Conte-me uma história escrita por Chão


Capítulo 15
Capitulo 15 - Uma Invasão




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            O alarme soou de forma aguda, como a sirene de uma ambulância. Luzes alaranjadas se acenderam no teto, piscando de frenética. Eles foram descobertos.

            Zack praguejou enquanto ele e Isabella corriam pelo longo corredor. Seu coração parecia querer saltar pela boca a qualquer momento. Os gritos vindos do outro lado das portas de madeira apenas os fizeram correr mais rápido. Eles derraparam pelo chão, parando no meio da encruzilhada de corredores. Zack e Isabella encararam os corpos dos seguranças que se posicionavam em ambos os lados do corredor em que eles antes seguiam. As armas de choque e os cassetetes pareciam ameaçadores demais.

            - Droga. Mais alguma ideia? – Perguntou Zack. Ele se preparou para lutar se fosse preciso.

            - Só uma. – respondeu Isabella com firmeza. – Mas vou precisar que você confie em mim.

            - Tenho alguma outra escolha?

            - Não. – Ela segurou a mão de Zack, e juntos voltaram a correr pelo corredor da direita.

            Seus passos, e os de seus perseguidores, ecoavam pelo corredor. Os dedos de Isabella apertaram os de Zack com mais força ainda. Sua respiração ofegante. Seus olhos encarando a enorme janela ao fim do corredor.

            “Não podemos morrer.” Pensou a garota enquanto seus corpos se aproximavam cada vez mais da janela.

            - Péssima ideia! – Gritou Zack.

            O som de vidro se partindo cortou a noite, e então se misturou com a forte tempestade que caia.

 

Algumas horas atrás

            Isabela suspirou irritada ao ouvir a voz dizendo que a ligação estava indo para a caixa postal. Seu cabelo loiro se agitava com o vento forte que entrava pela janela aberta do carro.

            - Nada? – Perguntou Zack do banco do motorista.

            - Nada. – respondeu sem tirar os olhos da estrada. – Já estamos chegando?

            - Quase lá. – Zack virou à esquerda, entrando em uma estrada cercada por plantações de eucaliptos. – Como você e o Matheus se conheceram?

            - Primeira semana na quarta série. – Isabella digitou algo no celular, então o bloqueou e enfiou no bolso da jaqueta jeans. – Ele tava meio perdido e sentado sozinho no pátio. Então eu fui falar com ele, e desde então nunca mais nos separamos. E você e o Vini?

            - Me mudei do Sul para cá com seis anos. Morei na casa ao lado, ele e o Eduardo foram meus primeiros amigos.

            - E como o Eduardo é? – Perguntou Isabella olhando para o lado de fora. – Tipo, por que ele está nesse lugar?

            - O Edu é um cara incrível. Tipo, ele sempre foi bom em tudo o que fazia. – Zack se calou por um longo segundo, como se escolhesse as palavras corretas para falar. – E então ele fez algumas escolhas erradas. Amigos errados e começou a usar coisas pesadas. Tentamos ajudar, mas o que íamos fazer? Éramos dois moleques de doze anos tentando salvar um garoto de dezoito.

            - E o que aconteceu? – Isabella colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha.

            - Ele e os amigos começaram a roubar. Em um desses assaltos, um dos garotos atirou no frentista do posto. O Eduardo não sabia o que fazer, ele não queria fugir e deixar o cara lá para morrer. Então ele ficou, ligou para os pais e esperou pela polícia.

            - Nossa, eu realmente nem sei o que falar. – Isabella olhou para Zack. – E depois?

            - Ele foi acusado, mas como não foi o autor do tiro, pegou uma pena leve de pois foi mandado para cá. – Jack diminuiu a velocidade do carro. – Chegamos.

            Isabella encarou o enorme portão de ferro que bloqueava o caminho de pedra até a enorme construção branca ao fundo. As gordas copas das arvores lançavam sombras sobre o carro. A construção se erguia em dois andares com varias janelas. Cercadas por arvores altas e verdes, que davam um aspecto antigo ao lugar. Nuvens densas e cinzentas fechavam o tempo.

            - Isso é uma clínica ou uma mansão mal-assombrada?  – Perguntou Isabella.

