Treacherous escrita por Lavs Black


Capítulo 1
I've Got A World Of Chances For You


Notas iniciais do capítulo

♥ Então, finalmente apresento um dos projetos que não saiu da minha cabeça nas últimas semanas. Embora eu estivesse um pouco afastada do nyah e com a escrita em português, precisei postar! ♥

♥ Espero que aproveitem este primeiro capítulo! ♥



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Foi o barulho da chuva torrencial na janela que me acordou. Ou talvez meu corpo já estivesse dando sinais de que eu deveria acordar muito tempo antes e a chuva foi apenas algo que fisgou a minha sonolenta atenção. Eu sempre tive o costume de cair no sono imediatamente quando entro em um carro, meus pais até brincavam que quando eu era bebê eles me colocavam para dormir dando uma volta no quarteirão, então, em uma viagem de carro de quase 4 horas de Seattle para nossa futura cidade com alguns pontos de engarrafamento devido ao clima, era seguro dizer que eu dormi durante todo o percurso ao ponto de minha bochecha ficar dormente por estar encostada no vidro do carro.

Sentado imediatamente ao meu lado esquerdo, espremido no espaço do meio que normalmente era reservado para crianças pois Ezra ocupava o lugar mais afastado de mim, estava Nolan, meu irmão mais velho, soltou uma risada baixa e mais zombeteira do que eu merecia ao olhar para mim. Ele apontou com o dedo para uma de suas bochechas e depois para a minha e levando de imediato minha mão para elas, só pelo ardor, pude presumir que estavam vermelhas e amassadas. Definitivamente nada engraçado o suficiente para alguém sisudo como Nolan rir, mas ele sempre conseguia rir das minhas custas.

Rolei os olhos e enviei-lhe um dedo do meio, mas sem levantar demais o braço e correr o risco de nossos pais verem nossa interação pelo retrovisor do veículo. Nolan sequer me respondeu, mas eu também não precisava, já estava voltando a olhar pela janela, para ter a primeira impressão da cidade cujo nome não me lembrava no momento.

A chuva continuava apenas mais forte então a paisagem não se tornava o melhor dos cartões de visita e por mais curvas que fizéssemos em pequenas ruas nada de muito interessante saltava à vista além da imensidão de verde da floresta do outro lado da estrada. Eventualmente alcançamos a área mais urbana da cidade, com suas pequenas casas e simples vizinhança, algumas lojas que não consegui prestar atenção em seu conteúdo. Mas ainda me faltava o nome.

— Onde estamos mesmo? – Sussurrei a pergunta para Nolan, mas sem desviar o olhar da janela.

— Forks ou algo parecido. Nem coloque muitas expectativas, não tem nem 5 mil habitantes. – Ele respondeu e tentou se inclinar para também ver pela minha janela, mas o empurrei, não querendo seu peso sobre mim. Ele teria tempo suficiente para conhecer Forks quando chegássemos ao nosso destino, além do mais, a visão frontal de onde ele estava sentado era a melhor.

— Estou vendo. – Apenas comentei. Tudo em Forks gritava típico e simplório e ser uma pequena cidade explicava toda a sua simplicidade. Viramos mais algumas ruas e tudo parecia o mesmo, o verde continuava a saltar e não havia nenhuma alma viva na rua, mesmo com a chuva, não seria algo tão estranho em cidades mais badaladas.

Soltei um pequeno suspiro, em preparação a nova jornada que se desenhava para mim, uma nova adaptação. Ao contrário da maioria dos adolescentes de minha idade, eu era completamente neutra com a decisão de mudar-me para essa tal de Forks, mesmo ela se apresentando como desinteressante e completamente diferente de Seattle, onde moramos mais recentemente. Quero dizer, eu nem possuía válidos motivos para contestar nossa ida à Forks, assim como não tinha motivos para apreciar. Em minha agitada e sempre em movimento vida, diversas ‘Forks’ já existiram e eu aprendi a sobreviver, toda a nossa família acabou aprendendo eventualmente. Adaptar-se era quase tão natural quanto respirar quando você era um Kingsley.

Cidades grandes, pequenas, centros, chuvosas, secas, frias, quentes, sulistas, mais ao norte quase na fronteira com o Canadá, de todas as variedades de universos que os Estados Unidos poderia oferecer, nós Kingsley, já havíamos habitado ou ao menos chamado de lar por algumas semanas. Desde que eu adquirira consciência o suficiente para lembrar do que estava envolta, eles estavam em movimento.

