Reencontro escrita por Lucca


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

O mau tempo não me deixa fazer uma nota muito longa. Preciso postar antes da queda de energia me impedir.
Primeiros momentos dessa tão esperada gravidez de Jeller entrelaçados a spoilers que rolaram nas especulações sobre a série.
Boa leitura.



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As próximas seis semanas transcorreram dentro da normalidade. Jane e Kurt fizeram sua primeira consulta obstétrica e descobriram uma nova fonte de felicidade: ouvir o coração de seu bebê batendo acelerado. Todos os dias, ao final do expediente de trabalho, iam para casa e procuravam saber mais sobre a gravidez. Acompanharam semana a semana como estaria se dando a formação do embrião buscando informações na internet. Acariciaram a barriga de Jane noite após noite e logo se pegaram conversando com aquele serzinho que eles sequer sabiam se já podia ouvi-los. Contaram sobre sua família pouco convencional mas alicerçada no amor que ficaria ainda maior e mais completo agora que esse bebê estava a caminho. E, viram crescer a vontade de compartilhar esse momento tão especial com todos na sua família. Planejaram quando e como dar a notícia ao team. Antes disso, a boa nova seria informada à Sarah, Avery e Bethany por vídeos chamadas com direito à fotos da ultrassonografia e áudio do coraçãozinho do bebê.

Tudo parecia perfeito. E o clima ao redor deles não podia ser melhor. Não havia muito trabalho de campo desde a queda da HCI Global. O relacionamento entre Patterson e Cristopher avançava a passos largos, todos trocavam olhares demonstrando já terem percebido que a gravidez planejada diante da doença de Jane foi apenas a desculpa perfeita para os dois se permitirem viver um sentimento pré-existente. A barriga de Patterson estava mais saliente a cada semana e, quando ela noticiou que tinha sentido o bebê mexer, foi uma alvoroço entre os amigos, todos querendo poder sentir o espetáculo da vida dentro dela.

Aquela paz estava sendo degustada por todos e só desejavam que essa fosse a prerrogativa principal de sua rotina a partir dali. Então, Jane e Kurt decidiram fazer as vídeo chamadas naquela noite e, na noite seguinte, receberiam os amigos em sua casa para contar que havia mais um bebê a caminho.

Entretanto, o alerta de situação de risco pegou a todos de surpresa nas primeira horas daquela manhã. Um assalto à banco acabou fazendo reféns, entre eles o próprio prefeito de NYC. Todos foram chamados para participar das negociações. Por volta de 11 AM, a tensão aumentou. Reféns assustados, assaltantes pouco dispostos à negociarem. Para piorar, uma mulher grávida que estava entre os reféns, entrou em trabalho de parto. Kurt, que liderava as negociações, olhou instantaneamente para Jane que estava ao seu lado, já demonstrando sua resolução acompanhada de um pedido de desculpas. Ele compreendia o quanto isso custaria a ela:

— Eu vou me render à eles em troca da saída da grávida.

— Kurt... – Jane sentiu as palavras faltarem. Seu coração gritava para que ele não fosse porque os riscos estavam mais que evidentes após essas primeiras horas tumultuadas de negociação. Entretanto, ela conhecia seu marido e sabia que ele jamais se perdoaria se não o fizesse. – Por favor, tenha cuidado... – e sussurrou: - por nós!

— Terei mais cuidado que jamais tive, Jane, eu prometo. Por nós. Fique bem, será breve e a gente se abraça no final de tudo isso. Temos planos especiais para essa noite e meu foco será tornar tudo que planejamos realidade. – e deu um beijo suave na testa dela.

Jane segurou firme nas mãos do marido, antes de dizer:

— Kurt, não morra!

Ele respondeu com uma piscadinha maliciosa. Essas ordem que camuflava a súplica tinha um sentido especial que só os dois entendiam.

Pelos comunicadores, do outro lado da cidade, no SIOC, o diálogo do casal foi ouvido e Rich comentou gesticulando sua euforia no ar:

— É por isso que Jeller é meu casal favorito! Sem ofensas à você e Cris, Patterson. Mas é tanta tensão sexual entre os dois. Se separam já pensando no sexo animal que farão no reencontro.

— Sexo, Rich? O diálogo deles não teve nenhuma conotação sexual.