            - Talvez os dois. – Respondeu Zack após soltar um longo e alto assobio. Ele abaixou o vidro e então tocou o interfone.

            - Clínica Maria Rosário. – disse uma voz feminina e irritada. – O que deseja?

            - Hey, o meu nome é Zack Austin e vim fazer uma visita para o meu primo.

            - Nome do paciente?

            - Eduardo Leão. – Respondeu Zack.

            - Seu nome não consta na lista de autorizados para visita-los.

            - Eu sei, acho que meus tios esqueceram de avisar. – Zack olhou para Isabella. Então inclinou a cabeça de volta para o interfone. – Aconteceu uma coisa com o irmão dele e eles pediram para eu vir.

            - Desculpe, mas não posso ajudá-lo.

            - Vai ser uma visita rápida. 

            O interfone ficou mudo.

            - Moça? – Zack apertou o botão novamente, mas desta vez não houve resposta.

            Um longo minuto se passou, deixando apenas o som dos galhos balançando preencher o ar. Zack bateu a mão contra o volante.

            - E agora? – Perguntou Isabella.

            - Eu não sei. – Respondeu Zack irritado. – Podíamos pedir para o Vini tentar liberar para nós.

            - Ele também não pode entrar. – Isabella olhou para fora, para os muros. Então olhou para o chão e depois para o teto do carro. Ela mordeu o lábio inferior, de modo pensativa. – Eu tive uma ideia, mas vamos precisar esperar anoitecer.

            - Por que alguma coisa me faz ter medo dessa ideia? – Perguntou Zack a encarando.

            - Porque podemos ser presos. – Isabella retribuiu o olhar. – Agora dirige para fora da estrada.

O vento frio, carregado pelo fim de tarde, agitou o moletom de Zack. Ele cobriu a cabeça com o capuz enquanto sentava sobre o capo do carro.

            - Então me explica o plano, de novo. – Zack a olhou dentro do carro.

            - Se subirmos no teto, da para apoiar no muro e pular. Então, damos um jeito de entrar, vamos até o quarto dele e pronto. Bem simples.

            - E a parte de sermos presos?

            - Isso é só se nos pegarem.

            - Mas nem sabemos como funciona lá dentro, e nem sabemos o quarto dele.

            - Quarto vinte e três, primeiro andar. – Isabella sacudiu o celular. – Achou que eu estava falando com quem?

            Ela passou para o lado do motorista e então saltou para fora do carro.

            - Vamos invadir esse lugar.

            Zack a ajudou subir no teto do carro e em uma fração de segundos, os dois estavam do outro lado do muro. Felizmente o terreno alto do outro lado, não os fez despencar com força de encontro ao chão.

            - Ta tudo parecendo fácil demais. – Disse Zack.

            - Não abre essa boca antes de sairmos daqui. – Isabella o encarou. – Não quero azar.

            Ela caminhou a passos rápidos, se esgueirando pelas arvores próximas.

            - Maluca. – Resmungou Zack enquanto a seguia.

            - Eu ouvi.

            Zack parou ao lado de Isabella, então encarou as janelas por onde as luzes amareladas se projetavam.

            - E agora? – Perguntou ele.

            - Quanto você veste?

Zack agradeceu em silencio pelas aulas de Luta Livre. Ele terminou de vestir as roupas que pegou do enfermeiro desmaiado a sua frente. Ele suspirou aliviado quando notou que tudo cabia perfeitamente.

            - Muita sorte. – Murmurou para si mesmo.

            Ele arrastou o corpo até a arvore mais próxima, e o largou encostado sobre o tronco.

            - Para onde, agora? – Perguntou sacudindo o molho de chaves.

            - Para a grande descoberta, cabeção.

Eles caminharam por longos corredores, iluminados por luzes fluorescentes brancas. Gritos alucinantes do outro lado de algumas portas fizeram os pelos de Isabella se arrepiarem. Parte dela queria entrar nos quartos e abraçar todos, dizendo que estava tudo bem e as coisas iriam melhoras. Mas ela não podia perder a posse de durona, não na frente de Zack Austin.

            Zack parou subitamente, fazendo-a se chocar contra ele.

