Conte-me uma história escrita por Chão


Capítulo 6
Capitulo 6 - Um estranho na noite




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Vinicius

Vinicius caminhou pela rua deserta. O vento frio o fez se arrepender de não ter trazido moletom. Ele colocou os fones e cruzou os braços. 
Tentou sorrir enquanto lembrava-se dos acontecimentos da noite, mas seus pensamentos o derrubaram logo de início. Pensamentos sombrios que o fazia se achar a pior pessoa do mundo. 
    Ele dobrou a esquina que dava na rua para sua casa. A velha casa verde nunca parecerá tão sombria. 
   O portão se abriu com um rangido, que soou mais alto e assustador ao fechar. 
    As luzes se acenderam de forma triste. 
   "Fomos jantar na tia Eliza." Informava o enorme bilhete preso a geladeira. 
Seus pais nunca foram muito fãs de celulares, não que eles não tivessem, para enviar mensagens ou nas raras vezes fazer uma ligação. Eles costumavam dizer que celulares deixam as pessoas burras. 
Vinicius subiu a passos lentos em direção ao quarto. Então fechou a porta atrás de si e passou a despir-se. 
O reflexo magro refletiu no espelho, de forma pálida e assustadora, destacando a cueca boxe preta.
Ele deslizou a mão por sobre a cueca, enquanto ficava excitado. Sua mão se fechou ao redor do volume avantajado, o apertando de forma prazerosa. 
Vinicius deitou sobre a cama e tirou a cueca, revelando um pênis consideravelmente grande. Ele lambeu a mão e a deslizou por sobre o membro endurecido, revelando uma glande grande e rosada. As veias se destacavam enquanto ele se tocava de forma lenta. Ele lambeu os dedos da outra mão. Então introduziu o indicador em seu anus, fazendo movimentos lentos. 
Ele soltou um leve gemido e então introduziu o segundo dedo. Fazendo movimentos circulares. Aumentando o ritmo da masturbação. 
Seu corpo enrijeceu e um leve arrepiou o atravessou. Ele soltou um longo e alto gemido enquanto atingia o ápice do prazer, fazendo o gozo jorrar em jatos fartos. Sua respiração estava pesada e entrecortada.
Ele se levantou e caminhou em direção ao banheiro. 
A água quente o fez relaxar. Ele fechou os olhos e soltou um longo suspiro. Seus pensamentos indo e voltando para o mesmo garoto que foi o motivo de todo o prazer. Mas logo se pegou pensando em como era horrível por ter usado alguém tão doce para suas últimas masturbações.

Matheus


Eu simplesmente não consigo voltar a dormir. É como se tivesse terra ou pedaços de cascalho sobre o lençol e meu travesseiro fosse de pedra. 
Sentei, encarando a porta do guarda-roupa. Eu nunca fui muito fã de dormir perto de espelhos, então a porta de meu guarda-roupa era escura, daquelas de correr. 
Mandei mensagem para o Vini, mas ele não me respondeu. Pelo menos não mais. 
E pensar que eu estava tendo sonhos tão maravilhosos. 
Respirei fundo e caminhei até a cozinha, fazendo o mínimo de barulho. Abri a porta, com a maior suavidade. 
A cozinha estava limpa, com o leve cheiro de produto de limpeza. É alguém teve que passar pano. 
Abri a geladeira e peguei uma lata de coca. 
Alguém andou no andar de cima, o que me fez ficar em silêncio por um tempo. Os passos estavam indo em direção a escada. 
"Mas pera aí. Eu estou sozinho em casa." 
Apaguei a luz e me abaixei atrás do balcão. 
A pessoa agora estava no andar de baixo. Em algum lugar da sala. 
Então o som de vidro se partindo ecoou. E alguém xingou baixinho. 
Nesse momento eu já estava cagado de medo e segurando meu chinelo, pronto para atacar a pessoa. 
— Math. - a voz embriagada cortou o ar.

