Takashi caminhava de volta para sua casa. Rotina normal depois do colégio junto de Tanuma, Kitamoto, Nishimura, Taki e Sasada. No caminho, cruzando a ponte, eles avistaram uma comoção de mulheres em torno de um homem de casaco e óculos. Taki e Sasada logo repararam que era Natori e Tanuma e Natsume ficaram assistindo à encenação do exorcista com expressões sombrias e preocupados com o que ele pudesse querer ali.

Terminando de conversas com as moças, Natori saiu caminhando com Natsume e seus amigos até a divisão de caminhos onde cada um seguia para sua própria casa. Natori havia comentado que tinha algo para conversar com Natsume e isso fez Tanuma ficar muito apreensivo! Sem dúvida era algo sobre exorcismo e deveria ter algum youkai perigoso envolvido.

No caminho para sua casa, Natsume questionou Natori sobre o que gostaria de falar com ele.

— Natori-san, o que aconteceu? – ele parou no meio do caminho e o encarou sério – Você geralmente não vem conversar comigo em locais que não haja alguma privacidade. – ele expôs o motivo da preocupação.

— Eu tenho um trabalho muito importante para fazer e precisaria de sua ajuda. – Natori o encarava sério – Podemos conversar em sua casa? Aqui não é um bom lugar para isso. – a seriedade de suas palavras acabarão por deixar Natsume aflito e foi com ele diretamente a sua casa.

Na casa, Natori cumprimentou Touko e Shigure e foi conversar com Natsume em seu quarto enquanto Touko fazia o jantar. Em seu quarto eles encontraram Nyanko-sensei bebendo enquanto apoiado em uma almofada e com vários pacotes de doces espalhados pelo quarto.

— Nyanko-sensei!!!! – Natsume gritava com ele enquanto o colocava para o canto do quarto e pegava uma sacola para jogar todo lixo fora. Natori parecia se divertir junto de Hiiragi, Urihime e Sasago que assistiam a cena se desenrolar.

— Desculpe, Natori-san. Isso acontece bastante aqui. – Natsume se desculpou e Natori riu dos barulhos estranhos que o gato fazia enquanto abraçado na garrafa de sake.

— Esta tudo bem, Natsume. Agora eu irei diretamente ao assunto. – ele estava sério e tinha total atenção de Takashi (tanto nele quanto na salamandra que não parava quieta) – Recentemente houve uma reunião de exorcistas para decidir sobre um importante trabalho. O trabalho consiste em ir até uma casa nas montanhas próximas a esta cidade, descobrir o que esta acontecendo lá e tomar todas as medidas necessárias para acabar com o problema. – Natori fez uma pausa para tomar chá.

— Natori-san, se essa casa é aqui perto nas montanhas, como nunca ouvi nada sobre ela ou senti alguma presença estranha? – Natsume era particularmente sensível a estas coisas e sempre muito procurado por youkais ou entidades; portanto era estranho nunca ter ouvido falar no assunto.

— Pelas informações coletadas, um homem estava acampando nas montanhas quando viu uma moça seguir por um caminho escuro e adentrar a floresta a noite. Ele a seguiu para tentar ajuda-la e acabou descobrindo uma casa abandonada onde ele diz ter visto um monstro. Ele fugiu em seguida e tudo que se lembra é de acordar no hospital depois. – Natori terminou.

— E agora existe algo nesta casa tão forte e perigoso que os exorcistas precisarão de uma reunião para decidir o que seria feito a respeito. – Natsume já pensava que tipo de terror deveria estar ali para ter virado uma situação tão séria.

— Sim. E o mais preocupante é que ninguém sabe ao certo de onde saiu aquela casa ou a quem ela pertencia. – Natori confirmou as suspeitas de Natsume e ficou ainda mais sério apoiando a xicara na mesa e a apertando.

— Natori-san? – Natsume o encarou preocupado e aguardou uma resposta.

— Eu queria muito sua ajuda neste caso, mas estou realmente indeciso sobre isso. – ele foi sincero e olhou diretamente para Natsume – Esse trabalho pode ser extremamente perigoso e o Clã Matoba esta diretamente envolvido. – estas palavras fizeram o coração de Natsume acelerar e a surpresa preencher seu rosto – Eles irão enviar o Seiji para ir junto comigo até a casa e ambos resolvermos a situação. – ele se explicou e Natsume viu o incomodo e o receio que Natori tentou ao máximo esconder.

— Natori-san, eu posso te ajudar. – a resposta surpreendeu Natori e seus shikis que apenas ficaram no aguardo de uma justificativa – Você é meu amigo. Mesmo sendo uma tarefa difícil e envolvendo o Matoba-san, eu não posso deixar de ajudar um amigo. – ele finalizou sorrindo.

— Obrigado, Natsume. – Natori também sorriu enquanto Nyanko-sensei já imaginava o tamanho do problema que viria daquilo.

Natsume saiu com Natori no feriado da semana seguinte. Como suas provas finas já haviam acabado e aquela foi sua ultima semana de aulas antes das férias, ele estava livre para focar totalmente no caso. Touko e Shigeru concordaram em deixa-lo acampar com Natori por algum tempo, desde que procurasse mandar notícias quando possível.

Antes de sair ele se certificou de deixar Taki, Tanuma, Nishimura, Sasada, Kitamoto e Shibata avisados que estava saindo para acampar com Natori e mais um amigo dele – apenas para Taki, Tanuma e Shibata ele contou que poderiam haver youkais envolvidos e para ficarem alertas, já que o lugar não era muito longe da cidade.

Aproveitando que teria algum tempo antes da viagem, avisou Hinoe, Misuzu, Kappa, Chouhige (*o bigodudo*) e alguns outros youkais que conhecia para tomarem cuidado com os exorcistas próximos e estarem preparados para o pior.

Ele fez tudo parecer o mais normal possível e foi com Natori encontrar Seiji para o serviço. Como sempre, a tensão de encontrar Matoba era ruim e Nyanko-sensei sempre demonstrava sua sede por sangue e vontade de devorá-lo – um claro aviso de que se tentasse algo estaria com problemas.

Os três praticamente não conversaram no caminho. Apenas trocavam informações sobre o trabalho e avisos quando sentiam energias negras no ar ou youkais por perto. Assim seguiram até avistarem a casa no final da trilha indicada. A sensação era ruim e o ar fluía pesado acompanhado de veneno youkai.

Mas algo ali deveria estar errado. A casa tinha alguns pontos em que sua idade não parecia condizente com o resto. Eles entraram para verificar e encontraram bastante pó, folhas e algumas teias de aranha; mas a maior surpresa foi encontrar dois quartos em uso.

Um parecia o quarto de uma garota bem simples. Possuía poucos móveis, praticamente nenhuma decoração – exceto pelos amuletos em cima da escrivaninha – e estava parecendo que foi usado a poucos dias. O outro quarto estava limpo e preservado, com objetos e materiais para feitiços, diversos livros e círculos mágicos desenhados e, ainda junto de tudo, contava com sinais recentes de que foi usado em alguma magia proibida.

Os três decidiram investigar e armar várias barreiras no quarto feminino onde acampariam. Seja lá o que estivesse acontecendo ali, eles com certeza haviam encontrado o perigoso segredo de alguém.