            - Aí. – Reclamou Isabella. – Cuidado

            Isabella olhou em volta. O medo de alguém aparecer fez com que uma descarga de adrenalina percorresse seu corpo.

            Zack revirou o molho de chaves, então enfiou uma na fechadura e a girou, fazendo a porta se abrir com um sonoro ‘clac’.

            Eles adentraram o recinto. A pouca luz provinha da pequena fresta por baixo da porta. A silhueta estava deitada de costas para eles. O corpo coberto por algo escuro. Isabella tateou cegamente a parede a procura do interruptor.

            Zack se aproximou da cama, então se ajoelhou ao lado dela. Seus dedos tocaram o ombro do garoto, no exato momento em que as luzes piscaram e se acenderam no teto.

            - Edu? – Zack sacudiu o garoto gentilmente.

            O garoto resmungou, então puxou a coberta até que a mesma cobrisse sua cabeça. Zack o sacudiu novamente.

            - Me deixa dormir, Wellington. – Sua voz grave saiu sonolenta.

            - Não, cara, sou eu o Zack.

            Eduardo se virou. Os olhos verdes piscando lentamente. O cabelo preto e bagunçado caído sobre a testa.

            - Você não é real. – disse ele embriagado de sono.

            Zack tocou sua testa, então empurrou a cabeça de Eduardo para trás.

            - Sou sim.

            E então, como se uma descarga elétrica percorresse o corpo de Eduardo, ele se pôs em pé. As pupilas se contraindo. Os pelos em seu braço se eriçando.

            - Z? – ele deu um passo em direção a janela. – Você não pode estar aqui.

            Eduardo franziu a testa.

            - Quem é ela?

            - Eu sou a Isa. – Isabella sorriu. – Melhor amiga do namorado do seu irmão.

            - O Vini tá namorando? – Eduardo encarou Zack, que balançava a cabeça confirmando. – Ele está aqui?

            - Sinto muito, cara. – Zack olhou para o chão. – Aconteceu uma coisa com ele e com o namorado, e é por isso que estamos aqui.

            - Vocês não podem estar aqui. – O medo atravessou o olhar de Eduardo. – Era isso que ele queria. Ele vai matar todo mundo.

            - De quem você está falando? – Perguntou Isabella dando um passo na direção do garoto.

            - O Diabo. – Eduardo olhou para além dos dois adolescentes. Então caminhou na direção de Zack e o segurou pelos ombros. – Zack, eu preciso que você me escute. Isso tudo está nos planos dele, eu não posso sair daqui, então você precisa cuidar do Vini por mim.

             - Edu, você sabe quem ele é?

            - Sim, o nome dele é...

            O alarme soou, agudo e constante como a sirene de uma ambulância.

            - Eles sabem que vocês estão aqui. – Eduardo olhou para Isabella.

            - Você precisa contar o que sabe. – Zack segurou o rosto de Eduardo pelo queixo, fazendo-o olhar para ele. – Quem é ele?

            - Ele era o meu colega de quarto.

            Isabella caminhou até a porta. Então apagou a luz, abriu a porta e colocou a cabeça para fora. Seguranças caminhavam na direção do quarto.

            - Zack, precisamos ir. – disse ela com urgência. – Agora.

            - Só diga o nome, Edu.

            - O Vini sabe quem ele é. – Eduardo encostou a testa na de Zack. – Ele vai descobrir o motivo pelo qual ele está fazendo isso e porque está atrás dele.

            - Edu, o nome. – Zack sentiu a raiva crescer dentro dele.

            - Zack, eles estão mais perto.

            - FALA A DROGA DO NOME!

            - Wellington. – Eduardo pronunciou o nome com medo, como se pudesse atrair todas as coisas ruins para si. – Diga esse nome para o Vini, ele vai saber quem é

            - Zack! – Gritou Isabella o tirando do estupor.

            - Eu volto pra te tirar daqui.

            - Sabe que não pode, seu cuzão. – disse Eduardo sorrindo. As lagrimas escorrendo por seu rosto. – Foi bom te ver, cara.

            - Eu prometo que volto. – Disse Zack enquanto Isabella abria a porta.

            Eles correm pelo lado oposto pelo qual vieram. Zack tirou a camiseta branca, jogando-a para o alto.

