— Aguenta firme — Chat me diz baixinho, será que havia percebido minha perna trêmula?

— Enfim, hoje teremos como principal atração o encerramento de tudo. Se acomodem e vejam o grande final!

Meu coração está acelerado como se estive em uma maratona. Estou assustada, e provavelmente indefesa em meio a um programa de horrores onde eu sou parte da atração principal. As duas pessoas começam a andar em nossa direção sendo iluminadas por um feixe de luz, drones filmavam tudo e conforme se aproximavam pude provar que um era homem e o outro mulher :

— Esperei muito tempo para conhecer vocês dois pessoalmente — o homem afirma com um pouco mais de dois metros de distância entre Chat Noir e eu. 

— Aparentemente já conheceu e não é uma nenhuma honra — o gato preto rebate arisco. 

— Deixe eles, querido. — a mulher intervém, usando roupas em tons roxos igual a ele se enrosca sem pescoço como uma cobra — Diga logo a proposta. 

— Não estamos interessados — Chat fala e lhe dou uma cotovelada. 

— Pelo visto Ladybug está interessada — a mulher fala sorrindo, seus cabelos loiros caindo como cascatas e emoldurando seu rosto. 

— O show não para, my Lune — o homem sorri, posso ver somente seu formato de rosto e nada mais. — Somos Hawk Moth. 

Levanto uma sobrancelha. Somos? Mestre Fu havia me explicado que a regra se baseava em somente um portador por miraculous. Rodo meu ioiô com mais força e solto uma risada distorcida, do tipo que dou quando estou no estágio e me pedem pra fazer um milagre invés de um vestido :

— Blefe — paro de rodar meu ioiô e vejo o espanto dos mesmos — para cada miraculous somente um portador. 

— Diga-me pequena joaninha — a mulher fala sorrindo — em algum momento foi dito que temos somente um miraculous? 

Forço meus dentes dentro da boca tentando me concentrar. Aquilo não podia estar acontecendo! 

— Boa jogada — falo com confiança, estou tentando formular um jogo de palavras para ganhar tempo — mas os miraculous estão a salvo neste momento. 

— Borboleta — o homem diz e sorri olhando para a mulher. 

— E pavão. 

Posso ver as costas de meu parceiro se colocarem em um estado de alerta, como se ele realmente fosse um gato invés de humano :

— O miraculous do pavão foi destruído já fazem anos, — Chat afirma — Ladybug está certa, vocês estão blefando. 

O silêncio se instala, e a mulher sorri doce através de sua máscara :

— Nem sempre o que não se tem está destruído.

Assimilar é difícil. É como ter caído em todos os meus pesadelos de uma só vez e não conseguir acordar pelo simples fato que é uma verdade :

— Sendo assim, é nosso dever reaver os miraculous — meu companheiro fala e ativa sua especialidade logo em seguida. 

— Venha pegar, gatinho — a mulher retruca enquanto em um momento inesperado Chat sai correndo em sua direção. Impulsivo :

— Chat espera! — grito e me lanço para dar apoio, entretanto, um raio ofuscante sai de um colar vindo da mulher e sinto meu corpo pesar e caio de joelhos cega. Minha única imagem é o breu e começo a tatear meu rosto a procura de saber se estou de olhos abertos. 

— Não consigo enxergar?! — berro comigo mesma, estou desesperada ouvindo o som da voz do Noir a alguma distância que não sei qual. 

— Chat Noir — o homem fala com firmeza —, entregue o miraculous e sua parceira voltará ao normal. 

— Não! — grito e recebo o que julgo ser um chute no rosto. 

— Calada, vaca. 

Prendo meu ar nos pulmões, estou jogada no chão sem coordenação nenhuma e sem saber como entrar em contato com o mundo :

— Parem agora com isso, certo? Entregarei o miraculous — é a voz de Adrien? Estou confusa, o que o Agreste estaria fazendo ali? Ele teria ficado e decidido enfrentar o vilão? Estava maluco:

— Agreste? — falo baixo e ouço somente silêncio de todas as partes — Que seja! Caia fora, isso não é assunto para civis. 

— Respeitável público, a transmissão sofrerá uma pequena pausa — o homem fala e o silêncio permanece. 

