Schizophrenia escrita por CapitaMK


Capítulo 10
Perdendo de vista




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Estava sentada na minha mesa favorita do meu restaurante favorito, a noite estava agradável, não estava quente como um inferno, e nem gelada como o Alasca, tinha uma brisa refrescante, temperatura agradável para um dia horrível, por mais que agora esteja tudo bem e calmo, mesmo assim eu sentia o suor escorrer por meu rosto, minhas mãos estavam frias e molhadas pelo suor, mexia nervosamente na xícara de café em minha frente. Estou nervosa, e isso é visível. De vez em quando eu mexia nos meus machucados expostos, agora estão limpos e esterilizados, antes de vir para cá tomei um bom banho, e tomei os cuidados necessários para cuidar dos pequenos arranhados. Então paro de os cutucá-los e volto a mexer na xícara.  

“Ai Lauren! Você esta me deixando injuriado com esse seu nervosismo”

Alejandro fala próximo ao meu ouvido, o que me causa um pequeno susto, que quase me faz derrubar a xícara que mexia, tinha me esquecido completamente de sua presença. 

Eu apenas o ignoro. 

“Olha, se acalme, está bem?! Nada vai acontecer aqui, vocês estarão seguras juntas em público.”

Ignoro. 

“Eu sei que…” 

—Hei, oi, me desculpe pelo atraso, tive que resolver algumas coisas antes de vir, além de ter que cuidar dos meus pequeno machucados, fazer sozinha é mais difícil do que parece! 

Sr. Cabello para de falar assim que Camila aparece toda agitada e falante, não espera nenhum tipo de convite e já vai sentando, e continua falando, quase não consigo acompanhar sua linha de pensamento, mas a última parte me chama atenção, sozinha?

—Sozinha? Mas seu namorado não ia te ajudar com isso? 

—Aah! Hum… bem, ele teve que sair para resolver alguns assuntos, sabe como é, trabalho… - Ela responde meio atrapalhada, parecia estar em dúvida do que fala. Eu apenas concordo com ela, evitando de fazer mais perguntas.

—Entendo, bom eu acabei pedindo um café, gostaria de pedir algo? 

—Na verdade sim, nossa estou morta de fome!

Eu apenas dou uma pequena risada e chamo a garçonete para trazer o cardápio. Eu faço o meu pedido rapidamente, já Camila leva um bom tempo, o que acaba gerando comentários de Alejandro, do tipo: “Ah ela sempre foi indecisa quando o assunto é comida.” “Algumas vezes tive que fazer o possível para ela escolher algo, e não o cardápio todo.” e por ai vai.

Apos fazermos nossos pedidos, e a garçonete ter anotado tudo e sair, Camila olha para mim, nosso olhos se atraem como imã, eu os encaro, podia enxergar mais que apenas sua superfície, é como se eu vesse através dela, enxergava suas dúvidas, temores e incertezas, conseguia as sentir, e foi uma das coisas mais loucas que já me aconteceu. Então Camila quebra o silencio. 

—Então, Lauren, o que fez você me chamar para vir aqui te encontrar? 

Ela me pega de surpresa, direta. 

“Fala de mim!”

—Eu apenas queria saber como você estava, depois do dia de hoje, sabe… -Falo sem graça, não podia falar a verdade, bom mas isso não deixa de ser uma.

Ela me olha surpresa, mas disfarça em seguida. Com o canto do olho posso reparar Alejandro me olhando com uma de suas sobrancelhas levantada, com uma cara de interrogação.

—Ooh! Bem, apesar do dia difícil de hoje, eu estou bem!

Antes que qualquer uma de nós quebrasse o silencio, a garçonete já estava de volta trazendo nossos pedidos, e Camila comemorava de uma forma engraçada me fazendo rir. Enquanto nós comíamos ela contava varias historias engraçadas de sua infância, me fazendo ter várias crises de risos. E apesar deu lutar muito para prestar atenção em tudo que ela falava, mesmo assim eu não conseguia parar de reparar em seus pequenos gesto, como por exemplo a forma que ela sorria e seus olhos acabavam rindo junto, ou quando ela mordia o lábio, quando estava com dúvidas sobre a historia ou só por estar pensando se deveria contar aquela, a forma que ela mexia no cabelo distraidamente, ou quando simplesmente seus olhos fixavam nos meus por alguns minutos, nos deixando mudas, e quando voltávamos a nós, o quanto isso a deixava sem graça. 

