Conte-me uma história escrita por Chão


Capítulo 8
Capítulo 8 - A sombra




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Não faço a mínima ideia de como dormi.
    "Nada de piadinhas do tipo; Ah Fechou os olhos e dormiu."
     O corpo de Vini estava colado ao meu em um posição de conchinha. Sua respiração suave tocava minha pele, causando um leve arrepio.
     Aparentemente ainda estávamos no sofá da sala dele. Só que agora havia uma coberta sobre nós.
     Ele se mexeu. Então balbuciou alguma coisa e voltou a dormir.
     Já estava de dia lá fora, e provavelmente eu estaria muito ferrado por não ter avisado meus pais que ia dormir fora. Mas como avisar uma coisa que nem eu estava planejando?
      Pensei em me levantar e sair de fininho, como a galera faz nos filmes. Mas acho que seria extremamente errado. Então apenas fechei os olhos e tentei voltar a dormir. Claro que não deu certo, então apenas fiquei ali olhando para a porta da cozinha.
       E então um leve, mas ao mesmo tempo sinistro, pensamento me ocorreu.
        Quem matou aquele cara? E quais o motivos que o levaram a aquele triste fim? E o que o Vini viu assim que chegou lá?
       Seguro o riso.
       Tô até parecendo algum detetive. Melhor ainda, tô até parecendo a turma do Scoob Doo.
          - Malt. - a voz dele soa rouca e profunda. Mas ao mesmo tempo tão baixa que por uma fração de segundos eu pensei ter imaginado aquilo.
         Havia apenas uma única pessoa no mundo inteiro que me chamava de Malt. E eu não vejo essa pena a 11 anos, deste que fui arrancado contra minha vontade da minha primeira escola. Aquela que eu sempre fico sentindo algo quando passo em frente.
         O pensamento apareceu tão rápido que foi quase possível ouvir um estalo dentro da minha cabeça.
        Meu melhor amigo da infância se chamava Vinicius. Ele sempre contava que morava em uma casa com paredes cor de floresta a algumas quadras depois da escola.
       NÃOOOO. Não pode ser. Seria uma puta coincidência, não é?
        E agora meu corpo está tão agitago que não consigo nem ao menos ficar deitado. Mas algo me impede de fazer movimentos bruscos e acorda-lo.
         Os minutos estão se arrastando de uma forma torturante. Minha pele está formigando.
        Seus lábios tocam meu pescoço.
     ( Por dentro)
    " AHHHHHHHHHHHH ELE FINALMENTE ACORDOU. UHUL"
     ( Por fora)
     - Bom dia. - faço minha melhor voz de sono, soltando um bocejo logo em seguida.
     Me viro, ficando de frente para ele. Seus olhos encontram os meus e ele sorri, assim como eu.
      - Nem pense em me beijar. - solto outro longo bocejo só para disfarçar. - Devo tá com um bafo horrível.
      - Nem me passou pela cabeça.
      "Seria um bom momento para perguntar? Acho que não."
       - Vini. Você estudou num coletivo chamado Edmundo de Carvalho?
       Aquilo soou mais como uma afirmação do que uma pergunta.
       Ele se sentou, apoiando os braços sobre os joelhos.
       - Sim.
       - Lembra na segunda série. Primeiro dia de aula, um garoto entra de muletas na sala e todos fazem piadas?
        - Claro, esse garoto era eu.
        Meu coração da uma palpitadas a mais.
        - Lembra que da sala inteira apenas uma pessoa não fez piadinhas?
         - Lembro. Eu sentei do lado dele e perguntei porque ele não havia me zoado.
         Vini virou o rosto e me encarou.
         - E ele respondeu que se fosse com ele, ele não iria querer que...
         - Todos o fizessem de piadinha. - seus olhos se arregalaram. - Malt?
          - Vi! - e agora nós estamos chorando feito crianças.
          Seus braços me apertam com força, assim como os meus o apertam com mais força ainda. Ou pelo menos era o que eu achava.
          - Eu te procurei por muito tempo. - sussurrei. - Mas não sabia como te achar. 
          - Eu também. Você desapareceu da escola de uma hora para a outra. - ele me lançou um olhar zangado. - Por que você me abandonou?
          - Eu não te abandonei. Meus pais que me obrigaram a mudar de escola da noite pro dia. Literalmente.
          Vini pegou um travesseiro e o bateu contra mim.
       - Isso é por ter sumido, sendo sua culpa ou não.
        -  Ei. - peguei o meu travesseiro e bati nele. - Isso é por - parei pensativo - ter dado uma de Carrie.
         E assim começou a nossa briga de travesseiros. Que durou até um vaso cair e se espatifar ao chão.
        - Acho que alguém tá encrencado.
        - Odiávamos esse vaso. - Vini se jogou sobre mim, prendendo meu corpo contra o sofá.
         Seu rosto se aproximou do meu e seus lábios tocaram os meus em um beijo lento.
          Deslizei minha mão por sobre suas costas, o puxando cada vez mais para perto de mim.
         Então nós rolamos, o que me fez ficar por cima.
         AS CENAS A SEGUIR SÃO PROIBIDAS PARA MENORES DE 18 ANOS.
          Mas como eu sei que provavelmente vocês sabem mais de sexo do que eu...
          Suas mãos entraram por dentro da minha calça, enquanto ele apertava minha bunda com força.
           Tirei a camisa, o que o fez tirar também.
           Seus lábios tocaram meu pescoço, traçando um caminho até minha clavícula. Sua mão se enroscou em meu cabelo, puxando minha cabeça para trás. O que me fez soltar um gemido baixo.
           Deslizei as mãos por seu tronco definido e nu, indo de encontro até o botão de sua calça. O qual eu abri, revelando a cueca preta.
          Ele deslizou pelo sofá, o que o fez ficar deitado.
          Nossos lábios se juntaram novamente. E então eu passei a beijar seu corpo, passando pelo pescoço, indo em direção ao mamilo e lambendo até chegar na extremidade da cueca.
         E foi aí que a porta se abriu, me fazendo saltar para fora do sofá e cair sentado no chão.
          - Aí meu Deus. - disse a mulher de longos cabelos escuros. Ela se parecia com o Vini, a mesma face rosada, com algumas sardas.
           - Eu posso explicar. - disse Vini enquanto vestia a camisa e se sentava.
           - Você sabe que não nos importamos com seus namorados aqui em casa, mas vão para o quarto. - disse o homem que começava a ter cabelos grisalhos.
          - Mãe, pai. - Vini olhou para mim. - Esse é o Matheus. Malt esse são os meus pais.
          - Oe. - senti meu rosto esquentando.
          - Não tenha vergonha, querido. - a mãe dele sorriu. - Venham, nos ajudem com as compras.

