Two Shades Of Blue escrita por Mileh Diamond


Capítulo 14
Os namorados do papai


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaá, meus amores~~
Antes de embarcar no cap de hoje, vale uma panfletagem básica da versão alternativa de Two Shades Of Blue: Blue is for babies! É uma oneshot que eu fiz invertendo os papeis da fic, colocando o Victor como criança e o Yuuri como pai adotivo dele. Já mencionei isso lá, mas vale dizer de novo. Eu pensei em colocar a oneshot como um capítulo bônus aqui em TSOB, mas resolvi que ficaria bagunçado se eu quisesse postar mais coisas com aquele cenário ou se vocês não se interesassem pela ideia. Então, virou uma fic separada. Se estão imaginando como esse mundo recheado de birra, bronca e "tá de castigo" fosse de outra forma, sintam-se livres para dar uma olhada o//


O capítulo de hoje foca num tópico que muitos devem estar se perguntando desde que a fic começou: o Victor não vai namorar ninguém? Isso vai ser um single parent AU pra sempre?
Vamos discutir isso nesse cap gordinho de mais de três mil palavras, porque eu fiquei animada :v

Boa leitura!!



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Polina Shermanskaya tinha duas imagens de Victor Nikiforov: uma antes dele ser seu técnico e outra, depois.

A de antes mostrava um patinador famosíssimo que fazia diversas aparições em revistas, programas de TV, competições e era, simplesmente, uma celebridade. E celebridades têm aquela aura inalcançável de serem sobre-humanos. Era assim que ela via Victor.

Então sua sorte mudou e ela conseguiu ser treinada por ele. Ele era bem diferente. Mais divertido do que o esperado, mas sério quando devia. Era também um pai muito preocupado e carinhoso, o que refletia em como ela era tratada mesmo sendo apenas uma aluna. Polina até tentou reclamar dos headphones novos e super caros no Natal, mas Victor não ouviu. Esse era seu treinador.


De vez em quando, ela tinha que prestar serviços de babá. Mas ser a mais velha de três irmãos te dá algumas habilidades.

Victor ainda fazia shows de patinação. E o trabalho de Polina hoje era vigiar o Yuri mais velho na platéia. Porque ele nunca ficaria parado se soubesse que seu pai estava patinando e ele não pudesse ver.


— Polya, quando o papai aparece? - Yuri perguntou entediado de seu assento. - Só tem gente que eu não conheço.

— Só são os melhores patinadores da Rússia, Yura. - a jovem disse com um riso.

— Mas você não tá lá. - ele disse confuso.

— Porque eu estou de férias. - era mais fácil dizer isso do que cutucar a própria auto-estima. Treinador Nikiforov não gostava daquilo.

Não demorou para Yuri ter seu desejo atendido e ver o pai no gelo. Victor continuava com o mesmo talento e carisma dos tempos competitivos. Certamente não fazia mais quads toda hora, só que o charme continuava o mesmo.

Isso significa que ele ainda quebrava alguns corações por aí. Acidentalmente.


Polina não gostava de se meter na vida das pessoas, mas algumas situações pediam medidas drásticas. Seu treinador era muito legal e bonito para ficar sozinho. E os meninos precisavam de ao menos mais uma figura familiar! Devia ser difícil criar dois filhos sem ajuda.


Por isso, quando Polina via a oportunidade de juntar seu técnico com alguém, ela agarrava.


Mas dessa vez, a oportunidade pedia que ela fosse embora o mais rápido possível e foi isso que ela fez. Ou tentou fazer.


Após o show ser finalizado, ficou combinado que eles encontrariam Victor no camarim. Ela considerou um feito histórico ter conseguido acalmar Yuri e impedi-lo de correr pelos corredores do rinque. Mas isso lhe custou um mentos.


Virando a esquina no corredor que queriam, ela já avistou a cabeleira platinada que procuravam entre os pequenos aglomerados de pessoas aqui e acolá. E seu treinador não estava sozinho.

Era outro homem. Bonito. Mesma faixa etária que Victor. E se a linguagem corporal percebida pela patinadora a dez metros estivesse certa, aquilo era uma tentativa de flerte.