Com o canto do olho eu podia ver o Sr. Cabello me olhando estranhamente ou quando apenas revirava os olhos. 

—Ai meu Deus! Como minha barriga doí, eu não me lembro de rir assim a tempos. - Camila me diz entre risos.

—Somos duas então. - Falo rindo também. 

—Bom se você me dá licença, eu preciso usar o toalete. - Ela diz se levantando.

—Sim, claro, fique a vontade. - Falo, e dou um pequeno sorriso. Ela retribui, concordando com a cabeça e sai em seguida. 

Suspiro olhando em sua direção.

“Lauren, eu sei que vocês estão se divertindo, mas eu acho que já está na hora de você falar sobre mim!”

Antes de o responder, com os olhos eu faço uma pequena observação ao redor, para ver se vejo alguém “nos” observando, ao ver que esta tudo bem, eu murmuro para ele.

—Olha, não acho que agora seja…

“Lauren!”

Paro de falar imediatamente ao ouvir alguém chamando por meu nome, tomei um pequeno susto, mas me recupero rapidamente, e em seguida já busco com o olhar quem me chamava, não demoro nem um segundo sequer, a alguns metros dali posso ver meu pai.

Puta merda! Agora fodeu!

“Lauren! Caralho, sabe a quanto tempo eu estou te procurando? Eu estou desesperado precisando de sua ajuda, e você esta aqui! Comendo?!” Ele diz indignado enquanto olhava ao redor da lanchonete. “Quer saber esquece, vamos logos, não temos mais tempo a perder!”

“Espera um minutinho ai meu amigo, Lauren está ocupada agora, ela esta ajudando um amigo, eu no caso! Você vai ter que esperar!”

“A é? E quem você pensa que é para decidir algo?” Meu pai diz apontando o dedo, ou melhor afundando o dedo no “peito” de Alejandro.

“Eu sou Alejandro Cabello! E você quem pensa que é?” Sr. Cabello imita o gesto do meu pai. 

Vish! Isso não é bom, sera que espíritos ou almas penas? Aaah tanto faz! A questão aqui é, sera que é possível eles caírem na porrada?  

“Quem eu sou? Eu sou Michael Jauregui, pai de Lauren! E agora não sei o que pode ser mais importante do que ajudar o próprio pai!” 

Neste momento vejo a valentia de Alejandro muxa, mas ele volta a falar.

“Bom, mas agora ela esta ajudando uma menina VIVA, ao contrario do pai!”

“Mas um pai nunca…”

—Já chega! - Sussurro entre dentes. - Calados! 

“Mas filha…”

—Shiu… Silencio! - Falo, enquanto passo a mão nervosamente sobre o rosto.

—Oi, voltei, espero não ter demorado. - Camila fala se sentando. 

—Não, claro que não! - Sorriu para ela, que retribui. 

“Oooh! Isso é um encontro!”

“O que? Isso não é um encontro, não viaja cara!”

Sorriu nervosamente em direção a eles.

—Você esta bem? 

—Sim, estou bem sim! - Falo tentando disfarçar o nervosismo.

—Certo! Então, que tal você me falar um pouquinho sobre você agora? Nada mais justo já que eu falei sobre mim, e…

“O o o! Vai com calma nessa filha, você não pode falar que já foi internada logo no seu primeiro encontro, não vai pegar bem!” Meu pai diz, e quando eu menos espero ele esta sentado ao meu lado. 

“Por Deus! Isso não é um encontro, você ainda não enten… Espera, espera ai, que historia é essa de internação?!” Alejandro diz se sentando do outro lado, me fazendo ficar no meio dos dois.

—Cala boca. - Sussurro novamente.

