Conte-me uma história escrita por Chão


Capítulo 4
Capitulo 4 - Corpos Balançando




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A dor de um término pode ser irritante. Quanto mais você quer esquecer, mais ela tritura nossos pobres corações. Dilacerando-os e trazendo os piores pensamentos sobre nós mesmos.

            Passei a noite esperando uma ligação que não aconteceu. Nem mesmo uma mensagem. E como eu era idiota e iludido, fiquei criando teorias de que ele havia perdido meu número ou tomado banho e apagado ele. Parte de mim só queria alguém para desabafar, a outra parte estava louca para ouvir sua voz. 

            Às vezes minha trouxisse passa dos limites. 

            Para vocês terem idéia, eu até mandei mensagem pro Nicolas pedindo desculpas. Mas tudo o que recebi de volta foi um emoticon de dedo do meio. 

            É eu sou muito idiota. Muito mesmo.  

 

*.*.*

 

              Devia ser por volta de três da manhã, e eu já estava babando feito um buldogue, quando meu celular começou a tocar. Cada toque parecia uma martelada em minha cabeça. 

            Tentei ler o visor, mas as letras estavam borradas demais. 

            - Alô. - disse atendendo a ligação. Completamente grogue de sono.

            Ninguém respondeu.

             - Cara, são três da manha, ninguém deveria passar trote a essa hora. - girei na cama, ficando de barriga para cima. 

            Estava um puta frio do lado de fora do quarto, mas lá estava eu dormindo de cueca. 

            Eu juro que ouvi a respiração de alguém, seguida de uma fungada de choro. 

            - Está tudo bem. Não precisa chorar, eu não vou perguntar qual o seu filme de terror favorito. – E ai a pessoa desligou na minha cara.

            Tipo, realmente desligaram na minha cara. 

            - Que grosseria. - coloquei o celular de volta no lugar, ou seja, em cima do criado mudo. 

             Precisei nem fazer esforço para voltar a dormir. Assim que fechei os olhos, minha mente se apagou de modo repentino. E eu tive o sonho mais louco da minha vida. 

             Eu estava correndo, pelado, do jeitinho que vim a esse belo mundo. E tinha um pregador de roupas gigante gritando: - Eu vou pendurar você! 

            Acordei com minha testa se chocando com força contra a parede

            - Que merda. - murmurei me sentando. Esfreguei o ponto dolorido. 

            Meu alarme tocou, me fazendo ter vontade de jogar meu celular contra a parede. Mas como eu não sou rico e não ganhei na mega sena, ainda, apenas desativei aquele monstro horrível. 

            Tomei banho e escovei os dentes enquanto a música tocava na minha JBL. 

            Eu nunca gostei do som que "caixinha de som" produzia. Então sempre preferi dizer a marca. E é do mesmo jeito com os outros aparelhos eletrônicos.

            Meia hora depois e lá estava eu, lindo e cheiroso pronto para encarar mais um dia totalmente entediante. Felizmente por ser férias, eu podia dormir muito mais. 

              Estava frio lá fora. Tipo, mesmo com o moletom e a touca, eu continuava sentindo frio. 

              Durante o trajeto do ônibus minha mente ficou viajando entre a ligação de ontem à noite e os carinhas gostosos que estavam correndo ao lado do ônibus. E a ligação venceu, quase me fazendo perder o ponto em que eu descia. 

 

*.*.*

 

 Era por volta das 15h00min quando meu celular vibrou, mostrando uma mensagem do número da noite passada. 

            "Desculpa, nem sempre serei corajoso." 

            Algo dentro de mim se revirou e eu sorri que nem um pateta. 

             "Não precisamos ser corajosos o tempo todo, algumas coisas boas caminham juntamente com o medo."

              (Celular vibrando com três novas mensagens) 

             "Vou ter a sorte de te ver hoje?"

             "Eu saio da academia na mesma hora"

            "Diz que sim?"

              Eu queria responder com um "Não, tenho coisas para fazer hoje”. Mas quando eu vi meus dedos já haviam criado vida e digitado um “Sim, claro". 

            (Sem garotos, Matheus. Sem garotos.) repeti esse mantra durante o dia inteiro. E quando chegou à hora de ir embora, todo o meu corpo teve um colapso e eu sai saltitando do trabalho. 

             Eu sou uma decepção para mim mesmo. 

 

*.*.*

 

            Ele não estava lá quando eu cheguei. 

            A praça estava vazia e solitária, assim como eu. Ta, eu to exagerando. Tinha algumas pessoas na praça, mas eu realmente estava me sentindo sozinho. 