          E foi assim que eu conheci os pais do garoto por quem eu estava me apaixonando. A mãe dele me pediu para chama-la de Carla, assim como o pai dele me disse para chama-lo de Manoel.
          - Nós visitamos seu irmão. - disse dona Carla sentando na extremidade da mesa. Ela cruzou os braços e lançou um olhar triste para Vinicius.
           - E como ele está? -perguntou ele. Seu olhar se tornou triste, assim como o da mãe.
           - Melhorando. - ela deu um sorriso fraco, enquanto o marido a tocava gentilmente no ombro.
           - Eu já posso vê-lo?
          - Ainda não querido. Ele precisa de um tempo.
          - Quanto tempo?
          - Alguns meses.
        E assim eu descobri que ele tinha um irmão. Mas preferi deixar a pergunta que não quer calar para mais tarde.
         E como em um piscar de olhos, o clima pesado desapareceu e logo estávamos rindo e devorando alguns salgadinhos.
         Vini e eu contamos como descobrimos que supostamente éramos melhores amigos no fundamental e como acidentalmente nos reencontramos. Também contamos sobre o acontecimento de ontem, e sobre precisarmos ir a polícia para mais depoimentos.
     Os pais dele ligaram para os meus e disseram que estava tudo bem comigo e pediram para eu passar o resto da tarde com eles. Não que fosse algo ruim, pelo contrário, diferente dos meus pais, eles eram legais. Não que os meus não fossem, mas sabem como é. Os pais dos outros sempre são mais legais que os seus.
        E quando dei por mim, lá estava eu ouvindo como eles nos encontraram deitados no sofá da sala e nos cobriram com a coberta. E como se conheceram em uma boate.
       
        O resto da tarde passou em um piscar de olhos e quando começou a escurecer do lado de fora, eu decidi que estava na hora de zarpar.
         - Gostei dos seus pais. - comentei enquanto chegávamos ao ponto.
        - É, eles são legais. - ele sorriu. - Amei passar o dia com você.
        - Foi estranho, mas legal.
        E então o ônibus se aproximou. Os lábios dele tocaram os meus e em seguida tocaram minha testa.
         - Me avisa quando chegar em casa. - disse ele enquanto eu entrava no ônibus.
        - Sim, senhor. - a porta se fechou e ele caminhou na direção oposta.

Vinicius

        Ele enfiou as mãos no bolso da calça. O vento morto rodopiou ao seu redor e agitou as copas das árvores.
        A silhueta escura estava parada ao fim da rua, embaixo da luz alaranjara de um poste. A máscara de esqui escondia o rosto, deixando apenas os olhos a monstra. A roupa escura dava-lhe um ar sombrio.
        Ele girou algo em meio aos dedos e caminhou na direção do garoto.


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Notas finais do capítulo

Alô alô
O capítulo novo chegou
Então já sabe né?
Compartilha com os amigos
Da aquela comentada marota e faça o tio Chão bem feliz
Sz



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