—O que? me desculpa! Falei algo errado? - Pelo visto não baixo o suficiente, já que Camila ouviu.

—O que? Não! Eu só… é… Qual foi sua pergunta mesmo? 

—Aah eu só perguntei como foi sua infância, tem cara de quem aprontou muito.- Ela da um sorriso sapeca. 

Eu suspiro lentamente. 

—Minha infância, bom…

“Xiii! Não vai se dedurar Laur!”

—Eu não era muito de aprontar, bem não quando minha vó estava viva…

—Ooh! Eu sinto muito!

—Não, esta tudo bem, já faz um bom tempo, ela partiu cedo, mas antes dela ir me ensinou muitas coisas, sei que depois de sua partida não coloquei em prática seus ensinamentos, o que me causou muitos castigos, então eu passei a maior parte da minha infância sendo castigada do que qualquer outra coisa!

—Deve ter aprontado muito então?!

—É mais ou menos isso, mas é passado, não é algo que eu lembre com frequência!

—Entendo, bom, mas mudando de assunto então, você tem ótimas amigas!

—Sim, eu tenho! - Sorriu ao lembrar das meninas.

—E esse sorriso ai, e de lembrar da namorada?

—Namorada?

“Namorada?” 

Alejandro e eu falamos ao mesmo tempo.

—Sim! Dani, não é sua namorada? - Ela me pergunta, parece estar bem curiosa.

—O que? Não, claro que não! Dani é apenas uma amiga. - Falo calmamente, tentando conter a crise de riso.

“O que? Lauren? Você é lésbica?” Alejandro pergunta se levantando logo em seguida. 

“Jesus! Isso esta meio obvio não acha? É só olhar para a cara dela! O amigão!” Meu pai fala, tirando um sarro do Senhor Cabello. 

—Nossa! Me desculpa, é que eu vi vocês tão próximas, achei que, oh meu Deus, me desculpa!

—Esta tudo bem Camila, relaxa! - Eu falo rindo.

—O que é tão engraçado? - Ela pergunta cruzando os braços, e fazendo uma falsa cara de brava.

—É que é meio engraçado isso, bem todos sabem que Dani tem um abismo por Ally, quer dizer QUASE todos, pelo visto nem elas sabem e muito menos você, além da ideia de Dani e eu estarmos juntas, isso é meio bizarro! - Dou risada novamente.

—Como assim bizarro? - Ela pergunta rindo também. 

—É que ela é minha melhor amiga, é estranho que alguém possa romantizar nossa relação. - Falo com um tom brincalhão. 

—Eu entendo, seria estranho se alguém fizesse isso comigo é Dinah também. 

“Estou perplexo!”

“Pare de besteira, ela não disse que era o Batman, não sei pra que esse drama todo!”

—Nossa! Olhas às horas, preciso ir! Ainda tenho que voltar na faculdade, para buscar meu carro, com toda a confusão de hoje acabei o deixando lá, e fui embora com você. - Camila diz rapidamente, enquanto pegava sua carteira. - Preciso chamar o uber ainda! 

“Você não pode deixar ela ir sozinha Lauren, você tem que ir com ela!” 

Alejandro fala enquanto escorava as duas mãos na mesa, e me encarava seriamente. 

—Eu posso te dar uma carona se quiser! 

—Imagina, você já me ajudou de mais por hoje Lauren! 

“Insista!”

“Que isso cara! Acho que ela já esta bem grandinha para saber se virar sozinha.”

“Você não entende, ela corre risco de vida, não pode andar por ai sozinha!”

—Eu insisto Camila, poxa, não custa nada! 

Camila me encara por alguns instante até voltar a falar. 

—Esta bem, MAS com UMA CONDIÇÃO. - Fala mostrando um dedo.

—Pode falar!

—Eu pago a conta!

—O que? Que isso, eu…

—Lauren, essa é minha condição, se não, sem acordo! - E então ela estende a mão em minha direção, em uma forma de confirmar que eu aceita-se sua proposta.

“Aceita logo.”