Reed e Pauline, meus pais, criaram essa tradição de mudar-se ao redor do país, em uma espécie de viagem perpétua pelas estradas do país. Começou como um exercício para aflorar a criatividade que o trabalho de ambos necessitava, nada como uma mudança completa de ambiente para inspirar uma mais nova obra transcendente - ou assim, era a nossa visão quando pequenos. Minha mãe era uma artista plástica, com uma fascinação pelo gótico e pelas mais diversas que a deixou ligeiramente famosa em seu círculo de artistas. Famosa o suficiente para que sua liberdade e criatividade fosse sempre incentivada, sem nenhuma preocupação com o financeiro.   

Meu pai era um escritor que nunca se fixara em um gênero apenas em suas obras, mas eu sempre as associava com o lugar que estávamos na estação. Ele escreveu um faroeste moderno quando morávamos no Texas, um thriller policial na época que passamos em New York, um dos mais longos períodos assim como um dos maiores livros e um bucólico romance no período regencial quando moramos em Dakota do Norte. Eram padrões demais para serem ignorados e eu sempre senti que compreendia mais meu pai quando notava o quanto a cidade ou a mudança de cidade afetava seu espírito.

Eles eram meus pais e únicas figuras de autoridade, uma vez que não possuíamos contato com nenhum outro parente; ou sequer a confirmação que eles existiam, - quase não celebramos feriados por isso, não temos ninguém para transformar nosso dia a dia em algo diferente a ser comemorado, era uma de nossas particularidades. Sem parentes significava que eu e meus irmãos nunca conhecemos a estabilidade de uma vida em uma única cidade, estávamos sempre na estrada com nossos pais, experimentando e vivenciando novas rotinas.

E, além deles dois, completava a minha pequena grande família, meu irmão mais velho por apenas um ano, Nolan, Ezra, que era na verdade meu irmão gêmeo e Andrew, ou Andy, o mais novo com seus recém completados 13 anos. E apesar de eu não ter experiências com outras vidas, eu sabia que não havia nenhum grupo de irmãos que fossem tão próximos quanto eu e os meus, embora isso estivesse mudando nos últimos tempos, lentamente e só eu havia percebido.

As vezes eu desejava que nosso incomum estilo de vida se refletisse em nossas aparências; eu adoraria ser mais diferente fisicamente de algum jeito que me destacasse mais, e talvez isso explique a minha escolha de visual desde que virei uma adolescente. Havia uma clara dominância nos genes do meu pai, pois, ele, Nolan, Ezra e Andy eram extremamente parecidos. Eram os cabelos escuros ao extremo, os olhos verdes esmeralda, embora os de Nolan fossem mais acinzentados, a altura e o porte físico magro e esguio. Eu, por outro lado, era uma intersecção entre meus dois progenitores, porque também não era uma cópia da minha loura e bronzeada mãe. Eu tinha a pele pálida dos Kingsley, mas meus cabelos eram castanhos em vez de pretos, que eu pintara recentemente de vermelho, e meus olhos azuis límpidos.

Eu mal tive tempo de cochilar novamente na janela, pois, finalmente estacionamos em uma ruazinha que se assemelhava a todas as outras. Meu pai desligou o carro com um alto suspiro animado e eu podia apostar que minha mãe estava tão revigorada quanto ele. Todos nós descemos do carro de imediato e acabou sobrando para mim deixar a porta aberta e ajudar Andy, o mais novo de nós, sair da cadeira reclinável do carro de sete lugares. Havia parado de chover forte, agora, uma leve e inofensiva garoa caía sobre os nossos ombros. Eu estava mais acostumada com o frio, por vir de Seattle, então não havia o que reclamar.

Para a surpresa de ninguém, pois minha família como um todo não detinha o mesmo senso de ridículo que o resto do mundo, meu pai, comicamente, se alongou em frente da calçada da nossa nova casa. Uns simples movimentos para esticar a coluna e a perna, mas que ainda me fizeram rir um pouco.

— Definitivamente melhor que na imagem, não acham? – Ele pronunciou, olhando com adoração a nova casa. Quem visse o brilho no olhar de fora acharia que aquele imóvel é a realização dos seus sonhos e não apenas algo temporário, até ele ou minha mãe se entediarem com o novo ambiente e decidirem que era hora de um novo canto. Ali, em pé, com o vento gelado em meus ombros, meus pertences imediatos em mão e frizz em meu cabelo bagunçado, eu não conseguia decidir se gostaria de ir embora logo.