— Como não? Kurt disse “planos especiais para essa noite...”. Você acha que eles têm chicotes e outros “brinquedinhos” como em “Cinquenta tons de cinza”?

— Rich! Um casal pode ter muitos planos especiais para um noite sem envolver sexo. Relacionamentos são muito mais que isso! Vamos focar em como tirar esses reféns com vida de lá de dentro. – e começou a vasculhar as redes em busca de informações que pudesse auxiliá-los de alguma forma. – Chicotes...  – balbuciou do nada e revirou os olhos.

Após mais uma hora de negociação, a troca de Weller pela mulher em trabalho de parto foi realizada sem problemas. Uma vez dentro do prédio, a presença dele foi fundamental para acalmar reféns e assaltantes, fazendo as negociações voltarem a progredir mesmo que em passos lentos.

Em torno da 3 PM, as coisas davam sinais de resolução. Uma parte dos reféns foi libertada. E as exigências dos assaltantes se tornaram mais acessíveis para libertar os restantes. Além disso, Patterson conseguiu informações sobre o prédio que permitiu à equipe se posicionar para uma eventual invasão por caminhos não esperados, o que lhes garantiria o elemento surpresa e um menor número de vítimas.

Reade liderava as negociações com o apoio de Jane. Ela tentava manter seu foco em todas as formas possíveis de terminar aquela missão sem vítimas. Mas, nos últimos 10 minutos, seu celular não parava de vibrar em seu bolso. Incomodada, retirou o aparelho para desligá-lo. As chamadas vinham de um número restrito que também havia enviado mensagens via SMS. Ler parte delas a fez abri-las para ver de que se tratava.

“Estou com Bethany. É melhor você me atender e não tentar rastrear esse número. Desligue seus comunicadores.”

Antes que Jane pudesse retornar a ligação, a chamada de Allie tocou:

— Jane, sou eu. Weller está com você? Ele não está atendendo o celular. – a aflição na voz de Allie não era algo a que Jane estava acostumada.

— Kurt trocou de lugar com uma refém num assalto, Allie. Bethany está bem? Ela está com você?

— Jane, pegaram Bethany. O cara se apresentou com Kurt na escola... – Allie precisou respirar antes de continuar, estava muito emocionada -  A recepcionista era nova e entregou ela. Foram rápidos. Trocaram de carro duas vezes e tinham um avião esperando... Não fizeram contato...

— Allie, tente manter a calma. Vou para o SIOC ver como Patterson pode nos ajudar. Connor está com você? Não fique sozinha. Nós vamos trazê-la de volta, Allie. Eu prometo! – Jane não encontrou coragem para dizer que os sequestradores de Bethany estavam tentando contatá-la. A culpa a submergiu. Mesmo sabendo que Allie precisava saber disso, ela resolveu responder a chamada dos sequestradores antes de informá-la.

— Connor está aqui. Obrigada, Jane. Entro em contato diante de qualquer novidade.

Assim que desligou, Jane informou Reade:

— Sequestraram Bethany. Estou indo para o SIOC ver se Patterson pode nos ajudar. Por favor, tire Kurt vivo de lá e só depois conte a ele. Não sei o que aconteceria se ele soubesse disso agora.

— Deus... Vá, Jane. Eu vou mantê-la informada.

Jane mal tinha se afastado do cinturão de viaturas oficiais que rodeavam o prédio para chegar até seu carro quando seu telefone voltou a chamar.

— Pronto. – respondeu imediatamente.

Um voz digitalizada soou do outro lado da linha:

— Qualquer desobediência às regras e a criança morre.

— Não a machuque. Farei tudo como você determinar, mas preciso saber que ela está bem.

A voz de Bethany soou com toda a sua inocência:

— Tia Jane... você vem me buscar? Tô com medo...

— ô meu amor, eu já estou a caminho. Não fique com medo. Seja boazinha. Logo estarei aí.

E a voz digitalizada voltou a assumir:

— Estou enviando uma localização. Vá até lá. Soube que você sabe pilotar um helicóptero. Isso será útil. Dentro desse helicóptero você encontrará o plano de voo, desfaça-se do seu celular. Você tem uma hora e meia para estar no ponto de encontro. É melhor se apressar.

