Two Shades Of Blue escrita por Mileh Diamond


Capítulo 10
Selfie


Notas iniciais do capítulo

Heyy, gentem, olha quem quer colocar plot em fanfic que não é pra ter plot o//

Mais uma vez, temos OCs em cena. Dessa vez, a única que aparece é a Arina. Temos aqui algumas pistas sobre o que aconteceu entre o capítulo "Irmãs" e o início da fic, especialmente sobre a família completa do Yuuri. Hummm, cheiro de treta, é aqui mesmo :v

A cena se passa aproximadamente em Setembro de 2016, se meus cálculos estiverem certos. Se não estiverem, a gente finge que tá. //shot


Sem mais delongas, boa leitura!!



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Arina às vezes não acredita em tudo que está acontecendo.

 

Sete anos fazem uma diferença dramática na vida de uma pessoa, isso ela já percebeu. Mas nesse mísero um ano, ela viveu tanta coisa que precisava de um tempo para respirar de vez em quando.

 

Por que como pode uma notícia tão boa ser seguida de outra tão ruim?

 

Aquilo resumia os últimos tempos pra ela. Em março, ela descobriu que estava grávida (aos 36 anos. Muito rápida, realmente.). Em abril, Nina morreu.

 

Atropelamento. Mal chegou ao hospital. O pobre Sr. Plisetsky teve que sair de sua casa em Moscou para ir ao enterro da filha em São Petersburgo porque os gastos seriam demais. Arina e Toshiya se ofereceram para ajudar com parte dos custos, mas ele recusou, orgulhoso como a filha.

 

Também foi a última vez em que ela viu o pequeno Yuri Plisetsky.

 

Ela sabia que ele estava em algum orfanato ali, em São Petersburgo. A Assistência Social foi contra deixá-lo sob os cuidados do avô, pois o homem já estava doente e com uma idade avançada. Yuri foi para o sistema sem pensar.

 

Ela imaginou se em outra vida, em outras condições, com outros planos; ela tentaria cuidar dele. Era o mínimo que podia fazer por Nina. Mas ela também duvidava que sua saúde emocional suportaria criar o filho da melhor amiga que partiu tão cedo.

 

Yuri ficaria bem. Ela tinha que acreditar nisso.

 

Afinal, tinha outro Yuri com que se preocupar agora.

 

De vez em quando, Arina pensava demais. Ansiedade fazia essas coisas. E ela se encontrava pensando que tudo que estava certo poderia dar errado, de repente. Toshiya poderia abandoná-la e voltar para o Japão. Os Katsuki poderiam magicamente aparecer à sua porta e fazer um escândalo. Algo poderia acontecer com Yuuri por ela ter escolhido ter um filho tão tarde. Era tanta coisa, tanto para pensar...

 

Ela só precisava de um pouco de ar fresco. E um cartão de crédito.

 

Fazer compras a acalmava. Ela nunca teve muito dinheiro, mas algo sobre andar em lojas mesmo que não fosse para comprar nada a deixava mais em paz consigo mesma. Dessa vez ela tinha uma razão para sair. O enxoval do bebê não se compra sozinho e, mesmo que estivesse praticamente tudo pronto, sempre havia alguma novidade nas lojas. Não fazia mal dar uma olhada.

 

Toshiya certamente não a aprovaria por passar tanto tempo em pé já aos sete meses. E ele devia saber mais, visto que já tem uma filha. Uma filha adulta, que era apenas seis anos mais nova que ela e que certamente deveria guardar algum rancor pela sirigaita que tirou seu pai de casa.

 

Olha só quem está pensando demais, novamente...

 

A mulher se forçou a parar de remoer aquilo para se concentrar nas roupinhas a sua frente. Como conseguiam fazer camisetas tão pequeninas? E com um design tão fofo! É uma pena que seja tão caro...

 

Ela sorriu tirando o cabide dentre as outras roupas. Aquele tom de azul ficaria tão bonitinho em Yuuri, mesmo que ela não tivesse completa certeza de como seu filho seria. Ela definitivamente levaria.

 

Virando-se distraída como sempre, ela nem viu a outra pessoa que passava, não tendo tempo de evitar o esbarrão no corredor estreito e acabando por derrubar a roupa.

 

— Desculpe! - ela disse antes de qualquer coisa, já sentindo o rosto esquentar pelo embaraço. E agora tinha que abaixar para pegar o que deixou cair. Com aquela barriga seria difícil...

 

— Não tem problema! - o homem disse imediatamente, se abaixando num segundo para pegar a camiseta perdida. - A senhora está bem?

 

Ela ia corrigi-lo e dizer que não era tão velha para ser chamada de "senhora", mas ao notar pela primeira vez com quem estava falando, as palavras foram esquecidas.

 

Cabelo loiro platinado, olhos azuis, o sorriso de coração favorito do canal de esportes. Ela não poderia se chamar de fã de patinação artística se não o reconhecesse.

 

Ela acabara de esbarrar em Victor Nikiforov.

 

— Estou bem... - ela disse num fio de voz - Sr. Nikiforov.

 

Ele pareceu um pouco surpreso ao ser reconhecido, mas logo sorriu de novo, um daqueles próprios para os fãs.

 

— É a primeira vez que me reconhecem em lojas infantis. - ele confessou. - Acho que estou ficando velho mesmo. Minhas fãs já estão em idade para ter filhos.

 

Ela corou mais uma vez. Não seria má educada em admitir que era muito mais uma tiete de Christophe Giacometti do que do super astro Victor Nikiforov, mas ela gostava do estilo do russo. Acompanhou sua carreira desde a categoria júnior, sendo que na época ela era louca por outros patinadores mais velhos. Arina era uns oito anos mais velha que Nikiforov, afinal de contas.