— Você acabou não mostrando para ninguém, pai. – Alfinetei, me aproximando dele para ficar imediatamente de frente a casa que ele tanto admirava.

— Eu vi! –

— Você não conta, Andy. –

Um dos efeitos de estar sempre se mudando, sempre deixando coisas para trás para encontrar outra a sua frente que eu sentia em minha personalidade e na de meus irmãos; nossos pais não tinham isso por alguma ironia do destino, mas nós éramos claramente fruto do nosso meio, é que quase nada nos impressionava mais. A casa em Forks era devidamente arrojada e até bonita em comparação com as suas vizinhas, mas nós já tivemos melhores e piores, era difícil expressar tanta empolgação.

Essa casa parecia pertencer a alguém que morou por muito tempo e que tinha muito zelo pelo seu patrimônio, pois ela era perfeitamente organizada mas não da maneira de um corretor tentando vender e sim, alguém que detinha carinho por cada ladrilho. Tinha um gramado bem-cuidado na frente e algumas decorações como duendes e fontes em miniatura. Era pintada de um azul bem claro, que quase refletia a pouca luz do sol de Forks e a madeira do seu estilo americano clássico era pintada de branca e tinha um andar apenas, mas era larga e parecia comprida o suficiente também. Eu podia ver uma janela que só poderia ser um quarto e já estava determinada a reivindicá-lo como meu.

— Como você conseguiu essa? Parece saída de um filme. – Perguntou minha mãe, com a mesma expressão de meu pai.

— Ah, os últimos moradores eram um casal de idosos. Eles morreram juntos no último verão e ninguém se interessou pela casa até agora. Eram bem amados pela vizinhança. Parece que eles morreram abraçados nessa varanda. – E ele então pegou a mão de minha mãe e eles trocaram olhares apaixonados, como se imaginassem a cena acontecendo com eles próprios daqui a alguns anos. Era extremamente desconfortável observar, fui salva por Ezra se aproximando de mim para comentar algo em meu ouvido, longe da atenção dos dois adultos.

— Não é assim que todos os filmes de terror começam? – Não era algo que precisasse de resposta, mas como eu e meu irmão não estávamos nos falando desde que saímos de Seattle e ele resolveu estender uma mão amiga pela primeira vez em nossa história, decidi que não doeria em meu ego manter um clima bom.

— Se mantenha longe da varanda então. - Ele me deu seu familiar sorriso irônico - apenas um inclinar de lábios que podia significar muito e ao mesmo tempo nada, que eu também tinha - e eu soube que estávamos um passo adiante da paz.

— Vamos entrando? Ou querem esperar o caminhão de mudança aqui fora? – O espirro que Andy soltou foi a resposta que meu pai estava esperando e todos entramos para conhecer a casa por dentro, carregando tudo o que veio conosco no carro.


( ... )

 

Eu tive que lutar fisicamente com Ezra pelo quarto com a janela voltada para a frente e eu ganhei apenas por uma surpreendente vantagem que minha altura, alguns centímetros menor que ele, me dava; meu irmão era facilmente derrubado quando suas pernas eram atacadas. Com ele no chão e ninguém vindo nos separar ou reclamar da nossa infantilidade e exagerada competição, eu finalmente corri para trancar-me dentro do meu prêmio e não havia nada que ele pudesse fazer quando eu já estava dentro; era terreno conquistado. Eu não precisei virar as costas para ver que meu irmão havia me enviado olhares mortais de onde estava, qualquer trégua que fizemos estaria desfeita.

Com isso seguro então, eu finalmente tive espaço para respirar adequadamente. Minhas costas estavam apoiadas na porta e lentamente eu deixei a gravidade me levar ao chão gelado, sem propósito algum além do drama dos filmes que eu sempre quis emular. O quarto se provaria o maior além da suíte que ficaria com meus pais, o que era uma novidade, mas ainda era um espaço vazio, claro porque as paredes eram pintadas de um branco desolador. Eu encarava o vazio e ele me encarava de volta.