Jane dirigiu desrespeitando propositalmente algumas leis de trânsito. Ela sabia que isso chamaria a atenção de Patterson. Era arriscado demais ousar qualquer outra coisa. Quem seria o sequestrador? Sua mente vasculhava tudo que ela lembrava de seu passado em busca de uma resposta. Não havia tempo ou circunstância para traçar um plano eficaz e seguro de resgate. Ela teria que enfrentá-lo cara a cara e buscar resoluções de última hora. Se Kurt saísse vivo daquele banco, teria um forte aliado. Patterson era outra forma de socorro com a qual ela poderia contar. Mas para tudo isso, era necessário ganhar tempo. E ela assim faria. Lembrou-se de levar consigo o monitor de segurança que a loira desenvolveu para acompanhar sua saúde e os efeitos do ZIP. Era um trunfo na manga, com certeza. Apesar de ser preciso desligá-lo no momento do encontro, as informações do aparelho conduziram o team para bem próximo ao local onde ela estava. Sem isso, não teriam chance alguma.

Chegando ao lugar informado, embarcou no helicóptero e seguiu as coordenadas indicadas num papel. Logo ela percebeu um aparelho de celular descartável no banco ao lado. Isso era ótimo. Ainda enquanto pilotava ela pode verificar que o modelo do ship daquele era compatível com de seu monitor, tornando possível uma troca rápida que enviaria a localização para Patterson.

Assim que aterrissou numa clareira remota em meio a uma floresta, o celular tocou e a voz digitalizada foi direcionando-a até o ponto de encontro.

Enquanto isso, em NYC, o assalto à banco com reféns chegava ao final feliz. Todos liberados com vida e os assaltantes presos graças à Weller que os convenceu a se entregarem em troca de uma redução de pena. Infelizmente, ele sequer teve tempo de respirar aliviado e Reade já transmitiu a notícia do sequestro de Bethany. Em minutos, perceberam também o desaparecimento de Jane. Patterson e Rich se lançaram numa busca frenética pela localização dela e conseguiram chegar até a SVU e seu celular. A partir daí ficou claro que Jane partira sozinha ao encontro dos sequestradores da enteada.

Não demorou até Patterson se lembrar do monitor de saúde de Jane, então ela acessou os dados:

— O monitor dela funcionou até cerca de uma hora atrás.

— Existe alguma forma de localizá-la através dele? – Reade questionou.

— É óbvio que eu equipei o aparelho com um localizador. Se ela desmaiasse, precisaríamos saber onde ela estava. – e informou os dados – Ela estava sobrevoando uma floresta há 3 horas daqui.

— Mas se foi desligado a uma hora, ela pode estar muito distante dali. – Rich precisou dizer apesar de não gostar de ser aquele que quebrava as esperanças de todos.

— Não. Foi estratégico. Ela manteve o aparelho para nos dar a localização. Conheço Jane. Devia estar sozinha durante o voo. Desligou antes de pousar porque seria o encontro. Esse é o local. Vamos! – Todos os instintos e a experiência de Kurt estavam acionados nesse momento: pai, marido, agente do FBI. Ninguém ousou duvidar. Eles precisavam ser rápidos.

Na floresta, Jane se dirigiu até o ponto de encontro determinados no localizador instalado no celular. O crepúsculo se aproximava, por isso ela avançou rápido aproveitando os últimos raios do sol. Chegando ao local, se surpreendeu ao visualizar o sequestrador que a recebeu com um sorriso triunfal segurando Bethany nos braços. Não era ninguém que ela conhecia. Antes que qualquer outra forma de raciocínio pudesse se formar em sua mente, ela foi surpreendida por uma coronhada na cabeça que a fez perder os sentidos.

Sua consciência voltou aos poucos. As pontadas na cabeça dificultaram bastante para que ela pudesse sondar seu redor antes de demonstrar que tinha acordado. Bethany estava assustada num canto chorando baixo. Isso partiu seu coração. Jane tinha as mãos amarradas atrás das costas e seus pés também estavam amarrados. O mentor daquilo tudo era um homem grisalho, aparentando mais de 60 anos. Era difícil ver com nitidez seu rosto na escuridão. Aparentemente havia apenas mais outro homem no local. Grande, jovem e forte. Provavelmente um capanga do velho. Ele estava colocando caixas de madeira em covas abertas no chão. Jane sentiu a bile subir ao estômago. A intenção era matá-las e enterrá-las ali mesmo. Não haveria nenhuma negociação com Kurt. Mas porquê?

