Amem escrita por Liz Setório


Capítulo 3
Luto e Pecado


Notas iniciais do capítulo

Opa, aqui está mais um capítulo. Espero que gostem ♥

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/755019/chapter/3

Não obtive resposta e quando já me preparava para ir embora, Miguel abriu a porta. Ele tinha o semblante tão triste... Os olhos lacrimejavam muito, eles haviam perdido todo o seu brilho e vivacidade. Eu nunca havia visto o meu amigo daquele jeito. Entretanto, não era para menos, a sua mãe havia morrido.

Miguel gostava muito da mãe, sempre que podia ia ao interior do estado visitá-la. E quando voltava parecia estar mais feliz, mais satisfeito com a vida.

— Eu sinto muito, meu amigo — disse o abraçando.

— Ela ainda era tão jovem, poderia viver tanto... — murmurou ainda preso ao meu abraço.

— Agora com certeza, ela está em lugar melhor, na companhia do Senhor — declarei enquanto me soltava do seu abraço.

A primeira coisa que observei ao soltar-me do abraço de Miguel foi os seus músculos. Ver o meu amigo sem camisa foi uma visão muito agradável para os meus olhos, mas tentei interromper os pensamentos pecaminosos que estavam prestes a surgir e voltei o olhar para os olhos castanhos de Miguel. Então, nós dois nos encaramos.

Primeiro um manteve o olhar fixo nos olhos do outro. Depois o nosso olhar foi caindo de maneira sincronizada, até que um estava olhando para a boca do outro. Eu tinha vontade de beijar Miguel e sabia que ele compartilhava do mesmo desejo, porém nenhum dos dois parecia ter coragem para consumar o ato tão desejado. Até que Miguel acabou com aquela situação se afastando de mim e dirigindo-se para o seu quarto. Eu fechei a porta de entrada e o segui.

Quando ele chegou ao seu quarto, sentou na cama e eu sentei ao lado dele.

— Paulo, fico feliz que tenha vindo me ver... Quem te contou? — questionou num tom de voz rouco e fraco.

— A Mariana.

— Essa mulher adora uma fofoca — reclamou.

— Deixe disso, pelo menos ela fez uma fofoca útil dessa vez. Eu não poderia te deixar aqui sozinho, você precisa de alguém para desabafar a sua dor.

— Eu não queria te incomodar — respondeu num tom de voz meio fraco, parecia dizer aquelas palavras com uma certa dificuldade.

— Isso não é incômodo — disse enquanto acariciava o rosto dele.

Ficamos em silêncio por algum tempo, todavia era como se conversássemos por telepatia, um mantinha o olhar fixo no outro. Do nada, Miguel desabou em lágrimas e eu fiquei ali sem saber como agir. Eu não sabia lidar com a morte, nunca tinha lidado com ela de um jeito tão próximo como o que Miguel estava lidando naquele momento.

O silêncio permaneceu durante algum tempo e nós dois ficamos sentados lado a lado. Eu não tinha o que dizer, não sabia quais palavras usar naquele momento. Então, o abracei e ficamos um bom tempo abraçados.

Ter o corpo dele próximo ao meu era bom. Eu me sentia seguro e sabia que dava segurança a ele também. Alguns instantes depois, ele se soltou do abraço, encarou-me e eu não resisti. Não resisti ao seu rosto triste e acabei aproximando os meus lábios dos dele e quando vi, eles já estavam unidos por um beijo. Um beijo que começou lento e tímido e depois foi tomando força... Tomando calor…

Aquele beijo além de uma união de bocas tornou-se uma união de corpos... Uma união de almas... A cada segundo eu era menos meu e mais dele e vice-versa. As mãos dele percorriam o meu pescoço e a minha nuca.  A boca, às vezes largava a minha e se concentrava em dar rápidos beijos e leves mordiscadas no meu pescoço. Aquilo me arrepiava, me excitava… Miguel estava simplesmente fazendo com que eu sentisse uma paixão louca e ardente.

Eu sentia mais e mais vontade de continuar beijando ele, os beijos de Miguel faziam eu me esquecer por um momento da minha posição como padre. Aqueles beijos ardentes me faziam até esquecer que naquele momento, eu estava vestido com uma batina, que deveria honrá-la e de forma alguma cometer atos tão pecaminosos enquanto estivesse vestido com ela.

Miguel foi se deitando na cama e eu fui me deitando por cima dele. O calor dos nossos beijos havia aumentado ainda mais, estávamos fora de si. A única coisa que importava era nos amarmos.

Aqueles beijos calorosos foram continuando, o meu corpo já estava sobre o dele, mas teve um momento em que voltei em mim. A sensação de culpa havia voltado. Eu não conseguiria continuar com aquilo. Eu não poderia continuar com aquilo. Miguel e eu já havíamos ido longe de mais. O que estávamos fazendo? Por que estávamos fazendo aquilo? Não, não poderíamos de forma alguma fazer o que estávamos prestes a fazer, aquilo seria um pecado maior ainda. E eu não conseguiria conviver com uma culpa daquelas. Já tinha culpa o suficiente para carregar para o resto da vida.

— O que estamos fazendo? — questionei rompendo a magia do momento.

— Cala a boca — disse enquanto novamente unia a sua boca a minha.

Esse beijo foi mais curto, eu logo o interrompi e saí de cima dele, me deitei na cama e tentei absorver o que estava acontecendo, Miguel fez o mesmo e durante o tempo em que fiquei deitado junto dele senti borboletas no estômago, estar ao lado de Miguel, naquela situação, era estranho e prazeroso ao mesmo tempo.

Além disso, os pensamentos naquele momento eram confusos, em alguns momentos eu queria beijá-lo e em outros, eu queria simplesmente fugir dali, porém não tinha coragem de fazer nem uma coisa, nem outra. Na verdade, o meu desejo era ficar junto a Miguel. Ele precisava da minha presença e eu também precisava da dele.

— Os seus beijos restabeleceram um pouco da minha paz, sabia? — indagou depois de termos ficado um bom tempo em silêncio.

— Os seus beijos tiraram um pouco da minha paz, sabia? — rebati.

Miguel me encarou e no seu rosto havia um leve sorriso. Ele parecia estar achando graça daquela situação, mas eu não via graça nenhuma.

— Você não tem jeito. Nunca vai entender que não serve para ser padre. Nunca vai entender que eu te amo e  você também me ama — disse num tom de voz que misturava uma leve irritação e uma forte paixão.

Eu gostava dos beijos de Miguel. Realmente adorava os beijos dele, porém também gostava da vida de padre. Sentia-me tão bem ao celebrar uma missa... Ah, como queria que fosse possível unir o amor que sentia por Miguel ao amor que tinha por Deus e pela Igreja, entretanto, aqueles eram amores inconciliáveis. Para ter um, seria necessário renunciar ao outro.

— Eu nem preciso dizer o que acho sobre isso né?

— Não, não precisa. Vem cá, eu posso te fazer uma pergunta? — perguntou em tom sério.

A seriedade que assumiu o seu tom de voz, me fez, por um momento, ter medo da tal pergunta. Até pensei em dizer que ele não podia perguntar nada, todavia a curiosidade foi maior que o medo e acabei deixando Miguel fazer a tal pergunta.

— Sim, quantas quiser.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eita, o que será que o Miguel vai perguntar? Ficou com curiosidade? Então, é só ficar ligada (o) que na próxima sexta tem mais.

Beijinhos e até mais ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.