A verdade era que eu não estava desconfortável pela cidade, pela cor do meu novo quarto ou por qualquer outra aleatoriedade que eu tenha mentalmente reclamado durante todo o dia, mas sim, pelos problemas que havia trazido comigo em uma indesejada bagagem de Seattle. Amigos. Minha panelinha, como costumavam sussurrar nos corredores, pessoas a quem eu tanto confiei e que provavelmente me odeiam no momento. Fechei os olhos em auto depreciação com o ardor nos meus olhos, mas eu sabia que não iria chorar. Não, já havia esgotado minha taxa de lágrimas e agora nada restava além de aprender a conviver com a dor. E eu era boa nisso.

Nossas viagens e mudanças eram mais costumeiras que o padrão, eu tinha consciência que não possuía uma vida normal de uma adolescente americana; talvez nem uma mundial. Passar mais de 6 meses em apenas um lugar era uma raridades, mas dessa última vez tanto meu pai quanto minha mãe estavam envolvidos em projetos mais extensos, cobrindo algumas premiações e grupos de análises. Então nós quase passamos um ano inteiro em Seattle, o que me deu tempo o suficiente para me envolver mais emocionalmente com os jovens com quem convivia, criar as amizades mais verdadeiras que eu tive com alguém que não fosse de minha família em toda a minha vida.

Começou tudo como sempre começava, eu era extrovertida para iniciar conversas e nossas personalidades e interesses calharam de se dar bem. Gwendolyne Hansen, ou como todos a chamavam, Gwen tinha algumas aulas comigos e nós caminhávamos juntas na volta para casa pois ela morava apenas algumas quadras da minha, enquanto Dylan Bellucci sempre era a minha dupla quando jogávamos vôlei misto ou meu adversário preferido quando o jogo da vez era xadrez. Nós três nos tornamos próximos quase instantaneamente, essa não era a novidade, mas sim, nossa proximidade ter continuado durante todo meu período lá.

E eu os havia traído da forma mais detestável que se poderia existir. Escondendo que nossa permanência na cidade estava chegando ao fim, escondendo que havia qualquer possibilidade de reunirmos nossas coisas em uma tarde e abandonarmos tudo e todos sem nenhuma hesitação. Gwen e Dylan estavam na esquina da minha casa quando passamos com o carro e eu não pude fazer nada além de acenar pateticamente.

Pensar sobre eles me deixou querer vê-los e, sem pensar nas consequências e em quanto isso ia contra o que eu estava querendo trazer para mim mesma, puxei a minha mochila púrpura que detinha os meus pertences pessoais e mais necessários, enquanto todo o resto vinha com o caminhão de mudança e vasculhando rapidamente seu interior, puxei o pequeno conjunto de fotografias reveladas. Eram apenas algumas dúzias de fotos que eu tinha planejado montar em um álbum mas desistido no meio do caminho.

Eram simples e espontâneas em sua maioria, nenhum de nós possuía muitas habilidades em fotografia, não como a minha mãe, mas eram carregadas de nostalgia. Passei os dedos por cada uma, virando-as para ver as anotações em seus versos, sobre o momento em que elas foram tiradas, datas, entre outras coisas, em minha própria caligrafia. E lá estava Gwen, com seu cabelo longo e dourado e feições elficas, uma típica garota californiana e Leo, que apesar do sobrenome italiano, puxou muito mais ao seu lado hispânico da família, com o cabelo longo e estiloso. Em algumas das fotos, Ezra aparecia também, mas todas elas eram focadas no nosso trio.

Novamente o ardor chegou aos meus olhos, mas eu também não chorei.

Eu poderia ter feito tantas coisas diferentes. Não deixar Seattle não era uma válida opção, eu jamais seria capaz de não acompanhar minha família em nossas aventuras; eu tinha afinal o espírito explorador em mim. Porém, poderia ter dito adeus sem parecer uma completa insensível, mas estava tudo no passado agora. Assim que saímos da cidade eu prometi a mim mesma que eu já estava velha o suficiente para entender que conexões além família era algo que eu nunca teria, e que eu estaria me salvaguardando de muita dor em apenas aceitar isso. Eu nunca conseguiria não ter a minha espontânea e extrovertida personalidade, eu apenas não deveria criar laços.

Eu tive minhas primeiras experiências em Seattle. Minha primeira festa do pijama com garotas da minha idade. Minha primeira escapada à uma balada tarde da noite. Minha primeira fogueira. Meu primeiro baile com alguém que não era Ezra, apesar de não ter sido melhor, foi diferente. Meu primeiro beijo. Minha primeira vez. Tudo havia sido nesse pequeno espaço de um ano quando eu era normal. A primeira vez que eu havia me sentido normal e mundana. E como tudo na minha vida, eu não saberia dizer se isso era uma experiência boa ou ruim, havia muito a se considerar. Eu gostei de uma fraternidade, mas não sentia em meu âmago que era em Seattle que eu deveria me estabelecer; criar raízes, permanecer.