            - Mais alguma ideia brilhante? – Gritou acima do barulho do alarme.

            - Só continua correndo. – Gritou Isabella em resposta.

Zack praguejou enquanto ele e Isabella corriam pelo longo corredor. Seu coração parecia querer saltar pela boca a qualquer momento. Os gritos vindos do outro lado das portas de madeira apenas os fizeram correr mais rápido. Eles derraparam pelo chão, parando no meio da encruzilhada de corredores. Zack e Isabella encararam os corpos dos seguranças que se posicionavam em ambos os lados do corredor em que eles antes seguiam. As armas de choque e os cassetetes pareciam ameaçadores demais.

            - Droga. Mais alguma ideia? – Perguntou Zack. Ele se preparou para lutar se fosse preciso.

            - Só uma. – respondeu Isabella com firmeza. – Mas vou precisar que você confie em mim.

            - Tenho alguma outra escolha?

            - Não. – Ela segurou a mão de Zack, e juntos voltaram a correr pelo corredor da direita.

            Seus passos, e os de seus perseguidores, ecoavam pelo corredor. Os dedos de Isabella apertaram os de Zack com mais força ainda. Sua respiração ofegante. Seus olhos encarando a enorme janela ao fim do corredor.

            “Não podemos morrer.” Pensou a garota enquanto seus corpos se aproximavam cada vez mais da janela.

            - Péssima ideia! – Gritou Zack.

            O som de vidro se partindo cortou a noite, e então se misturou com a forte tempestade que caia.

            Eles rolaram barranco a baixo. A dor se espalhando por seus corpos.

            Isabella foi a primeira a parar de rolar. Ela fez o máximo de esforço que conseguiu para se por de pé, então mancou até o corpo de Zack, caído a alguns metros a sua frente.

            - Vamos – disse ela – não podemos parar.

            A tempestade caia com toda a sua fúria, fustigando o rosto dos dois. Isabella se apoiou em Zack, enquanto os dois mancavam na direção pela qual haviam entrado. Lanternas surgiram ao longe, assim como o latido de cães.

            - Você primeiro. – disse Zack assim que alcançaram o muro.

            Ele se abaixo, enquanto Isabella pisava em seu ombro. Ele pulou, agarrou a borda do murro e reuniu todas as suas forças para se lançar para o lado de fora. Seu corpo caiu com um baque alto sobre a lataria do carro. A chuva caindo com toda sua fúria sobre seu corpo. Zack rolou para a frente, então deslizou sobre o para-brisa e caiu em pé á frente do carro.

            Ele pisou fundo no acelerador, enquanto dirigia para longe.  

***

               Seus dedos se fecharam com força ao redor da corda. O som do corpo sendo arrastado pelo asfalto molhado foi abafado pelo som da chuva. O enorme corte em seu pescoço derramava sangue, deixando uma longa trilha que começava a ser lavada pela tempestade.

               O Diabo balbuciou. A luz avermelhada de sua mascara parecia brilhar com mais intensidade. A boca piscava, formando ora uma boca costurada, ora um sorriso macabro. Ele encarou a construção, repleta de pessoas cantando, ao longe. Então caminhou até a porta, ergueu o corpo acima da cabeça e o atirou através da porta de vidro.

               Os gritos desesperados cortaram o ar. Todos se viravam para olhar aquele que caminhava para dentro do recinto. A arma pendurada ao lado de seu corpo, foi posta em sua mão. Pessoas tentavam correr, outras se escondiam embaixo dos bancos de madeira. Ele atirou para o alto, e então mirou para o homem em cima do palco.

               O corpo tombou para a frente. O sangue que escorria pelo buraco em sua testa, formava uma poça de sangue. Gritos ecoaram enquanto todos observavam o atirador. E então, após uma série de estalos, todas as vozes se calaram. O sangue dos corpos caídos manchava o chão de piso branco.

               O Diabo caminhou até o palco. Então se abaixou ao lado do corpo, mergulhou os dedos no sangue se dirigiu até a parede.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM
COMENTEMMMM
EU ME ALIMENTO DE REVIEW
SEM REVIEW TEM EU INFELIZ
VCS TÃO DEIXANDO UMA PESSOA TRISTE

Amo vcs sz



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