 

— Eu sou do tempo de Aleksei Urmanov, sou a verdadeira velha aqui. - ela riu sem graça. - Devo admitir que nunca imaginaria encontrar Victor Nikiforov em uma loja Gymboree.

 

E assim que disse isso, ela percebeu que talvez estivesse se intrometendo demais. Ou acabara de descobrir algo que ninguém devia. Estaria Victor comprando um mero presente para o filho de um amigo? Ou o filho seria dele? As revistas de fofoca teriam um dia cheio se descobrissem, mesmo que ele já tivesse se aposentado.

 

Victor parecia hesitante sobre o quanto deveria falar. Não era da sua conta, obviamente. Arina e sua boca grande. Ela deveria se desculpar e ir embora antes que passasse mais vergonha...

 

— Gostaria de saber uma notícia quentíssima em primeira mão? - ele perguntou com um sorriso menor, com um pouco de incerteza. - Só peço que não conte para muitas pessoas.

 

Oh, então ela estava certa, era uma fofoca das grandes. Ela não era fofoqueira. Podia até ser uma piranha destruidora de lares (título passível de discussão, aliás), mas não ganhava nada falando sobre a vida dos outros.

 

— Prometo. - ela assentiu, esperando que falasse.

 

— ...Eu vou ter um filho.

 

— Oh, isso é maravilhoso! - ela disse com sincera animação. - Então o senhor conseguiu uma namorada?

 

— Não, não. Na verdade, ele é adotado. - ele disse com um pouco mais de sinceridade e orgulho no sorriso, como se a ideia lhe deixasse mais feliz.

 

— Ah. - ela não esperava aquilo. Mas era Victor Nikiforov, o rei das surpresas, não deveria se surpreender. - Isso é muito bonito, Sr. Nikiforov. Muitos não teriam coragem de assumir uma criança sozinho. Seu filho será um menino de sorte.

 

Victor pareceu mais sério agora, uma gota de incerteza no olhar.

 

— Falando aqui, de pai para mãe, eu nunca tive tanto medo. - ele disse em voz baixa. - Ter alguém dependendo de você é meio assustador. Mas é como se você não imaginasse outra pessoa fazendo isso no seu lugar. Entende?

 

Ah, ela entendia muito bem. Noites sem dormir de preocupação, acariciando a barriga que crescia a cada semana e pensando se ela tinha capacidade para tamanha tarefa. Arina, o desastre do Bolshoi, tendo um filho.

 

Nina havia sido a primeira da dupla a ter esse tipo de crise. Ela ainda se lembra do quanto viu a mais nova chorar no desabafo de não se sentir pronta para ser mãe solteira. Apenas para uma hora depois ela enxugar as lágrimas e dizer com toda a determinação do mundo que ela podia fazer aquilo. Ela tentaria e conseguiria. Parecia até fácil do jeito que ela falava.

 

Ai, Nina. Sempre fazendo as coisas mais cedo do que ela...

 

— Também sou mãe de primeira viagem. - ela confessou apertando um pouco a roupinha contra o peito. - O medo não vai embora. Mas quer saber? Não existem mães e pais perfeitos. Existem os que tentam, erram e aprendem com seus erros. Seus filhos ainda estarão lá com você. O importante é nunca deixar de amá-los.

 

Victor a olhava atencioso, como se cada novo conselho significasse uma enorme sabedoria de que ele necessitava às pressas. Ao final, ele assentiu devagar, como se qualquer movimento brusco pudesse fazê-lo perder as palavras.

 

— Eu vou me lembrar disso. - ele assegurou, parecendo verdadeiramente satisfeito pela primeira vez naquela conversa. - Obrigado, Sra. ...?

 

 

— Kitahara. - ela respondeu com o nome de solteira. A opção de se tornar uma Katsuki não parecia tão agradável no início do casamento. - Arina Kitahara. E esqueça o "senhora", nem cheguei aos 40.

 

Nikiforov riu e estendeu a mão para um aperto.

 

— Ok, então. Obrigado pelo conselho, Arina. - ele pareceu se lembrar de algo e sorriu constrangido. - Pra ser sincero, eu só acabei aqui na sessão dos bebês porque não achei a ala de 1 a 5 anos. Pode me ajudar? Eu pago com uma foto.

 

Era uma oportunidade muito boa para desperdiçar, mesmo que ela não tivesse muitos amigos para exibir sua mais nova selfie com Victor Nikiforov.

 

Retirando seu precioso Iphone 6s da bolsa, ela sorriu animada.

 

— Eu amei "Stammi Vicino", aliás. - ela disse como quem não quer nada.

 

Momento imortalizado, os dois se despediram, Arina terminou suas compras e agora só queria pensar em como ela mal podia esperar para mostrar ao seu Yuuri a foto que ela conseguiu com Victor Nikiforov enquanto ainda estava grávida. Se ela tivesse uma com Christophe, sua vida estaria completa. Nina devia estar rindo dela, em algum lugar.

 

Nikiforov adotaria um menino. Que gracinha, esperava do fundo de seu coração que fossem felizes.

 

 

Algo, também lá no fundo, já a garantia de que ficaria tudo bem. Yuri ficaria bem. Seu Yuuri ficaria bem.

 

E Victor seria um ótimo pai.


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Notas finais do capítulo

Meu nome do meio é clichê, como podem ver. Desencontro do destino é minha arte Ψ( ̄▽ ̄)Ψ
Se Victor com a memória de peixe dele conseguiu associar o nome da Arina com os documentos no processo de adoção do Yuuri? Advinhem. :)))))) /tiros
É isso por hoje, gente!

Até a próxima!!

XOXO



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