A janela do meu quarto estava aberta, permitindo que um pouco da chuva entrasse e molhasse um pouco o cômodo, mas também me permitindo ver a imensidão verde das árvores encontrado o cinza do céu nublado. Forks. O que Forks teria a me oferecer que Seattle não conseguiu? Talvez houvesse algo errado em meu código e eu simplesmente era Kingsley demais para não continuar perambulando pelo país. Nolan resmungava sobre faculdade em algum lugar, talvez isso também não fosse para mim.

Foi esse pensamento que desencadeou minhas seguintes ações. Levantando-me em um pulo, saí do quarto e desci para procurar uma das malas, tentando ao meu máximo não chamar muita atenção. Felizmente estavam todos ocupados satisfazendo suas próprias curiosidades e eu consegui voltar para o meu quarto carregando o isqueiro de Nolan sem que ninguém me visse.

Com uma última olhada para cada uma das fotos em uma mão, que durou mais tempo do que eu havia previsto, eu acionei o isqueiro com a outra e levei a pequena chama a ponta das imagens. Elas rapidamente captaram o fogo e em cadência, foram se desfazendo. As figuras que elas imortalizaram lentamente escurecendo enquanto o papel se deformava e finalmente virava pó. Eu assoprei antes que as chamas alcançassem o meu dedo e foi como se elas nunca tivessem existido.

Queimar as fotos não ia necessariamente fazer as memórias que eu tinha também se transformar em cinzas e se dispersar com o vento, mas eu estava me sentindo melhor; mais plena com o futuro de novidades que teria pela frente.

Uma página em branco. Exatamente o que eu precisava.

Quando desviei o olhar para a frente, pude ver que pela porta aberta, Nolan esgueirava-se, apenas sua cabeça dentro do meu quarto com uma expressão curiosa. Eu nem havia percebido que não estava mais sozinha. Ele com certeza viu tudo e eu estava apenas esperando os comentários.

Fiz questão de estreitar os meus olhos para deixar claro que eu não ia tolerar gracinhas.

— Com quem você aprendeu a ser tão dramática? –

— Sai daqui, Nolan. – Foi minha curta resposta e quando eu me inclinei para empurrar a porta, ele conseguiu segurar - e não se machucar, porque se eu tivesse sido mais rápida, teria imprensado sua cabeça com força.

Ele riu, com menos ironia que o de costume.

— Relaxa, eu não vou dedurar suas tendências piromaníacas. Estão te chamando para jantar e para arrumar as coisas. O caminhão de mudanças já chegou. – Seu humor variou bruscamente durante a sentença, toda a leveza do momento de brincadeira se transformou no bloco de gelo que ele normalmente se apresentava, se eu não já estivesse tão acostumada com os maneirismos do meu irmão eu me assustaria. Nolan gradativamente se tornava mais sisudo e irreconhecível, me perguntava sempre quando seria a hora de intervir; ou se eu sequer deveria.

Ele nem permaneceu o suficiente para que eu o respondesse, mas teve a bondade de fechar a porta atrás de si. E eu estava novamente encarando o vazio que me encarava de volta.


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Notas finais do capítulo

♥ Então, o que acharam? Um primeiro capítulo bem introdutório, mas necessário. ♥

♥ Conto com o apoio de vocês e os reviews!! Não deixem de comentar, opinar, qualquer coisinha já é um incentivo imenso. E eu adoro conversar sobre meus personagens, tramas, etc. ♥

♥ Eu gosto de usar faces conhecidas para os meus personagens OCs, então segue a lista dos FCs: Diana (Saoirse Ronan, em seu papel em Lady Bird), Ezra (Timothée Chalamet), Nolan (Charlie Heaton), Andy (Finn Wolfhard), Pauline (Naomi Watts) e Reed (Hugh Dancy). ♥

♥ Caso queiram conversar comigo por chats também, me encontrem no tumblr lavswrites.tumblr.com e no pinterest asgardisdead (que em breve terá uma página para essa fic. ♥

♥ Três beijos para todos que leram ♥



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