Conte-me uma história escrita por Chão


Capítulo 7
Capitulo 7 - Um crime no fim de tarde




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Era um lindo fim de tarde. Com o Sol se pondo e uma leve brisa morna. 

            Vini e eu estávamos sentados na praça ao lado do shopping. Exatamente no meio dela, onde as copas das árvores eram mais grossas. As folhas acima de nós se agitavam de forma preguiçosa. Algumas caiam lentamente ao redor e em cima dos bancos de pedra. 

            Vinicius estava me contando como havia sido sua semana. E o motivo de ele ter sumido durante ela. 

            - Isso nem é uma desculpa válida. - o encarei de baixo para cima. Já que minha cabeça estava deitada em suas coxas. 

            - É sim. - ele revirou os olhos de modo preguiçoso. 

            - Não é não. Cadê as provas? 

             - Quer que eu ligue pro meu pai? - ele fez que iria mexer no bolso da calça.  - Ele comprova que passei a semana na empresa. 

            - Sei viu. - sua mão se chocou contra minha testa de forma leve. 

             - Calado, Donnie! 

             Ele estava preste a falar alguma coisa quando o som de algo estourando cortou o ar. Era como o som de um tiro.

            Seus olhos encontraram os meus de modo preocupado. 

             - Não saia daqui. - ele mexeu a perna, me fazendo levantar. 

            - Que? Pra onde você tá indo? – O encarei de modo preocupado. – Você pode levar um tiro também.

            Mas já era tarde demais. Ele já havia corrido. 

            Andei de um lado para o outro, tentando ver alguma coisa, mas nem sina dele. 

            E então como na cena de um filme de terror, ele apareceu com as mãos cheias de sangue. 

             - Chama a polícia! 

            - O que aconteceu? - Perguntei olhando para suas mãos. 

            - Alguém foi baleado. - e então ele correu para o outro lado da praça, a que tinha uma quadra de futebol. E começou o trabalho de lavar as mãos.

 

•••

            A polícia apareceu quinze minutos depois, e eu nem sabia o que responder para eles. 

        - Então vocês ouviram um tiro e resolveram ver do que se tratava? - perguntou o policial. 

      Juro que tentei me concentrar na pergunta, mas minha mente se perdeu em algum lugar entre a careca dele e os olhos incrivelmente verdes. 

        - Isso. - respondeu Vini. Ele segurava minha mão com tanta força que estava começando a incomodar. Sua palma estava suada.

        - E vocês não viram o assassino?! - eu não sei se isso foi uma pergunta ou uma afirmativa. 

         - Quando eu cheguei lá o cara já tava caída no chão, com um tiro na testa e outros pelo corpo.

        - Então o senhor estava sozinho? 

        - Não senhor. - respondi de forma carrancuda. - Ele saiu correndo na frente, coisa de alguns segundos só. Então eventualmente chegou primeiro. 

            O policial fechou o bloco de notas e nos lançou em olhar desconfiado. 

            - Eu preciso que os senhores compareçam na delegacia amanha. – então ele se virou e saiu caminhando.

            E foi desse jeito que uma bela tarde prazerosa se transformou em um pequeno pesadelo. 

            Segundo Vini. O cara devia ter uns 25 anos. Cabelo escuro e uma pele pálida. Acho que devido à morte. Usava uma jaqueta de couro e calça jeans. 

            Estávamos caminhando em direção ao ponto quando Vini parou bruscamente. 

            - O que aconteceu? - perguntei o encarando. 

            Então ele se inclinou para frente e me abraçou com força. Deixando as lágrimas rolarem pelo rosto. 

            - Tá tudo bem. - afaguei seu cabelo com uma mão e deslizei a outra por suas costas. 

            Ele chorou por um longo tempo, e eu não sabia o que fazer. Tipo, eu nunca sei o que fazer quando alguém chora perto de mim. Então fiquei ali dando tapinhas em suas costas e dizendo: - Está tudo bem!

            Vini limpou as lágrimas e me encarou com olhos vermelhos. 