Polina tinha um raciocínio muito rápido. E por isso, ela deu meia volta.

— Não é nesse corredor, Yura. - ela disse disfarçando seu esquema de cupido. - Acho que é o próximo.

— Hum? Mas papai sempre fica nesse. - Yuri reclamou, não sabendo, pela sua pouca altura, que seu pai realmente estava naquele corredor e que tudo fazia parte de um plano maior.

— Acho que ele mudou dessa vez. - ela sorriu dando de ombros. Sentia-se mal por mentir, mas aquilo faria bem a todos.


Ela conseguiu "acidentalmente" errar mais dois corredores antes de Yuri a obriga-la a voltar para o primeiro. As crianças depois de 2010 estavam muito inteligentes para seu gosto.

Mas ela aproveitaria para tirar umas dúvidas.

— Yura, o que você acha de ter dois pais? - ela perguntou como quem não quer nada.

O loiro juntou as sobrancelhas em confusão.

— Eu já tenho um papai.

— É, mas não acha legal ter dois? - ela insistiu. Precisava de apoio em seu plano de casar seu treinador.

— Não sei. - o pequeno deu de ombros.  - Eu nunca tive dois de ninguém. Só uma mamãe, só um papai, só um vovô e só um irmão. O que é legal, porque só um Yuuri já dá muito trabalho.


— Entendi. - a mais velha disse com um sorriso, apesar de tudo. Talvez Yuri mudasse de ideia se Victor arranjasse um bom namorado.

Antes que pudessem notar, já haviam entrado no corredor certo, agora com menos pessoas. Victor ainda estava conversando com o desconhecido atraente. Yuri não esperou para sair correndo, chamando pelo pai dessa vez.

— Yura! - Victor pareceu triplamente mais feliz com o filho ali, ignorando quase por completo o homem com quem falava - Vocês demoraram, já estava ficando preocupado.

 

— Desculpe, treinador. Nós nos perdemos. - Polina se explicou assim que chegou mais próximo, acenando educadamente para o moço ignorado.

O técnico agora parecia numa corrida silenciosa para sair dali o quanto antes, se o fato de que ele pegou Yuri no colo, numa clara tentativa de agilizar o processo, já não fosse prova o suficiente.

— Foi muito legal conversar com você, Pierre...

— É Pietro. - o homem corrigiu com uma careta.

— É, isso, Pietro, mas eu tenho que ir agora e buscar meu caçula na escola. Até mais! - aquele tinha que ser o sorriso mais falso que Polina já viu nessa vida.

Victor praticamente empurrou a patinadora pelo corredor, o que era um feito incrível para quem estava carregando uma criança.

— Quanta pressa... - Polina comentou confusa. Pequeno Yuuri não saía da escola naquele horário. E era sábado!

— Eu tinha que sair antes dele pedir meu telefone. - foi a explicação dada, agora sem sorriso nenhum.

— Quê? - a garota perguntou complexa.

— Ele ia te roubar, papai? - Yuri perguntou assustado, entendendo nada da conversa.

— Não, Yura, ele só queria meu número de telefone. Pra falar comigo. - Victor explicou sem-graça, finalmente colocando o menino no chão quando alcançaram a saída do rinque. - E eu não quero falar com ele.

— Treinador! - Polina chamou sua atenção parecendo muito contrariada. - Ele parecia um cara legal. Por que não deu uma chance?

— Você não sabe o que eu tive que passar, Polya. - Victor murmurou assombrado enquanto procurava as chaves do carro no bolso. - Ele me passou uma cantada mais velha que você. E não colou, nem um pouco.

— O que é "cantada"? - Yuri perguntou confuso. E por que não "colou"? Era alguma colagem das que eles faziam na escola?

— É uma forma de tentar conquistar alguém que a gente gosta. - o mais velho explicou.


— Ah. - ele assentiu entendendo. - Tipo namorado?

— ...É. - Victor concordou enquanto abria a porta do carro para o menino entrar. - Mas eu não estou afim de um relacionamento.

Re-la-cio... Quê? Era outro nome pra namorado?

