nos meus cabelos, enrolando os fios cor-de-rosa curtos em seus dedos com cuidado enquanto me fitava nos olhos.

— Eu te amo. — falou, e eu senti uma confusão instalar-se em meu interior.

Eu diria que o amava também? Sorria? Ficaria sem graça? Pediria que me compreendesse, já que não me lembrava de nada?

Mas, eu não tive tempo para isso, pois o que aconteceu a seguir mudou tudo.

Senti os lábios de Yori em minha bochecha e logo o contato sumiu, pois uma voz ecoou pelo parque.

— O que pensa que está fazendo?

Era Sasuke.

Yori e eu nos distanciamos no mesmo instante, levantando-nos e olhamos para trás, encontrando uma expressão nada amigável no rosto de Sasuke.

— O que faz aqui? — Yori perguntou, e pude ver a raiva estampada em seu rosto.

Havia algo errado.

— O que você faz aqui? — Sasuke retrucou, dando ênfase na palavra você.

A raiva era evidente em seus olhos vermelho e roxo.

— Sasuke, o que está fazendo? — perguntei.

Eu já não entendia mais nada.

— Impedindo que ele se aproveite de você.

— O quê? — olhei para ele com os olhos arregalados.

— Não se intrometa, Uchiha! — Yori gritou, nervoso.

— Me intrometo sim, você está se aproveitando da perda de memória dela.

Arregalei mais os olhos de surpresa, como assim? Do que Sasuke estava falando?

— Esse cara é maluco. — Yori retrucou.

Ele abria e fechava os punhos para se controlar.

— Fique longe da Sakura. — Sasuke ordenou.

A voz soou mais fria do que em qualquer outro momento.

— Ficar longe de mim por que, Sasuke? Ele é meu namorado.

O Uchiha olhou-me incrédulo.

— Seu namorado? Ele te disse que era seu namorado? — ele estava indignado. — Yori, você é um cretino, como pôde se aproveitar dela?

— Do que está falando, Sasuke?

Eu olhava de um para o outro, tentando entender o que acontecia ali, mas estava difícil.

— Que ele mentiu para você.

— Cala a boca, Uchiha! — Yori gritou, nervoso.

— O Yori já foi seu namorado, mas vocês terminaram há algum tempo porque ele mentiu.

Como assim Yori não era meu namorado? Como ele pôde mentir assim? Uma lágrima caiu do meu olho direito e escorreu devagar pelo meu rosto pálido.

Encarei Yori, sentindo o peito doer por ter sido enganada dessa forma e, ao mesmo tempo, encher-se de raiva.

— Olha, Sakura, eu menti por amor. Eu te amo, só queria ficar com você.

Os olhos dele estavam marejados pelas lágrimas, mas, depois de saber disso, não consigo deixar de pensar que podem ser falsidade também.

— Não acredito que fez isso. — falei, triste e irritada.

Virei-me para ir embora, não queria mais olhar na cara daquele mentiroso, mas ele segurou meu braço direito, impedindo-me de ir.

— Sakura, por favor, me... 

— Me solta! — ordenei.

Não queria que ele tocasse em mim, nem mesmo olhasse para mim.

— Sakura.

Continuou segurando meu braço.

— Já falei para soltar-me! — a raiva e decepção estava evidente na minha voz, mas ele não me soltou.

Notei a aproximação de Sasuke.

— Solta-a, Yori!

Senti o aperto em meu pulso se afrouxar e sumir. Levei a mão até o local, massageando-o enquanto observava as duas figuras se encararem.

— Nunca mais se aproxime de mim, nunca mais! — ordenei e vi Yori fechar a cara e encarar Sasuke com mais ódio.

— Isso é tudo sua culpa!

E foi para cima de Sasuke.




. . .




Sasuke Uchiha

 

Eu não conseguia explicar a raiva que eu sentia, naquele momento, ao ver que Yori aproveitou-se da amnésia de Sakura.

Era baixo demais.

E eu sentia tanta raiva que era impossível controlar.

Nós dois iniciamos um combate, jutsus e mais jutsus eram usados, modificando a paisagem ao nosso redor. A raiva acumulada entre nós dois era tanta que não conseguíamos parar mesmo com Sakura gritando desesperada.

Yori era bom, pude perceber pela primeira vez, mas já era esperado de um membro da Anbu. Ele lançou vários jutsus estilo água e relâmpago em mim, alguns, até mesmo, com os dois elementos combinados.

Mas eu sou Sasuke Uchiha, um dos shinobis mais poderosos do mundo ninja, então, não seria tão fácil assim me derrotar.

O combate seguiu intenso, fazíamos de tudo para vencer — eu quase tudo, afinal, se usasse todo o meu poder, ele já estaria morto. Porém, não podíamos continuar.

— Parem! — Sakura colocou-se entre nós, as lágrimas caíam pelo rosto já avermelhado pelo choro.

Yori e eu paramos, olhando para ela, que tremia em nossa frente. Eu estava com as roupas um pouco sujas apenas, já Yori sangrava em um lado da cabeça e possuía alguns cortes pelos braços.

— Yori, vá embora! — ela gritou.

— Mas, Sakura…

— Vá embora! — o grito dela soou alto e com a voz chorosa.