             - Não precisa nem dizer nada. Deve ter sido horrível ver aquele cara morto. 

            Ele balançou a cabeça confirmando. 

            - Pessoas morrem todos os dias, Vini. - O QUE EU TÔ FAZENDO? - Mas nós nunca estamos preparados. 

           - Eu sei. - disse ele em uma voz rouca. - Mas ninguém deveria ter o direito de tirar a vida de ninguém. 

            - Não sabemos quem era o cara. Talvez ele fosse um serial Killer e alguém tenha se defendido. Ou talvez ele fosse algum traficante. 

             - Ou talvez ele só fosse um pai de família. 

             - Sim. - encarei o chão. - Mas não saberemos isso por agora.  

             Levantei a cabeça voltando a encara-lo. 

             - E, por favor, quando você encontrar um corpo não sai metendo a mão. Eu entendo que você tava querendo ajudar, mas a polícia não vai entender isso. Pelo menos não muito bem. 

           - Eu não sabia o que fazer. - Vini desviou o olhar. - Eu sou um inútil. 

          - Que? Você não é não! 

          - Sou sim. 

          - Vini, ele levou um tiro na cabeça. O que exatamente você esperava fazer? Usar a pedra da ressurreição? 

            - Eu não sei droga! EU DEVIA TER FEITO ALGUMA COISA. 

            E foi nesse exato momento que aconteceu. O tão esperado beijo. 

            Tá, não havia sido exatamente assim que eu havia imaginado, mas aconteceu.

            Seus lábios eram macios e confortáveis de se beijar.

             - Você é um herói. - sorri para ele. - Pelo menos pra mim. 

             Suas bochechas estavam avermelhadas, assim como o resto de seu rosto. 

             A grande lata verde, também conhecida como ônibus, apareceu. Eu estava para dar o sinal, mas Vini me fez abaixar o braço. 

            - Você precisa mesmo ir? - perguntou ele. - Ainda são sete e quinze.  

             - E o que você sugere fazermos? - Perguntei observando o ônibus passar por nós. 

            - Eu tô sozinho em casa e tem Netflix. 

             Lancei olhar desconfiado para ele.

            - Netflix? Sei viu. - disse maliciosamente. - Vamos chegar lá e nem TV vai ter. 

            Ele riu.           

            - Eu tô falando sério, idiota. – e então revirou os olhos. 

           - Tá.  Vou confiar em você. 

 

•••           

 

A casa dele era bem legal. Tirando as paredes verdes. Elas me lembravam da sensação de estar enjoado.

            A sala de estar era de um tamanho médio e era bem confortável. Com um daqueles sofás-camas e uma TV de uns 60 polegadas presa a parede por um painel marrom escuro. 

            Vini puxou o sofá, transformando-o em uma cama. 

            - Fique a vontade. - disse ele. 

            Larguei a mochila ao lado do sofá e sentei nele. 

             - Eu quase nunca trago pessoas aqui, então você quer beber alguma coisa? 

            - Sei lá. - dei de ombro. - Traz qualquer coisa. 

            Vini desapareceu pela porta que provavelmente dava para a cozinha. 

            Minutos depois ele apareceu com dois copos das Marvel de 500ml é um balde gigante de pipoca cheio de Doritos e outros salgadinhos. 

          - Eu não sabia o que trazer. - disse ele sentando ao meu lado. 

          - Mas isso tá perfeito. - peguei meu copo e tomei um gole. 

          Seu braço passou atrás das minhas costas e ele me puxou para mais perto, me fazendo deitar a cabeça em seu ombro. 

            E foi desse jeito que um dia completamente estranho, com um assassinato, se tornou agradável novamente. Mas por quanto tempo duraria essa paz? Quais segredos nosso pequeno príncipe estaria escondendo sobre o que encontrou ao ver o corpo do rapaz baleado ali naquela praça? 

            Respirei fundo, afastando todos os pensamentos desnecessários e prestei atenção no filme. 


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Notas finais do capítulo

OLHA QUEM VOLTOU LINDAMENTE PARA VOCÊS

Espero que gostem sz

Beijos do Chão



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