Da forma mais discreta e silenciosa que pode, Jane começou a desatar os nós que a prendiam. Estranhou a falta de dificuldade nisso. Qualquer inimigo que a conhecesse saberia da necessidade de prendê-la de forma mais eficaz. Traçou um plano: atacar o mais jovem e liquidá-lo, derrubar o mais velho e fugir com Bethany. Deviam haver outros capangas por ali, mas estavam mais afastados. Ela acionaria o monitor para Patterson localizá-las e então era só se esconder e ganhar tempo até que sua equipe chegasse. Sem noção de quanto tempo ela ficou desacordada ou do quão distante seu team estava, restava contar com a sorte.

De repente, o velho começou a falar com Bethany:

— Little Bee, é assim que te chamam não é? – a garotinha sacodiu positivamente com a cabeça fazendo Jane se revoltar ainda mais contra um ser capaz de desejar o mal para um ser tão doce e inocente – Saiba que seu pai sempre foi um homem corajoso, ético e determinado. Ele fez da carreira dele uma luta contra a corrupção e contra homens maus. Pena que ele se esqueceu que homens maus com dinheiro podem querer vingança. E é por isso que estamos aqui hoje. Meu filho se suicidou na prisão após seu pai prendê-lo, Bee. Agora ele vai sentir o que eu senti, perdendo tudo que ele mais ama na vida: você e a tia Jane...

Nesse exato momento, Jane se soltou e atacou o capanga, lutando por sua arma. Ele disparou dois tiros. O segundo acertou o velho que caiu. Isso chamaria a atenção dos outros, então ela teria menos tempo do que previu. Assim que pegou a arma, disparou contra a cabeça do capanga, pegou Bethany no colo e correu por entre as árvores contando apenas com seus instintos.

Ela podia ouvir o barulho dos outros capangas atrás dela. Não estavam muito longe. Então correu ainda mais, procurando um lugar seguro para se esconder. Achou apenas um local pequeno, suficiente apenas para a garotinha. Pegou o monitor de saúde e o celular e verificou qual tinha bateria com maior carga: o celular. Retirou o chip do monitor e transferiu para esse aparelho. Em seguida, retirou sua jaqueta e colocou em Bethany.

— Bee. Precisamos jogar uma nova forma de esconde-esconde. Você é muito boa nisso e vai precisar ficar ainda mais quietinha do que no dia que entrou no armário da cozinha e nós não conseguimos encontrá-la, lembra-se? – a garotinha assentiu orgulhosamente. – Basta ficar quietinha aqui. Está quentinho. Você pode até dormir. Eu vou levar os homens maus pra bem longe e papai vem te buscar, entendeu.

— Mas eu quero que você fique comigo, tia Jane...

— Eu também queria muito ficar aqui abraçadinha com você, Bee. Mas preciso levar os homens maus pra longe. E preciso que você me faça um favor: diga ao papai que eu amo vocês demais.

A garotinha voltou a concordar e deixou que Jane partisse.

Jane correu ainda mais rápido, não se importando com as folhas afiadas que rasgavam a blusa fina que ela usava e atingiam sua pele. Foi em direção aos capangas e chamou a atenção deles para noroeste do local onde tinha deixado Bethany. Se esforçou em ser rápida para levá-los o mais longe possível da enteada, mas sabia que o encontro logo seria inevitável.

Eram cinco homens e fecharam um círculo ao seu redor. Um enfrentamento direto dificilmente a pouparia de chutes na barriga o que poderia ser fatal ao seu bebê. Talvez se entregando, ela tivesse alguma chance. Talvez seu team já estivesse próximo. Foi o que ela fez.

Levaram-na amarrada de volta ao local onde estavam as covas. Não encontraram Bethany.

— Enterrem essa! A garotinha vai morrer de qualquer forma sozinha por essa floresta. Pelo menos uma delas Weller vai saber que foi enterrada viva. Nada me dará mais prazer do que saber que ele reviveu o mesmo pesadelo de quando encontrou o corpo de Taylor Shawn.  – disse o velho segurando o braço ferido pelo tiro.