Senti o ódio crescendo. Inflando como um balão vermelho preste a estourar.
— PUTA QUE PARIU NICOLAS! - levantei em um salto, atirando o chinelo em sua direção. Esse passou um pouco longe. - NÃO FAZ MAIS ISSO, GAROTO! 
Nicolas segurava uma garrafa de Askov azul. A camisa de botão estava aberta até a metade. Ele cambaleou até o balcão e se apoiou nele. 
— Eu precisava te ver. - disse ele de forma embolada. O que me permitiu entender apenas; "Eu plecisa tevi"
— Não precisava não. - o fuzilei com os olhos. - Sai da minha casa. 
— Não seja mal. - ele largou a garrafa e se moveu em minha direção, derrubando algumas coisas do balcão. Por sorte eram todas de plástico. 
Dei alguns passos para o lado, afim de me afastar dele. 
— Nem mais um passo, ou eu te acerto. - tentei manter o tom sério. Apesar que eu estava puto já. 
Nicolas fez um carinha de cachorro sem dono. 
— Como você entrou na minha casa? - cruzei os braços. 
— Panela. - então ele jogou a cabeça para trás e riu. - Você esqueceu a panela aberta. 
Revirei os olhos ao lembrar da cerca viva que dava para escalar até meu quarto. Era uma ótima rota de fuga, mas eu teria que dar um jeito. 
Estava tão absorto em meus pensamentos que só reparei que Nicolas estava no chão quando o baque surdo me fez olhar para ele. 
— Só pode ser zoeira. - me aproximei dele. - Vamos lá, Nicolas. 
Dei alguns tapas no rosto dele, mas isso resultou apenas em algumas palavras sem nexo. 
— Eu mato esse garoto. - segurei Nicolas pelos braços e o arrastei em direção à sala.
Agradeci em silêncio por carregar coisas pesadas quase todo dia e conseguir carregá-lo para cima. Também agradeci em silêncio por meus pais terem ido viajar. 
Fechei a porta do banheiro e tirei a roupa de Nicolas, o colocando embaixo do chuveiro logo em seguida. 
Nem ferrando que eu ia tomar banho gelado naquele frio. Então o deixei sentado por um tempo tomando água gelada na cabeça e quando achei que estava bom o suficiente, mudei o chuveiro para o quente. 
— Eu mato você. - o tirei para fora do Box e comecei o trabalho de secar-lo. - 19 anos e passando vergonha na casa do ex. Agora só falta vomitar até as tripas. 
Felizmente isso não aconteceu. 
Carreguei Nicolas para meu quarto e o coloquei deitado na minha cama. Puxei a cadeira da escrivaninha e sentei ao lado, o observando dormir. 
"Está sendo uma noite bem longa" - enviei para Vinicius. 
Esperei alguns minutos, mas não houve qualquer resposta. 
Empurrei o corpo de Nicolas para o canto da parede e deitei, ficando com meus pés na direção de sua cabeça. Coloquei um braço atrás da cabeça e respirei fundo. Seria uma noite muito, mais muito longa. 
Fechei os olhos. O rosto dele surgiu de forma clara. Com aquele sorriso incrível.

Soltei um longo suspiro e virei para o lado.

•••

E foi naquele exato momento que dois corações se ligaram de uma forma inexplicável. Mas como toda história de amor, essa não poderia faltar um perigo. E o deles estava apenas chegando.

Vinicius olhou o visor do celular e leu as mensagens, mas preferiu não respondê-las. Largando o celular sobre a cama logo em seguida.

Ele caminhou até o banheiro e abriu o pequeno armário de madeira branca. Tirou o pote de remédios e tomou um dos vários comprimidos que ali se encontrava.

Seu reflexo estava pálido, com uma aparência horrível.

A forma escura pairou sobre ele, o fazendo rir. Então se virou e caminhou de volta para a cama. Dessa vez caindo em um sono pesado.


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Notas finais do capítulo

Hey, desculpem-me pelo atraso.
Deixa aquele coment maravilhoso que me ajuda muito ♥

Beijos do tio Chão



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