“Ei, se ela corre perigo, isso quer dizer que coloca a sua vida em risco também, Lauren! Pensa direito.”

—Ok, ok, você ganhou, eu aceito! - Falo apertando sua mão em seguida.

“Isso não é pensar direito.” Mike diz, revirando os olhos.

Então ela comemora, e chama a garçonete para acertar o valor.

Pagando a conta, Camila e eu saímos em direção ao meu carro, em seguida vamos em direção a faculdade, no percurso da lanchonete até lá, Camila liga o som do carro e coloca em uma rádio qualquer, que tocasse a música que ela desejasse, por coincidência ela escolhe uma das minhas favoritas também, o que nós faz cantar o percurso todo, que não é muito longo. 

Chegando na faculdade eu estaciono na frente da mesma.

—Aqui está ótimo Lauren, pode deixar que eu ando até o estacionamento.

—Você tem certeza? 

—Claro que sim! Não tem com o que se preocupar! Bem, até Lauren.

—Até Camila.

Então ela desce do carro.

“Meu Deus! Eu pedi para você acompanhar ela Lauren, você vai deixar ela andando sozinha até lá?”

“Nossa cara! Relaxa, o estacionamento é logo ali, não tem com que se preocupar.”

Alejandro revira os olhos.

“Por favor Lauren!”

Eu suspiro, desligo o carro, e saio em direção a Camila.

—Camila! Espera! 

Então ela para e se vira para mim, e da um lindo sorriso, fazendo eu rir também.

—O que? Aconteceu algo? 

—Não, eu só achei melhor vir te acompanhar.

—Não precisava Lauren!

“Precisava sim!”

—Não custa nada, então, vamos lá?

—Sim, ele esta logo ali - Ela diz apontando a direção do carro.

Então saímos em direção a ele. Em poucos instantes chegamos, então Camila começa a procurar a chave do carro na bolsa, só ai percebo como a iluminação esta péssima. 

—Viu rapidinho, sem perigo. - Ela diz enquanto procura a chave. 

—É, vi sim.

“Lauren, tem alguém vindo pra cá!”

Nesse instante eu congelo, sinto os pelos da minha nuca se arrepiarem.

—O mais difícil é achar as chaves!

“Oh meu Deus! Lauren, faça algo, corra com ela, vai!”

“O que esta louco? Não corra filha, beija ela!”

“O que? Você só pode estar brincando, esta vindo alguém, ooo amigão, e você quer que ela beije minha filha? Você acha que beijo é capa da invisibilidade?!”

“Me escuta filha, quem esta vindo não é alguém que quer fazer mal a Camila, e sim a você, se você a beijar vai afasta-lo!”

“Cala boca Michael, corre Lauren! VAI PORRA!”

Não sabia o que fazer, estava nervosa, e eles discutindo não ajudava, Camila parecia estar alheia a tudo em busca de suas chaves, podia sentir o perigo se aproximando.  

—ACHEI!

Foi com esse grito de Camila comemorando, que me fez voltar ao normal, e então eu a abracei fortemente, de inicio ela não retribuiu, mas ao passar um tempo sinto seus braços em volta de minha cintura, e ficamos assim por um bom tempo.

“Funcionou?”

“Parece que sim, o beijo fazia mais sentido para mim, mas abraço parece estar bom também.”

“Que loucura, ele já foi Lauren pode a soltar.”

Permaneci imóvel.

“Lauren?”

Foi ai que vagarosamente a soltei.

—Nossa! Isso foi inesperado. - Ela fala baixinho próximo ao meu rosto, ela estava de olhos fechados. 

—Desculpa, eu só…

—Esta tudo bem! - Ela abre os olhos. 

Nos encaramos por um tempo.

—Preciso ir! - Ela diz.

—Eu também.

—Até amanhã Laur.

—Até.

Dito isso ela entra no carro, em pouco tempo ela sai dali, e eu fico ali parada vendo ela partir, até perder seu carro de vista.

“Quem precisa de sua ajuda agora, sou eu, Lauren! Você tem que me ajudar à partir de vez!”


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