            Os minutos se passaram devagar e eu já estava me preparando para ir embora quando ele surgiu. Tão belo que meu coração deu umas palpitações a mais.  

           Ele estava vestindo uma camisa com gola V azul escura, calça preta e um tênis branco.

            Seus lábios se abriram em um sorriso e ele acelerou o passo. 

          - Me perdoa. Sério. - ele se sentou. - Eu juro que não era minha intenção atrasar. 

          - Sortudo. Eu já tava indo embora. 

           - Mas só foram dez minutos. 

           Tirei o celular do bolso e olhei as horas; 19h10min.

            - Eita. - sorri sem graça. Guardei o celular no bolso. - Acho que quem chegou cedo demais foi eu.

            - Acontece.

             Ficamos nos encarando por um tempo, e aquele silêncio reinou. Mas não de forma desagradável. 

            - E então, qual o motivo do seu atraso? 

            - Eu parei pra tomar banho. - ele balançou a cabeça, fazendo algumas gotículas de água cair em mim. 

            - Pelo menos é uma desculpa válida. - sorri. - Por que você estava chorando ontem? 

           - Como assim? - ele me lançou um olhar confuso.

           - Na hora que me ligou. Você tava chorando, eu ouvi a fungada. 

           - Mas eu não te liguei. 

           - Como não? - tirei o celular do bolso e mostrei a ligação para ele. - É o seu número. 

            - Eu não tava tão bêbado assim. Juro. 

 

            - Como assim? 

 

             - O Zac terminou com a namorada ontem, então como eu sou um ótimo amigo, eu levei ele pra beber e afogar as mágoas. 

        Vinicius se levantou, e me puxou para ficar em pé também. 

 

            - Talvez tenha até sido ele que ligou. - disse ele assim que começamos a caminhar. 

 

            - E por visto ontem foi o dia do término. - deixei a mochila pendurada em apenas um ombro. 

             - Explica. 

            - Ontem eu terminei com o Nicolas, ou ele terminou comigo. - virei o rosto mostrando a mancha roxa que começava a desaparecer. 

            - Eu mataria ele por ter triscado em você. - Vinicius ficou sério, o que deixou a atmosfera ao nosso redor pesada de algum jeito. - Ele já havia feito isso antes? 

            -   Não. Foi até meio engraçado. - comecei a rir ao lembrar da cena. - A gente tava discutindo e aí eu chamei ele de broxa e "bum", levei um soco. 

          - Pera. Que? - Vini me encarou e então começou a rir. - Você acabou com a auto estima do garoto.

          - Eu disse apenas a verdade. 

         Passamos por um ponto mal iluminado da praça e ele parou. Sua mão se fechou ao redor do meu braço, de modo gentil. Ficamos nos encarando por um longo e interminável minuto. Seus olhos estavam mais escuros e profundos, como se estivessem me convidando para descobrir um grande e misterioso segredo. 

           - Theus. - disse ele em um sussurro rouco. 

            - Se você me dizer que é um vampiro, eu vou começar a rir. 

            - Que? - ele arqueou as sobrancelhas. - Eu não sou um vampiro. 

            Seus dedos se entrelaçaram aos meus. E eu senti aquele arrepio percorrer meu corpo. 

           - Também vale pra lobisomem. 

      - Eu não sou nenhuma criatura sobrenatural. - ele revirou os olhos.

 Vini enfiou a mão livre dentro do bolso e puxou dois fones de ouvido brancos e o celular, na entrada do conector estava aquele adaptador que dava para colocar dois fones de uma vez. Ele colocou o dele e me convidou a colocar o meu. 

            - Me concede uma dança? - Perguntou ele de modo convidativo. 

            - Talvez. - coloquei minha mochila no chão e segurei sua mão. 

            Ele colocou as duas mãos em minha cintura, enquanto a melodia de Oceans começava a tocar. Nossos corpos balançavam lentamente, enquanto o vento frio agitava as folhas secas ao nosso redor. 

            Se isso não fosse a vida real, eu diria que estava dentro de um filme da Disney. 

          Seus olhos encaravam os meus, e os meus encaravam os dele, tentando decifrar algo que parecia impossível. 

           Conforme a música ia terminando, nossos corpos se aproximavam cada vez mais. Seu coração batia forte dentro, assim como o meu. E então, em uma fração de segundos. Em um piscar de olhos algo aconteceu. 


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Notas finais do capítulo

Olá pudins

Primeiramente deixa eu informar que os caps sairão Seg, Quarta e sextaaaaa o/

Segundo eu peço desculpas por esses erros, eu tentei concertar mas continua desse jeito, então preferi postar a deixar vocês sem cap ♥

Espero que tenham uma ótema leitura



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