Jogaram Jane na caixa de madeira na cova.

— Esperem, antes de tampar a caixa, eu mesmo quero jogar muita terra em cima dessa vadia!

O velho foi generoso na quantidade de terra que jogou sobre a cabeça de Jane. Em seguida, seus capangas pregaram a tampa da caixa e acabaram de enterrá-la.

Jane procurou manter a calma e reduzir ao máximo sua respiração para não aspirar terra. Aos poucos, conseguiu soltar as mãos. O espaço dentro da caixa não permitia que ela levasse as mãos até o rosto para limpar as vias aérea. Então insistiu em respirar lentamente o pouco ar que tinha ali dentro. Conseguiu alcançar o monitor de saúde que estava em seu bolso. Religou o aparelho. Talvez Patterson ainda recebesse algum sinal e conseguisse localizá-la.

A equipe desembarcou na clareira da floresta algumas horas depois de deixar o SIOC. As primeiras buscas foram feitas às cegas. Não tinham noção de onde procurar. Dividiram-se. Quando Patterson recebeu o sinal do celular que estava com Bethany, demoraram quase duas horas pra chegar até a garotinha em meio a escuridão da noite. Kurt pegou a filha nos braços e abraçou como quem a resgatasse da própria morte.

— Papai, a tia Jane disse que te ama muito. Ela precisou levar os homens maus pra longe de mim.

— É, ela é muito corajosa mesmo.

— Você vai buscá-la agora, né, papai? Ela vai ficar bem, né?

— Eu vou fazer o impossível para isso, Bee. Prometo.

— Então vai, papai. Vai!

A coragem e esperança na voz de sua filha trouxe uma nova determinação para Kurt. Mais uma hora vasculhando a floresta e encontraram com o velho e seus capangas. A troca de tiros foi breve e as forças do FBI conseguiram o total controle da situação.

Mesmo pressionados, eles não falavam. Os capangas pareciam temer mais uma retaliação por parte de seu chefe do que o próprio FBI. Kurt partiu pra cima do homem, exigindo informações. O velho riu satisfeito.

— Ela está enterrada há horas, Kurt Weller. Nada que eu disser pode salvá-la após tanto tempo. Confesso que não imaginei ter a satisfação de VER o desespero no seu rosto nesse momento por ter que desenterrar outra pessoa que você tinha esperanças de encontrar viva!

Tomado pela dor e revolta, Kurt deferiu um golpe de direita que nocauteou o velho imediatamente.

— Não! Eu não vou desistir dela. Patterson, por favor, diz que tem algo pra mim.

— Kurt... eu não... Espere! O monitor dela parece estar enviando um sinal oscilante. Sigam na direção norte.

A equipe de buscas se dirigiu pra lá imediatamente. Como o sinal oscilava não era possível determinar a localização exata. De forma convencional, vasculharam toda a área.

De repente, Patterson informou:

— Kurt, o último sinal foi há um minuto e ela parou de respirar... o ar deve ter acabado.

— Ela consegue ficar 4 minutos sem respirar, Patterson. Eu vou encontrá-la.

Seguindo seus instintos, Kurt tomou uma direção e vagou por mais 2 minutos.

— Três minutos. Ela não tem muito tempo agora. – Rich balbuciou quase numa prece pela misericórdia divina.

Três minutos e meio. Kurt viu os sinais claro: ela ali, ele chegou ao local da sepultura. Todos começaram a cavar freneticamente.

Quatro minutos e meio. Eles arrancaram a tampa da caixa, puxando Jane pra fora.

Kurt limpou o rosto dela. Jane não estava totalmente consciente. Abriu os olhos e voltou a fechá-los.

— Só respire, Jane. Só respire. – ele repetia com a mão no peito dela - Você está segura agora.

Alguns paramédicos haviam sido acionados horas atrás, chegaram ao local pedindo para Kurt se afastar. Eles fizeram uma lavagem nas vias respiratórias que estavam repletas de terra. Impotente, Kurt observava enquanto repetia a si mesmo que tudo terminaria bem. Jane abriu os olhos ainda semi-consciente e pediu:

— Kurt Weller – disse fraco enquanto tossia. – por favor, avisem ele que estou bem... – voltou a tossir – Kurt Weller...