Yori respirou fundo e encarou-me rapidamente antes de dar meia volta e sumir do parque.

Sakura abaixou a cabeça e enxugou as lágrimas com as costas das mãos. Seu corpo ainda tremia um pouco, mas ela ignorou esse fato. Ergueu a cabeça novamente, fitando-me com os olhos vermelhos e, em seguida, também deu meia volta, começando a distanciar em passos lentos.

— Sakura!

Fitei as costas dela, notando os ombros subirem constantemente com a respiração descompassada.

— Mesmo que ele tenha mentido, você não devia ter brigado com ele.

Sua voz soou fria.

— Eu sei, mas ele foi para cima de mim, e eu não consegui conter a raiva que sentia.

Ela não disse nada após minha explicação, apenas continuou parada de costas, para, em seguida, voltar a andar.

— Sakura!

Fiz menção de ir atrás dela, mas parei ao ouvir sua voz ainda mais fria e alta.

— Me deixa! Preciso de um tempo sozinha.




*  * *




Sakura saiu pelas ruas de Konoha que ela se lembrava, as lágrimas escorrendo pelo rosto pálido. Ela não sabia o que estava sentindo ao certo, estava preocupada, nervosa, irritada, indignada, assustada.

Eram tantos sentimentos que ela não podia explicar. Nem mesmo cabiam em seu peito, por isso, precisavam sair por meio das lágrimas — se fosse realmente possível.

A garota continuou andando pelas ruas sem rumo, a confusão em seu interior não a deixava nem mesmo pensar, até que encontrou sua amiga Ino e ela agradeceu por isso, precisava de alguém ao seu lado. Alguém que não fosse Sasuke.

Elas continuaram andando pelas ruas de Konoha lado a lado. Ino tentava acalmar a garota a todo custo, até que pararam em uma lanchonete para tomar alguma coisa.

Elas conversaram sobre algumas coisas aleatórias a fim de acalmar Sakura — o que não estava sendo uma tarefa fácil —, e Ino sugeriu que fizessem uma caminhada. A rosada não queria aceitar no início, mas a loira insistiu tanto que ela acabou aceitando, pois, assim, poderia esfriar a cabeça.

As duas foram andando por uma parte de Konoha que Sakura não se lembrava devido à amnésia.

Sakura e Ino estavam caminhando em direção à parte de Konoha que ficava em cima do monte Hokage. Haviam muitas casas por perto, a maioria delas eram bem grandes, bonitas e aparentavam terem sido construídas há pouco tempo.

Elas andaram um pouco por aquele lugar, Ino falava sobre algumas coisas aleatórias, tentando fazer com que a rosada ficasse calma enquanto Sakura estava perdida em seus pensamentos. Ela nem mesmo prestava atenção nas palavras da amiga.

As duas foram até perto da beirada do monte Hokage, de onde era possível ver toda a aldeia da Folha.

Sakura localizou o parque onde tanto adorava ir, mas as lembranças da luta de Sasuke e Yori invadiram sua mente, então, tentou esquecer e desviar o olhar. Ela viu o grande prédio do hospital de Konoha de onde estava, seu apartamento e o distrito Uchiha ao longe.

A Haruno ficou olhando para aquela linda aldeia, da qual ela não lembrava muita coisa e ficou pensando em tudo que devia ter vivido naquele local maravilhoso. Como poderia ter sido sua infância, seus anos na academia ninja, suas missões em equipe, a tal guerra e o episódio com o tal vilão Toneri — que Yori citou —, seu primeiro beijo, os festivais…

Tudo.

Ela desejava mais que tudo recuperar logo a memória.

Sakura continuou olhando a aldeia, que, sob a luz da lua, ficava linda. Ela deu mais alguns passos à frente, ficando na beira do penhasco, de onde ela podia ver o topo da cabeça dos seis Hokages de Konoha.

Mas, então, ela sentiu um empurrão forte nas costas, fazendo-a ir com o corpo para frente. A garota se assustou, mas conseguiu segurar na beira do penhasco no último instante, sentindo seus pés sem apoio.

— Ino, o que você está fazendo? — gritou assustada, encarando a loira acima dela e, depois, fitando a altura que estava do chão.

— Livrando-me de um problema. — Ino disse, um sorriso se destacava em seu rosto e, então, pisou nos dedos das mãos de Sakura, fazendo-a soltar a beirada e cair.

Sakura gritou enquanto caía rapidamente, sem saber o que fazer para se salvar. Ela pensou que alguém apareceria para ajudá-la naquele momento, mas perdeu as esperanças quando o chão estava muito próximo de seu corpo.

Ela fechou os olhos, sentindo a voz sumir da garganta, esperando o impacto da batida contra o chão.

E, quando ele aconteceu, ela perdeu totalmente os sentidos, mergulhando na mais profunda escuridão.

— Esse é o seu fim, garota irritante.

Ino fitou a jovem de cabelos rosados caída, lá em baixo, de bruços.

O sangue escorria ao redor de sua cabeça, formando uma pequena poça.

— Isso que dá se meter no meu caminho.

E saiu pulando pelos telhados antes que alguém a visse por lá.


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