— Eu acho que o senhor está trabalhando demais e sair com alguém não seria problema nenhum. - Polina disse sinceramente. - Não precisa ser o primeiro que aparecer, mas devia ser alguém.  Também ajudaria com os meninos.

— Polina, meu anjo, eu estou ótimo sem um namorado. - ele disse frizando o adjetivo. - Parceiros são distrações que eu não quero, pois eu tenho dois bebês pra tomar conta. Três, se contar você.

 

— Eu tenho 18! - ela reclamou. - Filhos não devem ser obstáculos. Você precisa ser feliz, treinador!

— E eu estou feliz. - ele disse com um sorriso sincero. - Concentre-se nos seus treinos, mocinha. Eu arranjo meus próprios namoros. E com cantadas melhores.


Não foi naquele dia que Shermanskaya conseguiu um pretendente para seu técnico.

 

Mas ele não perde por esperar.











Victor costumava gostar mais de festas.

Mas a maioria delas ocorria fora do país, na temporada competitiva. E isso significava ficar dias sem ver seus filhos por causa das viagens, então ele, no fundo, preferia chorar ao colocar um terno e sorrir para os integrantes do círculo social da patinação. Ele queria que seus meninos estivessem ali com ele.


Com sorte, dessa vez ele só precisava dar algumas voltas pelo salão para que parecesse um técnico sociável e, quando Mila se cansasse, ele podia ir embora.


Depois que se aposentou, as pessoas mais próximas dele se tornaram colegas treinadores que também costumavam patinar em sua época. Alguns já tinham filhos, então não era raro que a conversa acabasse em crianças, os preços absurdos de uma escola particular ou simplesmente um compartilhamento de vídeos constrangedores.

Um de seus contatos frequentes era Park Minso. Com 36 anos, a treinadora coreana dividia com ele a sina dos pais solteiros. Ela não era muito de compartilhar sua vida pessoal, mas Victor sabia que ela já foi casada e hoje cria sozinha o filho Seung-gil, um ano mais novo que Yuri.

E ele não se lembra ao certo sobre o que eles estavam conversando perto da mesa de petiscos, mas em algum momento a conversa foi interrompida por um homem jovial de sorriso alegre que veio cumprimentá-lo.

— Sr. Nikiforov. - o estranho com sotaque levemente britânico disse assim que se aproximou. - Que prazer encontrá-lo aqui. Tive medo de que não tivesse tempo para achá-lo a sós, todos parecem querer uma palavra com você.

Eu não estava a sós, a parte ligeiramente mal-educada de Victor queria dizer. Mas Minso parecia não se importar, optando por continuar ali, esperando o cara desconfiar e notar sua presença.

 

— Está sendo uma noite bem ocupada. - Victor disse com um sorriso pequeno enquanto estendia a mão. - O senhor seria...?

 

— Ah, claro. Gregory Newberry, representante do departamento de patrocínio da Adidas na Rússia. Pode me  chamar de Greg. - ele se apresentou, ainda com aquele sorriso esquisito no rosto.

Bom, Victor não queria chamá-lo de "Greg". Mas se ele era da Adidas, então agora sabia o que ele queria.

— Ah, patrocínio! - o sorriso de Victor agora ficou mais sincero. - Então, você está interessado na minha patinadora, Mila Babicheva.

— É, não está longe da verdade. - Gregory deu de ombros. - A srta. Babicheva teve uma performance muito boa hoje, minha empresa não se importaria de contratá-la para umas campanhas. Eu adoraria discutir isso em detalhes com você, se não fosse...

— Oh, na verdade, Mila cuida dos próprios contratos publicitários. - ele tratou de corrigir. - Ela gosta da autonomia, eu apenas dou algumas dicas. Se quiser falar com ela, ela ainda está aqui na festa. Posso chamá-la e...

— Não! Não é necessário, não se preocupe. - o rapaz disse parecendo um pouco constrangido, mas ainda estava sorrindo. - E que tal a sua patinadora mais nova? Acredito que há poucos interessados nela ainda. Podemos sair para um almoço, analisar os termos que seriam melhores para ela...