O coração de Kurt guardava aquela imagem e aquelas palavras. Sua esposa, lutando para respirar, só tinha uma preocupação, fazê-lo saber que ela estava bem.

Os paramédicos que já estavam terminando seu atendimento, abriram espaço para Kurt se aproximar:

— Eu estou aqui. Estou com você.

— Kurt... – ela se agarrou à mão dele e de repente ficou completamente consciente – Bee está na floresta...

— Bee, está bem. Está ótima, nenhum arranhão. Já a resgatamos. Agora procure descansar e respirar, por favor.

Jane assentiu. Eles a transportaram até um helicóptero para levá-la até o hospital mais próximo. Ela pediu para se acomodar no peito de Kurt durante o trajeto. A respiração dele a ajudava a compassar sua própria respiração afastando todo o medo e aflições daquele dia.

— Kurt...

— Sim

— O bebê vai ficar bem, não é?

— Eu espero que esteja tudo bem. Vamos verificar tudo no hospital. E, aconteça o que acontecer, Jane, não foi culpa sua e vamos passar por isso juntos. – e sentiu a mão dela apertando forte a sua.

— Se estiver tudo bem... eu tomei uma decisão...

— Jane, por favor, não se preocupe com isso agora.

— Eu não vou mais a campo, Kurt. Se ele ainda estiver aqui, eu prometo que não vou mais. Eu quero fazer como você: primeiro eu vou ser a mãe do nosso bebê, depois uma agente do FBI.

Kurt apertou forte o abraço em torno dela enquanto um lágrima escapava de seus olhos.

— Eu sei, meu amor. Eu sei que você fará.

Chegaram ao hospital e passaram por todos os exames rotineiros. Mamãe e bebê estava bem e poderiam ir pra casa após descansarem bastante e se alimentarem.

Reade voou de volta à NYC ainda sem saber do bebê.

Kurt e Jane receberam a visita de Allie e Bethany no final da tarde.

— Nós não podíamos deixar de vir agradecer por tudo. – Allie disse já se debruçando sobre Jane para um abraço.

— Não precisa agradecer, Allie. Eu faria qualquer coisa por Bethany.

— Tia Jane, tia Jane! – Bethany disse se jogando para a cama e abraçando Jane. – Eu fiquei com medo, mas você levou os homens maus pra longe. – então ela levou a mãozinha até a barriga de Jane e deu um sorrisinho.

— O que foi, Bee? Porque está com a mão aí? – Allie questionou enquanto Kurt e Jane trocavam olhares surpresos.

— Eu acho que tem um bebê na barriga da tia Jane. E ele é bom de esconde-esconde como eu!

— Bee... me desculpe, Jane, não sei de onde ela tira essas coisas. – Allie tentou se justificar.

Jane colocou a mão sobre a mãozinha de Bee que ainda estava em sua barriga. Kurt se aproximou fazendo o mesmo.

— É, esse bebê é muito bom de esconde-esconde. Ele só não consegue se esconder de você, Bee. Por que você é muito especial para ele. – e já não conseguiu conter as lágrimas.

— Nós sempre estaremos aqui por vocês, Bee. E vamos amá-los eternamente. – Kurt completou.

— E nos proteger dos homens maus!

— Sim, sim. – Kurt confirmou enquanto secava as lágrimas.

— Esperem aí, vocês vão ter um bebê? Que notícia maravilhosa! – Allie se desfez em lágrimas e veio abraçar a família. – Jane, eu nunca vou me esquecer do que você fez por minha filha, seja quando partiu do Colorado, seja hoje.  Que esse bebê te traga toda a felicidade que você dois merecem.

— Já está trazendo, Allie. Você nem imagina o quanto.

Assim que as duas saíram, Jane abriu espaço para Kurt se sentar ao seu lado na cama. Ele assumiu o lugar e ela já se aninhou nos seus braços.

— Eu jurava que você pediria pra ver o médico assim que elas saíssem para dar o fora desse hospital.

— Eu odeio hospitais, você sabe. Mas está tudo tão, mas tão perfeito, que eu posso ficar aqui no seu colo curtindo esse momento até o médico voltar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Por favor, deixe um comentário com sua opinião. Também aceito sugestões sobre o que gostariam de ver nessa história e nomes para o bebê.
Muito obrigada pela leitura.



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