Seiji estava nos jardins vasculhando os arredores e se surpreendendo. Aquele lugar parecia já ter sido diversas vezes purificado com o poder de alguém assim como invadido por seres poderosos e vingativos. E, em meio a tudo que o perturbava, ele ainda sentia que a energia negra do quarto de rituais do segundo andar estava ali impregnada perto deles.

Natori estava no térreo da casa investigando os quartos, cozinha e a sala. Tudo parecia normal e ao mesmo tempo estranho. Os cômodos pareciam bem seguros e comuns, na cozinha haviam apenas vestígios da pouca comida que deveria ter existido ali, os armários mostravam pratos para apenas três pessoas e mais ninguém e, no quarto que deveria se um pequeno depósito, haviam apenas alguns materiais de limpeza e uma caixa de coisas velhas.

Natsume estava vasculhando o quarto de garota onde acampara de noite. Praticamente nada mais existia ali. Aqueles poucos amuletos de proteção a muito tinham estragado e os armários não pareciam reter muita informação que ajudasse também. No quarto de rituais ele encontrou uma foto que fez sua alma gelar. Ele se recompôs um pouco e gritou por Natori e Seiji.

Os dois saíram correndo imediatamente e chegaram até ele em poucos instantes. Os dois o encontraram em pé e encarando um papel que o fazia tremer.

— Natsume? – Natori chamou sua atenção e ele se assustou ao perceber que ambos já estavam ali.

— Natori-san! Matoba-san! Eu acho que esse caso pode ser algo realmente mais grave que o esperado. – ele relutou, mas acabou mostrando a foto que segurava – Esta mulher é minha avó Natsume Reiko. – ele os encarava espantados enquanto viam a foto da menina jovem e de delicada aparência, que tinha olhos dourados e claros cabelos.

— Natsume Reiko!? – Matoba não pode se conter – Se ela esta envolvida é bem possível que estejamos lidando com espíritos vingativos aqui. Até onde saiba a reputação dela era péssima entre muitos youkais e humanos. – ele terminou e Natsume e Natori ficaram se encarando um pouco.

— Eu achei a foto em meio a estes papeis aqui. – Natsume direcionou os dois exorcistas para os documentos bagunçados na mesma.

Os três investigaram tudo e descobriram uma verdade cruel e preocupante. Tudo ali indicava que alguém estava manipulando espíritos para realizar suas vontades. Talvez nenhum outro feitiço fosse tão odiado e proibido pelos exorcistas e pessoas do ramo quanto esse.

Agora era oficial! Precisariam exorcizar aquele lugar inteiro e destruir tudo que havia na área daquela casa. Mas isso teria que esperar. Madara percebeu algo maligno se aproximando e as três shikis de Natori apoiaram suas palavras. Eles saíram imediatamente para se esconder e pegar suas bagagens – o esconderijo foi no final do corredor e deixaram um pequeno personagem de papel camuflado para observar o que se passaria.

A presença que vinha era escura e ganhou a forma de um homem. Uma pessoa de fria expressão, cabelos negros e curtos, olhos avermelhados e pele bem clara, que estava usando um conjunto de kimonos pretos e cinzas. O homem vinha com um jarro que fez Natsume se arrepiar.

— Tem algo ruim ali. – ele chamou a atenção dos dois enquanto se escondiam atrás da camuflagem de Seiji – Aquele pote me trás uma sensação péssima! – sabendo da sensibilidade de Natsume, os dois já ficaram preocupados com o que viria.

O homem se posicionou na frente do circulo e derramou o conteúdo do pote nas marcas. O conteúdo se referia a partes de youkais venenosos. Aquela cena fez os três se contorcerem e Madara se arrepiar completamente. O home então pegou a foto de Reiko e a colocou entre as mãos junto de um amuleto negro que carregava.

Ele começou a proferir palavras de um feitiço e o circulo se iluminou em vermelho. No meio do circulo surgia a figura de Reiko. Ela tinha cabelos mais longos, usava um conjunto leve de kimonos azuis e laranjas e aparentava ter algo perto dos seus 50 anos – como todos diziam que ela morreu jovem, a surpresa não era tanta.

Atrás da barreira de camuflagem Natsume tentava se controlar. Era a primeira vez que via sua avó de verdade – não apenas em uma lembrança do passado – e ela estava sendo conjurada por um homem que usava feitiços proibidos! Como se isso não bastasse, Nyanko-sensei estava furioso e controlar sua energia estava lhe exigindo todo esforço possível.

Se um dos dois se descontrolasse, Natori e Seiji não teriam como acalma-los, se proteger e protege-los junto. Tudo seria um grande desastre e ainda teriam que enfrentar aquela pessoa desagradável que estava na casa.

Enquanto isso no quarto, o homem se vangloriava, rindo e admirando o circulo magico a sua frente.

— Eu te peguei agora Reiko! Você vai me pagar muito caro pelo que passei. – ele parecia enfurecido e certo da eficácia de seus planos.

— Eu já disse que não irei fazer parte de nada disso Kuroumaru! – ela parecia tranquila e enfurecida com sua arrogância de escudo e força de vontade de sobra.

— Você me fez passar por uma humilhação muito grande e depois me fez perder meus subordinados! Eu juro que irei fazer você pagar bem caro por isso desgraçada. – ele forçou parte de sua energia sobre o espirito dela a fazendo gemer – Vamos começar pela localização do Livro dos Amigos. – aquela palavras deram calafrios em Natori e Natsume.

— Nem sonhando, idiota! – Reiko forçou seu poder contra ele e se soltou da pressão que fazia – Aquele livro tem apenas um dono e nunca deve ser usado para fins ruins! – ela gritou com Kuroumaru.

— Fins ruins? Que piada ridícula foi essa? – novamente ele ria – O Livro dos Amigos contem os nomes de todos os youkais derrotados por você e permite a seu portador controlar aqueles que estiverem em suas páginas. – aquela frase foi bem clara para Matoba quanto a periculosidade e interesse do objeto em questão – É uma excelente ferramenta para alguém como eu.

Kuroumaru novamente exercia seu poder sobre Reiko e ela estremecia tentando enfrentar a pressão que havia se instalado. A situação havia tomado uma proporção completamente diferente do esperado.