— Seria maravilhoso, mas Polina também não é minha responsabilidade nesse departamento. - Victor sorriu sem malícia, ainda não absorvendo a situação. - Os pais dela são do ramo, então acredito que estariam mais confortáveis se o assunto fosse discutido com eles. Eu tenho os contatos aqui comigo, se o senhor quiser.

 

O Sr. Newberry piscou em silêncio, parecendo perplexo com os rumos daquele diálogo. Será que não tinha uma chance de ele conseguir um momento a sós com Victor Nikiforov?

Uma última tentativa. Ele precisava.

— Podemos falar de números no almoço de amanhã. - o britânico disse com um dos seus melhores sorrisos sugestivos. - Por minha conta.

E Victor não entendeu. Nem um pouquinho, pois sorriu constrangido e encolheu os ombros.

— Desculpe, nós voltamos pra casa de manhã. Acho melhor você anotar o que precisa agora. - ele disse retirando o celular do bolso e procurando os telefones necessários.


Gregory Newberry funcionou no automático enquanto Victor passava os contatos referentes aos pais de Polina e todas as informações que pudessem ser úteis numa discussão sobre patrocínios. Mas ele estava morto por dentro. Rejeitado, sem direito a segunda chance. Nem um "Quem sabe na próxima" para que pudesse se iludir. Era verdade o que diziam sobre Victor Nikiforov: ele tinha o coração tão frio quanto o gelo que dominava.


Victor acenou alegre para o rapaz enquanto ia embora, muito mais contente com aquela conversa do que suas expectativas ditavam.

— Pensei mal sobre o Sr. Newberry. Achei que era mais um dos fofoqueiros da ISU querendo falar sobre o último escândalo de doping. - ele comentou com Minso (que ainda estava ali, julgando a cena em completo silêncio), assim que ficaram sozinhos novamente.

— Victor, ele estava dando em cima de você. -  ela disse sem rodeios, parecendo que queria ter dito aquilo há horas.

...Oh.

O russo arregalou os olhos. Ele definitivamente não tinha percebido as segundas intenções do patrocinador. Analisando melhor, elas estavam lá. Bem na cara. Nikiforov foi um idiota.

— Oh, merda, eu dei a entender que estava interessado? - ele perguntou em contido desespero.

— Pelo contrário. Foi uma bela ducha de água fria no rapaz  - a mulher comentou parecendo cética. - Não acho que ele vá tentar de novo. A menos que ele realmente queira patrocinar a sua menina.

— Ah, que bom. - ele suspirou aliviado. A última coisa de que precisava era um mal-entendido daqueles. - Ele foi bem gentil, mas não. Romances definitivamente não estão na minha lista de prioridades.

Minso o olhou por um tempo, quase deixando-o desconfortável. A diferença de idade entre os dois não era tão grande, mas ele sentia que estava levando uma bronca de mãe. Fazia um bom tempo desde que não recebia uma dessas.

No final, a mais velha apenas suspirou e sorriu contra sua taça de champanhe.

— Eu te entendo, Victor. Não há problema nenhum em querer focar a atenção nos seus filhos por um tempo indeterminado. - ela deu de ombros. - Mas se prepare para o bullying. As pessoas se incomodam em ver pessoas jovens, solteiras e com filhos.


Ele fez uma careta para a própria bebida.

— É, eu sei.

— Só não se esqueça de que você tem todo o direito de encontrar um novo amor. - ela continuou. - E se o cara não entende que seus filhos são uma parte de sua vida com que ele deve lidar, largue-o. É um bosta.

— Você parece conhecer do assunto, Park. - Victor sorriu um pouco sem-graça pela facilidade com que a mulher tinha para discorrer sobre o tópico.


— E muito bem, Victor. Estou nesse departamento há mais tempo que você. - ela sorriu mandando uma piscadela. - Eu vou caçar mais álcool. E o treinador húngaro já está te secando há dez minutos, só pra você ficar sabendo.


Victor foi tonto o suficiente para procurar o tal treinador e, de fato, o encontrou desviando o olhar assim que foi notado.

É, havia coisas das quais ele nunca ficaria livre.