Passos em minha direção, com cuidado me apoio para ficar de pé e me afastar do som dos sapatos :

— A que nível de covardia vocês pretender chegar? Já não basta me cegar? Qual será a próxima jogada? — falo aleatoriamente, não quero usar o Lucky Charm precipitadamente e não vejo muita escolha para ganhar tempo. O que me veio a seguir talvez nem a própria metafísica conseguisse explicar, mas como um coro de mulheres em minha mente, todas sussurram uma palavra. Abaixa. E eu me abaixei. 

Senti somente algo passar por cima de mim, como uma perna e me joguei um pouco pra trás :

— Bons sentidos, mas não me diga que é instinto ter falado Agreste porque ninguém tem um palpite desses — a mulher pavão me fala e eu não entendo muito. 

— O que vocês fizeram com Chat Noir? — pego meu ioiô e começo a rodar como um escudo. 

— Eu estou aqui Ladybug — fico confusa com sua voz, parece Adrien falando, mas é Chat Noir que está aqui… 

— Que tipo de segredo você tem na manga? — a mulher continua falando. Tanto silêncio no recinto mas tanta aflição deixava o clima pesado. “Dois passos para esquerda” e obedeço meu guia metafísico. 

— Chat, uma ajudinha aqui — peço e ouço os passos dele como resposta para tudo aquilo, sinto sua presença atrás de mim. 

— Você cheira a pães… — sua voz sai baixa e não entendo sua observação. 

— Me surpreende Ladybug — o homem a qual ser o primeiro Hawk Moth fala. — Parece que estamos em um jogo a qual você me persegue a tanto tempo que me descobriu. My Lune, retire a cegueira dela. 

Repentinamente meus olhos ganham uma cor de um mundo desfocado progredindo em uma nítida imagem :

— Lucky Charm! — comando assim que consigo distinguir o mundo novamente e um par de máscaras daquelas usadas para colocar sobre os olhos enquanto se dorme cai sobre minha mão. 

— Isso é alguma piada? — o herói me diz e fico embasbacada, como pude jurar ser Adrien? 

Estendo uma para ele, o mundo estava querendo me dizer algo e isso envolvia meu parceiro :

— Coloca. 

— Mas o que? Claro que não… 

E cubro meus olhos, o breu novamente me acompanha e sinto um frio na barriga. “Sinta o poder, ele está com você” o coro de vozes me diz como uma oração e sinto uma mão pegar na minha e aperto a reconhecendo como a do Chaton :

— Minha transformação vai acabar logo… 

— Sinta o poder, — repito a mensagem do meu conselheiro — ele está com você. 

Dou um passo para frente e sinto ele parado :

— Meu poder é o azar Ladybug, eu não deveria nem estar com esta venda para começar… 

— O meu é a sorte, vamos. 

Em silêncio andamos em linha reta, pequenas curvas comandadas pelo meu além miraculoso :

— Eles estão brincando conosco? Já chega! — Hawk Moth berra — Borboletas do escudo, peguem esses dois. 

Sinto seus dedos se apertarem os meus com força porém nada além disso aconteceu. Meu coração disparado. “Abram os olhos para o julgamento”. 

— Tira a venda — falo e quando olho o horizonte as borboletas não estão mais lá, e no lugar está um campo onde não há mais nada além de uma espécie de bolha roxa em volta de nós que se faz presente. — Chat, o que está acontecendo? 

Minha visão está vagando por tudo, quando de repente sinto uma pressão maior em meu dedos e olhando para nossas mãos ainda unidas vejo subitamente ausência de trajes de herói e subindo o olhar vejo assustada a figura de Adrien Agreste me olhando com seus olhos arregalados. 

— Marinette? 

Solto sua mão incrédula, o meu herói era também meu primeiro amor? Devida ser uma ilusão. Uma brincadeira. Que brincadeira sádica era aquela? Abro minha boca afim de dizer algo quando uma voz estrondosa invade todo o espaço :

— O julgamento sobre os portadores dos miraculous se inicia agora, por favor, Ladybug e Chat Noir se juntem aos dois que se intitulam Hawk Moth.