Yuri já havia aprendido que seu pai não queria nenhum namorado ou namorada. E porque ele não gosta de ver Victor triste com tentativas frustradas, ele decidiu que era seu trabalho afastar os que mandavam "cantadas" para o mais velho.


Só que ele ainda não tinha certeza do que era uma cantada. Ele apenas entendeu como alguma frase bonitinha que casais falam em filmes. Elas também eram ditas por pessoas com praticamente a mesma idade de Victor. Isso já ajudava bastante a diferenciar uma cantada de verdade de uma conversa comum.




Mas havia pessoas que o confundiam, pois falavam coisas bonitas toda hora. Ele teria que ser mais direto para saber.


E foi por isso que ele interrompeu a conversa entre seu pai e Georgi Popovich para perguntar:


— Tio Gosha. - ele seria direto ao ponto, por isso estava muito sério - Você quer namorar o meu pai?


Eles estavam em casa e Georgi fizera uma visita. Victor engasgou com o próprio café e o moreno olhou para Yuri estático.

 

— ...Oi? - foi tudo que ele conseguiu perguntar.

— Você não pode namorar ele. - o garoto disse sem rodeios. - Papai não tá afim de um... hã... racionamento! É, ele não quer nada disso. Então, esquece.

Então, esquece.

Crianças são tão diretas, não?


Georgi começou a rir sem parar assim que entendeu a situação e Victor só queria enfiar a cara dele num buraco. Por que crianças têm que se meter em horas tão inoportunas?

— Yura, solnyshko, você não devia estar brincando com o seu irmão? - Victor perguntou com um sorriso afetado, torcendo para que Yuri entendesse o recado e sumisse por cinco minutos. Era o tempo de que precisava para pedir desculpas a Popovich pela gafe.

Ugh, justo com Georgi? Isso era quase incesto!

— Papai, ele tava falando um monte de cantada! - Yuri se explicou inflamado. - Você não gosta!

— Oh, Deus, eu te mandei uma cantada, Vitya? - Georgi perguntou enxugando uma lágrima após o ataque de risos. - Espera, como Yurachka sabe o que é uma cantada?


— É uma longa história. - Victor suspirou pesadamente enquanto cobria o rosto com uma das mãos. Um buraco. Ele ainda queria um buraco. - Desculpe, Gosha, Yuri não quis dizer por mal...

— Está tudo bem, mas eu realmente quero ouvir essa história. - o rapaz sorriu gentilmente para o menino que ainda o olhava com seriedade. - Então, Yura, o que te fez pensar que eu estava cantando o seu pai? Eu não estava, aliás.

Yuri piscou algumas vezes, confuso.

— Vocês estão conversando há um tempão e você só sabe falar de "amor", "olhos belíssimos" e "casamento". Parece uma cantada! - foi a explicação dada, mas que agora deixava Yuri em dúvida.

— Mas eu não estava falando para o Victor. A gente está discutindo sobre outras coisas, outras pessoas. - ele explicou pacientemente, acostumado a lidar com a lógica infantil no seu trabalho com crianças. - E cantadas são mais do que falar sobre amor.

 

— Hum. - Yuri estava entendendo um pouco melhor agora, mas não completamente. - Elas falam do quê, então?

 

Os dois adultos trocaram um olhar e até Victor teve que rir dessa vez. Como eles acabaram naquela conversa mesmo?

 

 

— Ás vezes, são só elogios. - Nikiforov acabou dizendo. - Por exemplo, se você perguntar para uma menina muito bonita se ela se machucou quando caiu do céu, significa que você a chamou de "anjo".

 

— Também tem aquela que você usa quando está andando na rua e acabou de conhecer a pessoa. - Georgi estalou os dedos ao se lembrar. - "Seu sorriso é tão lindo que eu esqueci o caminho de casa."

 

Victor fez uma cara de nojo.

 

 

— Gosha, essa deve ser mais velha do que o Yakov. - ele comentou.

 

— Eu já te vi falando isso para, pelo menos, três meninas e um menino, Victor. - o moreno acusou.

 

— Então, quando você fala que alguém é bonito, é uma cantada? - Yuri perguntou, chamando a atenção dos dois.

 

— Ás vezes, sim. - Georgi deu de ombros. - É um pouco complicado para crianças entenderem. Mas a questão é: eu não estou tentando conquistar o seu pai. Você não precisa se preocupar com nada, Yura.

Isso era bom.

— Que bom. - ele parecia seguro da resposta. - Porque ele não quer nada disso e fica bravo quando tentam.

— Ah, é mesmo? - Popovich arqueou uma sobrancelha para Victor, num claro  olhar de "Você não mencionou isso nas fofocas".

— É, mas isso é assunto de adulto, Yura. Você não precisa se preocupar, de verdade. - Victor disse bagunçando o cabelo do filho por um momento. - Vá ver o que o seu irmão está fazendo, sabe que ele não pode ficar sozinho.


Consideravelmente satisfeito com os rumos da conversa, Yuri disse um "Ok" e saiu a passos rápidos da sala de estar, deixando os dois homens sozinhos mais uma vez.

— Então, Sr. "Não estou interessado em relacionamentos." - Georgi retomou a conversa, um sorriso de lado nos lábios de quem secretamente se preocupava. - Eu espero que você tenha uma explicação melhor pra isso do que "Ninguém vai querer namorar um cara com dois filhos."

— Não é isso. - Victor suspirou, os dedos bagunçando a própria franja prateada em sinal de cansaço. - Eu estou bem sendo solteiro. É só.

— Nem a longo prazo? - o outro piscou os olhos azuis com curiosidade. - Ou você tem medo da recepção dos meninos?

— Nem tanto. Acho que eles lidariam bem com a realidade, caso acontecesse. Eu só não estou interessado. - ele disse num encolher de ombros. - Eu quero aproveitar ao máximo meu tempo com eles, sem dividir com mais ninguém.

Georgi suspirou dramaticamente, já acostumado com as ideias do amigo. Mas ele não podia julgá-lo. Depois dos tombos que já viu Victor levar, o mínimo que ele merecia era um amor estável. Filhos davam essa estabilidade, talvez num modo muito mais fácil e revigorante do que romances.

E, no final, ele não seria Victor Nikiforov se não fizesse as coisas pelo avesso.

— Ok. Vou confiar à você a tarefa de ser feliz. Não me decepcione. - Georgi disse sério, mas com um sorriso sincero no final.

 

— Pode deixar, Gosha. - Victor disse recuperando seu café da mesa de centro, agora já frio depois da confusão. - Agora, voltando à sua namorada maravilhosa e o filho muito fofo que ela tem...

 

O rapaz respirou fundo para dar força a todos os sentimentos necessários para aquela conversa.

 

 

É, eles ficariam bem. Cada um com seus amores.



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Notas finais do capítulo

Hora das notas~~
~ A Park Minso é treinadora do Seung-gil Lee no anime e aqui eu fiz ela de mãe. Vontade de escrever aquele mocinho como um bebê não me falta, só preciso da oportunidade -v-
~ Adoro o Georgi, muito husband material pra mim.
~ Até eu fiquei com dó dos OCs nesse capítulo, pobres boys :v


E a resposta para a questão: Victor vai namorar? ... Não sei :P
Essa fic ainda pretende dar mais valor ao assunto "família" do que ao romance em si, então, por mim, Vitya fica solteiro até o fim da vida. Isso e o fato de que não tem mais nenhum personagem oficial pra juntar o pobre e formar um ship decente. Espero que Ice Adolescence traga uns boys bonitos do passado dele u.u


E por hoje é só, pessoal! Já estamos em Dezembro e ~~talvez~~ eu faça um cap especial de Natal, mas não há nada concreto por eu já ter outros planos natalinos com YoI.
Se não tiver, esse será provavelmente o último capítulo do ano e devo dizer um grande obrigada para todos aqueles que acompanham a fic, deixam reviews ou simplesmente dão uma olhadinha de vez em quando nesses bebês xD TSOB foi uma das minhas coisas favoritas de escrever esse ano e eu estou super feliz com o resultado! Vocês são parte disso também, então um grande abraço para cada um ♥♥


Até a próxima!!

XOXO



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